Jornal The Times entrevista Brian May e Adam Lambert – 26/09/20

Brian May e Adam foram entrevistados por Will Hodgikinson do Jornal Britânico The Times, cujo artigo foi publicado na edição de 26/09/20. Nesta tradução, optamos por publicar um resumo dos pontos mais relevantes da entrevista, mas caso queira ler a entrevista/artigo completo clique aqui ou aqui.

Sobre Adam substituir Freddie Mercury:

“Esta é sempre a questão”, Lambert diz, quando eu pergunto sobre o desafio de cantar para 90 mil fãs do Queen todas as noites. “Eu sabia que não queria fazer uma imitação. Freddie e eu somos diferentes. Não temos a mesma aparência, tivemos experiências diferentes. Existem alguns paralelos – sou conhecido por ter uma personalidade barulhenta e há semelhanças entre nossas vidas pessoais – mas estou ciente de que a plateia não está vendo Freddie. É por isso que eu preciso oferecer a melhor performance possível para que ninguém saia desapontado.”

“Adam diz para a plateia, ‘Estou aqui para prestar uma homenagem ao Queen e a Freddie Mercury, porque eu sou um fã como vocês’”, diz May, que conheceu Lambert pela primeira vez em 2009 quando ele e Taylor tocaram “We Are The Champions” com os finalistas do American Idol. “Nós não estávamos procurando por alguém quando o conhecemos, mas ele era tão carismático que fez sentido. Ele vai dizer que estava morto de medo quando fizemos nosso primeiro show para meio milhão de pessoas em Kiev, em 2012, mas ele tem uma confiança tremenda. E mais, ele é um cara legal. Não se pode passar meio ano viajando com uma pessoa de quem você não gosta.”

Era para o Queen estar em turnê pela Europa a partir de Maio de 2020, incluindo 12 noites no O2. E então veio o coronavírus. Todas as datas foram remarcadas para o ano que vem, o que significa, como Taylor disse: “estamos com os dedos cruzados. Usar máscaras faz sentido para mim, mas até que haja uma vacina, precisamos aprender a viver com isso, como fizemos com a gripe.” Lambert é categórico: “Eu com certeza fiquei decepcionado quando tudo foi cancelado, mas esta situação uniu a todos nós como não acontecia há muito tempo e para mim foi bom relaxar um pouco” – Enquanto que para May, a pandemia coincidiu com o que soa como seu annus horribilis (ano horrível, em latim. A expressão tem origem em eventos históricos da Grã-Bretanha).

Ao final de Fevereiro, May saiu da turnê australiana do Queen direto para o isolamento em sua casa em Londres. Com isso, não pode ver seus filhos por seis meses, nem ir ao seu estúdio em Surrey. Então, ele sofreu um bizarro acidente de jardinagem onde machucou um dos músculos do glúteo após “cavar com muito entusiasmo”, e uma série crise de ciático. Depois disso, um ataque cardíaco que levou a três stents e um coquetel de medicamentos. Suas tentativas de fazer o governo britânico perceber o erro que é o abate de texugos também não foram bem sucedidas.

“É um caminho longo”, May diz sobre a recuperação de sua saúde. “Eu tive complicações por causa dos medicamentos que estou tomando, uma delas foi uma explosão estomacal que quase me matou. O ataque cardíaco foi o símbolo de uma doença arterial, mas eu não bebo nem fumo, não tenho colesterol alto e estava me exercitando durante a turnê, então por que isso aconteceu? Pelo menos agora meu coração funciona muito melhor do que antes.”

E quanto aos texugos? “A Grã-Bretanha está prestes a embarcar no maior abate de todos e isso parte meu coração”, ele diz, com tristeza. “Há provas suficientes de que matar texugos não ajuda a prevenir a tuberculose, mas nós já perdemos um terço dos texugos na Grã-Bretanha e isso é trágico e criminoso. Nossos filhos crescerão em um mundo desolado sem as criaturas de que depende para fazê-lo funcionar.”

[…]

Lambert sente que seu papel nessa revitalização do Queen reflete os tempos modernos. Como um homem gay tocando rock com três caras héteros, Mercury estava se escondendo a plena vista: do nome do grupo ao seu uso de roupas de couro, ele mandou sinais de sua sexualidade sem nunca anunciá-la. Lambert, por outro lado, assumiu sua sexualidade desde os tempos do Idol.

“Você podia flertar com sexualidades alternativas na época do Freddie, mas não podia afirmar nada explicitamente”, Lambert diz.

“Agora tudo é muito literal. A identidade tomou o centro do palco nas artes, e com artistas pop é tudo sobre quem eles são, engajamento nas redes, problemas sociais. A homossexualidade é uma discussão aberta, o que é totalmente o oposto dos anos 70, quando era tudo codificado. Nos álbuns mais antigos, Freddie estava explorando sua feminilidade, e então ele muda para o visual macho nos anos 80 com o bigode e o couro, o que refletia as tendências da cultura gay. Agora posso explorar a história todas as noites. Posso me servir da extravagância e depois cantar algo mais forte como ‘I Want It All’ usando sombra e um colete de lantejoulas.”

“Eu tenho a terrível sensação de que há pessoas que mal tem o que comer, se apegando aos seus ingressos para ver Queen + Adam Lambert”, May diz. “Nenhum de nós sabe o que vai acontecer daqui um ano, mas nós tomamos uma decisão com o Queen, na época de ‘We Will Rock You’ e ‘We Are The Champions’, de tornar a plateia uma parte tão grande do show quanto nós somos. Só o que podemos fazer é torcer para podermos fazer isso de novo.”

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: @4Gelly (1), @4Gelly (2) e The Times

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