Entrevista na Revista Wonderland – Abr/2018

Adam concedeu uma entrevista a Revista Wonderland para a edição de Abril, e aqui já publicamos as fotos deste ensaio. Agora, confira a entrevista traduzida.

Adam Lambert – O show deve continuar

É 2015, meu aniversário de 21 anos e estou na Arena O2 de Londres, prestes a assistir o que vai se tornar um dos meus shows favoritos de todos os tempos. Cerveja na mão, isqueiro pronto para acenar no ar, as luzes se apagam e em segundos a multidão inteira está cantando junto cada palavra.

A banda que estou vendo é Queen + Adam Lambert. Uma colaboração entre as lendas do rock britânico e o cantor americano, a colaboração começou em 2009, quando Adam, então com 26 anos, apareceu no American Idol. “Eu fiz o teste para o American Idol cerca de nove anos atrás com ‘Bohemian Rhapsody’ e descobri que eles [Brian May e Roger Taylor] viram essa performance online.” Ele me conta pelo telefone, de Los Angeles. “Enquanto eu progredia no programa, eles estavam me acompanhando e então eles foram na final, então foi meio que quando nos apresentamos ao vivo juntos pela primeira vez. Foi como esta sensação de – não sei se percebi isso na época – mas houve um conforto instantâneo e uma conexão com eles.”

Terminando em segundo lugar no American Idol (nota: ele foi roubado), Adam lançou seu primeiro álbum “For Your Entertainment” no mesmo ano e manteve contato com Brian e Roger. Dois anos depois, eles pediram que ele se juntasse a eles para realizar um medley especial no MTV EMA 2011, que depois se transformou em um punhado de shows no Reino Unido e na Europa e depois o resto “foi como bolas de neve, crescendo em turnês cada vez maiores” nos anos seguintes; tudo ao mesmo tempo em que equilibrava sua carreira solo. E você pensou que tinha uma semana agitada, né?

“Quando comecei a trabalhar com o Queen, fiquei completamente intimidado com a ideia!” Adam ri. “Eu estava tipo ‘O que? Você está falando sério? Vocês realmente querem que eu faça isso?’ Eu fiquei intimidado pelo que os fãs diriam e provavelmente esperariam de mim. Estar na sombra de Freddie Mercury é de fod*r a cabeça, sabe? Mas ao longo dos anos, me senti mais confortável com o show e o conjunto de músicas. Eu fui de me sentir intimidado e quase enlouquecer, à sensação de que era uma honra continuar carregando a tocha para a banda e para um homem que estava tão à frente de seu tempo e que foi tirado de nós cedo demais. Essas músicas que eles escreveram são atemporais e eu sinto que é um prazer trazer isso para os fãs em todos os lugares.”

Adam não assumiu levianamente o papel como vocalista do Queen. Embora ele tenha uma das vozes mais incríveis do pop e uma tessitura vocal que deixaria Beyoncé com ciúmes, ele está cantando as músicas que o vocalista mais talentoso que já passou pela Terra, cantou. “Eu sabia que seria confuso para um público, e até para mim como cantor, porque eu não quero imitar Freddie, mas ao mesmo tempo eu não posso me afastar muito da gravação original porque eu me apaixonei por elas da mesma forma que os fãs.” Ele explica. “Eu estava tentando descobrir ‘ok, talvez, não foi isso que ele fez com a voz dele, mas é a mesma intenção em um nível emocional ou ao contar as histórias e vamos levar isso em consideração com o que estou fazendo no palco’. Esse foi um estudo realmente interessante.”

“Eu acho que teve uma recepção muito positiva.” Ele continua. “Estou honrado de estar lá em cima e como eu disse várias vezes, sou apenas um fã como as pessoas na plateia! Então, foi como ‘ei, vamos apenas curtir essa música e vamos celebrar Brian e Roger, que faziam parte da melhor banda de rock de todos os tempos, fazendo o que eles nasceram para fazer!”

E comemorar você deveria, porque ver Queen + Adam se apresentar é uma experiência como nenhuma outra. Fazendo o show totalmente seu, Adam é um artista impecável que não tem remorso em ser ele mesmo. Essa é uma característica que ele também mantém fora do palco.

“Eu sou gay e assumido – muito escandalosamente – desde que tinha 18 anos e eu não estava no armário durante o programa [American Idol] ou perto de ninguém.” Adam me conta. “Não foi até o final do programa que percebi que todos queriam que eu saísse, mas eu já estava fora! Eu sempre estive fora. Apenas nunca falei a respeito, porque não tinha nada a ver com o que eu estava fazendo no palco. Não é como se fosse uma grande surpresa com minhas roupas, minha aparência ou minhas escolhas de músicas, sabe?” Ele ri.

“Eu sempre penso comigo mesmo que se eu estivesse em um relacionamento sério na época e meu parceiro estivesse na plateia, provavelmente teríamos falado a respeito. Ou se Ryan Seacrest tivesse me perguntado sobre o homem dos meus sonhos, eu provavelmente teria respondido a sua pergunta, mas isso nunca aconteceu! No momento em que o programa terminou, eu tinha todas essas entrevistas alinhadas e eu era um livro aberto, mas foi interessante porque as pessoas disseram ‘ah, mas você não saiu’ e eu fiquei’, mas eu estava fora,’ eu estava aprendendo as responsabilidades de uma celebridade naquele momento e não tinha entendido completamente a ideia de que, se eu não declarasse publicamente, eu não poderia ajudar os outros!’”

Adam foi o primeiro artista assumido a ter um álbum número 1 na parada da Billboard. Eu pergunto se ele já experimentou alguma homofobia na indústria e ele faz uma pausa. “Eu acho que definitivamente havia mais um elemento no negócio [em 2009], mas eu não achei que as pessoas com quem eu estava lidando eram na verdade homofóbicas, mas eu definitivamente acho que elas estavam um pouco preocupadas com ‘como vamos vender esse artista para as massas?’ Eu conheci muitas pessoas incríveis, mas elas estavam preocupadas com ‘existe uma audiência aqui e uma audiência se sente confortável com isso?’ e eu acho que houve muitas tentativas e muito esforço porque na época não havia nenhum outro artista pop gay na rádio mainstream. Não era algo que se tivesse um plano de como lidar com a situação, então foi definitivamente interessante. Provavelmente, houve alguns casos em que eu posso ter feito coisas que afetaram a viabilidade comercial, mas eu as fazia por motivos pessoais ou porque queria provar um ponto e eu ainda defendo tudo o que fiz”; em 2010, Adam beijou seu baixista sem pudor durante uma apresentação no AMA.

“Foi muita adivinhação e isso foi assustador porque eu estava brincando com fogo.” Ele continua dizendo. “Posso explorar este tópico? Eu posso cantar sobre um cara em uma música? Posso mostrar sexualidade durante essa performance? Muita coisa era tabu e eu sofri alguma retaliação. Foi interessante. Mas agora são nove anos mais tarde e eu estou vendo diferentes artistas pop que estão tão orgulhosos de sua sexualidade e nem parece mais que é grande coisa! Estamos nos mudando para o outro lado, que é onde sempre deveríamos estar.”

Nós falamos sobre alguns dos nossos cantores assumidos favoritos e Adam menciona Sam Smith, Olly Alexander do Years & Years, Troy Sivan e Hayley Kiyoko como algumas das novas estrelas pop abrindo caminho para falar abertamente sobre sua sexualidade e questões LGBTQ. “Eu acho que é a geração mais jovem chegando e com a mente aberta.” Ele me diz. “Eu acho que a indústria da música também se estruturou de forma diferente. Eu acho que há mais poder sendo devolvido para uma audiência, então não temos esses homens de negócios nervosos preocupados com tudo. Podemos apenas colocar música no Spotify ou no Apple Music ou em qualquer plataforma e deixar que o público decida por si mesmo o que é poderoso. Há muito mais liberdade e mobilidade. Eu sinto às vezes como se eu estivesse sentado aqui pensando ‘bem, agora é diferente do que era no começo’, então eu me vi nos últimos dois anos tendo que mudar a forma como eu olho para a minha carreira e para a indústria e tipo ‘oh, eu posso lidar com isso de forma diferente, eu posso tentar isso agora porque as pessoas pensam de forma diferente’.”

Agora, voltando a trabalhar em sua própria música – “Eu acho que os fãs já estão esperando a tempo o suficiente, e eu também!” – Adam está retornando com músicas novas que, esperamos, serão lançadas ainda este ano! Trabalhando entre as turnês com o Queen, suas sessões de composição o fazem puxar influências do pop, rock, soul, disco e funk clássicos para criar, o que ele descreve como, um álbum de som “atemporal”. “Eu realmente tenho tentado explorar o que eu quero que o som e o assunto sejam.” Ele explica.

“Eu quero que seja autêntico e real e algo natural para mim. Por ser uma indústria tão competitiva, é muito fácil se perder com produtores e compositores tentando ser tipo ‘esta é a tendência e este é o som do momento’ e tudo isso é muito legal, mas faz você se perder no jogo e você perde o coração do que está fazendo. Então, eu realmente me concentrei em tentar manter minha própria verdade em tudo e está indo muito bem porque agora sinto que tudo está se encaixando. As coisas estão muito boas. Eu acho que este ano vai ser muito emocionante.” E não podemos deixar de concordar.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fonte: Wonderland Magazine

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One Comment

  1. Bela entrevista. Adam sempre verdadeiro.

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