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19ago2019
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Entrevista ao The Irish Times – Agosto/2019
Adam Lambert: “Os EUA estão em um lugar estranho, mas o clima é de progresso” “Eu vejo todos esses artistas queer agora, que são artistas comercialmente viáveis, e eu penso: finalmente!”
Em um salão londrino pouco iluminado, Adam Lambert chega fazendo malabarismos com a bagagem de tirar o fôlego em uma bela mistura de roxos e mostarda. Ah e preto. Todos na sala tentam, ao mesmo tempo, olhar discretamente.
“Me desculpe, eu estou atrasado”, diz ele, trazendo sua mão dramaticamente ao seu coração. “Meu cabelo não estava seguindo ordens. Ficava caindo de um jeito ou de outro…”
Ele suspira e revira os olhos.
Que nunca se diga que Adam Lambert se desviou de sua marca. E sua marca é fabulosa.
Seu cabelo supostamente indisciplinado está curto hoje e não no estilo glam rock na altura dos ombros como aparece em “New Eyes”, o recém-lançado teaser para o quarto álbum de estúdio de Lambert, “Velvet”.
“Eu queria dar uma aparência meio obscura dos anos 70 e decidi pelo cabelo comprido”, diz o cantor de 37 anos. “Era falso. Claro. Mas todo mundo fica perguntando: você cortou todo seu cabelo? E eu continuo perguntando: você não percebeu que cresceu muito da noite para o dia?”
2019 é um ano empolgante para Lambert. “Velvet” vai sair, bem, em breve.
“Ainda não temos uma data”, diz ele. “Eu sinto que em 2019 as regras são diferentes na música. E isso é ótimo porque podemos avaliar o que está acontecendo. Tudo está pronto, mas estamos apenas lendo as folhas de chá no momento.”
Há turnês esgotadas no horizonte e ele acaba de completar seu primeiro grande papel no cinema interpretando o despótico imperador Maximus em “Playmobil: O Filme”. O novo filme de animação é co-estrelado por Anya Taylor-Joy, Daniel Radcliffe e Kenan Thompson em uma aventura de plástico selvagem, mas é Lambert quem rouba o show. Notavelmente, é seu primeiro papel de dublagem em um filme de animação.
“Eu acho que é algo que eu já deveria ter feito”, diz ele. “Quando eu era criança e fazia muito teatro; sempre que ia para o primeiro dia de ensaio, pegava meu roteiro, voltava para casa, ligava um gravador e gravava as falas de todos. Então eu fui para o estúdio para isso, pronto para ser sutil. E eles ficavam me dizendo: ‘Não, exagere!’ Então tudo bem então; eles pediram por isso.”
Dez anos se passaram desde que Lambert ganhou fama como concorrente do American Idol. E 10 anos, como ele observa, é muito tempo no showbusiness.
Pouco antes de Lambert, favorito dos apostadores para ganhar o show mais bem cotado dos EUA, perder a final da série para Kris Allen, o New York Times se perguntou se “a única coisa entre (Lambert) a chance de tocar em arenas pode ser uma pergunta atualmente borbulhando na internet: um concorrente gay pode ganhar?”
Em algum outro lugar, Bill O’Reilly se preocupou com “imagens embaraçosas do Sr. Lambert circulando na internet” – fotografias que mostravam Lambert beijando outro homem – e perguntou em voz alta se: “Essas fotos que sugerem que ele é gay, terão um efeito sobre esse programa, que é um fenômeno cultural na América?
A Entertainment Weekly opinou colocando Lambert em sua capa com a manchete “O mais empolgante concorrente do American Idol em anos (e não apenas porque ele pode ser gay)”.
“Fico feliz em dizer que acho que isso não teria acontecido hoje”, diz Lambert, que confirmou sua sexualidade em uma entrevista à Rolling Stone alguns dias depois da fatídica final do American Idol e novamente no American Music Awards de 2009, durante o qual ele beijou seu tecladista. A rede de televisão ABC respondeu cancelando uma aparição marcada no Good Morning America.
“Eu não estava acostumado a lidar com esse tipo de atenção”, lembra Lambert. “Eu sou uma artista, então eu amo atenção. Mas também sou sensível. E eu estava em território desconhecido. Eu realmente não sabia como lidar com algumas das situações em que estava. Então isso foi um pouco assustador. Eu estava navegando sem muita orientação. E houve um pouco de tentativa e erro. Eu definitivamente meti os pés pelas mãos algumas vezes. Eu não me arrependo de nada disso, mas eu olho para trás e penso: talvez esse não fosse o lugar certo ou talvez fosse um pouco cedo demais para isso.”
Depois da primeira aparição de Lambert no American Idol, Simon Cowell sugeriu eufemisticamente que o artista pudesse ser muito “teatral” para os gostos americanos. Mas Cowell estava errado sobre isso. Dentro de um ano da estreia de Lambert no Idol, ele foi um dos Mais Bonitos da People Magazine, uma das 10 Pessoas Mais Fascinantes de Barbara Walters, e se apresentou no Late Show com David Letterman, The Tonight Show com Conan O’Brien, e no final da temporada So You Think You Can Dance. Em 23 de Maio de 2012, Lambert se tornou o primeiro artista musical abertamente gay a estrear um álbum em primeiro lugar na Billboard 200 com seu segundo álbum, “Trespassing”. É um registro histórico que continua a confundi-lo.
“É inacreditável”, diz ele. “Mas acho que muita coisa mudou desde então. Mesmo que os EUA estejam em um lugar muito estranho social e politicamente, o clima ainda é muito de progresso; especialmente na comunidade das artes, especialmente na música. Eu vejo todos esses artistas queer agora, que são artistas comercialmente viáveis, e eu penso: finalmente! É uma coisa muito legal de se ver.”
Muitos ex-participantes do American Idol saíram do programa como artistas grandes demais para retornar. Lambert, no entanto, sempre retornou como mentor ou convidado especial.
“Toda vez que eu volto, muitas pessoas ainda estão lá, então é como voltar para uma reunião”, diz ele. “Ele abriu muitas portas há 10 anos, quando ser um artista queer na música pop nos EUA, era algo inédito. Sem o Idol, duvido muito que tivesse recebido as oportunidades que me foram dadas”.
Não é apenas a publicidade que lhe dá motivos para gostar de suas origens de reality show. O American Idol apresentou-o a Brian May e Roger Taylor. Os fundadores do Queen convidaram Lambert para se juntar a eles como seu novo vocalista, substituindo Paul Rodgers, pouco depois de tocarem juntos no Idol em 2009.
“Era realmente óbvio que já havia uma química entre nós e Adam”, escreveu Brain May em seu livro de 2017, Queen in 3D. “Aconteceu de forma completamente natural e nos fez sorrir. A reação do público foi enorme, e então eu acho que a partir daquele momento a ideia de trabalharmos com Adam foi semeada em nossos cérebros”.
Lambert e Queen estão em turnê juntos desde 2011. É uma ótima parceria. E, no entanto, estranhamente, é difícil passar um mês sem que ambas as partes envolvidas não tenham motivos para defender o acordo. “Adam pode fazer todas as coisas que Freddie fez e mais. Não importa o que você joga para Adam – ele pode fazer.” Brian May disse ao GuitarWorld em Junho. “Ele é um exibicionista nato. Ele não é Freddie, e ele não está fingindo ser, mas ele tem um conjunto paralelo de ferramentas.”
Da parte de Lambert, é assustador, mas é muito menos assustador do que costumava ser: “Estou definitivamente mais confortável com isso do que quando comecei”, diz ele. “Quando eu comecei, apenas a ideia era realmente intimidante. Mas estamos trabalhando juntos há sete anos e isso não me assusta como costumava acontecer. Eu ainda percebo o peso disso. É um grande trabalho. Estou constantemente pensando: qual foi a intenção aqui? O que Freddie estava tentando provocar na plateia? Freddie gostaria dessa roupa? Suas roupas eram muito exageradas e engraçadas, então isso também é inspirador para mim. Quando estou cantando uma música do Queen, tento não me aventurar muito longe do original porque sinto que isso é um sacrilégio. E eu sempre digo a mim mesmo, sempre que encontro algum tipo de resistência por estar lá, que no final do dia Brian e Roger ainda podem e querem sair no palco e tocar. E eu estou fornecendo um serviço para eles.”
O filme de arrecadação de 903.655.259 dólares Bohemian Rhapsody atraiu um novo público mais jovem à frente da turnê australiana do Queen em 2020. Como um artista queer, Lambert admite estar perplexo com as críticas “não suficientemente gay” dirigidas ao filme.
“O desejo de ver uma jornada emocional não significa necessariamente que precisamos ver a intimidade sexual”, diz ele. “Ser gay ou homossexual é um termo amplo. Há muito a explorar em termos de se assumir e os ritos de passagem. Não é necessariamente o que acontece entre os lençóis. Você não pode simplesmente supor que isso significa apenas sexo”.
Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fonte: The Irish Times
Olá Adam Lambert tbm com vc? Gostaria de saber …se vc pretende vir fazer show no Rio Grande do Sul? Um grande abraço um beijo no coração é tudo de bom pra vc👏❤✌👅