[ENTREVISTA] Yahoo! Entertainment: “Adam Lambert fala sobre nova música, novo namorado, nova atitude, e 10 anos estando aqui para o seu entretenimento” – 1ª Parte

No final de Setembro, Adam concedeu uma entrevista a Lindsey Parker do Yahoo! Entertainment. Como a entrevista é longa, iremos publicar em duas partes, portanto, confira abaixo a primeira parte:

Adam Lambert fala sobre novas músicas, novo namorado, nova atitude e 10 anos de estar aqui para o seu entretenimento

“Bohemian Rhapsody” do Queen pode ter começado a moda de biografias musicais, mas um filme inteiro poderia ser feito sobre a vida do atual vocalista do Queen, Adam Lambert. Desde seus tempos no teatro e nas baladas, até sua improvável ascensão como queridinho do American Idol, e seu status atual como um ícone LGBTQ e o vocalista da maior banda de rock (e maior retorno de uma banda) do planeta, a história dele deve ser contada.

Nem sempre foi fácil. Lambert lutou para manter o controle criativo de sua música solo e encontrar sua verdadeira voz, já lutou para se livrar do estigma persistente de reality show, se recuperou de uma polêmica performance do American Music Awards que muitos haters alegaram que danificaria ou até mesmo destruiria sua carreira, trocou de gravadoras e agentes mais de uma vez, procurou amor, lidou com a homofobia e, é claro, conseguiu conquistar milhões de fãs do Queen que antes duvidavam de sua capacidade de usar as poderosas botas de Freddie Mercury. E agora, 10 anos depois de seu teste para o Idol com “Bohemian Rhapsody” do Queen, Lambert está em uma posição incrível, tanto pessoal quanto profissionalmente, como evidenciado por seu novo, exuberante e inegavelmente funky EP, “Velvet: Side A”.

Das vibrações dos filmes de ação dos anos 70 do novo single atemporal “Superpower” à melodiosa canção de amor para piano do tipo Leon Russell-encontra-ELO “Closer to You”, da atrevida “Loverboy” ao retorno à era disco que é a absolutamente épica “Overglow”, “Side A” mergulha profundamente em um ritmo suave e pronto para o vinil. E Lambert definitivamente recuperou seu ritmo – não que ele realmente o tenha perdido.

O Yahoo Entertainment conversou com Lambert antes do lançamento de “Velvet: Side A” (o “Lado B” chegará no próximo ano, porque claramente Adam Lambert tem muitos lados) para discutir novas músicas, novos começos e quanto o mundo, sua carreira e sua vida mudaram para melhor desde que ele chocou milhões de telespectadores usando esmalte preto e maquiagem ou beijando um homem em rede nacional.

Yahoo Entertainment: Então, uma coisa que me impressionou com o seu trabalho em geral é que há uma espécie de temática centrada em uma década. “Trespassing” tinha som de discoteca dos anos 80, “The Original High” teve muitas influências de techno e house dos anos 90, e agora há um fio funky dos anos 70 ligando todas as músicas novas – até alguns estilos, vídeos, a arte. A suposição óbvia seria que a vibe dos anos 70 vem do trabalho com o Queen.
Adam Lambert: Sim, definitivamente estar com o Queen por tanto tempo e cantar músicas daquela época, que eu amo, e perceber que as pessoas ainda amam, provoca uma reação. As músicas que o Queen e eu estamos tocando na estrada são atemporais; elas ainda se conectam. Então isso me lembra que nem tudo precisa ser “novo” – você pode voltar aos clássicos e, às vezes, a sensação é melhor. E sou uma pessoa criativa que gosta de usar um ponto de referência para trabalhar. Eu gosto de ter um mundo para existir quando estou tomando decisões criativas. Isso me dá uma espécie de senso de continuidade e semelhança. E… bem, eu simplesmente amo os anos 70! Eu sempre amei, sempre vou amar. Lembro de ser um adolescente e ir à loja de discos – tenho idade suficiente para ter feito isso – e comprar, tipo, uma daquelas compilações disco-funk / o melhor de, voltar para casa e colocar para tocar no último volume e ser totalmente obcecado com todas essas músicas, cantores, batidas e ritmo, e o fato de que isso me fazer querer dançar. Todos os vocais eram realmente poderosos e comoventes, e eu sempre amei isso tudo.

Eu também! Então, eu não diria necessariamente que “Superpower” é uma música abertamente política, mas definitivamente parece estar fazendo uma declaração social. Qual é a inspiração por trás dessa música?
É um tanto pontual, mas acho que está se concentrando menos na política em si e mais no ângulo sociopolítico das coisas. Estamos em um clima político em que a identidade está no centro de muita coisa e, desde que o atual regime governamental foi estabelecido, muitos grupos se sentiram abertamente discriminados, difamados ou ignorados. Eu me considero estranho – sou um “outro”, sendo um homem gay, e me identifico com isso. Eu definitivamente acho que existem certos grupos que têm mais dificuldade, mas a música foi escrita para qualquer um que se sinta ostracizado ou intimidado de alguma forma. Foi escrita para qualquer um que precisasse de um hino para se sentir forte, desafiador e fabuloso, e dizer “Foda-se!” com um sorriso no rosto.

“Overglow” é uma faixa de destaque no “Side A”, e você co-escreveu isso com MNEK, um dos meus novos artistas favoritos. Lembro que no ano passado você me disse que estava trabalhando com ele e disse que este é um momento muito bom para os compositores LGBTQ e que era importante para você colaborar com eles. Você pode me contar mais sobre isso?
Sim, acho que trabalhei com mais pessoas queer – e mais mulheres, também – do que nunca. E acho que essa é uma das razões pelas quais [a música] parece autêntica, porque me senti muito confortável com as pessoas com quem estava trabalhando. Eu me senti à vontade. Eu senti que havia muito em comum, que éramos capazes de entender uns aos outros, então o processo de escrita foi realmente fácil. E com o MNEK, por exemplo, ele é um gênio da melodia. Apenas um gênio absoluto. E ele veio com essa melodia furtiva. Eu acho que o refrão quase tem algo de new wave dos anos 80, quase como Duran Duran, mas então o verso é um pouco mais como o antigo R&B. É difícil escolher um gênero para todo esse projeto, porque há uma mistura de todos eles.

Este ano marca o 10º aniversário de quando você surgiu aos olhos do público, através do turbilhão que foi o American Idol, o American Music Awards e “For Your Entertainment”. E embora 10 anos não seja realmente tanto tempo assim no grande esquema das coisas, eu sinto que o cenário cultural dos artistas LGBTQ mudou completamente, sismicamente, na última década – e também para pessoas queer que competem em reality shows, em termos de poder fazer com que sua sexualidade faça parte do arco da história. Estou curioso para saber como você pode ter ajudado a abrir essas portas. As coisas mudaram muito desde 2009.
Oh, elas mudaram dramaticamente. Definitivamente, tem sido um processo para mim afastar algumas das coisas com as quais tive que lidar há 10 anos. Parte disso me afetou um pouco. Não foi fácil. Era como se eu estivesse constantemente justificando minha existência. E agora não sinto que tenho que fazer isso. E acho que comecei a perceber isso alguns anos atrás, quando estava escrevendo este projeto. Isso fez parte de toda essa experiência. Eu fiquei tipo: “Não preciso mais me explicar. Não preciso tentar assimilar o que todo mundo está fazendo para ter sucesso. Eu posso apenas fazer o que quiser.”

Quando você diz que houve coisas difíceis, quais foram os principais conflitos?
Acho que eu tinha o pé atrás com a indústria. Eu me sentia frustrado. Então, tomei a decisão consciente de voltar à prancheta e me concentrar no motivo de querer fazer isso em primeiro lugar. E o que eu percebi naquele momento de reflexão foi que eu amo música e amo cantar, e isso é a coisa mais importante. Eu amo ser um artista e adoro me fantasiar. Eu amo me conectar com meus fãs. Portanto, eu precisava descobrir uma maneira de isolar minha criatividade de qualquer tipo de negatividade que eu tivesse em relação aos negócios, e ajustar essa m****. E parte desse processo foi procurar situações de negócios diferentes das que eu já conhecia, deixando de lado algumas pessoas com quem eu estava trabalhando e descobrir que tipo de situação funcionaria melhor para isso.

É interessante que você use o termo “pé atrás”, porque mencionei o American Music Awards de 2009 – eu senti um tipo desafio ou mesmo raiva nessa performance. Na época, eu senti como se você estivesse dizendo: “Dane-se, eu vou fazer o que eu quero!”
Hum, sim! [risos] Você sabe, eu nem sei se foi consciente, se foi algo em que eu pensei. Mas, olhando para trás, eu definitivamente acho que isso fazia parte da vibe. Quer dizer, entrei no American Idol e fiz o que queria lá, depois consegui um contrato com uma gravadora e fiquei confiante. Eu pensei: “Eu me saí bem no programa, as pessoas gostam do que faço. OK ótimo. Vamos fazer uma música original!” E, de repente, eu tinha todos esses obstáculos por toda parte, um novo conjunto de regras e um novo jogo para jogar. Quero dizer, era muita coisa. E havia o negócio da sexualidade. 10 anos atrás, em certos casos, [minha sexualidade] era a coisa que precedia tudo. Estava na frente do meu nome. Estava na frente da minha música. O caso é que estou totalmente confortável com minha sexualidade e não tenho vergonha, nunca tentei esconder, mas ao mesmo tempo pensei: “Espere um pouco, o que estou aqui para fazer?” Eu não sabia onde o equilíbrio estava. E acho que lentamente nos últimos 10 anos, o equilíbrio se revelou muito claramente, para mim pessoalmente – e para o resto do mundo. É como: “OK, agora nós entendemos.”

É uma espécie de faca de dois gumes, no sentido de que artistas como você ou MNEK, ou todas as pessoas que estavam na capa da revista Billboard Pride com você, estão em uma ótima posição para efetuar mudanças ou criar mais oportunidades. Mas, ao mesmo tempo, há a questão de ser rotulado como “aquele artista gay” e nada mais.
Bem, a outra coisa que mudou também é que há muito mais pessoas nos negócios que se identificam como queer ou gay ou bi ou lésbica ou trans ou não-binária – seja qual for sua identidade, agora somos um grupo forte. E agora, para a própria comunidade gay, todos eles podem se ver representados no mundo da música e para pessoas de fora olhando para nós. Eles podem ver toda essa diversidade. Portanto, embora seja algo que precisamos trabalhar e melhorar, já estamos vendo isso. Estamos começando a ver. E acho que, na época, há dez anos, uma das coisas mais difíceis para mim foi: “Não posso, de qualquer maneira ou forma representar ou ser um porta-voz de toda a comunidade [LGBTQ]. Eu nunca pensei em mim dessa maneira. Eu nunca assumi que seria capaz de fazer isso. Mas esse era o tipo de questionamento que eu recebia da mídia e da indústria. Era como: “Queremos que você fale em nome de todos.” Bem, isso não é justo. Então, acho que em alguns casos me senti um pouco na defensiva.

[CONTINUA…]

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fonte: Yahoo! Entertainment

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