Entrevista by HuffPost Brasil – Abril/2020

Adam Lambert fala sobre sua nova música, namoro e se manter ocupado mesmo em distanciamento social

O cantor e ex-concorrente do American Idol também fala sobre como é ser um artista queer na indústria da música.

Como o resto do país, Adam Lambert está preso em casa.

Com as medidas de distanciamento social em vigor, o cantor recorreu a perucas e postou fotos de seu novo “visual” nas mídias sociais para passar o tempo. No meio da pandemia de coronavírus, ele também tinha um álbum programado para sair.

Conversamos uma semana antes do lançamento de “Velvet” em 20 de Março e, como sempre faço, comecei nossa entrevista agradecendo seu tempo.

“O que eu mais tenho é tempo, aqui em casa”, disse ele.

Isso é certamente o que muitas pessoas estão sentindo no momento. Quanto a Lambert, seus próximos shows foram cancelados devido ao COVID-19, enquanto o resto de seu calendário de turnê permanece no ar. Sua principal prioridade é que todos fiquem seguros e saudáveis, disse ele.

Durante esse período de auto isolamento, nós conversamos por telefone sobre seu novo álbum, namoro e o que vem a seguir.

Neste ponto da sua carreira, você sente que está mais ou menos criativo do que no passado?
Nos últimos 10 anos, é fácil se envolver com o lado comercial das coisas na música, com o lado comercial da música e o lado competitivo da música. Esse é o problema. É fácil ser pego nessa mentalidade – embora não seja necessariamente uma boa ideia ignorá-la completamente. Mas, para mim, com este projeto, finalmente pude compartimentar o lado criativo e não o deixar ser contaminado por esse negócio. Este é o meu quarto álbum, e demorei um pouco para descobrir como fazer isso, bater o pé e dizer: é isso que eu quero fazer e é isso que estou fazendo.

Você pode falar sobre a música “Roses” e sobre fazer parceria com o produtor Nile Rodgers?
Nile e eu trabalhamos juntos antes, então foi realmente empolgante fazer isso de novo. Ele tocou guitarra em uma música chamada “Shady” que eu fiz no meu segundo álbum. E foi aí que nos conhecemos. E então, ao longo dos anos, eu cantei com ele e [sua banda] Chic algumas vezes, e ele, eu e Avicii escrevemos uma música juntos para o álbum d oAvicii chamado “Lay Me Down”. Então, já trabalhamos juntos algumas vezes e ele é maravilhoso. Quer dizer, ele tem ótimas histórias e é muito positivo, além de ser um guitarrista incrível, o estilo dele é único.

Sua sensibilidade para as músicas e o que adicionar a uma música foi fundamental aqui. Nós escrevemos “Roses” e tínhamos uma ideia básica. Então eu disse: “Só precisa de um pouco mais de movimento. Precisa dançar um pouco.” E o [produtor] Fred [Ball] disse: “Por que não chamamos Nile?” E eu disse: “Ah, sim, eu o conheço, tenho o número dele”.

Isso é uma coisa boa de se ter no telefone. Você estava pensando em algo em particular enquanto escrevia “Roses”?
Eu estava pensando que há muitas vezes em que você está tentando namorar alguém e a pessoa meio que fica desviando. Ela não está emocionalmente investida. Entende o que eu quero dizer? Ela está fazendo o que pensa que deve fazer porque a sociedade diz para fazer essas coisas. “Ah, agora estamos em um relacionamento, então eu vou lhe enviar flores.” E é como “Bem, tudo bem, mas isso não é suficiente se é tudo o que você está fazendo”.

Existe uma faixa neste novo álbum que fale sobre onde você está agora e por quê?
“Superpower” é um tipo de hino para mim. A ideia de assumir o controle e recuperar seu poder. Eu acho que, em nível pessoal, eu estou indo nessa direção e profissionalmente também. A música realmente encarna toda essa coisa de que estou falando sobre tomar as rédeas.

Mas também “Velvet” é uma música muito divertida. Eu sinto que esse é o meu lado romântico saindo. Sou eu dizendo e querendo algo que seja adorável e cheio de alegria; e poder encontrá-lo e dividi-lo com o mundo. Estou solteiro agora, mas definitivamente com a mente no lugar certo, então é empolgante.

Com a mente no lugar certo para conhecer alguém novo ou apenas em geral na vida?
Sim, conhecer alguém novo e em geral na vida – ambos. O álbum, em geral, é uma exploração do amor. Existe amor próprio, que se reflete em “Superpower”, “Stranger You Are” e “Ready To Run” – ter autoestima para fazer mudanças e sair das coisas, se algo não estiver certo. E então algumas como “Roses” e “Love Don’t”, são tipo “OK, isso não está funcionando. Isso não é suficiente.” Mas ser capaz de ser seguro o suficiente para perceber isso. E há músicas totalmente fabulosas e divertidas; “Velvet” é uma delas. É uma celebração. Mas é tudo sobre amor. Tudo se resume a esse tipo de busca e experimentar o amor de diferentes formas.

Eu acho que é por isso que este álbum se conecta.
Sim. Acredito que sim. Quer dizer, a ideia é essa. E também acho que mais do que nunca, estou mais confortável do que nunca em ser gay na indústria da música. Havia momentos em que era como um obstáculo que eu tinha que lidar – não do meu lado, sempre me senti muito confortável com quem eu sou – mas os negócios ao redor têm sido complicados. Agora estamos em um momento em que está tão aberto e está provado que não é uma desvantagem, que é como muitos executivos sentiam que fosse 10 anos atrás.

E, portanto, é um momento realmente emocionante estar na música e ser capaz de expressar tudo sobre você mesmo sem ter que subestimar nada ou evitar qualquer coisa. Agora eu posso ir até o fim. E isso é emocionante. E eu sinto que você pode ouvir isso no álbum também. Quer dizer, ele é estranho. É extravagante.

Você pode elaborar sobre seu lugar como um homem queer na indústria da música?
Bem, sim, eu não percebi direito enquanto estava acontecendo, mas agora, em retrospectiva, e também agora conhecendo pessoas mais jovens que… eu conheci pessoas que estavam na adolescência ou no início da adolescência quando eu estava no “American Idol” e logo depois, quando eu estava tendo meu primeiro contato com a imprensa e meu primeiro álbum e tudo mais. E é interessante ouvir a perspectiva deles, porque, na verdade, conheci pessoas que disseram: “Você foi a primeira pessoa na TV a falar sobre ser gay, na minha experiência”. Essas são as palavras deles: “Alguém que se assumiu depois do Idol e foi realmente ousado sobre ser exatamente quem era – foi a primeira vez que eu vi isso”.

Então, saber que teve esse tipo de impacto na vida das pessoas, isso é muito legal. E, novamente, eu não percebi isso na época. Mas agora, 10 anos depois, é incrível olhar para trás e ver até onde chegamos.

E acho que há mais a ser feito também. Quero dizer, não apenas na indústria da música, mas em geral.
Exatamente. Nós não terminamos. Isso é totalmente verdade. Ainda não acabou, mas o progresso foi realmente grande.

Antes de telefonar para você, pesquisei “Adam Lambert” no Google e havia muitos artigos sobre o seu cabelo e o que você fez com ele recentemente. É estranho que os fãs vigiem todos os seus movimentos?
O que eu fiz no meu cabelo recentemente? Quer dizer, eu postei uma foto no Instagram ontem de peruca, porque eu estava realmente entediado em casa e comecei a brincar com as roupas no meu armário, o que é uma das minhas coisas favoritas desde criança, e tirei uma foto. O visual é muito COVID-19.

Isso é estranho?
Quer dizer, se é tudo em nome do… É entretenimento. Quer dizer, tudo faz parte, é sobre dar um show. Quer dizer, é o que fazemos. Às vezes, acho engraçado porque vejo certas coisas que tem dois pesos e duas medidas, porque sou homem e gay, e tipo, as mulheres mudam de cabelo constantemente e ninguém escreve artigos sobre isso. Entende o que quero dizer?

Ou eu uso maquiagem e amo maquiar meus olhos, e estava fazendo uma entrevista em algum lugar e eles disseram: “Oh, será que você pode passar maquiagem no apresentador?” E eu fiquei tipo, “Por quê? O que? Não estou aqui vendendo maquiagem.” Entende? Se eu tivesse minha própria linha de maquiagem, sim, isso faria sentido, mas estou aqui para falar sobre o meu álbum.

É tipo, você pediria para uma mulher colocar maquiagem no apresentador? Não. São padrões diferentes mais inocentes, sabe? Não estou ofendido, mas também fico tipo “Uh… OK.”

Atualmente, é difícil ficar em casa e se manter ocupado e tudo mais.
Eu sei! Bem, comecei a colocar perucas e publicá-las no Instagram. Foi o que aconteceu comigo.

Você sente que há algo que deseja fazer que ainda não fez ou que está no horizonte?
Eu gostaria de entrar mais no mundo da atuação. Eu acho que seria muito divertido. E também estou começando a me interessar em plantar sementes no espaço criativo, onde não é necessariamente para a minha própria música, mas para criar outros projetos nos bastidores, ser produtor, compositor ou consultor. Definitivamente, existem algumas coisas em andamento. Então, estou me preparando para isso.

Esta entrevista foi editada e condensada para maior clareza.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fonte: HuffPost Brasil

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