Review do “Show de Adam Lambert & Queen em Londres” (11/07) Por Yahoo! Music (Reality Rocks)
Essa review do Show de Adam Lambert & Queen se torna diferenciada das demais, porque dá a nós, fãs brasileiros de ambos, a nítida sensação sobre como é ter Adam Lambert cantando como vocalista de uma Banda épica, como o Queen, em seu país de origem. A importância da banda Queen pode não ser conhecida por muitos dos fãs mais novos de Adam, principalmente porque tem estado inativa e tem tido pouca repercussão desde a morte de seu líder, Freddie Mercury, em 1991, pelo vírus da Aids. Bem, para se ter uma ideia de como é isso, pense em um cantor estrangeiro tentando substituir Roberto Carlos. Pense em uma cantora estrangeira substituir Ivete Sangalo no Carnaval, na Bahia. Além disso, não dá para comparar a hospitalidade do povo brasileiro, com a frieza dos britânicos. Nós, fanáticos pelo Adam, sabemos do que ele é capaz. O povo britânico não sabia, bem, pelo menos não sabia até agora. Se você quer ter uma idéia do sucesso que Adam fez em Londres, como vocalista da banda Queen, confira a ótima review de Lindsey Parker do Yahoo! Music (Reality Rocks).
Queen + Adam Lambert agitam Londres com Show “Queenbert” Em Julho de 2012, foi feita história em Londres. Um evento épico como nenhum outro, tomou a cidade, com os fanáticos de todo o mundo viajando para o Reino Unido para presenciar um espetáculo de uma vida inteira e para que um dia, eles possam se vangloriar e contar aos seus netos que eles estavam lá, em Londres, mesmo que fosse nas arquibancadas, assistindo o teto despencar sob suas cabeças.
Ah sim, e as Olimpíadas de 2012, que acontecem no verão europeu, também acontecem durante o mês de julho, em Londres.
Estou brincando. Mas falando sério, sério mesmo pessoal, a Londres que abriga por três noites, o grupo “Queenbert – aka Britrock”, os torna ainda mais legendários devido ao seu convidado especial Adam Lambert. É uma ocasião inegavelmente especial, pois trata-se sim de Olimpíadas, ainda que vocais. (Adam é o campeão, meus amigos [ver nota 1]). Enquanto que o vocalista anterior, Paul Rodgers, conseguia no máximo uma medalha de bronze, na mesma categoria (Paul pode até ser um bom vocalista, mas seu estilo rude e inexpressivo, não era páreo para o vasto catálogo lírico operático do Queen), Adam definitivamente conquistou uma “medalha de ouro vocal” durante a maratona de 135 minutos, durante o concerto no Hammersmith Apollo, em Londres, em 11 de Julho. Ele pode até ter conquistado um lugar nos livros de história, para falar a verdade.
Devemos levar em conta que não se tratava necessariamente da audiência de Adam. Apesar de muitos glamberts vestidos de couro estarem presentes, a maioria da multidão abrigava fãs do Queen (e alguns de nobre origem, como Bob Geldof [ver nota 2] e o membro da banda Black Sabbat, Tomy Iommi [ver nota 3]). Atentemos para o fato de que a legião de fãs do Queen é enorme no mundo todo, mas é no Reino Unido que eles são reverenciados como tesouros nacionais e considerados como verdadeira realeza do Rock e onde Adam, para os ingleses, ainda é praticamente um novato em ascensão, se não for desconhecido para muitos. O segundo álbum de Adam, “Trespassing” que já atingiu a liderança da Billboard nos Estados Unidos, só chegou nas prateleiras do Reino Unido, nessa semana. Portanto, havia uma grande chance de rejeição por parte da platéia inglesa, e até mesmo a possibilidade de que ele fosse vaiado, ou taxado de um “Freddie pobre”. Mas essas possibilidades não pairaram no ar por muito tempo. Após a banda dar início às suas apresentações dramáticas, logo após a introdução da banda, ao som de “Flash” (eles usam o tema do super herói Flash Gordon como abertura), desde a primeira nota tornou-se claro que Adam poderia ser agraciado com um prêmio honorário Britt [ver nota 4].
Os fãs do Queen gritaram e ovacionaram infinitamente Sir Adam [ver nota 5], e curiosamente, estavam ansiosos por seu retorno ao palco (quando ele tinha que deixá-lo para a troca de roupas). Muitos espectadores sentaram-se durante esses intervalos e só postaram-se animadamente em pé, quando Adam ressurgiu, com uma roupa ainda mais fabulosa do que a anterior. Sua exuberante jaqueta escarlate apelidada de “jaqueta ataque do Dragão”, que parecia ter sido feita de pele dos raros bonecos elmos, foi um destaque à parte e a maior decepção de todos por não estar disponível para venda no estande das mercadorias do show do Queen.
Adam parecia de fato, mostrar-se cada vez mais à vontade, livre, feliz, e continuou a surpreender a todos conforme transcorria o show e a demonstração de amor exalada pela audiência, permaneceu inabalável. No momento em que ele tirou suas botas de plataforma para continuar o show descalço (plataformas que devem doer, como você bem sabe) ele parecia tão livre quanto um ganso inglês.
Aliás, essa “festa de amor” teve seu ápice no palco entre Adam e os membros do Queen, especialmente aquele de simpáticos cabelos rebeldes grisalhos, o guitarrista Brian May, que parece ter se tornando seu BFF (expressão americana de “melhores amigos para sempre”). Os dois foram flagrados afagando-se mutuamente, num gesto de carinho e respeito. Brian foi visto apoiando-se nos ombros de Adam, e os sorrisos eram mútuos. Havia um clima de admiração e cumplicidade acontecendo ali. Adam inclinou-se para Brian em sinal de reverência e cavalheirismo várias vezes, e Brian referia-se a Adam como “Senhoras e Senhores, o incrível Adam Lambert!” Além de afirmações para lá de honrosas como: “Se nao fosse pelo incrível Adam Lambert nenhum de nós estaria aqui!”. Com endossos como esses, não é de admirar que os fãs londrinos do Queen, tenham aceito Adam com grande entusiasmo.
Não devemos deixar de notar entretanto, que não era um show de Adam Lambert. Os integrantes remanescentes do grupo, Brian May e Roger Taylor (e mesmo o filho de Roger, Rufus, que tocou como segundo baterista) receberam o faturamento superior e tiveram sua vez diante do microfone (ambos surpreenderam cantando, especialmente Brian, é uma surpresa que eles tivessem contratado Paul Rodgers há alguns anos atrás). Roger cantou a parte de David Bowie em “Under Pressure”, fazendo um dueto com Adam, assim como foi o principal protagonista de “A Kind Of Magic”, inesperadamente suave e Brian nasceu para ser o vocalista secundário de “The Show Must Go On”, “’39”, e “Tie Your Mother Down”.
No entanto, foi quando Brian e Roger saudaram o talentosíssimo já falecido Freddie Mercury, que a platéia foi ao delírio, e trouxe lágrimas aos olhos de muitos fãs e muitos arrepios. Roger cantando “These Are The Days Of Our Lives” enquanto um Freddie virtual (arquivo dos anos 70) apareceu atrás dele, e Brian cantando “Love Of My Life” em dueto com Freddie (algo como o holograma de Tupac em Coachella, apenas com menos tecnologia, mas com muito mais emoção), foram momentos que lembraram a todos, o quão espetacular era Freddie Mercury e como ele nunca conseguirá ser substituído.
Esse foi um ponto fundamental, especialmente para aqueles que não aprovam Adam, ou mesmo o odeiam e o menosprezam, ao dizer: “Ele não é Freddie Mercury!”. Ele é ADAM LAMBERT – e nunca isso ficou tão suficientemente claro, como naquele momento no Apollo. Adam mostrou extremo respeito e deferência pela obra do Queen, e o quão legendários eles são (mesmo quando ele faz um dueto com Freddie (que novamente aparece no telão), durante a parte da música que só poderia ser cantada pelo próprio. Adam mesmo nunca quis imitar Freddie, principalmente quando ele conduziu a delirante platéia ao som de “Another One Bites The Dust” e a cativante “Radio Gaga” que tem as palmas sincronizadas como característica principal. Nesses momentos não havia dúvidas de que ele era um artista por seus próprios méritos (nota pessoal: Estou extasiada ao dizer que posso tirar a coreografia sincrozinada de palmas de Radio Gaga da minha lista de coisas a aprender, pois consegui fazer! Estive ensaiando esses movimentos por anos a fio).
Quando o rock olímpico do Queenbert terminou com aquela nuvem pirotécnica de fumaça com (obviamente) “We Will Rock You”/”We Are The Champions”, ficou claro que a estrada percorrida entre aquela apresentação de Queen e Adam na final da oitava edição do American Idol três anos atrás e a última apresentação de agora, foi brilhantemente percorrida, o que suscita a seguinte questão: Quando a banda Queenbert irá se apresentar na América? Eles abalaram Kiev, Moscou, e Polônia e tem mais dois shows esgotados em Londres para essa semana, portanto essas apresentações não deveriam ser o fim dessa mini-turnê mundial. O show deve continuar porque é simplesmente formidável.
NOTAS:
[1] Frase analogicamente usada da música “We are the champions, my friend”, de “We Are The Champions”.
[2] Bob Geldof é um cantor, compositor e humanista irlandês.
[3] Black Sabbath é uma banda de heavy metal formada no ano de 1968 em Birmingham, Reino Unido. Sua formação original era composta por Ozzy Osbourne (vocais), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria).
[4] Sir (“Senhor”, em inglês) é o título nobiliárquico britânico superior a baronete, inferior a barão, e significa aquele que tem domínio sobre algo ou alguém. Historicamente, o título de senhor indicava a superioridade de alguém em relação aos escravos dos quais era amo ou aos vassalos aos quais dominava em troca de protecção. Foi também utilizado como forma de agraciar algumas personalidades da nobreza e da realeza. Nos tempos medievais, este era o título daquele que possuía domínio sobre um feudo (senhor feudal). O Sir é integrante dos Knights of the British Empire (“Cavaleiros do Império Britânico”). Hoje em dia, esse título somente é conferido a pessoas de destaque pela Rainha da Inglaterra.
[5] Os BRIT Awards, frequentemente chamados de The BRIT’s, são os prêmios anuais da música no Reino Unido, fundados pela Indústria Fonográfica Britânica. BRIT é um acrônimo de British Record Industry Trust. Os prêmios começaram a ser entregues em 1977.
Fonte: Yahoo! Music (Reality Rocks)
Introdução e Tradução: Mônica Smitte
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