LA Times: “A entrevista mais reveladora” (2009) – 2ª Parte

Agora confira a segunda parte da entrevista que Adam concedeu a Fred Bronson da LA Times em 2009. Nesta parte Adam discute suas primeiras experiências no show business e a experiência de sair com Val Kilmer quando eles apareceram juntos em “Os Dez Mandamentos”. A primeira parte da entrevista pode ser lida aqui.

PARTE 2 – COMEÇOS DO SHOWBIZ

Seu primeiro trabalho foi em uma linha de cruzeiros quando você tinha 19 anos. Qual linha de cruzeiros?

Holland America. Isso foi através da Anita Mann Productions. Normalmente, os artistas principais deles eram caras mais velhos. E eles precisaram se livrar de um cara no último minuto. Eles precisavam de alguém e eu fui lá e fiz o teste. Eu era tão verde. Eu não tinha ideia do que estava fazendo, mas Anita realmente gostou da minha voz. Ela disse: “Você pode cantar. Você vai fazer a parte principal.” Todo mundo no elenco estava olhando para mim tipo: “Ele vai ser o principal? Ele tem 19 anos.” Então foi uma situação difícil. Nós estávamos ensaiando e eu não sabia o que estava acontecendo. Eu não tinha ideia mesmo. Ela dizia: “Imagine que essa pessoa estará lá, que a pessoa estará lá e que a pessoa estará lá”. Foi rápido. Foi impressionante. Foi a maior quantidade de informações que eu já tive que absorver e eu ainda não estava confiante o suficiente para viver aquilo. Eu me senti um pouco intimidado por isso. Então o navio zarpou e eles não eram muito legais comigo, eram realmente maldosos. Finalmente fizemos a apresentação da primeira noite e eu arrasei e eles ficaram tipo, “OK, vamos deixar você em paz.” Minha carreira até agora sempre foi sobre me provar nestes momentos estranhos, e então, uma vez que eu me provo, as pessoas ficam tipo, “Oh, OK”. Então esse foi meu primeiro emprego, e eu viajei o mundo. Eu fiquei no navio por 10 meses.

Como foi ficar longe por tanto tempo?

Incrível. Eu vi o mundo quando tinha 19 e 20 anos. Eu fui para a Rússia e a Escandinávia e o Mediterrâneo e depois fizemos a Costa Leste e entramos em Nova Iorque em 7 de Setembro de 2001, pouco antes de 11 de Setembro, fazendo turismo e quando os ataques aconteceram, nós estávamos perto da Nova Escócia e tivemos que ficar na água por três dias por causa da segurança. Foi bem louco, e muito assustador. Fiz isso, depois fizemos o Caribe, depois atravessamos o Pacífico. Havaí, na Austrália e na Nova Zelândia. Foi fantástico.

Você estava trabalhando à noite, então seus dias eram livres?

Sim, eu pude fazer muito turismo. Eu realmente queria viver a cultura. Eu queria a vida noturna. Eu queria poder conhecer jovens e beber.

Depois de 10 meses, você saiu do navio?

Voltei para casa e comecei a fazer testes novamente. Fiz alguns shows na Civic Light Opera, em Orange County e aqui.

E seu lar era Los Angeles nesse momento?

Voltei para LA e estava apenas fazendo testes. Algumas audições da Broadway apareceram. Eu assinei com uma manager e ela me conseguiu alguns trabalhos e então eu fui escalado para uma produção europeia de “Hair”. E eu fiquei na Alemanha por seis meses, foi uma ótima experiência porque eu estava ansioso para voltar para a Europa e realmente morar lá. Isso foi um grande ponto de virada para mim, pessoalmente, porque eu finalmente me senti confortável em minha própria pele – ou comecei a ficar.

Você também estava na idade certa para se tornar dono de si.

Sim, eu tinha cerca de 21, 22 anos, e foi uma grande surpresa para mim. Eu acho que qualquer um que faz “Hair” realmente mergulha no significado e na mensagem e toda a comunidade sente isso. Eu era muito próximo de todos e havia muita descoberta e muita mentalidade de amor livre. Eu estava descobrindo muito sobre mim mesmo. Muito sexo, drogas e rock ‘n roll.

Quanto tempo você esteve na Alemanha?

Seis meses, em Berlim, principalmente, mas depois Hamburgo e Munique. Fomos à Itália por uma semana e nos apresentamos lá. E eu fui a Amsterdã por uma semana.

Vocês apresentavam “Hair” em inglês?

Na maior parte do tempo, e depois na metade da produção, o produtor decidiu que ele queria que nós fizéssemos todo o diálogo em alemão. Ninguém falava alemão, então eles tinham um treinador de diálogo que nos ensinava foneticamente. Ninguém sabia o que estavam dizendo e, portanto, se alguém esquecesse a fala, precisaríamos mudar para o inglês. Foi um desastre absoluto, mas, novamente, que experiência. Eu olho para trás agora e penso: “Aquilo foi uma loucura”.

Você teve que se restabelecer toda vez que voltava para a Califórnia?

Sim. Eu estava fora do circuito, mas foi bom para mim. Gostei muito de viajar e não gosto de rotinas. Eu não gosto de mesmice. Eu gosto de novidades, então eu acho que foi muito bom para mim e isso me ajudou a crescer.

Então, até agora, você não cantou rock, apenas músicas teatrais?

Era principalmente música de teatro naquele momento. Havia uma coisinha – havia uma garota envolvida com a companhia de teatro e eu conhecia sua família. Nossos pais se davam muito bem. Eles tinham visões semelhantes. Eles eram realmente liberais e só queriam se divertir. Eles faziam festas e nós ficávamos juntos e todo mundo tocava e cantava e principalmente as músicas dos nossos pais. Foi assim que entrei nos anos 60 e 70. O pai dela era um guitarrista clássico e meu pai toca um pouco no teclado. Então nós cantávamos Stones e Dylan e Joni Mitchell e Led Zeppelin e Jimi Hendrix e todas essas coisas. Eles realmente amavam The Doors. Então eu fui exposto a toda essa música. E então, não foi nada sério, mas decidimos formar uma banda. Era como uma pequena banda de garagem com o pai dela, ela e eu e meu pai e escrevemos algumas coisas originais juntos que gravamos em um toca-fitas de seis faixas. A banda se chamava Gutter Rats. Ou Vicarious Lives.

Quão longe vocês chegaram?

Nós nunca nos apresentamos. Nós só fizemos isso por nós mesmos, mas foi legal porque definitivamente não era teatro musical. Foi definitivamente muito anos 70 por causa de nossos pais e eles estavam nos mostrando o que fazer. Nós nos divertimos.

Que outro trabalho você teve antes de fazer “Wicked”?

Eu fiz o teste para mais projetos de TV e filmes. Eu nunca gostei do processo de audição. Eu nunca realmente me considerei um ator forte, então eu nunca investi nisso. Eu fiz mais algumas coisas de teatro. Fiz algo na Reprise (companhia teatral de Los Angeles) na UCLA.

Qual foi a produção da Reprise?

“No Século XX”, com David Lee como diretor. Ele foi ótimo. Eu fiz uma produção de “Brigadoon” no Texas, no Theatre Under the Stars, então eu finalmente consegui meu cartão do sindicato, o que foi como uma consolidação. Eu era profissional agora. Eu estava ganhando dinheiro suficiente para viver, para realmente pagar minhas contas, e isso levaria a mais trabalho. Eu fiz uma produção de “110 in the Shade” no Pasadena Playhouse e então eu fui contratado para “Os Dez Mandamentos” no Kodak Theatre com Val Kilmer e isso foi um grande ponto de virada para mim profissionalmente porque eu tinha minha própria música e eu era um personagem.

Quem você interpretou em “Os Dez Mandamentos”?

Joshua. Tudo estava muito bem no final, mas no começo, eu estava fazendo toda essa promoção para que eles construíssem interesse pelo show e cantava a música em todos os lugares. Eu apareci no Chabad Telethon e eu estava apaixonado por ser uma estrela do rock e eu ia para o ensaio com esmalte e delineador da noite anterior, e o diretor veio falar comigo: “Você poderia tirar tudo isso?” E eu perguntei: “Por quê?” Ele me disse: “Os produtores estão um pouco desconfortáveis com isso. Eles realmente não entendem”, e eu disse: “Mas ainda não estamos com os figurinos. Por que isso importa?” Ele disse: “Para eles, você vai ser o líder do exército hebreu até o final disso e eles estão realmente desconfortáveis com a sua aparência.” E eu disse a ele: “Isto é teatro. Este é um musical pop. Qual é o seu problema?”

Então eu enfrentei mais oposição, como no navio. Era o mesmo tipo de coisa se repetindo onde eu achava que eles simplesmente não acreditavam em mim, o que foi muito difícil para mim. Eu descobri depois que eles estavam vendo outras pessoas tentando me substituir. Quando o show estreou, eu era uma das únicas pessoas que recebiam boas críticas, então foi a melhor vitória de todas. Você estava preocupado com o meu esmalte e eu estou recebendo críticas melhores do que outros, então esse foi um grande momento para mim.

Foi interessante sair com Val Kilmer porque ele gostava de mim e de algumas outras pessoas e nós sempre saíamos juntos para comer ou ficar na casa dele; ele realmente queria ter um grupo de amigos durante essa experiência. Eu perdi contato com ele, mas ele é muito legal. Excêntrico, mas legal, e foi interessante estar nas sombras com ele em público. Foi o meu primeiro gosto de como ser uma celebridade deve ser e ter pessoas querendo seu autógrafo e ter pessoas tirando fotos de você. Foi esclarecedor para mim, como é ser uma celebridade e ser famoso.

A fama tem seus pontos positivos e negativos.

Isso me ensinou muito. Eu percebi que Val tinha que realmente prestar atenção no que dizia. Então eu estava perambulando por Hollywood… e indo em clubes como o Hyde e vendo pessoas famosas e sendo fotografado aqui e ali. Logo após “Os Dez Mandamentos”, eu fiz o Zodiac Show, o primeiro na Music Box, e eu cantei “A Change Is Gonna Come” em uma roupa cheia de penas e glamour.

A mesma música de Sam Cooke que Simon Fuller escolheu para você cantar no “American Idol”. Simon sabia que você tinha cantado a música mais cedo em sua carreira?

Eu não sei. Nós nunca falamos sobre isso, mas o que foi interessante sobre isso foi que eu mudei uma letra nela. Em vez de “tenho medo de morrer”, cantei: “não vejo o que há de errado com um pouco de brilho em volta dos meus olhos”, porque queria que a música fosse sobre o que eu estava lidando em “Os Dez Mandamentos”. Esse estranho e ignorante “Por que você está usando esmalte?” Tipo, essa discriminação estranha porque eu estava me expressando e fazendo pessoas se sentir desconfortáveis com isso e então tudo amarrando minha sexualidade e ser apenas alternativo de qualquer maneira e querendo que a música seja sobre isso. É interessante que isso tenha fechado um ciclo no “Idol”. Realmente estranho e os mesmos problemas. Talvez mais abrangente desta vez e menos pessoal.

E então “Wicked” aconteceu logo após o Zodiac Show. Perto do final da nossa produção de “Os Dez Mandamentos”, houve uma audição para a primeira companhia nacional e o diretor de elenco tinha ouvido falar de mim por causa das críticas de “Os Dez Mandamentos”. Isso realmente me colocou lá. Eu não acho que eu teria sido contratado se não fosse por isso. Eu fui contratado como substituto de Fiyero na turnê nacional e nós ensaiamos em Nova Iorque e isso foi incrível. Foi um ótimo momento para mim porque senti que finalmente tinha conseguido. Mesmo sendo a turnê, era uma produção da Broadway. Foi a coisa mais importante de que eu fiz parte. “Os Dez Mandamentos” queria ser assim e tinha todo esse dinheiro por trás, mas foi um desastre. Então, este era um show de sucesso que eu agora fazia parte e me senti validado por conseguir o emprego.

Você estava no coro, então você estava no palco todas as noites, mesmo que não entrasse como Fiyero.

Oh sim. Eu era um substituto no palco. E nós ensaiamos em Toronto por cerca de um mês antes de abrirmos e nos apresentamos lá por cerca de dois meses e meio. Então eu passei um tempo em Toronto e depois fomos para Chicago. Passamos alguns meses lá e depois aqui em Los Angeles por alguns meses e depois em São Francisco. Naquele momento, seis meses já tinham se passado e eu pensei: “Acho que chega”, e cheguei a esse ponto em que pensei: “É nisso que venho trabalhando por toda a minha carreira no ensino médio e meus 20 e poucos anos. Esse tem sido o objetivo, Broadway”, e eu sabia que provavelmente poderia ir para a produção de Nova Iorque no minuto em que uma vaga fosse aberta, mas eu não estava satisfeito. Provavelmente porque eu estava no coro. Eu não vou mentir. Provavelmente foi um passo abaixo da situação em “Os Dez Mandamentos”. O show era maior, mas eu não tinha tanto destaque, nem muita atenção. Eu não estava fazendo o que eu sentia que deveria estar fazendo.

Quantas vezes você conseguiu interpretar Fiyero?

Algumas vezes e foi muito divertido. Eu acho que fui bem, mas foram apenas algumas vezes. O cara quase nunca faltava. Então eu saí. Eu pensei: “Eu quero ser uma estrela do rock”. Durante “Os Dez Mandamentos”, eu tinha um amigo que me incentivou a brincar com o Garage Band e criar minhas próprias coisas, então tudo aconteceu de uma só vez. Eu comecei a brincar com a ideia de gravar. Eu fiquei realmente interessado nisso enquanto estava na estrada com “Wicked”.

Em breve a terceira parte será publicada devidamente traduzida!

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: @ScorpioBert e Shapes of Things

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