Sarin Moddle do The New Zealand Herald Entrevista Adam Lambert, Auckland (NZ) – 11/10

Sarin: Você já se sentiu objetificado ou alvo de fetiches pelos fãs?
Adam: Sim, eu vi algumas fan fictions [ver nota 1] e é muito estranho. Mas uma delas, a situação em que o colocaram com outra pessoa, foi muito sensual.
Sarin: O novo álbum, novo single, não é uma metáfora acidental sobre como você se vê em relação ao mundo?
Adam: É… conversando com Pharrel [Williams] sobre como eu não me sentia parte da comunidade musical e que eu queria invadir a indústria e fazer as coisas do meu jeito e nós nos identificamos nessa ideia. E as músicas que criamos juntos, com essa vibe do Queen, que era onde ele queria me colocar, são algumas das minhas preferidas. E eu acho revigorante que não sejam coisas que se ouve normalmente no rádio.
Sarin: Quando foi que você sentiu pela primeira vez que estava cruzando uma linha imaginária com o seu comportamento?
Adam: Logo depois do Idol, na turnê, eu estava fazendo movimentos mais sensuais no palco, e as fãs estavam jogando sutiãs e brinquedos sexuais no palco, então eu pensei que era assim que os fãs gostavam de mim, e então, no AMA (American Music Awards) ouve toda aquela controvérsia. Foi aí que eu percebi que não eram todos os fãs que me viam daquela forma, apenas os mais hardcores [ver nota 2].
Sarin: Se o mundo adotasse seu modo de viver, como ele pareceria para você?
Adam: Espero que com muita variedade, raças, sexos, idades. Eu gosto desta mistura, é muito mais interessante e a coexistência.
Sarin: Nos últimos dois anos você tem se esforçado para manter o foco na música, mas neste álbum, há “Outlaws Of Love”, que é uma manifestação muito forte sobre igualdade… Há um vídeo no YouTube onde você fala muito eloquentemente sobre este assunto e eu achei um comentário que diz: “Obrigada Adam por trazer conscientização sobre as lutas na comunidade gay. Eu nunca teria me envolvido ou apoiado causas LGBT se não fosse por Adam. Eu sou uma pessoa melhor por causa dele.” […] Saber que você tem o poder de iniciar essas mudanças de pensamentos…
Adam: É incrível! Recompensador! Eu li uma carta de uma mulher que dizia que ela era uma Mórmon [ver nota 3] conservadora e que não aceitava o estilo de vida gay, mas que adorava meu trabalho, então ela se sentiu desafiada a pesquisar e saber mais sobre o estilo de vida dos gays e que ela fez amizade com seu cabeleireiro e que agora eles eram grandes amigos… Foi uma coisa muito boa de se ouvir! Pessoas colocando sua ignorância de lado e se educando. É uma enorme recompensa.

NOTAS:

[1] Fan Fictions: Fanfic é a abreviação do termo em inglês fan fiction, ou seja, “ficção criada por fãs”, mas que também pode ser chamada de Fic. Trata-se de contos ou romances escritos por terceiros, não fazendo parte do enredo oficial dos animes, séries, mangás, livros, filmes ou história em quadrinhos a que faz referência, ou uma história inventada por eles. Os autores dessas Fics são chamados de Fictores. (Wikipédia)

[2] Fã Hardcore: É o tipo de fã que dá (literalmente) o sangue pela banda/artista.

[3] Mórmon: São os devotos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como Igreja Mórmon. “Chamam-se assim pois seguem o Livro de Mórmon, escrito por profetas que vieram de Jerusalém para o continente americano, entre os séculos 6 a.C. e 4 d.C.”. Mórmon é o nome do profeta que compilou o livro, registro sagrado que conta a história de tribos de Israel que teriam migrado para a América alguns séculos antes de Cristo. A Igreja Mórmon considera o corpo um templo de Deus, e por isso as regras são rígidas: não é permitido álcool, café, cigarro, sexo pré ou extraconjugal. No Brasil, a Igreja Mórmon foi introduzida pelos alemães em 1923, em Ipoméia, Santa Catarina, e conta com mais de 800 mil fiéis. (MdeMulher)