Pride Source: Q&A com Adam Lambert

Neste Q&A com Chris Azzopardi [ver nota] do PrideSource, Adam Lambert fala coisas novas da sua homossexualidade, sendo um exemplo que não se encaixa e a devoção dos Glamberts.

Adam Lambert Q&A: O seu brinquedo sexual surpreendente, mídia excessiva e o horripilante tempo na prisão

Lembra-se do turbilhão que Adam Lambert causou quando ele beijou de língua o seu tecladista em frente ao mundo? Claro que sim. O beijo controverso chamou ambos os homofóbicos explosivos e aqueles que encolhem dos ombros, e é um momento do American Music Awards que não será esquecido. Especialmente para o próprio Adam.

“Essa foi uma noite interessante”, diz ele, rindo com a sua forma charmosamente simples.“Aquela performance no AMA foi invasora, de certo modo”. E, no seu álbum mais recente, ele não acabou de pisar a linha: “Trespassing”, lançado em 15 de Maio é o segundo desafio para o “American Idol” cujo primeiro produto saiu em 2009.

Nesta sincera entrevista com Adam, o popstar abriu-se sobre sobre as perguntas excessivas da comunicação social sobre a sua homossexualidade, sendo mais confiante como uma celebridade exposta, quebrando as regras – e indo para a prisão por causa disso.

O que é que o título do álbum “Trespassing” significa para você?
Sendo quem sou neste ambiente músical é invasivo (= trespassing) e é por isso que o Pharrell (Williams) e eu escrevemos sobre isso. Tivemos uma grande conversa sobre a indústria da música, o negócio e ser um artista, e mais importante, ser alguém diferente, ser gay e estar na indústria da música onde isso não é muito comum, não é muito presente. Sinto-me como se fosse dominar isto, marchar em frente e ignorar qualquer sinal ou pessoa a dizer-me para não ir. Eu vou fazer o que eu quero e me sentir arrependido comigo mesmo.

Você faz alguma coisa para chocar os valores premeditado?
Não, acho que não, “Ok, eu quero aborrecer as pessoas” ou “Eu quero chocar as pessoas”. Eu, especialmente depois do AMA, faço o que quero fazer musicalmente. Esse tem sido o meu primeiro plano quando tenho de fazer decisões. Eu acho que apenas ser eu mesmo, sem remorsos, é um risco na indústria da música hoje em dia.

O beijo do AMA foi bom para você?
Eu nem sei. Estava em modo piloto-automático. Foi um daqueles momentos esquisitos que aconteceu no momento. Parte da coreografia da música antes disso estava planejada mas o momento inteiro com foi foi “Oh meu Deus, agora estamos nos beijando!”

Você falou para publicações gays e publicações gerais. É diferente falar para um e para outro?
Eu tento não criar diferenças. Esse tem sido um dos meus objetivos, especialmente com este álbum. Desta vez estou tentando adotar uma mentalidade pós-gay porque estou tão orgulhoso de quem sou e estou 100% positivo sobre isso e eu comemoro, mas também acho que é um pouco chato estar sempre a ser definido pela sua sexualidade. Eu acho que os gays que vivem a sua vida como gays percebem que isso torna-se o centro de muitas discussões.

Isso te incomoda?
(Hesita) Torna-se um pouco excessivo. (Risos). Torna-se um pouco velho. É algo com que estou em paz; Estou a tentar vê-lo pelo outro ponto de vista e compreendo que muitas perguntas são legítimas para quem não entende. Eu acho que a maneira de progredir e confrontar a ignorância é informar. Começa a falar das coisas e nós ultrapassamoa. Então, torna-se um pouco excessivo mas eu sinto que neste momento isso vem com o território que estou a invadir.

Que obstáculos você teve não só como artista mas também como artista gay?
Bem, há um grande padrão duplo. Os artistas hetero estão constantemente a brincar com imagens de sexualidade e a fazer letras com duplo sentido; quando um artista gay faz o mesmo, isso levanta muitas dúvidas. Estou tentando encontrar o equilíbrio, e a acho que este álbum encontrou o equilíbrio. Eu não estou envergonhado com nada disso – a minha sexualidade ou quem sou ou a minha identidade – mas também sou universal. Todas estas ideias são universais: como me sinto, esperar para transar, ir beber uns copos com uns amigos e ficar um pouco indecente – espero que para um indivíduo com mente aberta, não importa qual seja a preferência sexual, eles irão relacionar-se. Todos se sentem da mesma maneira. Todos querem se divertir, deixar ir e sentir-se livre não interessa quem você seja. O que é legal sobre o álbum é que fala diretamente do meu estilo de vida e a minha experiência na vida noturna mas acho que alcança todos.

Ser uma celebridade gay te pressiona para ir diretamente para o movimento? Ou para ser mais político?
Eu não sinto pressões para ser político, mas sinto pressão para criar consciência social e ajudar a ser uma voz confiante para, talvez, um adolescente gay que não tem nada que seguir. Também acho perigoso porque eu não me considero o melhor exemplo no mundo. (Risos).

Porque diz isso?
Porque não estou aqui para ensinar a ninguém como ser gay nem como ser a melhor pessoa. Eu nem sempre sou o melhor exemplo. Eu cometo erros e faço coisas “fora” algumas vezes, mas espero inspirar no sentido em que as pessoas podem ser quem querem ser. Eu sempre digo “Não faça o que eu faço, faça o que quiser fazer”. Espero que possa inspirar pessoas a tomarem o controle da sua própria realidade.

O que podemos esperar deste álbum?
Uma das melhores partes do álbum, assim como ser sobre um gay assumido e orgulhoso, é que a primeira metade tem uma batida forte e é electro-funk-dance-pop, e muitas coisas expressas nessa metade são rebeldes e livres e este tipo de hinos tem apelos muito fortes. Explora, como gay e como pessoa em geral, quando saímos para o mundo temos de por a nossa cara para o jogo. Querer sair e se sentir destemido e essa coisa de destemido que todos colocamos às vezes é como a roupa: nos vestimos e projetamos a nossa ferocidade mas o que está dentro são, às vezes, os nossos pontos fracos, vulnerabilidade e dor e escuridão. O álbum transita para aquele lugar no meio – é muito escuro e triste e está a lidar com o coração partido e insegurança. Mostra muito sobre o que está no meu interior mas acho que todos nos podemos relacionar. Todos queremos ser nós mesmos destemidos e para isso é preciso postura e exibição. Espero que as pessoas encontrem-se nesta música.

Me fale da música “Outlaws Of Love”.
Essa música é sobre tudo – é sobre casamento gay, sobre qualquer desafio que nós encontramos como comunidade, incluindo casamento gay, mas é mais sobre a emoção de como se sente quando está a ser perseguido ou ilegal ou evitado por causa de quem escolhe amar.

Você tem sido hesitante ao falar de políticos no passado. Mas alguma coisa parece ter mudado em você; parece estar mais aberto a discutir política e igualdade de direitos. O que mudou?
Quer saber o que penso? É tão rápido. De repente está tudo a falar de mim e estou na capa de uma revista. Não importa se está bem adaptado, são coisas esquisitas a que temos de nos adaptar. Nos últimos anos com o primeiro álbum e a primeira turnê eu fiquei mais confortável como o olhar do público e conheci melhor os meus fãs e descobri quem quero ser como artista.

Mas não apenas como um artista. Como um gay aos olhos do público, certo?
Sim, como pessoa. Claro. Eu mantive perto muitos amigos chegados e a minha família ainda me é chegada mas é claro que tem de te adaptar a este tipo de experiência e esta mudança no teu estilo de vida – e isso como gay. Eu tive de me adaptar e reavaliar as coisas e envolver-me um pouco, isso também é por causa da idade. Quando eu comecei tinha 27 anos e acabei de fazer 30 – estes três anos são três grandes anos. A minha perspectiva é diferente – é diferente por causa da fama – mas também por causa da vida.

Que conselho do “Idol” você seguiu?
Eu tive muito apoio do meu grupo de amigos que me disseram “Faz o que sempre fizeste. Não importa que agora esteja na televisão, faz o que sabe”. A parte mais difícil do programa é que de repente há esta enorme pressão em cima de você e esses fatos a que não está habituado como artista e tem de conseguir superá-lo e acreditar em você mesmo e tentar manter o sentido de integridade. Isso não é fácil. Depois transitar para a indústria da música é o mesmo desafio. Você pensa “Ok, bem, eu tenho de jogar o jogo mas também quero fazer o que quero fazer, então o que é que eu faço?”

Você esteve na prisão durante algumas horas por brigar com o teu namorado, Sauli Koskinen, em frente de um bar gay na Finlândia. Isso realizou alguma fantasia tua?
(Risos) Uh, não. Na verdade, foi horrível. Eu estava sozinho; não tinha mais ninguém lá. Era uma cela privada. Foi um momento muito embaraçoso e não é nada de que me orgulhe. Eu tenho muitos amigos que tiveram noites malucas e coisas aconteceram, e estas coisas acontecem a pessoas normais. Eu sou uma pessoa normal, mas acontece que tenho um perfil mais elevado. Eu tentei deixar a experiência e aprendi uma lição e fazer alguns ajustamentos para não deixar que isso aconteça outra vez. Não foi tão dramático como a mídia social retratou mas não é uma coisa que tenha piada.

Então não é verdade o que eles dizem sobre caras novos na prisão?
Pela minha experiência não!

Qual é a diferença entre manter uma relação à frente do público e sem ele?
Pessoas a quererem saber o que é que se passa e a fazerem perguntas. Mas eu não sei. Para ser honesto, eu só tive uma relação longe aos olhos do público então eu sou quase inexperiente no outro lado. (Risos). Eu fui solteiro por muito tempo! Eu joguei mesmo o campo. Eu acho que estar numa relação que se torna muito caseira sabe muito bem; é uma coisa que eu não tinha experimentado antes e estou a gostar muito. Encaixa muito bem no meu novo estilo de vida porque é mais privado, é mais em casa e isso é bom.

Você quer casar e formar uma família?
Sim, algum dia. Eu quero mesmo isso em algum ponto da minha vida. Eu não sei quando será. Aliás, eu não sei se será em breve. Estou muito contente com o progresso da nossa sociedade. Todos têm o direito divino de casar com quem quiserem. A coisa divertida de ser uma celebridade gay é que de repente é do género “Oh, vamos casar já que é a nova dificuldade contra a qual estão todos a lutar?” E eu penso “Eu posso lutar por isso sem ser casado.” Eu não preciso me casar pelas minhas pessoas. Isso é tolice.

O que é preciso para ser um Glambert?
Abandono total. (Risos) Eu acho que qualquer fã fanático é louco, de mentalidade surreal. Essa é a parte legal para os Glamberts; eles deram permissão a si mesmos para serem quase malucos. E é bonito e divertido e é uma fuga; não é vida real, é qualquer coisa mais. Todos querem isso de uma forma ou de outra. Todos temos a nossa versão diferente disso. Para pessoas que são fanáticos, essa é a forma deles; essa é a obsessão deles e é a sua saída.

Me conte a história mais maluca sobre um fã.
Bem, eu recebi muitos presentes interessantes. Eu não sei o seu nome específico, mas eu me lembro de abrir uma pequena caixa e lá estava este brinquedo sexual de metal e eu acho que você colocas isso na ponta do teu pênis – uma vara para a uretra ou qualquer coisa. Eu não sei que merda é essa. (Risos)

Você usa?
É claro que eu não usei aquilo. Não é o meu estilo. Eu olhei para aquilo e disse “Que diabos é isto?” E alguém teve de me responder e depois eu fiquei “Ok, eu vou passar [para alguém].”

Pelo menos você deu novamente de presente?
Como brincadeira, sim. Eu acho que dei ao Raja (vencedor da terceira edição do “RuPaul’s Drag Race”). Ele era o meu maquiador na turnê no mesmo ano. Eu acho que lhe dei. Eu duvido que ele tenha guardado mas eu sei que ele riu muito.

Quem sabe onde está agora.
Ou para que está a ser usado.

NOTA: Chris Azzopardi é o editor da Q Syndicate, a agência internacional de notícias LGBT wire service. Saiba mais sobre ele clicando aqui.

Fontes: Adamtopia e Pride Source

Tradução: Luísa Guedes

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