-
04ago2021
- ESCRITO POR:
- CATEGORIA:
- COMENTÁRIOS:
- 0
Benedict Cork estreia Podcast com Adam – 26/05
Benedict Cork lançou seu Podcast em 26/05, e o primeiro episódio foi com Adam. Ouça aqui ou abaixo, e confira a tradução:
Benedict começa apresentando o podcast “Segredos que eu nunca vou contar”, que é sobre vulnerabilidade, conversar com pessoas criativas, etc. Informa que o primeiro episódio vai ser com o Adam. Fala que o Adam ficou famoso no American Idol com seus vocais insanos e depois disso vendeu milhões de álbuns e foi indicado para o Grammy.
Fala que ele tem excursionado com o Queen desde 2011 e conta o que o Roger falou sobre ele: “Tocar junto com o Adam é a coisa mais orgânica que ele já teve desde que eles tocaram com o David Bowie”.
Benedict vai conversar com o Adam sobre sexualidade na indústria musical, sobre fama, saúde mental e muito mais.
Benedict pergunta para o Adam como ele está, como tem sido na pandemia. Adam responde: “Meio devagar, mas por outro lado, mas eu fiquei grato pelo tempo livre porque normalmente estou sempre tão ocupado; fazendo tantas coisas ao mesmo tempo, que poder ter esse tempo para mim foi interessante. Ter esse tempo livre me deixou um pouco diferente, num outro tipo de tempo, espaço, onde eu sinto que posso ser criativo de uma maneira mais orgânica”. Benedict responde que muita gente fala isso, que finalmente teve tempo de fazer coisas que normalmente não faria. Benedict diz que também sente isso; que os primeiros meses da pandemia foram horríveis, todo mundo muito assustado, foi tudo muito triste. Mas agora, nesse momento ele até pensa o quanto mais vai ter tanto tempo livre sem nenhum prazo apertado, sem ninguém lhe cobrar coisas. Diz que consegue escrever músicas e fazer suas coisas de uma maneira muito mais tranquila.
Adam diz que sua casa é como se fosse uma corrida de obstáculos. Diz que fica um tempo no computador e diz: “Quando começou a pandemia e tudo fechou, eu pensei: que talento/habilidade nova eu posso aprender/fazer, já que não vou fazer nada”. Diz então que comprou equipamento, microfone, um programa chamado “Logic” para fazer música e ficou aprendendo a usar este programa – e ficou orgulhoso de ter aprendido a usá-lo de uma maneira legal para fazer música. Adam diz que ficou gravando a própria voz e assim testar várias coisas diferentes com sua voz. Diz também que isto está mudando tudo para ele; mas diz também que às vezes fica 20 horas no computador, a cabeça frita e ele não aguenta; então vai fazer outra coisa (alguma coisa artesanal). Benedict pergunta que tipo de coisa e Adam responde que tem feito acessórios para ele mesmo. Adam brinca que virou o senhor “Glue Gun” (usar a pistola de cola quente para colar acessórios). Benedict diz que quando fica muito tempo no computador ele cansa e também precisa fazer alguma coisa manual (seja lá o que for, nem que seja regar plantas), porque precisa sair daquele lugar e sentir que está fazendo algo com o corpo, já que não dá para sair de casa.
Benedict pergunta o que o Adam anda fazendo e ele responde que pegou um par de botas brilhante super antigas (diz que provavelmente usou essas botas há 14 anos no “Burning Man” e como ia ter uma participação num programa que não pode falar o nome, que pedem para usarem roupas super exageradas) e como tinha que desenhar, fazer o tema do programa nas botas, foi isso que ele fez. No programa perguntaram das botas e falou que foi ele quem fez. Para combinar com as botas, fez também um “corset” com o mesmo tema. Disse que hoje é fácil porque acha tudo na Amazon e diz que achando as peças certas que combinam, fica fácil fazer. Adam diz que é muito grato à Amazon por poder comprar as coisas – se bem que em Los Angeles ele diz que pode sair de casa; pois na realidade, nunca tiveram um lockdown, em que realmente não poderiam sair de casa; então sempre deu para sair e fazer coisas.
Benedict diz que é muito louco porque em Dezembro estava tudo aberto no Reino Unido, todos comemorando, mas teve um amigo que veio da França, e lá estava fechado. Então no Reino Unido a situação piorou e eles tiveram que fechar tudo novamente e enquanto isso a França estava abrindo; então ele diz que nem planeja mais nada para o futuro, porque nunca sabe se vai abrir ou fechar. Adam diz que a pandemia é muito assustadora, mas ao mesmo tempo tem um lado bonito porque faz com que você fique no momento presente e que todo mundo (desde psicólogos, filósofos) fala que o melhor que você pode fazer é ficar no momento presente, porque se você fica lidando muito com o passado, você fica neurótico, angustiado; e se você ficar pensando só no futuro você vira uma pessoa ansiosa; então o melhor é ficar no presente – e é uma coisa que ele está conseguindo fazer agora.
Benedict fala que da última vez que eles conversaram, Adam contou para ele que ele tinha 18 meses de trabalho planejados, totalmente tomados – isso antes de começar a pandemia – e que deve ter sido muito louco como tudo mudou. Adam diz que teve muitas sensações diferentes com relação a isso porque (para quem não sabe) ele lançou um álbum 1 mês antes da pandemia e tinha tudo planejado – milhões de coisas planejadas que deram muito trabalho e muito planejamento para encaixar tudo e de repente – puff – tudo cancelado. Disse também que no começo ficou muito chocado e muito triste também – foi muito ruim.
Benedict fala que foi uma pena mesmo porque “Velvet” é um super álbum, mas que não teve tanta atenção, porque na época todo mundo achava que o mundo ia acabar. Adam diz que ficou em segundo lugar; depois disso as pessoas só falavam em como o mundo ia acabar; então ninguém prestou muita atenção. Diz que espera que algum dia no futuro, as pessoas olhem para trás, olhem para esse álbum e pensem: “Olha só que tesouro escondido, eu espero que realmente isso aconteça um dia, porque eu realmente tenho muito orgulho desse álbum – trabalhei muito nele, fiz muito mais do que fiz em outros álbuns e meio que produzi também e tenho muito orgulho desse álbum”. Adam diz que sempre se envolve com seus discos, mas que este foi mais; diz que independente das pessoas terem ouvido ou não, se sente muito satisfeito com esse álbum pelo fato de ter feito. Diz que o álbum o deixa muito feliz; embora ele sinta que foi roubado de uma certa maneira, pois não pode promovê-lo, nem fazer nada, ainda sim, consegue tirar essa coisa boa para si. Mas Adam diz que a saúde das pessoas é mais importante.
Benedict diz que cada um teve que lidar com perdas (pessoas que perderam empregos, fecharam negócios, muitas vidas que foram perdidas). Adam diz que depois que passou esse momento de ter perdido tudo isso, se recuperou e partiu para a próxima coisa que queria fazer, e desde então tem sido muito ativo.
Benedict fala de quando Adam lançou “Feel Something”, quando Adam postou a carta falando sobre saúde mental e lê um trecho da carta, onde Adam fala que na verdade, essa música tinha a ver com um período onde ele tinha passado por uma depressão muito forte, estava começando a duvidar de seu talento, de sua música, de tudo que fazia; porque não estava sendo valorizado e ele já não sabia mais. Todo o foco dele estava indo somente para o trabalho e com isso estava sentindo que sua vida pessoal estava sendo prejudicada e ele estava indo para um lugar que não estava sendo legal, um lugar meio escuro; e que essa música tinha a ver com ele saindo desse lugar escuro.
Adam diz que postou essa carta logo antes de lançar “Feel Something”, que é a música que ele e Benedict fizeram juntos (Benedict tinha falado que achava incrível ele ter postado aquela carta que mostrava uma vulnerabilidade muito grande). Adam diz que sim, que quando escreveram a música falaram sobre isso e que achava que é fundamental poder ser vulnerável, poder mostrar isso para o seu público; porque no mundo musical tem um lado muito bonito, muito bacana, que é esse da criatividade, da música. Isso é muito legal e muito puro, mas tem o outro lado da indústria que não é tão legal. Adam diz que a indústria musical pode ser muito desgastante, cruel, muito ruim de lidar; e para pessoas sensíveis como ele, às vezes é muito difícil. Diz também que, no caso dele e de outras pessoas, você se envolve tanto com a carreira que aquilo vira sua identidade e que, se você não consegue nem a validação e nem o sucesso que você estava esperando; isso começa a comprometer a sua noção de identidade, você começa a duvidar de si mesmo. Adam diz que para ele estava sendo muito difícil separar as coisas; era a música dele, era a carreira dele. Então se de repente alguma coisa dava errado ou não fazia sucesso; não era elogiada ou do jeito que ele achava que merecia, ele imediatamente começava a pensar que tinha alguma coisa errada consigo; então estava muito difícil separar as duas coisas.
Benedict diz que isso acontece muito e Adam diz que isso vira uma luta, uma batalha. Você começa a pensar – não está dando certo, nunca dá certo; o que estou fazendo de errado? Então Adam diz que resolveu conversar com as pessoas, disse que leu muito e conversou com vários amigos – estes disseram que a única coisa que ele podia fazer seria “fazer o seu melhor”, não poderia fazer nada além disso, você fazendo isso já está ótimo. Desde que você esteja fazendo alguma coisa que seja muito autêntica, que seja muito você, está tudo certo; o resto vem depois. Essa coisa de autenticidade, Adam diz que começou a olhar para o passado e questionar até que ponto ele realmente tinha sido autêntico nas coisas, porque estava tão preocupado em agradar as pessoas que às vezes isso acabava passando por cima quanto a questão da autenticidade e que ele acha que a música dele tem que ser totalmente conectada com o que ele está sentindo, e se não for assim não vale a pena.
Benedict fala que quando você está compondo, fazendo sua música, ela é um sucesso para você; você adorou tudo aquilo, só que aí, quando você lança aquilo e começa a ouvir as opiniões das pessoas, é que aquilo às vezes começa a cair – de repente elas não gostam e acham outra coisa – e aí é que o negócio muda de figura. Benedict diz que então está tentando a aprender a manter esse sentimento. Se fez e achou que valia a pena colocar essa música para fora, é porque ela tinha sua importância, sua relevância; e está valendo, não importa o que os outros digam. Adam diz que também está tentando chegar nesse lugar, não está totalmente assim, mas está tentando, porque ao mesmo tempo é uma coisa complicada porque quando você é um artista, você faz a sua arte, sua música, pensando no público, você quer que o público goste; então como alcançar esse equilíbrio. Pensar no público é fundamental e o lado de negócios é fundamental, porque como que você vai colocar a sua música no mundo e fazer com que todo mundo ouça? Você depende da indústria, depende do negócio também, então é bem complicado navegar no meio disso tudo; e sucesso é uma coisa muito relativa. Significa coisas diferentes para pessoas diferentes, mas no mundo musical, sucesso tem muito a ver com quantas pessoas você alcança; e a gente sabe que tem muita gente por aí que não é o maior talento do mundo – e essas pessoas fazem muito sucesso, são muito bem-sucedidos. As pessoas hoje fazem sucesso dependendo de quantas vezes as músicas foram tocadas nos “streamings” independente da qualidade. “Para mim tudo bem, ok, mas para mim, pessoalmente é muito importante saber se aquela é uma boa música; se é uma coisa de qualidade.”
Adam diz que se você jogar o jogo – fazer o que você tiver que fazer para conseguir esse sucesso – se isso for o mais importante; aí acho que não dá certo. Se isso estiver determinando o jeito como você faz a sua música, aí está errado, não é legal. Benedict concorda também.
Adam fala que com certeza jogou esse jogo muito tempo e ficou fazendo estratégias para conseguir fazer sucesso, “mas percebo que, quando fiz música e fiz as coisas sem me preocupar com isso, com o sucesso; essas são as coisas que eu gosto mais. É isso que me dá mais prazer, é isso que me deixa mais feliz; então é uma lição.”
Benedict pesquisou e descobriu que Adam foi o primeiro artista abertamente gay a ocupar o primeiro lugar das paradas americanas. Achou incrível e ao mesmo tempo meio triste que ninguém tenha feito isto antes. Adam ri e concorda. Então Benedict pergunta se Adam acha que o cenário está melhor para os músicos gays hoje em dia. Adam diz que se passaram 10 anos e com certeza as coisas mudaram. Na verdade, ele sentiu um peso muito forte disso quando lançou o primeiro disco. Tinha saído do Idol, lançou o primeiro disco e foi fazer a promoção do mesmo e só se falava nisso – só sobre sua sexualidade. Diziam que ele era gay repetidamente e aí ele sentiu. As pessoas perguntavam se ele já tinha saído do armário, se tinha se revelado gay no Idol e ele disse que sempre foi gay. Que nunca escondeu nada e sempre foi muito aberto sobre as coisas; então não tinha nenhum segredo, mas não é como se o Ryan Seacrest o tivesse entrevistado sobre sua sexualidade; e ainda bem, porque teria sido muito embaraçoso. Adam diz que hoje em dia, vê que é muito mais importante as pessoas afirmarem sua sexualidade – é uma coisa dessa geração, faz parte você afirmar o que você é. Adam diz que hoje é esperado – as pessoas querem que você diga o que você é ou a sua sexualidade; mas naquela época não. Era tudo muito diferente, tudo muito estranho. Disse que quando começou a promover o álbum levou um susto – nem sabia direito como reagir. Disse que depois até criou uma boa relação com a imprensa, mas que no começo teve um monte de tropeços.
Adam fala da revista “Out”, na qual o editor escreveu sobre ele: “você é um cantor gay, você tem essa plataforma, saiu do American Idol. Você tem que defender a causa gay, usar o seu nome de uma maneira melhor”. Adam percebeu que ele estava colocando os objetivos da Out encima dele e disse que não iam escrever muito sobre a música; poderiam até descrever um pouco a música, mas isto não iria render um bom artigo, então estão interessados em outra coisa. “As pessoas não vão te perguntar tanto sobre a música – elas querem saber quem você é, qual sua real motivação, sua personalidade, sua opinião sobre as coisas e sobre sua vida pessoal. Eles querem saber tudo e no começo isso me deixou meio assustado; isso foi muito antes de ter Instagram, Twitter. Já tinha Facebook. Eu sempre fui uma pessoa aberta, mas ter que contar tudo de minha vida para todos me deixou um pouco fora de mim.” Adam pensou que não iria mais ter a privacidade que tinha antes e você não pensa nisso. Você só pensa nisso quando você não tem mais.
Benedict diz que com as redes sociais tem uma pressão para você dividir/contar tudo nas redes sociais; então isso também tira sua privacidade. Adam diz que não; na verdade agora, o que acontece é que todo mundo posta tudo sobre sua vida nas redes sociais.
Todas as pessoas; não são só os criadores e artistas; então, como isso é esperado de todo mundo, de uma certa maneira isso melhorou. Ficou menos invasivo porque é uma coisa que todo mundo faz; não é só o artista; então neste ponto, ele acha que melhorou.
Adam diz que uma coisa que melhorou muito da época que ele começou para agora, é que tinha um monte de pessoas/barreiras que você tinha que ultrapassar para conseguir divulgar sua música – muitos obstáculos, desde gente de gravadora até gente de rádio, gente de mídia. Você tinha que conquistar estas pessoas, convencê-las de que sua música merecia ser ouvida para ser gravada e ser divulgada; e hoje não, porque a música está disponível em todos os lugares – em streaming – é só você tocar em um botão e você pode ter acesso aquela música. Como artista, você tem vários outros canais, não depende só dessa coisa mais institucionalizada da indústria. Benedict fala que toda semana, 40 mil novas músicas são postadas no Spotify e Adam também fala como mudou a relação com a TV porque na época que participou do American Idol eram 30 milhões de pessoas assistindo e hoje a audiência é muito menor. E na opinião do Adam, é porque compete com as mídias sociais, com streaming; todo mundo na Internet; então é por isso que tem menos audiência.
Ambos comentam que hoje em dia as pessoas às vezes nem assistem programas de TV, porque assistem depois na mídia social – ou vê vídeo ou vê no Youtube. As pessoas perguntam se Adam está assistindo “Drag Race” e ele diz que sim, mas não na TV – está vendo no Instagram – diz que vê os vídeos que as pessoas postam e para ele está bom e acha que para muita gente é assim também; diz que não precisa assistir o programa. Benedict diz que acha horrível porque seu nível de atenção caiu muito – diz que começa a ver um filme e que se em 2 minutos o filme não capturar sua atenção ele desiste, não vai assistir mais, e ele acha horrível. Acha que está muito crítico, que gostaria de dar mais chance aos artistas, mas não consegue. Adam diz que talvez ele esteja entrando mais em contato com o que gosta e já sabe imediatamente.
Ambos riem falando dessa coisa de falta de atenção e Benedict fala que Adam tem excursionado com o Queen desde 2011/2012 e muitos artistas falam de como é o vazio quando você sai de um palco gigantesco; o silêncio. Você volta para o seu camarim e aquele silêncio absoluto – como isso é complicado e quer saber como isso é para o Adam.
Adam diz que ainda é um choque, mas na verdade é bom quando vai para o camarim, porque precisa de um tempo para se recuperar. O que é ruim é quando vai para o hotel se está solteiro/sozinho; porque não tem ninguém para fazer essa descompressão para ir voltando aos poucos. É sempre muito ruim; é como se alguém tivesse tirado você da tomada de uma vez ao invés de descarregar você devagarzinho. Adam diz que como o show do Queen é muito cansativo porque é muito físico e tudo muito alto, ele fica muito exausto. Às vezes ele chega no hotel, capota na cama e dorme – assim tudo bem; mas que realmente é complicado. Adam diz que quando está no palco, é você, mas não é exatamente você – é uma realidade aumentada, um pouco quase que um personagem. Você está fazendo tudo dentro daquela realidade – é tudo exagerado, é tudo para o público; então você tem que saber que aquilo é diferente, mas às vezes não é nem assim. Você sai do palco, mas você tem essa tendência de continuar ligado, como se estivesse no palco ainda, no centro das atenções. “Às vezes eu faço isso; então tenho que lembrar: escuta, você não está no palco, você já saiu do palco”, e dá uma risada. Diz que é uma das coisas que ele tenta fazer muito quando está em turnê, para tentar ficar com o pé no chão, manter as coisas reais, verdadeiras – isto é uma das coisas que ele se esforça muito quando está em uma turnê.
Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Marisa Gil
Agradecimentos: Denise Scaglione
Fontes: @4Gelly e @LambritsUK
Nenhum Comentário