Entrevista ao The Telegraph – Set/2019

Confira a entrevista que Adam concedeu ao The Telegraph, na qual conversou sobre Freddie Mercury, seu novo álbum entre outros assuntos:

Entrevista com Adam Lambert: “As pessoas dizem que gostam mais de Freddie – bem, obviamente, eu também”

Ele arrecadou quase um bilhão de dólares e ganhou um armário cheio de prêmios – incluindo quatro Oscars e dois Globos de Ouro – mas o filme biográfico do Queen, “Bohemian Rhapsody”, não foi universalmente popular.

O cantor Adam Lambert, por exemplo, o homem que está em turnê com o Queen nos últimos oito anos, tem sentimentos contraditórios.

No lado positivo, atraiu novos fãs para os shows da banda. Mas, por outro lado, forçou-o a se provar um sucessor digno de Freddie Mercury novamente.

“O mais difícil é a comparação”, diz o cantor de 37 anos, quando o encontro no escritório da sua publicista em Londres. “Os novos fãs dizem ‘eu gosto mais de Freddie’ e fico tipo ‘bem, obviamente: essas eram as músicas dele, elas vieram do espírito dele… ele era brilhante’.”

Lambert teve que falar muito sobre isso quando se juntou ao Queen em 2012. Um ex-participante do programa de talentos American Idol em 2009 (ele ficou em segundo), foi recebido com ceticismo por críticos e fãs, inclusive eu, apesar de Brian May não ter se calado sobre o alcance vocal de múltiplas oitavas de Lambert.

“Eu entendo. Eu fiquei cético quando me convidaram”, diz ele. O que me conquistou foi a admissão de Lambert para a multidão de que ele não estava tentando imitar Mercury. Ele diz que às vezes deseja que o cantor não tivesse morrido. “Gostaria que ainda fosse o Freddie lá em cima, mas como ele não está conosco, fico muito feliz em aceitar o trabalho.”

Ele faz milhares de outras pessoas felizes também. A banda acaba de concluir uma turnê na América do Norte que viu várias gerações de fãs na plateia – “crianças, adolescentes, jovens adultos, seus pais e os pais dos pais”, diz Lambert – e no início desta semana eles anunciaram uma Turnê de 16 datas pelo Reino Unido e Europa para o próximo verão, incluindo cinco noites na O2 de Londres. Enquanto isso, no sábado [28/09], eles tocaram para 60.000 pessoas no Central Park de Nova Iorque como atração principal do Global Citizen Festival. Lambert também lançou um novo EP solo chamado “Velvet: Side A”, com o single “Superpower”, influenciado por Daft Punk.

Lambert se refere a May e Taylor como “família” e você tem a impressão de que ele os vê como tios mais velhos. Afinal, eles têm quase o dobro da idade dele. “Nós nos sentimos muito confortáveis uns com os outros”, diz ele sobre seus colegas de banda.

Lambert na verdade teve uma participação especial em “Bohemian Rhapsody”. Ele interpreta um caminhoneiro (muito disfarçado) em um posto de gasolina dos EUA que Mercury, lutando com sua homossexualidade, segue até o banheiro. É uma escolha de elenco deliciosamente surreal: um ator vestido de Mercury se diverte com o substituto de Mercury na vida real, disfarçado de ator, em um banheiro sujo. É de se imaginar que o verdadeiro Freddie aprovaria.

Lambert vê o filme como uma “carta de amor” para Mercury, apesar de admitir que havia alguma “licença poética” na narrativa (ele foi criticado por inúmeras imprecisões, como o momento em que Mercury revela à banda que tem HIV e uma descrição muito geral de sua homossexualidade). Lambert diz que a classificação do filme para toda a família pode ser um fator por trás dessa segunda crítica, mas ele está emocionado com o sucesso e diz que Rami Malek mereceu o Oscar (outra coisa que chamou a atenção). Menciono os dentes falsos de Malek, aquelas vastas lápides de alabastro que pareciam estar em risco de cair no chão do estúdio toda vez que ele abria a boca. Lambert ri com vontade, um pouco inseguro do que dizer. “Eles eram grandes!”

Além de uma voz poderosa, Lambert compartilha outra coisa com Mercury: uma sensação de exagero. Lambert ama o jeito que Mercury brincava com o público. “Nós dois gostamos de provocar as pessoas. Eu já subi ao palco no passado de salto alto e me deitei lá com um leque e fui realmente extravagante e exagerado. É para dizer ‘Fo–se’ para qualquer pessoa que tenha um problema com isso. Para mim, esse espírito – deixar as pessoas um pouco desconfortáveis – é rock ‘n’ roll.”

Lambert certamente parece uma estrela do rock. Ele está usando calças largas de veludo azul-petróleo e jaqueta, enquanto seu esmalte turquesa combina com a cor de suas botas de cowboy de couro envernizado. Seu cabelo está perfeitamente despenteado. “Parte do motivo pelo qual eu queria me tornar uma estrela do rock era para poder vestir o que eu quisesse”, diz ele.

Ele também me mostra uma vasta tatuagem que tem em seu torso de Antínous, o amante gay do imperador romano Adriano, por quem ele é “obcecado”.

O cantor é claramente um homem à vontade consigo mesmo. É difícil acreditar que, quando seu álbum “Trespassing” estreou no número um na parada de álbuns dos EUA em 2012, ele foi o primeiro artista abertamente gay a atingir esse marco. Isso foi há apenas sete anos, mas a abertura sobre o gênero e a sexualidade dos artistas hoje é norma no mundo da música. “É como noite e dia do que era quando eu comecei. Nas conversas que tive com a mídia [naquela época], era como se eu tivesse que explicar ‘gay’ para eles”, diz ele. Ele se sentiu em conflito porque não queria ser o “embaixador gay” da música, mas era algo que ele estava feliz em fazer.

No entanto, a nova abertura do setor pode ficar complicada. Quando a cantora Rita Ora lançou a música “Girls” no ano passado sobre sua bissexualidade, críticos da comunidade LGBTQ disseram que ela estava promovendo o equívoco de que os relacionamentos bissexuais são sobre sexo e não amor. Lambert se lembra da controvérsia. “Estamos em uma época em que você não pode vencer. Alguém tenta fazer algo positivo ou progressivo e sempre haverá uma reação negativa a isso”, diz ele. O impacto polarizador das mídias sociais – que incentiva a tomada de partido – não ajudou. “Tornou-se muito ‘nós contra eles’. Mas nada é preto ou branco. Tudo isso é cinza.”

O cantor Sam Smith também foi criticado este mês quando pediu aos fãs que o abordassem com os pronomes de gênero neutro, depois de se assumir como não-binário. “Se ele se sente livre, Sam está fazendo o que precisa fazer, e eu acho ótimo”, diz Lambert.

Taylor Swift é outro exemplo. Seu vídeo para “You Need To Calm Down” apresentava uma série de personalidades LGBTQ, levando a acusações de que a hetero Swift estava usando a homossexualidade como plataforma para se promover. O próprio Lambert apareceu brevemente no vídeo como um tatuador. “A distinção com Taylor é que ela apoiou isso com uma campanha social verdadeira”, ressalta. (Swift pediu aos fãs que assinassem uma petição apoiando a Lei da Igualdade). “Eu respeito o que ela fez.”

A mensagem dominante de Lambert é o viva e deixe viver, embora ele admita que às vezes fica “um pouco sobrecarregado” pelas inúmeras classificações de gênero que existem por aí. Mas os haters vão odiar. E Lambert acredita que o aspecto mais perigoso da “embaraçosa” e “assustadora” era Trump é que o presidente está “permitindo que o fanatismo seja público”.

Mas esses assuntos são para outra época. Naquele fim de semana, Lambert teve o Central Park para arrasar.

“Velvet: Side A” já está disponível no Empire.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fonte: The Telegraph

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