Adam entrevista Sam Sparro para a Interview Magazine

Adam “entrevistou” seu amigo e colaborador de longa data, Sam Sparro, em uma entrevista especial para a Interview Magazine, na qual Sam fala sobre o seu novo álbum após um período difícil em sua vida, além de uma conversa muito divertida entre os dois. Confira:

Sam Sparro e Adam Lambert são parte da Nação do Ritmo

Por Ernest Macias

A reinvenção é difícil, e é por isso que o artista pop australiano Sam Sparro não pretendia se reinventar com seu novo álbum “Boombox Eternal”. Em vez disso, o cantor e compositor de 37 anos voltou às suas raízes e criou um álbum de 12 músicas, inspirado diretamente nas batidas dos anos 80 de ícones musicais como Janet Jackson, Madonna e Prince. Sparro chamou a atenção pela primeira vez com seu single de 2008 estilizado e produzido por ele próprio, “Black and Gold”. A música acelerou sua ascensão à fama, rapidamente se tornando um padrão pop com versões feitas por artistas como Adele, Katy Perry e Ellie Goulding. Com seu segundo álbum, “Return to Paradise”, em 2012, Sparro provou de uma vez por todas que estava à frente do jogo, criando música pop queer tematicamente coesa com produção não convencional. Faz oito anos desde o último álbum de Sparro, uma pausa dedicada à recuperação de sua luta contra o vício em álcool e drogas. Com o surgimento da nova década, Sparro se fortaleceu com “Boombox Eternal”, uma carta de amor exuberante para suas influências mais queridas e para o seu eu de 8 anos de idade. Para a Interview, Sparro chamou seu amigo e co-escritor frequente Adam Lambert para discutir a criação de músicas queer e relembrar uma festa de Halloween particularmente selvagem com Snoop Dogg e Miley Cyrus.

ADAM LAMBERT: Seu último álbum foi em 2012, que eu amei, por sinal. O que aconteceu entre aquela época e agora? O que o impediu de lançar um novo projeto?

SAM SPARRO: Obrigado. Bem, garota, é tão engraçado porque somos amigos há, meu Deus, quase 12 anos?

LAMBERT: Eu sei. Você escreveu uma música comigo no meu primeiro álbum, “For Your Entertainment”.

SPARRO: Nós voltamos pra c*** no tempo. Você se lembra quando eu morava naquele loft?

LAMBERT: Sim, acho que fui a uma festa lá uma vez.

SPARRO: Eu estava passando por uma total crise pessoal. Eu estava tipo, fumando crack e bebendo sozinho quando morava lá.

LAMBERT: M***. Então tem isso.

SPARRO: É muito bom ser super honesto e aberto sobre a minha vida agora. Eu apenas me sinto pronto. Honestamente, o tempo entre “Return to Paradise”, que era quando eu estava tentando me recompor, e agora – grande parte desse tempo era apenas para melhorar.

LAMBERT: E agora você está sóbrio, correto?

SPARRO: Há sete anos.

LAMBERT: Isso é incrível, parabéns. Depois de todo esse tempo ficando sóbrio e juntando tudo de novo, o que finalmente o motivou a voltar ao estúdio para este projeto?

SPARRO: Eu fiz algumas colaborações e co-composições de maneira muito seletiva, porque não gosto de pessoas aleatórias no meu espaço. Eu finalmente – e sei que você pode se relacionar com isso – senti como se tivesse parado de perseguir um hit. Eu parei de perseguir o que estava nas rádios, ou o que eu achava que as pessoas queriam que eu fizesse. Eu pensei, “F***-se, eu vou fazer exatamente o que eu quero fazer”. Que é um álbum pop muito nostálgico que celebra minha infância. A vida é muito curta. Nós apenas temos que fazer o que amamos para que possamos ficar ao lado disso e ter orgulho. Eu acho que as pessoas respondem a isso.

LAMBERT: No final do dia, se você vai se colocar lá fora e colocar seu nome em alguma coisa, deve ser algo que você ame. Não pode ser algo conectado a algum tipo de tendência comercial, que todo mundo diz ser a novidade, se não funcionar para você. Isso simplesmente não faz sentido. Eu me relaciono completamente com você nisso.

SPARRO: Quero dizer, é legal quando essas duas coisas se alinham.

LAMBERT: Você tem que jogar o jogo, até certo ponto. Eu acho que ter essa integridade artística é super importante. É a única coisa que realmente podemos reivindicar como nossa. Eu tiro o chapéu para você, eu acho isso ótimo. Eu estava ouvindo o álbum logo antes desta ligação. O que eu amo sobre ele é que é tão específico. Eu ouço suas influências nele, ouço a época que você está honrando. É totalmente nostálgico. Meu tipo favorito de arte é quando você faz referência a alguma coisa e, em seguida, dá uma guinada nela. É o que você fez ali, eu ouço você.

SPARRO: Eu me sinto assim, mais do que em qualquer outro projeto, sou eu não apenas como compositor e cantor, mas realmente como produtor. Estou super orgulhoso da produção que eu fiz neste álbum. A produção vocal, tornando-a realmente moderna e polida, a traz para o cenário contemporâneo. Eu me sinto um pouco como o Kanye West quando as pessoas dizem: “Bem, o que você está ouvindo?” E eu fico tipo, “Estou ouvindo a mim mesmo porque essa é a m*** da minha música”.

LAMBERT: Eu faço a mesma coisa. Absolutamente.

SPARRO: Você realmente me inspirou muito ao longo dos anos. Eu te admiro muito. Estou tão feliz por sermos amigos e por trabalharmos juntos. Estou tão orgulhoso de você e desse seu novo álbum que você fez. Porque é a melhor coisa que você já fez.

LAMBERT: Obrigado por isso. Você acha que essa libertação em que nós dois estamos no meio tem algo a ver com onde estamos na indústria da música, em relação às pessoas queer? Obviamente, mudou muito.

SPARRO: Quando estávamos começando nossas carreiras, haviam tão poucos artistas queer.

LAMBERT: Lembra, garota? Era um deserto.

SPARRO: Grilos. Não era considerada uma coisa vantajosa. As pessoas estavam tentando nos derrubar o tempo todo.

LAMBERT: Havia tanto medo com o qual você tinha que lidar. As pessoas com quem você estava negociando, independentemente de serem ou não homofóbicas, não eram o principal problema. “Bem, não achamos que isso funcionará. Não achamos que isso vai ser colocado no rádio. Não achamos que as pessoas vão gostar disso.” Havia essa atitude de que qualquer coisa queer era negativa.

SPARRO: Eles estavam constantemente tentando encontrar maneiras de dizer isso sem dizer. Eram sempre essas microagressões de executivos da indústria. Agora nós vimos, por causa da internet, que existe um espaço para todos, e a voz de todos é importante. Há muito espaço para todos os tipos de identidades. Isso mudou muito desde que nós dois começamos. Para melhor e para pior.

LAMBERT: Eu acho que o mercado está realmente saturado agora. Há muitas músicas novas, por isso é fácil sentir que você está se perdendo nessa mistura. Mas acho que você está certo. Eu acho que é mais fácil do que nunca encontrar seu público, porque não existem todos esses guardiões, e as pessoas não têm medo do que você está criando. Eu sei que me senti muito mais livre quando estava trabalhando nesse projeto, no sentido de poder lançar a música. Eu saí do sistema das grandes gravadoras para este projeto. Existem algumas desvantagens, mas no geral, sinto uma sensação de empoderamento.

SPARRO: Este também é o meu primeiro álbum sem uma grande gravadora. Definitivamente existem lutas, mas também me sinto tão livre. Vale a pena sacrificar todas as vantagens do grande sistema das gravadoras para poder dormir à noite.

LAMBERT: Quando eu monto uma turnê ou shows-únicos da minha nova música, é isso que importa para mim. Eu quero poder subir no palco e amar cada música. Eu tive momentos no passado com algumas das outras faixas que eu fiz, mesmo que tenham sido ótimas músicas pop, o trabalho pesado foi feito por um produtor diferente e outro escritor. Esse é o estilo que é “legal”. Não sinto que sou eu, sinto que estou posando. Houveram alguns momentos disso, e quando eu percebi isso em uma turnê alguns anos atrás, eu fiquei tipo, “Ah, m***. Você não pode deixar isso acontecer novamente.”

SPARRO: Vivemos, aprendemos. Aprendemos com o que podemos lidar, e com o que não podemos.

LAMBERT: Como artistas, somos sensíveis. Você acaba se tornando seu pior crítico. E você é seu pior inimigo – eu já fui assim. Isso faz você pensar demais e esquecer o mais importante, e acho que conforme envelhecemos fica um pouco mais fácil de visualizar e você pensa: “Ah, tudo bem. No geral”.

SPARRO: Fiz uma entrevista hoje mais cedo e eles me perguntaram: “Se você pudesse falar com o seu eu de oito anos, o que você diria?” É uma pergunta muito RuPaul’s Drag Race, mas pensei por um segundo e pensei: “Eu diria a mim mesmo: seja mais gentil consigo mesmo”.

LAMBERT: [Risos.] Todos nós ouvimos isso há anos, mas parece mais claro para mim agora – que, se você não está se amando ou gostando do que está fazendo, como o público vai gostar? Uma observação: “Black and Gold” era a minha música favorita. Eu me lembro quando saiu, era minha música de treino, era minha música de preparação, era minha música de dirigir. Era tão legal. Como foi esse primeiro grande sucesso?

SPARRO: Eu meio que voltei a ser como era na época, de várias maneiras. Eu era super autônomo. Eu estava fazendo música no meu quarto, no meu laptop. Eu não tinha dinheiro, tinha um microfone muito barato e nojento em que gravei metade desse álbum. Eu tinha um mini teclado faltando duas teclas. Eu estava fazendo todo o meu próprio design gráfico, fazia panfletos, fazia pequenos shows no Echo e no Roxy com meu amigo Jesse no meu laptop. Eu estava fazendo muito disso sozinho.

LAMBERT: Você acha que é aí que a verdadeira criatividade estava realmente bombando?

SPARRO: Eu comecei a sentir que eu não sou necessariamente parte da indústria da música. Mas comecei a me ver mais como um artista multimídia que faz música. A capa de “Black and Gold” é uma selfie com um logotipo que eu criei. Adoro fazer coisas, me vestir, fazer as filmagens. [“Black and Gold”] estava no Myspace, então a Radio 1 tocou. Então eu assinei com a Universal.

LAMBERT: Myspace, oh meu Deus.

SPARRO: Myspace, garota.

LAMBERT: Myspace era tudo.

SPARRO: A lenda. O único.

LAMBERT: O momento.

SPARRO: O ícone. Estávamos codificando. Nós pensávamos que éramos hackers.

LAMBERT: “Black and Gold” não teve um cover feito pela Katy Perry e pela Adele?

SPARRO: E pela Ellie Goulding. Essa música de alguma forma se tornou um padrão. Está em todos os bares de karaokê que eu já estive em todo o mundo. As pessoas cantam para suas audições no American Idol.

LAMBERT: Isso é tão legal. Com o seu novo álbum, eu estava voltando ao meu quarto no começo dos anos 90. É tão fresco. Quais são algumas músicas ou artistas específicos que influenciaram diretamente esse projeto para você?

SPARRO: “Rhythm Nation” de Janet Jackson foi uma grande influência. “Dangerous” do Michael Jackson – eu era obcecado com esse. Eu gastei essa fita. Minha mãe teve que me comprar uma nova. Estranhamente, pensando bem nesse álbum, outra influência é Prince, na era Sign ‘O’ the Times. Na verdade, a trilha sonora do Batman. Isso foi incrível.

LAMBERT: Liricamente, sobre o que você está cantando?

SPARRO: Uma grande parte do álbum é escapismo, amor e alegria. Isso também foi uma grande coisa nos anos 90. Olhando para um futuro melhor, onde não há racismo ou sexismo. Mas então, há material mais pesado. “Save A Life” é sobre contemplar o suicídio, que foi algo que eu experimentei. E pressões sobre a ansiedade moderna, que é uma grande parte de nossas vidas hoje em dia.

LAMBERT: É como um pedaço da sua vida, literalmente. Em um nível pessoal, você se casou recentemente. Isso influenciou diretamente alguma das músicas?

SPARRO: Eu tinha um muso com o qual estava apaixonado que inspirou todas as músicas de amor aqui. Além disso, ter alguém na minha vida que é tão diferente de mim. Sou emocional, sou impulsivo, sou intenso. Ele é tão pé-no-chão e tão estável. Tê-lo na minha vida me fundamentou de várias maneiras.

LAMBERT: Fiquei tão triste por ter perdido, porque estava viajando. Eu estava em turnê. Eu fiquei chateado. Quero que desenvolvam essa tecnologia de holograma, para que possamos simplesmente aparecer para as coisas.

SPARRO: Eu acho que eles não estão tão longe. Aquele episódio da Miley Cyrus de “Black Mirror”?

LAMBERT: Ashley O. Eu amo a Miley. Onde está a Miley? Vamos ligar para a Miley. Ela é tão gata.

SPARRO: Eu estava pensando, assim que você disse isso, naquela festa de Halloween que você deu onde ela estava vestida como Lil ‘Kim e eu me apresentei. O Snoop [Dogg] não estava lá, vestido com a máscara do Pânico?

LAMBERT: Eu acho que ele estava. Tinha muito fumo acontecendo. Essa foi uma festa louca. O que você acha que há a seguir para você?

SPARRO: Eu demorei tanto entre fazer álbuns, e na verdade eu já estou na metade do meu próximo álbum. Sem pular muito à frente, mas estou realmente empolgado com isso. É definitivamente menos nostálgico. É eletrônico, é dançante, tem elementos de house e eletrônica estranha.

LAMBERT: Mal posso esperar para ouvir. Sam, estou tão feliz por ainda sermos amigos, e por estarmos nos entrevistando para a Interview Magazine. Isso é muito do c***.

Autoria do Post e Tradução: Bruna Martins
Fontes: Adam Lambert/Twitter, Interview Magazine e @InterviewMag

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