Entrevista by SPIN (Nova Iorque) – 01/10

Adam Lambert sobre seu primeiro álbum ao vivo com o Queen, ser parte do legado da banda

O cantor também compartilha sua perspectiva sobre os shows após o COVID

Adam Lambert, Brian May e Roger Taylor aterrissaram em quase todos os lugares. Então é justo que sua última parada – nas casas dos fãs que viram a super colaboração adiar a turnê europeia deste verão – lembre ao mundo o quanto deles eles realmente viram.

“Live Around The World” de Queen + Adam Lambert será o primeiro álbum ao vivo do cantor em quase uma década, e o primeiro do Queen desde “Live Magic”, de 1986. E depois de nove anos de turnê com o monumental grupo de rock, Lambert sabe que May e Taylor determinam o legado da banda.

“Quando nos deparamos com decisões diplomáticas que temos que tomar, no final do dia, eles são o Queen”, Lambert disse à SPIN.

“Normalmente eu meio que digo o que tenho a dizer e, se for rejeitado, eu não começo uma briga. Tenho muito respeito por Brian e Roger e acho que eles têm muito amor por seu legado. E isso é muito importante. [Eles são] a lenda que é o Queen. Eu sempre me encontro deixando isso guardado na minha mente”.

Pela primeira vez em sua temporada de quase uma década com a dupla, Lambert está finalmente se tornando uma parte desse legado através de um álbum. “Live Around The World” – um álbum ao vivo de 20 faixas que documentam shows tocados em todos os lugares, de Portugal ao Japão, nos últimos seis anos – será foi lançado em 2 de Outubro em vários formatos. O álbum apresenta clássicos como “Under Pressure” e “Radio Ga Ga”, juntamente com faixas mais desconhecidas e raridades, incluindo uma versão reimaginada da faixa solo de Freddie Mercury, “Love Kills”. Para May, Taylor e Lambert (o baixista John Deacon se aposentou da indústria musical em 1997), foi uma tarefa e tanto decidir coletivamente o que faria parte da tracklist.

“No final do dia, você pode separar todas as coisas técnicas que fazemos”, diz Lambert. “Mas acho que chegamos à conclusão de que precisa ser apenas a melhor vibe, e apenas precisa traduzir de alguma forma o sentimento que nosso público pode ter ao assistir o show e a mágica que acontece”.

A SPIN conversou com o cantor sobre suas esperanças para futuros shows do Queen – e, em tom de brincadeira, obter tamanhos maiores de seus trajes de palco depois de ganhar os “15 de quarentena” – e o que o processo de curadoria do álbum significou para o relacionamento agora familiar da banda.

SPIN: Com ambas as suas discografias em mente, este é o álbum ao vivo do Queen gravado mais recentemente desde 1986, e este é o seu primeiro desde “Glam Nation Live”, de 2011. Como três caras que gravaram álbuns ao vivo com muitos anos de diferença, o que vocês puderam aprender uns com os outros no processo de curadoria?
Lambert: É emocionante sintetizar todas essas performances ao longo dos anos e tentar escolher a versão definitiva de cada música. E todos nós vamos estar focados em diferentes aspectos disso. Eu vou separar meu vocal, e eu teria presumido que Brian e Roger estariam focados em seus respectivos instrumentos, mas também estamos olhando para isso como uma coisa grande e iniciando conversas. Estávamos meio que voltando para uma lógica de negócios em nossa memória, nós três, e tentando sintetizar quais performances [atendiam] a uma série de critérios diferentes.

Qual foi o critério mais importante?
O Queen tem uma lista enorme de sucessos incríveis. E sabemos que, antes de mais nada, os fãs vêm e querem cantar junto com sua música favorita do Queen. Sempre nos certificamos de incluir os grandes sucessos em cada show que fazemos. Eu acho que abordamos o álbum da mesma maneira: este é o tipo de set dos sonhos sintetizado, se tivéssemos que reduzir nosso show em uma experiência de uma hora de duração. E então temos os grandes sucessos; temos mais algumas coisas obscuras lá que achamos que eram muito especiais… [Existem] faixas que Freddie fez sozinho quando estava solo, por exemplo, como “Love Kills”. E é um som muito diferente. Nós realmente a reinterpretamos como uma balada – uma espécie de música sincera, ao invés de uma faixa dançante. Então, soa novo… Uma das outras músicas que temos é “Show Must Go On”, que eles gravaram bem no final da vida de Freddie. A letra fala exatamente do que ele deveria estar vivenciando na época. Brian me disse que eles nunca realmente chegaram a tocar ao vivo. Essa tem sido uma música muito interessante para fazermos – meio que para homenagear Freddie e também como uma forma de continuar as coisas. Eu sempre penso no fundo da minha mente, “Isso é algo com o qual ele se divertiria? Ele gostaria dessa interpretação, ou, você sabe, dos sapatos que estou usando?”

Os artistas às vezes isolam os vocais em álbuns ao vivo e abaixam um pouco o volume do público. Mas, claro, isso seria impossível para um show do Queen, e é bastante óbvio quando você ouve “The Show Must Go On” que você optou por não ouvir. Essa foi uma decisão sobre a qual vocês três foram inflexíveis?
Nós realmente queríamos que o álbum soasse como uma representação da experiência. Nós queríamos que soasse como um show, e acho que sabendo agora que já estivemos ao redor do mundo tantas vezes, e já fizemos tantos shows, qualquer pessoa que assistiu a uma apresentação terá a chance de ouvir isso e sentir como, “Oh, sim, é assim que foi.” E então, qualquer pessoa que não tenha ido a um dos shows, talvez haja algum tipo de prévia de como isso pode parecer ou soar. E, com sorte, se tudo for resolvido com a COVID-19 no próximo ano, estaremos de volta à estrada.

Quando exatamente começaram as conversas sobre esse álbum para vocês? Essa foi uma maneira de preencher o vazio do cancelamento da sua turnê europeia?
As conversas surgiram depois que o confinamento começou. Estávamos todos animados para trabalhar em algo juntos em vez de estar na estrada, e preparar algo para todos os fãs que provavelmente estavam tão desapontados quanto nós com o modo como as coisas estavam indo. Então, essa foi nossa pequena maneira de dizer: “Segurem firme; nós voltaremos”. Na verdade, temos capturado filmagens há anos. Há um componente [visual] ao vivo para o álbum, que estará disponível em vários formatos. Finalmente, esta filmagem tem um lugar para morar.

O confinamento deu a você uma nova perspectiva sobre o que você gostaria de adicionar ao show ao vivo, ou o fez pensar em novos elementos?
Eu definitivamente aumentei alguns tamanhos nas roupas. Então essa deve ser uma grande mudança que temos que fazer. Os 15 da Quarentena! Mas para ser honesto com você, sinto falta de estar no palco; eu amo estar no palco. É como conectar a uma bateria. Por um minuto, foi bom ter um pouco de descanso. E agora estou começando a ficar inquieto. Mas a perspectiva é boa para mim no campo criativo. E este tem sido um projeto muito divertido de trabalhar para meio que comemorar tudo.

Você tem estado ocupado na quarentena. “Velvet” lançou no início deste ano, e você tem esse álbum ao vivo chegando agora.
Eu lancei “Velvet” cerca de uma semana antes de toda a coisa de confinamento começar. Então, isso definitivamente atingiu meu projeto um pouco, mas no final do dia, acho que este é um momento em que as pessoas precisam do poder da música para ajudá-las a escapar um pouco, para ajudá-las a lidar com tudo que está acontecendo. Eu realmente espero que o álbum [tenha permitido] que meus fãs tivessem aquele momento para fantasiar um pouco, ter um pouco de fuga. E eu acho que essa coleção de faixas ao vivo dá às pessoas algo para se distrair.

A relação de trabalho que você construiu com Brian e Roger tem girado em torno de fazer turnês e ver o mundo. O que um álbum ao vivo faz por esse relacionamento?
É algo novo; não fizemos isso antes. Mas eu encontrei muitas semelhanças em como abordamos nossa colaboração ao vivo. É uma relação muito diplomática que temos juntos. Somos todos opinativos; somos todos muito pacientes uns com os outros. E ouvimos uns aos outros: a opinião de todos conta entre nós três, o que é maravilhoso. Eu sempre digo que se eles quisessem que fossem eles me ditando o que fazer, eu provavelmente estaria bem com isso. Eles são o Queen.

Eu sei o quanto o Queen significou para você, especialmente como um jovem que procurava trilhar seu caminho musical anos atrás. Você finalmente tem um álbum com eles. Como esses marcos de carreira atingem você agora como um artista veterano?
Parece um pouco clichê. Mas eu vi muitos artistas irem e virem, e tenho muita sorte de ainda ter minha carreira, de ainda poder fazer isso, de ainda poder fazer música. É o sonho.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fontes: @SPIN e Spin

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