Entrevista na Revista Metro Weekly (Fev/23) – Parte 2

A entrevista que Adam concedeu a Revista Metro Weekly é extensa, por isso optamos em publicá-la por partes; aqui já publicamos a 1ª parte; agora, confira a 2ª parte:

MW: Essa foi fácil. Eu adoro que são todos covers mas se espalham por vários gêneros e décadas. Temos Kings of Leon, que é… Eu queria dizer não tão velho mas na verdade, acho que já faz vários anos. E então temos anos 80 e muito mais. Então o que todas essas faixas têm em comum além do fato de que você pode deixá-las mais dramáticas?
AL: Quer dizer, não tem muita coisa. Acho que a maioria dos artistas que me atraem são um pouco mais alternativos ou do rock. Eu queria que o álbum fosse como uma fantasia de rockstar. De novo, saber qual é o meu ângulo específico ajuda, mas na verdade foi só “o que é uma boa música?”
Eu sabia que queria que fosse diverso. Em relação a quando foi escrita, ou qual o gênero eu queria surpreender as pessoas um pouco com algumas das minhas escolhas. Eu sempre gosto de fazer isso. E também um tipo de audácia de pegar algo como “Holding Out For A hero”, que é tipo um prazer culpado extravagante, e ver se posso transformar isso em algo que eu acho legal.

MW: Holding out for a hero é minha favorita no álbum. É a que eu pensei, “Adam fez uma versão melhor do que a original.”
AL: É, eu amo essa música. E então quando você fala para alguém, “vou fazer essa daqui,” eles te olham daquele jeito. Então A melhor sensação é quando eles finalmente escutam o que você fez e dizem, “Ah, ok. Isso é legal.”

MW: Então quando você está fazendo covers, eu imagino que seja difícil porque há pessoas que amam os originais e é isso que elas querem ouvir. E tem as pessoas que querem ouvir o Adam Lambert e pensam: isso tem o suficiente do que conhecemos como a essência dele? Como você equilibra isso quando está criando?
AL: Bom, eu tive muita experiência com isso trabalhando com o Queen na última década. É claro nós fazemos os mesmos arranjos das músicas, mas o cantor é diferente. Eu encontrei muita resistência, mas também encontrei a mesma quantidade, senão mais, de elogios e empolgação. Isso não me assusta mais. Entende o que eu quero dizer?
Acho que uma das coisas que eu aprendi sobre me apresentar, conforme eu fiquei mais velho e ganhei mais experiência é que às vezes menos é mais, mesmo em um álbum chamado “High Drama”. Você não precisa mudar a melodia. Fique com o que está funcionando a princípio, e muito do motivo de eu escolher essas músicas é porque as histórias que elas me contavam eram algo incrível. As letras dessas músicas são tão deliciosas, e eu acho que permanecer fiel a intenção da música é muito importante.
E também tem a coisa da autenticidade, fazer o ponto de partida ser um lugar real. Eu acho que as pessoas sabem a diferença quando algo é falso ou real, e todas as músicas no álbum vêm de situações e de coisas que eu vivi. Eu sinto que elas vêm de um lugar verdadeiro. Até o modo como elas soam vem de um lugar real.
Quando nós fizemos o arranjo de “Sex On Fire”, eu também fiquei pensando se deveria mexer nisso, eu não queria alterar o original porque ele já é muito bom. Essa música me lembra a segunda metade dos anos 2000, quando eu estava na casa dos 20. Tive muitas descobertas musicais… Eu estava indo a novos eventos e conhecendo novas pessoas. Me lembro de ir ao Burnning Man e ao Coachella pela primeira vez e a ideia do espírito do festival, a sensação de estar ao ar livre com seus amigos em um estado eufórico e possivelmente psicodélico. E toda a música daquele período, tinha muita coisa indie dance acontecendo. Eu amei aquele período da música, não só porque eu amava a música, mas o que estava acontecendo na minha vida paralelamente. Então era ali que eu queria que “Sex On Fire” existisse. Eu queria que viesse desse tipo de som. Da sensação de várias primeiras vezes.

MW: Quando você descreve esse som me lembra de MGMT.
AL: Com certeza. Essa foi uma das nossas referências. Tommy English, com sua equipe, e eu, começamos a falar de todos esses grupos daquele período e como nós os amamos – Hot Chip e LCD Soundsystem – então eles eram parte do som que estávamos procurando. Só para colocar um toque inesperado, nós bolamos a batida para o verso, então eu pensei não quero cantar igual ao original… O que mais eu posso encontrar com isso? O baixo era tão ritmado. E eu pensei sem motivo nenhum, eu vou cantar como Prince e simplesmente funcionou e eu senti que tinha algo interessante, então continuamos assim.

MW: Você disse que começou com uma lista grande. Houve algum artista ou canção que você queria fazer mas achou que não ia funcionar, ou talvez uma que você começou a trabalhar e percebeu que não se encaixava?
AL: Não gravamos nada que não tenha entrado no álbum. Nós planejamos com muito cuidado para não desperdiçar tempo ou dinheiro. Eu acho que havia algumas opções na lista que poderiam funcionar mas que decidimos abordar em um outro momento. Tem muito mais de onde esse álbum veio, vamos colocar assim.

MW: Bem estamos ansiosos por High Drama parte 2. Ao ouvir as músicas, achei interessante que você pegou algumas com pronomes originalmente masculinos, como “Mad About The Boy”, e há outras em que você mexeu um pouquinho como “Chandelier”. Estamos em uma era onde as pessoas prestam muita atenção nos pronomes em músicas. Eles são importantes para você?
AL: Quando eu escolhi as canções, não estava realmente pensando nisso para ser sincero, mas percebi isso enquanto gravava. Foi quase legal que eu não tenha pensado nisso porque hoje em dia é tão natural cantar sobre um homem em todas essas músicas de uma forma que alguns anos atrás seria um pouco difícil ou até tabu.
No meu primeiro álbum havia músicas em que tivemos que mudar os pronomes porque senão o pessoal das rádios não a tocaria. Nossa comunidade presta atenção nessas coisas, como deveria. Eu sei que houve muita conversa sobre isso anos atrás e artistas que usavam pronomes masculinos foram aplaudidos. Agora podemos fazer isso. Mas havia tantos obstáculos quando eu comecei, que era um daqueles assuntos em que ou você entra no jogo ou se torna um mártir e não tem a menor chance. Foi difícil mas estou feliz que isso tenha mudado.
A indústria toda mudou. A representação queer no momento é a melhor que eu já vi. Sei que temos muito trabalho pela frente, mas cara… Tipo o Grammy, teve tanta representação. Estou muito orgulhoso de Sam Smith e Kim Letras e Steve Lacy e Brandi Carlile. Foi um Grammy gay pra caramba.

MW: Foi mesmo um Grammy muito gay.
AL: E Dijon está muito presente no álbum “Renaissance” da Beyoncé, o que é incrível. Esse álbum está cheio de referências da história queer, e é como uma carta de amor muito linda para nossa comunidade. É empolgante, porque como eu disse, quando eu comecei, o clima era muito diferente, então ver esse progresso que foi feito, como tudo que Lil Nas X tem feito, que é muito fabuloso e engraçado e a trajetória do Sam é incrível e a Kim. É realmente muito empolgante ver todo esse progresso.

MW: Você é uma grande parte desta mudança, só por ser quem é. Eu me lembro de assistir as suas performances ao vivo beijando homens, quando era criança.
AL: Eu acho que fui um exemplo de pessoa que não estava realmente preparada para isso, então o timing é tudo. Eu com certeza tentei. Espero que tenha ajudado a criar mais conversas sobre isso porque definitivamente havia um padrão duplo aqui. Havia coisas que artistas héteros eram capazes de fazer, coisas que mulheres podiam fazer e não ter nenhuma repercussão, que homens não podiam. Eu percebi muito rápido que não queria desistir da minha carreira então em certo momento, eu tive que entrar no jogo, mas vou ficar perto dessa linha e ser o mais vocal possível sobre isso e que eu não tenho vergonha nem medo. Eu não vou recuar, não farei isso. Tive que driblar muita coisa para o meu próprio bem, mas meu negócio sempre foi me manifestar pela causa e ser uma voz. Eu acho que isso é importante.

MW: Com certeza. Agora uma pergunta difícil. Você tem uma faixa favorita no álbum?
AL: Na verdade não. Eu amo todas elas. Eu realmente amo como “I Can’t Stand The Rain” ficou. A batida é muito boa. Eu adorei ser parte do processo desde o começo e poder entrar no estúdio sem saber exatamente como eu queria que essa faixa soasse, e lentamente, de um jeito meio orgânico, ver ela se tornar alguma coisa. É um processo muito divertido de se fazer parte.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: @metroweekly, Metro Weekly e Metro Weekly

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