Review by The Key do Show Queen + Adam Lambert na Filadélfia (PA, EUA) – 03/08

Queen e Adam Lambert fornecem catarse muito necessária no Wells Fargo Center

Em sua vida, Queen – seja com o falecido Freddie Mercury ou com Adam Lambert – já foi considerado muitas coisas. Eles já foram arte-rock, arena rock, rock de atletas, heavy metal, disco, glitter, rockabilly. Bombástico. Ousado. Glamuroso. Enérgico. Feroz. Precioso. Visionário. Óbvio. Oblíquo. Potente. Sexy. Sensual. Magnético.

Catártico nunca foi uma das coisas que você pensou quando refletiu sobre o Queen. Pelo menos não até agora.

É claro, Queen tinha emoção em seu trabalho. Por favor. Mas a música deles e as letras – para mim – nunca soaram realmente purgadoras, aliviadoras ou purificadoras. Eles podem ter cantado “I Want To Break Free”, mas raramente sua música soava libertadora ou que exorciza a alma.

Talvez, então, seja o meu próprio estado emocional no presente – a sensação de perda que é uma morte recente na família – ou uma maior compreensão do que inspirou Mercury antes de sua morte, o que lhe causou perturbação, que permitiu que suas letras (agora interpretadas pelo mais-que-amplamente-adaptado Adam Lambert) me alcançassem em um sentido mais profundo. No imenso Wells Fargo Center esgotado, diante de uma multidão que gritava, o Queen genuinamente me tocou, justamente quando eu mais precisava.

Com certeza, foram as músicas mais lentas do Queen, e a maneira suave e sutil com que Lambert as executava, o que ajudava em suas qualidades mais tonificantes e curativas. A melancólica “I Want To Break Free” certamente buscava a extensão e a amplitude da independência e do emocionalismo. A pensativa e operática de tirar o fôlego “Who Wants To Live Forever” emparelhou com o suave solo de guitarra de May em “Last Horizon” (apresentado rapidamente, mas não sem mérito teatral, “no topo” de uma projeção de rocha lunar) que foi absolutamente de parar o coração e sensual no sentido mais tangível da palavra.

Foi como se uma mão invisível fosse colocada em seu ombro neste momento, removendo qualquer arrepio congelante de “Live Forever” para algo mais quente e mais espiritual. A emocionante “Love Of My Life”, uma das músicas de amor perdido mais machucadas de Mercury, foi apresentada como um número acústico solo por May como vocalista e de repente se transformou em algo mais: sobre sentir a falta de um amigo, uma alma gêmea, alguém com quem você compartilhou tudo. Isso acabou com um momento de arrancar lágrimas, cuja tensão foi quebrada (curiosamente) quando uma projeção de Mercury posou perto de May, cantou o restante da música, então virou seu traseiro para May para alívio cômico. Esse foi um lembrete gentil de que, por mais triste que fosse o evento, você poderia sempre mostrar sua língua ou virar seu traseiro, e rir.

Não pense que o show de Rhapsody do Queen + Lambert foi cheio, somente, desses momentos sóbrios, ternos de saudade. Vestido como Liberace em um Dolce & Gabanna dourado (quando ele não estava em um dos seus smokings do cassino Jacquard), Lambert arrasou no rock metal do início do Queen (“Seven Seas Of Rhye”, “Keep Yourself Alive”, “Hammer To Fall”), o metal mais exagerado de “Tie Your Mother Down” e a épica “I Want It All”. A teatral e glamurosa “Killer Queen” e “Bicycle Race”, juntamente com a agitada “Don’t Stop Me Now”, decolaram com um vigor e esplendor estilo cabaré sem qualquer esforço, devido à proeza vocal teatral de Lambert. As notas altas poderosas e claras do vocalista eram apenas rivalizadas por seu alcance mais baixo obviamente elegante, uma voz tenor variando de três oitavas com um semitom B2-B5, em comparação com o falecido Mercury que possuía uma faixa de F#2-G5 – pouco mais de três oitavas, indo para um alcance de quatro oitavas.

Além de iniciar a noite com a ascensão rápida de “Now I’m Here”, o Queen atacou com o eletrônico suave de “Radio Ga Ga” com uma facilidade dramática. Caso você tenha achado que “Fat Bottomed Girls” não poderia ser mais cafona ou mais misógina, o Queen trouxe as líderes de torcida do Philadelphia Eagles para agitar e levantar seus pompons, dançar nas plataformas e passear na passarela com May.

Assim como na biografia do Queen “Bohemian Rhapsody”, ninguém poderia ou deveria gostar do som solo do roqueiro Roger Taylor, “I’m In Love With My Car”, mas todos no Wells Fargo Center curtiram.

Os maiores sucessos do Queen, como as grandes batidas de “Another One Bite The Dust” e “Under Pressure”, o clássico “Bohemian Rhapsody”, os hinos de esporte de arena “We Will Rock You” e “We Are The Champions” eram intocáveis, não importa como você as visualiza (embora eu ouse dizer que Lambert conseguiu lançar alguns vocais em “Rhapsody” e torná-la sua).

Eles não se arriscaram com opções experimentais quando se tratava de seus sucessos, e esses momentos eram ainda melhores para isso. Ninguém quer ouvir a versão acústica de “We Are The Champions” e Lambert e companhia fizeram jus a enorme popularidade pura desses hits quentes.

Uma sugestão para onde Queen poderia ir em um futuro imaginário – a banda de May e Taylor faz 50 anos em 2020, um aniversário que eu ficaria surpreso se eles não comemorassem – é integrar Lambert mais completamente em seu conjunto. Tendo feito parte do Queen desde que cantou pela primeira vez com May e Taylor durante a final da temporada de 2009 do American Idol, talvez Lambert pudesse adaptar seu material solo brilhante no estilo disco para se adequar ao som do Queen. Talvez o Queen pudesse gravar músicas novas e frescas com Lambert, e verdadeiramente atuar de forma inclusiva em relação ao seu vocalista. Como dito durante o show do Wells Fargo – e todos os shows que eu presenciei eles fazerem juntos desde o American Idol – Lambert nunca poderia substituir o falecido Freddie Mercury, agora longe do planeta desde 1991. Vocalmente, não há dúvidas de que Lambert e Mercury não são o mesmo, e que Lambert está trabalhando duro em forjar seu próprio caminho vocal e tonal.

Talvez, May e Taylor (e Lambert) devam se concentrar menos no que Lambert não é e mais no que ele poderia e deveria ser para e com o Queen daqui para frente.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fonte: The Key

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