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16ago2020
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[ENTREVISTA] The Drop: Adam Lambert | GRAMMY Museum – 15/06
Além de Adam promover um “Concerto Virtual” incluindo estas 4 músicas em versão acústica: Stranger You Are, Blinding Ligths (The Weeknd), On The Moon, Love Don’t e Roses (reveja aqui e aqui ou aqui), em 15/06 para a Programação Digital de Junho do GRAMMY Museum, ele também foi entrevistado pelo moderador Scott Goldman. Confira como foi a entrevista:
O apresentador, Scott Goldman começa fazendo um resumo da carreira de Adam e agradece a presença dele, então ele pergunta como Adam está se virando na quarentena. Adam diz que foi estranho no começo, mas que ele acha que agora o bichinho da produtividade o pegou, porque comprou vários equipamentos de gravação e edição para trabalhar em casa e pela internet com músicos e compositores.
Scott diz que notou essa tendência em outros artistas com quem conversou, de que já que não há mais nada para se fazer, focar na sua arte é a melhor saída. Adam concorda e comenta que ele se sente mais focado do que de costume.
Em seguida eles falam sobre a faixa “You Are The Champions” que Adam e o Queen lançaram em benefício dos profissionais de saúde. Adam conta como a ideia surgiu a partir dos mini-shows que Brian estava fazendo em seu Instagram e como eles decidiram que essa é uma ocasião importante o bastante para se mudar a letra de uma música tão icônica quanto “We Are The Champions”. Adam conta também que um membro da equipe da turnê fez o vídeo que acompanha a música, com imagens de lugares e pessoas pelo mundo todo, incluindo a filha de Roger Taylor que é médica.
Scott então pergunta sobre o novo álbum, “Velvet”, e pergunta porque Adam demorou tanto tempo para lançar material novo. Adam responde que foram vários fatores; que além de estar precisando de uma pausa depois do último ciclo de álbum/turnê, ele realmente não sabia o que queria fazer em seguida. Ele diz também que fez algumas mudanças nos negócios, trocando de agência e gravadora.
“Eu decidi dar tempo para a minha criatividade. Eu sabia que o que quer que eu fosse fazer, precisava ser diferente do que eu tinha feito no passado. Eu queria começar do zero e restabelecer quem eu sou como artista.”
Scott diz que sempre se interessa pelos títulos e pede que Adam explique o que “Velvet” significa para ele. Adam diz: “Velvet é um humor, é uma sensação. Todos sabem como veludo é macio, suave e confortável. Também é clássico e retrô […] é extravagante e um pouco ridículo. Eu achei que era o melhor mundo para abrigar o trabalho que eu vinha criando.” Ele diz também que decidiu o nome do álbum antes de compor a faixa chamada “Velvet”.
Em seguida Scott pergunta o quanto dessa vibe se aplicou a voz de Adam e como ele abordou as músicas do álbum. Adam diz que tentou inovar e ir a lugares da sua voz que ainda não tinha explorado. Ele diz também que esse álbum é muito mais soulful do que seus trabalhos anteriores e que fazê-lo dessa forma lhe deu uma sensação muito boa. “Eu acho que, talvez, a razão pela qual eu não fui tão ‘soulful’ no passado, é porque tudo é sempre tão corrido! Você trabalhar com compositores e estão todos empolgados, mas aí o tempo acaba e por causa das agendas, você acaba não voltando para retrabalhar a música […] Então, eu acho que apesar de haver certa magia nas coisas feitas dessa forma; como cantor, eu gosto de viver dentro da música por um tempo e quanto mais eu faço isso, mais autêntica ela fica. […]”. Scott concorda e diz que é ótimo quando acontece de alguém conseguir criar uma canção em 15 minutos, mas que também é muito interessante ter alguém que quer viver com o material por algum tempo. Adam continua dizendo que também é muito fácil ficar empolgado com uma música por causa da sessão, mas que quanto mais tempo você passa analisando e se familiarizando com ela, você consegue ser mais objetivo.
Scott então comenta uma entrevista em que Adam disse que queria proteger este álbum do ‘negócio da música.’ Ele então explica que depois de sua experiência no Idol e depois do programa, onde tudo aconteceu tão rápido e com altos e baixos gerados por algumas decisões que ele tomou, ele sentiu que estava se deixando sugar pela competitividade dos números. “Na indústria da música nós temos a tendência de julgar o sucesso de um projeto pelas vendas, streamings e visualizações […]. E eu entendo isso. Se algo é popular, ótimo, nós adoramos, principalmente com a música pop, mas eu comecei a me orientar nestes números para me dizer se estava fazendo um bom trabalho.” Adam termina dizendo que sentiu a necessidade de trabalhar em um nível pessoal, em sentir sua própria versão de sucesso e realização com o que ele estava fazendo, independentemente do efeito comercial que isso tivesse.
Scott diz em seguida que adora a sonoridade do álbum e sabe que Adam se voltou para o tipo de música que ouvia quando criança para se inspirar neste novo projeto. Adam diz que seus pais tinham muitos discos em casa e de muitos estilos, então isso moldou a sensibilidade artística dele desde pequeno e que quando ele começou a pensar no que queria fazer para esse novo álbum, ele se isolou do que estava tocando no Top 40 das rádios e voltou a ouvir a música que ouvia em casa, o que despertou sensações muito boas nele. Adam também diz que, juntamente com isso, ele começou a procurar músicas modernas que não estavam no Top 40, coisas mais alternativas de artistas que ele admira como Tame Impala, a banda Sports e outras. “O que quer que isso tenha desencadeado, aconteceu de uma maneira muito natural.”
Aproveitando o gancho da coleção de discos dos pais dele, Scott pergunta como a colaboração de Nile Rodgers na faixa “Roses” aconteceu. Adam diz que eles já são grandes amigos e conta como tudo começou ainda na produção de seu segundo álbum “Trespassing”, passando pela música que escreveram juntos para Avicii e as performances com a banda de Nile, Chic.
Scott então comenta que “Velvet” foi gravado com instrumentos, ao invés de faixas produzidas em computador e pergunta como ter instrumentos no estúdio afetou Adam como cantor e compositor. Adam responde que ter instrumentos no estúdio o ajudou a usar uma parte mais ‘souful’ de sua voz e que ter as vibrações de uma guitarra ou bateria na sala faz a pessoa se mover de outra forma. Ele então conta que a experiência que teve ao compor “Superpower” onde dois dos compositores que estavam com ele eram músicos e começaram a tocar durante a sessão, fez Adam perceber que aquele era o tom que ele queria dar ao álbum inteiro.
Em seguida Scott comenta que é possível identificar várias referências sonoras em “Velvet”, como Bowie e Prince, mas que a essa altura, o Queen já deve fazer parte do DNA de Adam. Ele responde que sim, que já se sente da família e que com certeza há traços do Queen nas músicas de “Velvet”. “Isso é algo que… posso dizer com orgulho, eu não penso nisso conscientemente, é algo que vive em mim, o que é incrível. […] Eu sei que cresci como músico e como artista, por causa deles.”
Na pergunta seguinte, Scott quer saber o que Adam aprendeu com o Queen. Adam responde que eles são muito focados e não se estressam com as pequenas coisas e que a ética de trabalho deles é muito forte. Que eles estão sempre tentando melhorar, mesmo já tendo o status que a banda tem. “Estar perto desse tipo de energia é muito inspirador.”
Scott comenta como trabalho em equipe é crucial para tudo, principalmente para se fazer música e pergunta o que faz de Adam um bom colaborador. Ele diz que algo com que tem ficado mais confortável com o passar do tempo, é a ideia de que ele não é a pessoa mais entendida do grupo. “Eu não penso que sou. Eu tenho opiniões fortes, e tendo a debater as coisas e bancar o advogado do diabo, mas especialmente com este projeto, os produtores e compositores eram pessoas com quem eu realmente queria trabalhar, e fazer uma sessão com eles teve muito de deixá-los fazer o que eles sabem melhor. Eu só canto e arrumo meu cabelo.” Adam segue dizendo que coescreveu tudo no álbum, mas que não pode levar todo o crédito pelo resultado e que aprende cada vez mais a se deixar guiar pelo talento das pessoas com quem trabalha.
Em seguida Scott comenta como hoje em dia, por causa das mídias digitais, os artistas tendem a lançar as músicas conforme elas vão ficando prontas ao invés de esperar o ciclo normal de um álbum. Ele então diz que sabe que Adam lançou o “Lado A” no ano passado e que agora o álbum todo está disponível e pergunta se Adam ainda considera um álbum como o conjunto da obra? Ele responde que “Velvet” com certeza tem um som consistente, um clima, é uma jornada um pouco diferente do que se ouve normalmente, então é uma experiência, “Nós o lançamos em partes. Fizemos um EP chamado ‘Side A’ […]. Eu só queria fazer as coisas um pouco diferentes com esse projeto. Eu acho que já não existem mais regras. Como sabemos, as pessoas estão consumindo música de uma maneira nova e eu acho que só queria estender a experiência para os fãs.” Ele continua comentando como o ciclo normal de um novo álbum parece uma experiência muito curta e que ele queria alimentar o interesse das pessoas por mais tempo.
Aproveitando o tópico, Scott comenta que Adam lançou o novo álbum por uma gravadora relativamente pequena, o que não é comum também, e pergunta porque essa foi a melhor escolha. Adam diz que foi a decisão certa pois a gravadora lhe deu muita liberdade criativa. “Eu tive ótimas experiências nas grandes gravadoras com quem trabalhei, mas com esse projeto, ‘Velvet’, eu tinha tanta certeza do que eu queria dele, que não quis fazer muitas concessões em relação a música e ao visual e eu me senti muito atraído por essa experiencia com a Empire, porque eles foram muito liberais no lado criativo e me permitiram comandar tudo e isso foi muito bom.” Adam continua dizendo que ele não sabe se vai querer trabalhar dessa forma em projetos futuros, mas que desta vez, neste ponto da sua vida e da sua arte, ele precisava disso para provar algo a si mesmo e às pessoas com quem ele trabalha.
Traçando um paralelo com o Queen no que diz respeito a reimaginar uma canção clássica, Scott pergunta como Adam abordou a homenagem a Cher no Kenedy Center Honours, onde ele modificou o ritmo de “Believe”, grande sucesso da cantora. Adam conta como teve essa ideia enquanto conversava com o produtor do evento, pois já tinha feito quase que um protótipo desse arranjo no American Idol. “Eles olharam para mim, quando contei o que queria fazer, como seu eu fosse maluco. […] Mas algo me pareceu muito especial quando cantei a música.” Ele continua dizendo que o pessoal do show não parecia muito convencido, mas que ele pediu que confiassem nele e no final a sensação foi muito boa nos ensaios. Adam conta também que tinha chegado de Londres no dia da homenagem e que acha que o jetlag e nervosismo contribuíram para dar vulnerabilidade a sua performance.
Voltando a falar do Queen, Scott pergunta como ou se o filme “Bohemian Rhapsody” afetou as turnês. Adam diz que afetou sim, que apesar de eles não terem tido problemas em vender os ingressos antes, o filme trouxe um novo interesse sobre a banda ao lembrar as pessoas da magia por trás deste catálogo de músicas e trouxe também uma geração nova de fãs.
Por último, Scott pede que Adam fale sobre sua Feel Something Foundation, o que o motivou e o que ele quer conquistar com ela. Adam explica que durante o processo de produção do álbum, ele passou por problemas emocionais e de saúde mental que nunca tinha vivido antes e que a canção que deu nome a fundação é sobre isso. “Eu comecei a conversar com a minha equipe sobre querer criar uma fundação de caridade para pegar essa energia e ajudar pessoas que também se sentem assim, em especial a comunidade LGBTQ, que é de onde eu venho e por quem eu luto desde o começo. Nós somos uma comunidade que precisa de toda ajuda que puder conseguir, principalmente hoje em dia onde tantos tópicos estão sendo abordados. Não são mais apenas gays e lésbicas, nós temos os não-binários e a comunidade trans. Nós estamos mais cientes, especialmente agora, da intersecção das pessoas não-brancas com a nossa comunidade, essas são pessoas de quem precisamos cuidar e eu criei essa fundação como uma forma de chamar a energia, o apoio e a paixão dos meus fãs para arrecadar fundos que serão injetados em vários grupos. […] Eu quero focar em educação e artes, especialmente com os mais jovens e também queremos focar no problema de jovens sem-teto e de saúde mental. Então estes três pontos são nossas diretrizes.” Adam termina contando sobre as ações que a organização já fez, pedindo doações em seu aniversário e leiloando alguns de seus antigos figurinos de shows e conta que o dinheiro arrecadado foi doado ao LGBTQ Freedom Fund, que é uma organização focada em prover auxílio financeiro para pessoas que tenha sido presas ou feridas pela polícia durante protestos pacíficos.
Scott diz que essa foi a maneira perfeita de encerrar a conversa deles durante o mês do orgulho e agradece a presença de Adam.
Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: GRAMMY Museum, @GRAMMYMuseum e anto nina/YouTube
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