La Times: “A entrevista mais reveladora” – 4ª Parte

Confira a quarta e última parte da entrevista que Adam concedeu a Fred Bronson da LA Times em 2009. Nesta parte Adam discute sua experiência no “American Idol”:

PARTE 4 – O CAPÍTULO DO “IDOL”

Vamos falar sobre algumas das músicas que você apresentou no “Idol”. Uma das minhas favoritas foi a sua interpretação de “The Tracks Of My Tears” do Smokey Robinson & The Miracles, durante a semana Motown.
Meu primeiro impulso tinha sido cantar “War” do Edwin Starr. Eu amo essa música.

Isso faz sentido – Bruce Springsteen gravou ela também.
Gravou? Eu não ouvi essa versão. Eu quero ouvir. E o Randy Jackson produziu um álbum da Motown com os Boyz II Men e eles fazem uma versão dela. É ótima, mas na semana anterior eu já havia cantado “Ring Of Fire”, então eu já tinha causado controvérsia e provocado e polarizado a todos, e sou muito feliz por isso porque eu gostei do que fiz e eu pude ser estranho e me destacar, então eu senti que eu provavelmente deveria ir completamente na direção oposta e ser super-purificado e bonitinho e acústico e orgânico. Aquele foi eu sendo estratégico, porque eu não me vejo realmente cantando em estilo acústico, mas eu sabia que eu podia e foi divertido. Porque era Motown, eu sempre quis me vestir combinando com a música, então eu disse, “Vamos arrumar um terno e escovar meu cabelo e tirar a maquiagem e o esmalte, e fazer um look realmente clássico, porque é refrescante”. Isso fez todos comentarem, e eu percebi que poderia brincar com a imagem no programa mais do que eu havia pensado que podia.

Como você trabalhou com os estilistas?
Eles eram muito bons. Miles e Art eram muito, muito, muito colaborativos e receptivos com cada ideia que eu tinha e eles realmente me apoiavam. Quero dizer, muito disso foi eu dizendo, “Eu quero fazer algo assim”, e eles diziam, “Ok, vamos ir comprar”, e então nós montávamos [meu look] como um time.

Nem todo competidor sugere suas próprias ideias de como eles irão se vestir.
Eu sou o cara de L.A. Eu gosto de roupas e apresentação visual e brincar de se vestir todo. Eu acho que isso era uma vantagem, com certeza.

Você mencionou cantar uma música acústica. Sua versão de “Mad World” do Tears For Fears foi um grande exemplo disso. Como você escolheu cantá-la?
O tema era ano de nascimento. Eles nos deram uma lista e essa música apareceu, e eu lembrei da versão do Gary Jules do filme “Donnie Darko”. É comovente e bonita e entra na sua cabeça, e a letra é incrível, e eu queria cantá-la porque eu sabia que seria diferente e muito não-“Idol”, e não era chamativa. Eu queria diminuir o ritmo e soar realmente vulnerável, e apenas fazer justiça à música, e eles fizeram um grande arranjo, um tipo mais ambiente, acústico.

O quão de perto você trabalhou com o [diretor musical do “Idol”] Rickey Minor nos arranjos?
Eu trabalhei com o time vocal primeiro, e o meu time era Dorian Holley e Michael Orland. Nós olhamos para a música e a cortamos para fazê-la se encaixar no tempo de um minuto e 45 segundos. Nós decidimos quais partes da música mais gostávamos, como fazê-la fluir, em qual tom, quais coisas fazer com o vocal, com o estilo, e se eu tinha uma ideia em minha cabeça, nós imaginávamos e eles tomavam notas e mandavam para o arranjador do Rickey. Então o Rickey recebia e desenvolvia. Então a primeira vez que ouvimos como iria soar foi no domingo anterior, porque eles nos dão uma versão grosseira para nossa gravação do iTunes, que acontece na manhã seguinte, na segunda de manhã, antes do nosso ensaio com a banda. Após algumas semanas disso, eu consegui o número do Rickey e perguntei se eu poderia ligar para ele. Ele é super talentoso, incrível. Então eu fiquei muito feliz que pudemos pular todo esse processo e conversar pessoalmente.

Você mencionou o clássico do Johnny Cash, “Ring Of Fire”. Me conte sobre a escolha dessa música e o arranjo muito não-country dela.
Eu fui muito inspirado pela abordagem do David Cook no programa no ano anterior. Eu achei que ele foi muito inteligente em não deixar que os temas semanais o jogassem para fora, enquanto que muitas pessoas se conformam com o tema, então isso se transforma nesse show de talentos, enquanto ele manteve seus pontos legais porque ele sempre fazia funcionar para seu estilo, e ele era muito fiel à sua própria arte. Eu apenas peguei uma página dele. Quando chegou a semana country, eu pensei: “Esse é um daqueles momentos onde você pode pegar uma música e fazê-la funcionar para você“, como ele fez com “Billie Jean”.

Música country é tipo a coisa mais distante de mim, mas eu lembrei de uma versão eletrônica de “Ring Of Fire” que eu tinha ouvido há alguns anos. Eu não lembrava de quem era. Era sexy. As palavras são calorosas. A melodia é boa. Eu soube que aquela era a que eu deveria fazer. É sombria e meio sugestiva, e eu gostei. Eu procurei no iTunes versões diferentes dela. Isso é basicamente o que o Cook fez, ele encontrou covers e usou aqueles arranjos, pelo que ele ganhou muitas críticas. Não há razão pela qual ele deveria ter ganhado críticas. Nós estamos cantando covers, então qual é a diferença?

Eu nunca entendi por que alguém ficaria chateado pelo David Cook ter cantado a versão do Chris Cornell de “Billie Jean” ao invés do arranjo original do Michael Jackson, ou pelo Chris Daughtry ter cantado a versão do Live de outra música do Johnny Cash, “I Walk The Line”.
Eu nunca entendi isso também. Se você tivesse perguntado a ele de quem era, ele teria dito. Não é como se estivéssemos tentando enganar alguém.

Teve uma mulher chamada Dilana que cantou “Ring Of Fire” no programa “Rock Star: Supernova” e foi desse modo que ela fez. Ela tinha uma gravação da música com um tipo de versão do Oriente Médio. Eu amei aquele estilo. Eu amo música internacional, especialmente quando é nesse tipo de versão eletrônica. Eu realmente amo isso, Thievery Corporation é um bom exemplo disso. Eu fiquei muito animado de poder cantar uma música no “Idol” que soasse dessa forma, e eu sabia que provavelmente ia ser tipo, “O que é isso?”. Vocalmente, eu senti que arrasei. E é claro que eu li a imprensa, e as pessoas estavam dizendo, “Ele está guinchando”, e eu pensava, “Isso não é realmente guinchar. Eu não sei exatamente o que isso é para você”. Mas todo mundo tem sua própria opinião.

Então enquanto você estava no “Idol”, você estava lendo o que as pessoas estavam escrevendo sobre você. Isso te afetou?
Eu sou bem objetivo, bem resiliente com esse tipo de coisa. Eu não levei isso para o lado pessoal. Eu tento ver isso como pesquisa, tipo como as pessoas estavam reagindo a isso, e eu me sentia da mesma forma sobre os jurados. Eles tinham opiniões objetivas e todo mundo tem uma. Ouça os comentários deles e se for uma crítica boa, considere-a. Tome notas. Conserte se você concorda, e se não, apenas continue fazendo o que você faz.

Não é sobre eles e o que eles pensam. É sobre eu poder estar na TV em frente a milhões de pessoas e poder cantar. É sobre a oportunidade e a experiência, e não é sobre “Os jurados gostaram?”. Eu não queria estar muito preocupado com isso, e ter um senso de humor sobre isso me fez sentir melhor.

De volta ao David Cook por um momento. Você disse que foi inspirado pelo modo como ele olhava para as músicas que ele cantava durante a temporada como um “setlist”.
Eu definitivamente abordei o programa da mesma maneira, criando muita variedade com as músicas que eu escolhia. Se eu fazia uma balada acústica, lenta, suave e com falsetes na semana anterior, então eu queria contrastar e ir completamente na outra direção na semana seguinte. Eu queria manter todo mundo imaginando, e eu queria fazer disso um conjunto de músicas realmente dinâmico.

Você conhecia a música “(I Can’t Get No) Satisfaction” da coleção de discos do seu pai?
Sim, e minha mãe é uma grande fã dos Stones. Ela foi aos shows deles. Eu ia cantar “Cryin'” do Aerosmith naquela primeira semana, e tinha ensaiado e reduzido e conseguido uma sequência para ensaiar, mas no último minuto, os editores não ficaram confortáveis com um dos detalhes no contrato e não sabiam realmente quem eu era ainda, então eles a tiraram e eu tive que escolher algo muito rápido. Eu precisava fazer algo que iria me consagrar como um roqueiro, porque eu olhava para o meu grupo e sabia que tinham muitos cantores pop, R&B e country, e eu me perguntava, “Como eu me faço diferente e me destaco?”. Havia uma garota roqueira e eu pensei que eu seria o garoto roqueiro.

Kris [Allen] e Allison [Iraheta] estavam naquele grupo comigo, e nós passamos juntos e fizemos toda a imprensa juntos, e nós três estamos assinados agora. É uma coisa linda que, por razões que estão além do nosso alcance, nós ficamos bem. E nós três nos damos muito bem, o que é legal.

De qualquer modo, eu escolhi “Satisfaction” porque eu conhecia a música, e era uma música que todos conheciam. Era uma música de rock e eu queria me associar aos ícones, às estrelas do rock famosas. E a Semana Hollywood foi uma boa hora para eu fazer minha pesquisa sobre como as pessoas iriam me ver. Foi um experimento. O que acontece quando eu canto desse jeito? Como isso se desenrola? O que acontece se eu fizer isso?

Nós fizemos a segunda etapa de coreografia acapella em grupo e nós cantamos “Some Kind Of Wonderful” dos Grand Funk Railroad, e eu pude realmente cantar as notas altas loucamente, e eles adoraram. Então eu soube que eu poderia ir ao extremo e eles iriam gostar. Simon disse, “Você pode cantar. Eu não sabia qual era o grande negócio antes. Ok, você tem garganta”. Aquilo ajudou a me estabelecer, e então o último dia da Semana Hollywood foi escolha sua própria música dessa lista, e eu não estava sentindo nenhuma das músicas. Eu perguntei, “Nós podemos cantar as da lista das garotas?” e eles disseram sim. Eu sabia que tinha que levantar cedo na manhã seguinte e saber a música e estar preparado. Eu não queria me preocupar em aprender letras. Eu queria poder cantar a música. Qual música dessa lista das garotas eu sei que ninguém mais vai fazer? “Believe” da Cher. Eu me lembro de adorar esse single.

Foi a primeira vez que eu trabalhei com o Dorian e o Michael e eu perguntei a eles, “É muito gay? É muito ridícula?” E eles ficaram tipo, “Uhhh…” [Adam dá de ombros enquanto olha para cima e revira os olhos]. Eu disse, “E se nós fizermos uma balada rock-pop, e não uma música dance? E se for totalmente diferente?” E eles disseram, “Vamos tentar”. Eu cantei e me senti bem com aquilo. Me destacava. Nenhum dos outros caras ia cantar balada. Eu sabia que os jurados iriam se lembrar de mim, porque haviam 75 pessoas. Eu precisava me destacar, então eles me colocariam no programa. Eu sabia que era assim que isso iria acontecer.

Olhando de volta para a temporada como um todo, o que você sabe agora que você não sabia antes de estar no “Idol”?
Eu aprendi muito ao me assistir de novo. Tipo, menos é mais. Eu não tenho que fazer tanto toda vez, porque quando eu assisti algumas das primeiras performances, “Satisfaction”, “Black Or White”, elas ficam um pouco maníacas, e isso porque eu estava excitado e tinha toda essa adrenalina. Ao me acostumar a trabalhar no palco sonoro e ficar confortável e não ficar tão nervoso, eu aprendi o que funciona e o que não funciona.

Você gostou de trabalhar com os mentores da temporada?
Slash foi muito legal e muito lisonjeiro, e Smokey foi incrível. Foi uma honra. Todos os mentores foram ótimos, estar no palco com o Queen e o Kiss foi tão legal. E eu aprendi muito sobre lidar com as câmeras. Eu nunca havia realmente trabalhado com uma câmera e o diretor do programa, Bruce [Gowers], é incrível e muito divertido, e nos demos muito bem. Ele me dizia, “Eu vou fazer isso com a câmera. Apenas brinque com aquela câmera”. Ele me deu algumas direções aqui e ali e isso me ajudou a aproveitar ao máximo esse formato, porque eu estava acostumado a estar no palco e não ser íntimo. E o Ken Warwick, o produtor, é o mais encorajador e caloroso, assim como o Mike Darnell, da Fox. Quero dizer, ele é incrível. Eu nunca me senti sufocado. Eles realmente encorajavam tudo, tudo aquilo. Era muito, muito legal.

E agora você está gravando seu álbum de estreia. Qual é a sua visão para a sua primeira gravação?
Eu quero fazer pop-rock eletrônico, tipo dance rock. Eu quero que seja rock and roll, um aceno a todo o rock dos anos 60 e 70 que eu adoro, o clássico e o glam rock, mas com uma sensibilidade muito atual, futurista para as pistas de dança. Eu quero que as pessoas se divirtam. Eu não quero soar como se eu tivesse essa causa social, mas eu acho que a música nos anos 70 era tão legal porque era sobre festejar. Era sobre juntar as pessoas e celebrar, e não sobre todas essas coisas obscuras e tristes. Eu quero trazer essa diversão de volta. Eu quero juntar as pessoas e fazê-las dançar, sorrir, se sentir sexy e celebrar nossas similaridades, não nossas diferenças.

Reveja as partes anteriores: 1ª Parte | 2ª Parte | 3ª Parte

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fontes: @ScorpioBert e Shapes of Things

Compartilhar
Share

Nenhum Comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *