Entrevista na Revista Metro Weekly (Fev/23) – Parte 3

A entrevista que Adam concedeu a Revista Metro Weekly é extensa, por isso optamos em publicá-la por partes; aqui já publicamos a 1ª parte; aqui a 2ª parte; e agora confira a 3ª parte:

MW: Você já está com o Queen há mais de uma década agora. Como é ter esse emprego incrível por tanto tempo? A maioria das pessoas não tem um trabalho por tanto tempo.

AL: É uma p*ta honra. O fato que eles quiseram que eu me apresentasse com eles foi um grande elogio no início, e obviamente ainda é. Eu lembro quando eles me perguntaram, eu fiquei tipo, “Sim, é claro, eu nunca negaria algo assim!” Mas eu fiquei instantaneamente nervoso com isso, conhecendo o legado que eles têm e o quão incrível Freddie Mercury era, e sabendo que os fãs deles provavelmente iriam ser protetores com esse legado. Eu estava muito consciente. As vezes gostaria que eu fosse tonto, porque a ignorância pode ser uma bênção. As vezes gostaria de não ter prestado atenção ou que eu tivesse ficado em negação. Mas eu presto atenção e sou muito duro comigo mesmo. Eu sou meu próprio pior inimigo. Algumas coisas assim podem te atrasar ou podem aleijar você um pouco.

No primeiro show que fizemos, eu estava tão nervoso, e eu posso dizer agora, olhando para trás, que isso evoluiu ao longo do tempo. Nos primeiros shows que fiz com eles, eu estava me exibindo muito, tentando provar que eu merecia estar lá. Tipo, olha o que posso fazer com a minha voz! Nós fizemos um ótimo trabalho e esses shows foram fabulosos, mas revendo eles agora…

Eu amo onde estou agora com eles porque me sinto mais confiante e confortável na posição, e não sinto que tenho que provar tanto. Eu não sinto que estou procurando a mesma quantidade de validação. Eu sinto que tenho fé no poder das músicas. Também tenho uma crença em mim mesmo de que eu posso fazer isso.

MW: Quando você está se apresentando com o Queen, aposto que tem gente lá que quer ouvir Queen + Adam Lambert, tem gente que quer ouvir Freddie Mercury, e tem gente que quer ouvir você interpretar o Freddie Mercury. Então como você equilibra isso?

AL: Bem, desde o início, quando eles me pediram para fazer isso, tive uma conversa com Brian [May] e Roger [Taylor], o guitarrista e o baterista. “O que vocês estão procurando,” e eles disseram, “Não queremos que você o imite. Não queremos uma representação e não queremos uma imitação. Queremos que você faça isso do seu jeito.”

Eu amo tanto os originais, e os álbuns que todos nós conhecemos, e o fato de Brian e Roger estarem no palco, eles são a banda, são eles que escreveram essas músicas, eles são os que estiveram lá desde o começo. Eu sigo a liderança deles mais do que tudo, porque eu quero que eles sintam que eles estão no controle disso.

Tudo meio que é retrabalhado, mas encontrar esse equilíbrio entre mim e o Freddie se resumiu a parar de ouvir as gravações. Eu não quero mais ouvir os discos porque naturalmente acabarei imitando ele.

Comecei a olhar para as músicas como composições. Eu pegava um acompanhamento, um instrumental, e olhava a letra e pensava, qual é a
história? Qual é a emoção que isso pretende comunicar? Qual é a sensação que queremos que o público sinta com essa música?

Comecei a focar nisso como uma coisa baseada na intenção, e foi assim que encontrei o equilíbrio. Se a intenção estiver alinhada com o espírito original da música, é isso que eu faço. Eu não imito sua voz, mas sim os impulsos de Freddie, seus instintos sobre o que fazer com certas partes da música, eu peguei isso como direção.

MW: Estou impressionado com a forma como você consegue fazer tantas turnês com eles, se apresenta ao vivo como Adam Lambert, e tem este álbum. Você trabalha em um milhões de outras coisas. Como você faz isso funcionar?
AL: Por natureza, eu sou um preguiçoso do c***, para ser totalmente honesto. Eu tenho uma empresária incrível que é uma workaholic e ela é muito motivada, e ela me impulsiona onde eu preciso ser impulsionado. Mas eu tenho muitas ideias. Eu tenho coisas que quero experimentar, coisas que quero fazer. E estou feliz por ter a ajuda para fazer malabarismos com tudo. E a turnê não é o ano todo. Nós fazemos turnês de seis, sete semanas no máximo, e talvez uma por ano, e em certos anos não fizemos, então há muito tempo para fazer outras coisas.

MW: Eu vi você outra noite em uma festa privada e você ainda está entregando vocais. Eu imagino que você tenha que pensar sobre suas cordas vocais e sua saúde, e fazer uma pausa. Como você faz isso?

AL: Eu tento não focar muito nisso, pra ser honesto. Eu acho que quando você hiper foca nas coisas elas se tornam problemas maiores. É tudo baseado em intenção. Estou subindo no palco. Meu objetivo aqui é entreter essas pessoas, e apenas confie em seu corpo para fazer o resto. É assim que você chega lá.

E essa é a questão sobre ser um artista. Você faz um show onde o sistema de som pode ser meio ruim ou coisas técnicas surgem. E você só precisa dar de ombros um pouco, porque se você ficar preso a isso vai arruinar seu momento, e se você não está se divertindo ou não está conectado com a emoção de uma música, então você está enganando o público, e essa é a última coisa que eu quero.

MW: Percebi enquanto pesquisava para essa entrevista que atuar parece ter se tornado um novo foco para você.

AL: Eu comecei no teatro musical bem antes do Idol. Sempre fui ator. E muitas das minhas abordagens para muitas das minhas músicas são meio que… Mais uma vez, é baseado na intenção. Qual é a história? Tudo se resume a atuar de certa forma. Quando me mudei para Los Angeles pela primeira vez quando tinha 19 anos, consegui um agente e eu estava fazendo testes, tentando fazer toda a coisa de TV/filme, e eu não estava conseguindo nada.

Posso dizer agora que eu não era um bom ator na época, porque eu estava muito na minha cabeça. Eu estava muito autoconsciente. Eu estava desconfortável na minha própria pele de muitas maneiras quando jovem, e também todos os papéis para os quais eu estava fazendo testes eram esses papéis de héteros clichês. Eu ficava tipo, eu não sei o que fazer com isso!

Então, voltar a isso agora é empolgante porque há tantas outras histórias queer sendo contadas e personagens queer para serem interpretados, e muito mais mente aberta sobre “O que é um homem? O que é masculinidade?” Todas essas coisas mudaram do lado de fora. E também comigo, eu estou muito mais confortável na minha pele, então essas coisas combinam, e acho muito divertido agora. Não é mais assustador.

MW: Você está procurando especificamente por histórias e personagens queer?
AL: Não especificamente, não. Eu só acho que é emocionante poder interpretá-los. É emocionante que haja oportunidades lá fora – e, sejamos honestos, sou uma pessoa gay famosa. Então, muitas das coisas para as quais eu fui indicado ou foi solicitado que eu fizesse parte, tem a ver com isso, e isso é ótimo. Eu gosto disso.

MW: Você não acha isso limitante?
AL: Eu não estou fazendo apenas isso. São as oportunidades. É uma linha direta. Eu passei tantos anos antes de ser cantor interpretando outras pessoas, e sempre eram caras heterossexuais, e isso foi bom também, mas é emocionante que haja personagens mais interessantes para explorar. Eu não estou dizendo que pessoas heterossexuais não são interessantes. Eu ficava inseguro interpretando um cara hétero, enquanto agora eu não acho que me importaria. Não é realmente sobre isso, é sobre o personagem.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fontes: @metroweekly, Metro Weekly e Metro Weekly

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