Rolling Stone: Resgate Emocional de Adam Lambert – Maio/2012

Conforme já publicamos aqui, na edição de Maio da Revista Rolling Stone, além deles deram a nota “4” ao novo álbum de Adam Lambert, “Trespassing”, também publicaram um artigo/entrevista com duas páginas. Confira a tradução a seguir:

Resgate emocional de Adam Lambert

A estrela de Idol limpa a sua imagem, ganha um namorado e visa as paradas

A casa de Adam Lambert está no topo de uma rua tão inclinada que quase podia ser confundida com um muro de alcatrão. Quando Lambert começou a alugar a casa que tem vistas fenomenais, acho que a entrada da sua garagem era terrível. “Para entrar, tenho de dar a volta e depois entrar mesmo rápido num ângulo de 90 graus ou raspo a parte de baixo do carro todo” diz ele. Mas depois dos fotógrafos terem descoberto a sua morada, Adam começou a apreciar a entrada da sua casa: “Eles não se atrevem a subir aquilo!”.

Lambert na sua cozinha, fazendo chá. As suas madeixas pretas com as pontas loiras voam por cima da sua testa. Os seus olhos estão contornados por maquiagem preta. Há uma [panela] wok suja no seu fogão, Lambert e o seu namorado finlandês Sauli Koskinen têm estado bastante caseiros ultimamente. Decoraram a sala num estilo gótico: caveiras em jarras, uma caveira pintada de preto e branco numa parede. Um monitor de segurança mostra imagens de vídeo de meia dúzia de câmaras espalhadas pela casa. “A minha mãe insistiu em que as instalasse” diz Lambert. Ela dizia “Ouviu o que aconteceu com a Lindsay Lohan? Ladrões roubaram a suas jóias!” Eu respondi, “Mãe é a Lindsay Lohan, ela provavelmente roubou alguma coisa deles antes”.

Lambert, 30, mudou-se da sua cidade natal San Diego para Los Angeles há uma década. Ele deixou a faculdade depois de apenas 5 semanas e passou os anos seguintes cantando em navios de cruzeiro antes de decidir ir às audições do Idol em 2009. Lambert foi um fenômeno: as suas notas agudas ganharam ovações de Simon Cowell, enquanto que a sua sexualidade ambígua promoveu o seu papel. Lambert vivia fora do armário desde o ensino médio mas não revelou em público a sua sexualidade até ao final do Idol, porque não queria distrações das suas performances. “Ele é um verdadeiro artista, muito confortável a fazer coisas difíceis” disse Nile Rodgers, que colaborou com Lambert numa música nova [“Shady”]. “Me lembra me quando trabalhei com o David Bowie – foi tão natural.”

Olhando para lá da sua piscina, Lambert consegue apontar vários apartamentos de pobre qualidade a que já chamou casa. A coisa engraçada é que apesar de todo o seu sucesso e do fato de Justin Timberlake o ter comparado a Freddie Mercury, do Queen e de que a própria banda o convidou para preencher o papel do vocalista em vários shows, a estrela aluga a casa que pode pagar e tem um BMW 650i estacionado na garagem. “Ainda me sinto como um impostor por estar aqui”, diz ele.

Esse sentimento anima Trespassing, o novo álbum de Lambert. “É o estigma do Idol”, diz ele “nos tapetes vermelhos os outros músicos ou simplesmente são muito simpáticos comigo ou não.” O sentimento deriva também do seu álbum de estreia For Your Entertainment, que não pegou da forma que podia. E claro é também parcialmente devido à sexualidade de Adam. “Muitas vezes está apenas na minha cabeça, mas me parece uma jogada política ser meu amigo de alguém como eu”, diz ele. Elton John convidou-o para uma festa dos Oscar em Fevereiro, e ele é amigo de Katy Perry, mas ele diz que não tem muitos amigos verdadeiros famosos: “Todos os meus amigos de momento já os conhecia antes de ser famoso”.

“Este homem cantou com o seu coração e expressou-se, e mesmo assim achou que não estava a conquistar o respeito que merecia.” diz Pharrel Williams que trabalhou em Trespassing. “E ele sentiu que a sua orientação sexual era sempre o início da conversa sobre ele.” Com Trespassing, em vez de evitar o confronto, ele argumenta com “Outlaws Of Love”, uma balada ferida sobre a perseguição aos homossexuais. “Queria ser cuidadoso com isso, para que não fosse muito uma música forçada”, diz ele “não é muito do tipo nós conseguimos, mas mais do tipo que se lixe.”

“Ainda sinto que não sou bem-vindo”, acrescenta Adam. “Fui ao Grammy este ano e me senti mesmo estranho, como um intruso. A música pop parece o ensino médio de novo, como se houvesse de novo um grupo dos rapazes mesmo populares e eu não fosse um deles.”

Não se pode falar da carreira de Lambert sem mencionar o escândalo de Novembro de 2009 quando ele atuava no American Music Awards e simulou sexo oral com um dos bailarinos. Em um momento, ele agarrou a cabeça do bailarino e pressionou-a entre as suas pernas “apenas aconteceu”, diz Lambert. Ele diz que não foi planejado, que foi apenas espontaneidade. Tal como a sua decisão de beijar o seu tecladista. “As pessoas ficaram zangadas porque houve pais de grupos religiosos que se queixaram (cerca de 1500 queixas) mas no entanto muitos milhões mais viram o show”, diz Lambert.

As emissoras da costa oeste editaram algumas partes mas mantiveram o beijo embora mudando para uma panorâmica mais afastada. Lambert diz que a controvérsia matou o single na rádio. “A minha confissão a seguir era que sentia que havia discriminação”, diz ele, “Artistas femininas fazem o que querem praticamente e mesmo os artistas masculinos não homossexuais se safam com mais do que eu fiz.”.

Desafiante como isto possa parecer, não haverão provavelmente mais cenas ousadas deste gênero no futuro de Lambert. Desde que fez 30 anos ele acalmou um pouco. “Tenho uma personalidade muito gulosa e liberal”, diz ele “Se apresentar a possibilidade de uma noite louca com uma orgia, adoro essa ideia. Mas estou a sair dessa fase da minha vida.”

A sua vida romântica estabilizou também. Dos 25 aos 28 anos, Lambert esteve solteiro. “Foi um período brutal de 4 anos quase”, diz ele. “Eu era romântico mas a vida me tirou isso. A maioria dos gays não saem em encontros. Você convida um para sair e ele fica do tipo o quê? Me magoou bastante.”

Não que ele não se divertisse. “Tinha noites ótimas, e manhãs também.” Ele revela que perdeu a virgindade com uma mulher. E ele gostou? “Sou uma pessoa aberta, mas isso é pessoal, então não vou falar disso. Sou apenas uma pessoa que gosta de experimentar tudo, então experimentei tudo”, diz ele.

Num clube de Helsinki, em Novembro de 2010, enquanto em turnê pela Europa, Lambert conheceu Koskinen, vencedor do Big Brother Finlandês. “Eu tinha um pirulito na boca e ele riu para mim, então tirei o pirulito da minha boca e pus na dele”, diz Lambert. “Fiquei a pensar, ele tem uma mente aberta!” Um mês depois encontraram-se em Paris e fizeram férias em Bora Bora.

No último Dezembro, Lambert acordou com uma ressaca brutal numa cela da prisão de Helsinki. “Ainda tinha calças de couro e plataformas de salto alto da noite anterior”, relembra ele. Ele estava na cidade para celebrar o Natal com a família de Koskinen quando numa discoteca esteve a beber vodka de menta e desmaiou (ele acha que alguém colocou algo na bebida). Depois envolveu-se numa discussão com Koskinen que continuou na rua. “Estávamos no chão brigando” diz Lambert, confiando no que a polícia lhe disse. “Não houve acusações felizmente” e Lambert descreve a noite como uma chamada de atenção, ele ainda não se embebedou desde essa cena e desde então ele e Koskinen começaram a beber suco e a fazer jogging juntos.

Lambert dirige-se para um estúdio de ensaios, onde está a praticar com a sua banda enquanto se preparam para se fazerem à estrada por um mês. Ele aproxima-se do microfone com uma camiseta preta, e ajustando o seu auricular e à medida que surgem os acordes de “Outlaws Of Love”, ele vai dizendo “Está muito alto, muito. As vozes gravadas aparecem só no fim? Desliguem-nas.”

Ele começa de novo mas desloca-se até à ponta do palco e passa as mãos pelo cabelo. “Tenho de parar de cantar, os meus ouvidos estão cansados, me dói a cabeça”, diz ele. Lambert está mais feliz em promover este álbum do que estava com o anterior, cujo processo criativo foi apressado. “No último estávamos a adivinhar, não havia tempo para deixar assentar e viver a música. Era do tipo lança o álbum antes que as pessoas se esqueçam de você”. Para Trespassing, ele levou o seu tempo explorando um som divertido e híbrido. “Não estou a pegar tanto no rock clássico desta vez, mais no disco no funk e no house. Coisas orientadas para a dança. Quero fazer algo novo, que pareça uma mistura de algo.” Consegue perceber-se isso na música de título produzida por Pharrel, onde a batida, a guitarra estridente, o baixo funk e as palmas ao estilo de “We will Rock You” lutam por protagonismo.

Mas ele claramente não está muito contente com a maratona que começa amanhã. Ele costumava vender maquiagem no Macy’s. “Aprendi muito sobre como ser o melhor amigo gay profissional” e os aspectos do negócio lembram-lhe os dias de hoje. “Quando vou às estações de rádio para conhecer fãs também é uma espécie estranha de venda.” Lambert diz ainda “o que mais me agradou este ano foi que não tive de fazer mais nada exceto trabalhar no álbum.”.

Quando Lambert veste o seu casaco de couro, um assistente lhe diz para fazer as malas para um mês e ele protesta teatricamente. Ele abraça todos e segue para o parque de estacionamento. Koskinen está em casa, e vão passar a sua última noite juntos cozinhando e vendo televisão. “Fazer o álbum foi a parte artística, agora vem o trabalho”, diz ele.

Ele sobe para o seu BMW e segue para as Colinas onde vai subir em zigue-zague cada vez mais alto por ruas estreitas e tentar o melhor para não riscar o carro ao subir a sua rua.

Fontes: houselady / Adamtopia, @kathryn17 e Adam Lambert TV

Tradução: Rita Cardoso

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One Comment

  1. Muito boa essa matéria da Rolling Stone!! Espetacular !

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