Q Magazine Q&A com Adam Lambert – Como chegar do American Idol à trabalhar com Pharrell, Nile Rodgers e Queen

Paul Stokes da Q Magazine fez esta entrevista no estilo “Perguntas & Respostas” com Adam Lambert, recentemente, confira:

Concorrentes do American Idol normalmente não são a nossa escolha para o SLOT semanal do Q&A. Vice-campeões, muito menos. Entretanto, quando fomos convidados a ouvir o segundo álbum de Adam Lambert, ‘Trespassing’, que será lançado em Março, ficamos surpresos em ver que junto com as esperadas parcerias pop como Dr. Luke, o cantor tinha gravado com Pharrel Williams, o cult indie Sam Sparro (famoso por ‘Black & Gold’) e Nile Rodgers, ao mesmo tempo em que boatos de trabalhos futuros com Brian May e Roger Taylor do Queen continuavam. Não somente isso, com o assunto principal do álbum englobando a sexualidade aberta de Lambert, o cantor usou sua plataforma popular para desafiar as preconcepções dos direitos da América. Resumindo, valeu muito a pena sentar e conversar, e foi exatamente o que fizemos…

Como diabos você está?
”Estou bem. Estou feliz de estar aqui, apesar do frio. Eu adoro vir ao Reino Unido.”

É um pouco mais difícil para você aqui no Reino Unido porque você é mais conhecido pelo American Idol, porque nós não temos esse programa aqui e não conhecemos sua história?
”Sim, o primeiro álbum não conseguiu a merecida atenção, mas espero que desta vez seja diferente. Mas já fazem três anos. Eu sempre serei associado com o Idol, o que é ótimo porque eu tive a oportunidade de mostrar o meu trabalho lá e fazer ótima música. Eu realmente aproveitei enquanto estive lá, mas espero que as pessoas comecem a me considerar como um artista. Este álbum em particular faz mais o estilo do trabalho de um artista. Eu pude co-escrever a maioria dele, eu fui o produtor executivo, é bem a minha cara! Eu compus o estilo, o trabalho de arte… eu sou bem controlador, mas eu estou fazendo bem feito.”

Ao contrário de muitos desses tipos do reality show da TV, você, na verdade, teve uma carreira decente como cantor, particularmente no teatro musical, antes de participar da competição, enquanto que no Reino Unido, parece que primeiro você tem que ter uma história triste ao invés de talento. Por que se envolver?
”Era uma daquelas coisas onde eles mencionaram meu passado durante a competição uma vez e então deixaram pra lá. Eu tive que terminar todos os meus contratos o que foi um pouco assustador, porque aquilo era o meu ganha-pão, meu seguro de vida… Eu tive que pedir demissão e eu nem sabia se iria fazer parte da competição. Me disseram, demita-se e aí poderemos te considerar. Eu pensei, Oh Meu Deus, era um pouco arriscado, mas eu sabia que valeria a pena por causa da possível recompensa.”

A recompensa era exposição a nível nacional num país do tamanho da América?
”É uma plataforma enorme, foi por isso que eu participei. Não existe nada igual, você não pode pagar por um tipo de divulgação como essa. Um pouco antes do meu teste eu comecei a escrever algumas músicas e eu tinha alguma experiência, já havia falado com algumas pessoas do ramo e pude ter uma noção do que se tratava. Eu ainda era muito cru, mas a impressão que eu tive é que era muito difícil ter uma chance! Eu pensei, bem, eu sou um cara gay de 27 anos de idade, com experiência no teatro musical, então isso não vai ser nada fácil. O Idol me pareceu ser uma maneira de melhor expor meu trabalho.”

Você tinha consciência de que também era uma boa oportunidade de mostrar alguém com a sua sexualidade para o popular Americano, particularmente porque uma grande porcentagem daquela plateia poderia se ressentir contra você, se eles te encontrassem fora da competição?
”A melhor oportunidade na competição é cantar músicas com as quais eles se identificam. Essa foi a parte do programa à qual eu abordei como jogo de estratégia. É arriscado. Uma vez que você se sente a vontade lá, a cada semana eu tentava – de uma maneira boa – manipular a plateia, afinal de contas, entretenimento é isso mesmo. E é um jogo! Minha maior estratégia era fazer algo diferente a cada semana para manter as pessoas curiosas e fazer algo totalmente oposto dos outros artistas, para chamar a atenção.”

Neste álbum você está trabalhando com Pharrell em duas faixas, como isso aconteceu? Houve muita grana envolvida?
”Tenho certeza de que envolveu dinheiro, isso é negócio, mas ele teve que querer fazer alguma coisa. Ele conferiu muito do que eu fiz e ele me disse, ‘eu realmente gostei quando você cantou aqueles rocks clássicos, as músicas do Queen, Zeppelin, foi incrível, eu sinto que você é o Freddie da nossa geração!’ Eu nem fazia ideia de como aceitar aquele cumprimento dele. Eu entrei nas seções de gravação sentindo que eu não era maneiro o suficiente para estar ali! Quando ele disse aquilo, eu pensei, ele deve ter uma ideia do que ele quer fazer, então nós escrevemos esta música sobre ser um renegado, tanto na música quanto na sua vida, e superar isso e fazer o que você quer fazer. A coisa toda sobre o álbum é que ele é dividido ao meio. A primeira metade do álbum é toda pra cima. A segunda é o ponto fraco, a parte sombria. As músicas do Pharrell são funky, mas o que Trespassing é também diz que requer toda essa energia para me expor desse jeito. Eu dei duro para parecer forte. Eu sinto que é um exemplo que eu tenho que dar para as crianças gays na escola ou em qualquer outra lugar, para que eles possam dizer, eu também posso ser um popstar. Mas para lutar contra a adversidade e a discriminação que é tão abundante nos Estados Unidos, você tem que levantar a guarda, e o álbum meio que é sobre isso.”

Você se sente confortável sendo um exemplo – possivelmente até mesmo um mártir – porque você foi o primeiro a por sua cabeça à mostra?
”Eu realmente não tenho escolha. Uma parte disso foi projetada sobre mim e eu não fico chateado com isso. É um trabalho incrível de conseguir, existe muito pressão e expectativa. Eu não gosto quando se sobressai à música. Esta é a pior parte de se manter equilibrada, mas eu acho que este ano, com este álbum e minha vida neste momento, equilíbrio é minha palavra-chave. Eu estou lutando para encontrá-lo e mantê-lo. Eu estou mais perto dele do que eu estava a três anos atrás, isso é certo.”

Menção aos dois lados do álbum?
”Se tudo tem uma reação oposta e igual é esse álbum. Ele lida com a questão de dar e receber. Uma música como ‘Trespassing’ é esse grande hino, dizendo seja quem você é, tenha orgulho, não dê atenção à quem te odeia, seja um rebelde, faça o que você precisa fazer. O lado surpreendente é uma música do álbum que diz que quando você faz isso, às vezes existem consequências, existe ansiedade que vem disso e momentos estressantes, neurose, dor e confusão. Existem músicas sobre isso, baixa auto-estima, imagem… é difícil. Isso não é nada fácil!”

Você está feliz com aquilo, você nem pára pra pensar, me deixe fora da política, eu só quero cantar?
”O que é mais dicícil em ser um dos pouco [astros pop americanos abertamente gay] é que mesmo na comunidade gay, existe muita discriminação por parte deles mesmos. Alguns dizem, você não está sendo gay o suficiente, ou muito gay, porque você é extravagante? Por que você não é mais masculino? Você não nos representa bem. Existem tantos tipos diferentes de caras gay, qual a diferença? A comunidade celebra mulheres fortes, eles não necessariamente celebram homens fortes, a não ser que eles ajam de maneira hétero. É praticamente uma reflexão sobre estes extremos, e isso é o que é realmente bom sobre o álbum. Ele diz que ninguém tem realmente só um lado.”

Você não só trabalha com produtores bem estabelecidos como Pharrell ou Dr. Luke neste álbum, mas Sam Sparro escreveu algumas faixas.
”Ele também tem material novo saindo. Nós fizemos uma música extra no meu último álbum, chamada ‘Voodoo’, a qual eu me arrependo de não ter colocado no álbum, porque é uma faixa muito forte. Eu dei uma olhada nas músicas que eu gostei de apresentar deste álbum e as músicas que se saíram bem ao vivo, e eu me dei conta de que para este álbum, o eletro, o disco, o funk é algo no qual eu quero mergulhar de cabeça. Pharrell deu abertura pra isso, e disse, isso é o que você deveria fazer e com Sam nós criamos mais duas músicas. ‘Shady’ é uma delas e nós temos Nile Rodgers tocando na faixa. Ela fala sobre querer fazer sacanagem e se meter em encrenca.”

Espera aí um pouco, Nile Rodgers?
”Nós estávamos escrevendo a música e nos demos conta de que iríamos precisar de uma guitarra como a de Nile Rodgers para o álbum. Então Sam disse, porque nós não twittamos pro Nile? Então nós enviamos um tweet para ele! Nós dissemos: ‘Hey, você quer fazer alguma coisa?’ E ele respondeu: ‘Com certeza!’ Eu levei a faixa pra ele algumas semanas mais tarde, ele gostou e começou a colocar um swing nela. Meu queixo caiu, estava muito maneira! Ele pegou a música e deu a ela uma outra dimensão.”

Qual é seu plano para o resto do ano?
”Nós vamos vendo conforme as coisas forem indo. Eu sinto que esse álbum tem um estilo mais de banda ao vivo. Também, acho que eu vou fazer mais alguma coisa com a banda Queen, isso pode ser ótimo. Eu não posso dizer, mas eu acredito que temos algo previsto para o futuro.”

Como é ter um artista [Queen] como eles, que você escutou por toda a sua vida, pedindo pra você trabalhar com eles?
”É irreal! É um pouco intimidante, mas porque eles estão tão a vontade com isso, me deixa a vontade também. Eles são incríveis. São muito paternais e atenciosos.”

Fonte: Q Magazine

Tradução: Glória Conde

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