Adam Lambert entrevista Boy George para a Revista Gay Times, Dez/2017 – 3ª Parte

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Adam: Alguns artistas estão tão isolados que eles estão perdendo o contato com o que as pessoas querem ouvir.
George: Você tem que sair e ouvir o que as pessoas estão dizendo e observar e para mim, como compositor, eu escrevo minhas melhores letras quando estou pescando por aí. Eu não tenho que estar em um ônibus – eu poderia pegar um helicóptero (risos), mas eu gosto dessa contradição maluca. Uma noite você está se apresentando para 20.000 pessoas e então você está a caminho da Waitrose para comprar pepinos em conserva!

Adam: Há alguém com que você não trabalhou ainda, mas gostaria?
George: Bem, Bowie era o maior deles. Esse era um grande sonho meu. Eu o encontrei algumas vezes e ele foi adorável e ele sabia que eu era um grande fã. Ele era muito respeitável, sempre gentil! Eu gosto da ideia de fazer algo com pessoa que você não espera. Eu gostaria de trabalhar com Eminem ou Dr. Dre, ou algo que não deveria acontecer. Às vezes funciona, às vezes, não.

Adam: Fora toda a música que você gravou, qual é a sua obra-prima?
George: “Taboo: O Musical” é meu momento mais completo. Ironicamente, quando eu estava vendendo álbuns, eu nunca recebi boas críticas. Eu venho de uma era onde os críticos realmente te destroçavam e isso era tipo um esporte, então eu nunca esperei que alguém dissesse algo bom sobre o que fiz musicalmente, mas então, eu fiz “Taboo”. Eu recebi uma crítica positiva que me fez chorar. Era sobre uma coisa que significava algo para mim. Eu estava escrevendo sobre personagens que eu conhecia muito bem e a quem eu queria fazer uma homenagem; pessoas que me influenciaram, que foram parte da minha experiência adolescente e foi tão bom pensar “certo, eu vou escrever uma música sobre essa pessoa.”

Adam: Você fez parte do Blitz Kidz. Você meio que estava na cena original de club kids, e olhando para a cultura aqui em Londres hoje, para onde você vê essa cultura seguindo?
George: Eu acho que o que é mais empolgante na atual cena política, é que eu espero que isso gere mais criatividade. Às vezes, você tem esses períodos políticos realmente sombrios e isso meio que faz as flores crescerem, e eu estou esperançoso de que seja isso o que vai acontecer.

Adam: Como um tipo de rebelião?
George: Como uma reação. Obviamente eu não vou a clubes, eu ando por aí, enquanto que quando eu era jovem, eu não conseguia ficar em casa, eu simplesmente TINHA que sair, então, porque eu não estou imerso nesse mundo, eu não sei realmente o que está acontecendo. Eu ouço coisas, aparentemente Dalston é o lugar para ir. Eu sempre sorrio quando eu vejo alguém fazendo um esforço. Não importa que eu já tenha visto isso 100 vezes antes, se é tipo, dreadlocks azuis e coturnos, isso me faz sorrir.

Adam: Porque você sabe que eles estão se divertindo!
George: E não há nada errado como se encaixar, também. A questão é tolerância. É tipo, uma coisa não é melhor do que a outra, mas eu como artista, quero encorajar as pessoas a se expressarem. Isso pode ser um jeans e camiseta!

Adam: Eu gosto do que você disse sobre tempos conturbados, no momento pode parecer desanimador, mas eu acho que está plantando sementes para que as pessoas reajam a isso.
George: Eu cresci atravessando algumas décadas e climas políticos diferentes e eu nunca olhei para um político e pensei “você me inspira.” Eu vou encontrar isso nas tintas e no glitter… não em política. (risos)

Adam: Além do arco-íris! Quando essa edição estiver a venda, a sua primeira capa da Gay Times terá feito 30 anos. Finalmente, como a sua vida mudou desde a sua primeira capa?
George: Bem, ela melhorou! Demorou um pouco, mas definitivamente ficou melhor. Eu acho que a vida é sobre crescer dentro de quem você é. Sabe, Quentin Crisp dizia “você tem que empurrar as suas neuroses pelo seu corpo até que caiam em um lugar onde você pode viver com elas” e eu acho que isso é muito verdade. Eu não acho que tenha muitas neuroses. Eu tenho um tipo diferente de confiança agora, que eu não tinha aos 20, 25, 30 ou mesmo 40 anos, quando eu era tão controlado por forças externas… forças internas. Eu também trabalho mais duro, eu como bem, eu me exercito, eu sou muito consciente do que eu faço comigo mesmo, eu não bebo, eu não uso drogas, então nesse aspecto, a minha vida melhorou. Eu acho que no nosso negócio, ter auto-controle é uma grande revelação. É tipo “Eu não fiz isso, e isso é ótimo!” então eu meio que aproveito esse sentimento de auto-controle, estar no comando e de fato fazer as coisas!

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: Music News, @glamourandgrime, @ScorpioBert (1) e @ScorpioBert (2)

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2 Comments

  1. Obrigada, pessoal!

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  2. Valeu, gostei muito.

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