Adam Lambert entrevista Boy George para a Revista Gay Times, Dez/2017 – 2ª Parte

1ª Parte

Adam: O documentário foi todo sobre o drama!
George: Nós tivemos duas brigas e elas foram, basicamente, transformadas no documentário. Eu ficava pensando “nós nos divertimos!” Quer dizer, sim, eu tive umas rusgas com Jon, mas na verdade, nós gravamos 19 músicas… não mencionaram isso! Isso só mostra que se você não tomar cuidado, uma coisa muito pequena pode parecer algo imenso. Foi um pouco decepcionante. Nós nos divertimos na Espanha, mas não como nessa semana, nós estávamos rindo e isso realmente refletiu nas composições.

Adam: Isso vem da alegria.
George: Sim, vem da alegria. Música é algo que sempre manteve a minha vida inteira, tenho certeza de que é o mesmo com você, mas é algo que, não importa o que tenha acontecido na minha vida, a música sempre foi uma constante. Há sempre uma canção para cada situação, onde quer que você esteja, não importa o quão no fundo no poço você esteja.

Adam: É como remédio. 100 por cento. Compor é estranho. Muda dependendo de quem está no cômodo com você, não é? E eu também tenho a impressão que nesse momento, qualquer coisa se encaixa, no que diz respeito a estilo e gênero.
George: Apesar de ser associado com os anos 80, a década de 70 foi a minha década, quando eu descobri o Glam-Rock, música, moda, roupas, sexualidade. Eu nunca superei Alice Cooper, David Bowie, Rod Stewart e The Faces, Roxy Music, Patti Smith, Blondie.

Adam: Eu acho que a música dos anos 70 foi tudo o que nunca tinha sido feito antes. Era tudo novo. As pessoas criavam seus próprios estilos.
George: Eu sinto que hoje em dia, tudo é meio que uma fórmula. Eu acho que as atitudes em relação as coisas também; todos são colocados em uma categoria.

Adam: Há categorias demais!
George: Crescendo nos anos 70, eu sempre me senti como um forasteiro e sempre gostei disso! Mas quando eu entro em um elevador com empresários e eu estou “montado” eu ainda me sinto um pouco desconfortável e eu estou feliz com isso! (risos)

Adam: Você está entrando em elevadores com empresários… isso parece emocionante! Você acha que esses “forasteiros” ainda existem hoje?
George: Sim, há muitos! Quer dizer, especialmente em Londres, você vai a Dalston e Hoxton, e lá tem esses jovens fazendo sua própria versão disso, e eu acho que é muito importante não ser cínico demais, porque não há realmente nada que não tenha sido feito antes, então tudo o que lhes resta é interpretar, e isso é tão válido quanto.

Adam: Eu sinto que há um novo movimento acontecendo entre os jovens hoje, e meio que ecoa o que aconteceu nos anos 70 com essa coisa de gênero neutro, fluído, pessoas são mais andróginas!
George: Eu quero saber como você se sente sobre isso, porque eu acho que sou um pouco antiquado, eu meio que penso – quantos sabores podem existir? Eu acho que há meninas e meninos e há pessoas que gostam dos dois. O que mais existe?

Adam: Eu não gosto de todos esses rótulos.
George: É um tempo interessante, porque nós temos tanta liberdade em alguns aspectos de como nos comunicamos uns com os outros, e eu acho isso fascinante!

Adam: Pergunta aleatória: você disse que tem uma faixa inédita com George Michael, isso é verdade?
George: Eu fiz um show com George para a Capital Radio, para um tipo de caridade e nós cantamos uma versão de uma música minha chamada “Freedon”. Nós tivemos a oportunidade de regravá-la para ser transmitida e George não ficou feliz como ele soou, apesar de que ele soava incrível, eu devo dizer, mas nunca aconteceu e a música foi esquecida na prateleira.

Adam: Há alguma outra colaboração que você criou que nós, o público, não ficamos sabendo?
George: Não. Eu tive algumas experiências incríveis nesse aspecto. Eu cantei com Luther Vandross, eu cantei com Stevie Wonder. Smokey Robinson, Dionne Warwick. Quer dizer, quando eu era jovem e mais cheio de medos, eu adoraria ter a oportunidade de fazer essas coisas agora.

Adam: E essas foram colaborações ao vivo?
George: Colaborações ao vivo e as mais aterrorizantes! Você só pode imaginar como é cantar com Luther Vandross. Eu queria poder fazer isso agora, porque eu era tão jovem e inexperiente e eu não sabia quem eu era, eu não conhecia realmente a minha voz. Eu estava aterrorizado! Eu lido com meu trabalho com uma atitude tão diferente hoje, quando você tem 19 anos, você pensa “Isso vai continuar para sempre.”

Adam: Você meio que está preso a outras coisas!
George: É! O nível de clareza que eu tenho na minha vida agora. Eu não sei como eu cruzei a estrada! (risos) Eu não sei como fiquei ponderado.

Adam: Você diria que o estilo de vida que você tinha é parte disso?
George: Sim! Eu pratico o Budismo agora. Eu tenho um ritual diário que eu faço e me ajuda muito a manter os pés no chão e me deixa focado no que é importante. Eu faço muita meditação e se eu estou numa situação onde eu talvez perca o controle ou fique com um pouco de medo, eu só vou sentar em algum lugar. Eu acho que se chama ‘mindfulness’. Eu faço uma escolha e penso “Eu não preciso fazer isso.”

Adam: Eu acho que isso vem com a idade, também. Você sabe seus limites e quando precisa se reagrupar.
George: Eu não sei você, mas eu adoro ficar sozinho. Eu gosto da minha vida e de ter companhia, mas eu amo essa oportunidade de ir para casa e assistir TV comendo porcarias. (risos)

Adam: Como eles chamam isso? É tipo, extrovertido introvertido.
George: Isso é muito geminiano.

Adam: Eu acho que sou daquele tipo de pessoa que pode ser super social e falante, mas então, eu tenho que ter um tempo só para mim. Então, ainda falando de música, que tipo de música contemporânea você tem ouvido?
George: Essa é sempre difícil. Eu amo Planningtorock. É bem eletrônica. Ela usa essa prótese de nariz, então você sabe, é claro que eu vou amar! Eu amo o Spotify porque você tem aquela coisa, toda semana, tipo o radar de lançamentos, e eles entendem muito bem o tipo de música que você ouve.

Adam: Eu amo o Spotify porque eu sinto que, sim, eles estão trabalhando com as grandes gravadoras e todo o sistema comercial, mas as pessoas no comando realmente amam música.
George: Minha outra obsessão é o Pinterest. Eu tenho quadros para tudo; comida, sopas, drinques…

Adam: Chapéus!
George: Chapéus, moda, tudo o que eu vejo, eu amo fotografia e eu gosto de guardar imagens, então eu literalmente tenho centenas, sob nomes diferentes, então, ninguém sabe! Eu estava no YouTube e vi uma versão de “Creep” por Chrissie Hyde, e é sempre um erro ler os comentários, mas eu não pude evitar! Então, eu estou correndo os olhos por ali e alguém escreveu “bem, essa é uma música muito boa, considerando que é antiga” e eu respondi e disse “bem, você é mais velho hoje do que era ontem, e ainda tem valor.” Eu não sei você, mas eu respondo quando alguém fala algo sobre mim, e eu digo “Você sabe do que está falando?” (risos)

Adam: Voltando a música contemporânea, você acha que a música era melhor ou pior nos anos 80?
George: Eu acho muito perigoso começar a dizer que as coisas eram melhores, porque você começa a soar muito velho! Se você quer algo que seja realmente diferente, você provavelmente não vai encontrar nas rádios. Todos os meus amigos são obcecados por música, então se algo acontece eu vou receber uma ligação. Com Major Lazer e “Pon de Floor,” quando o vídeo saiu, meu amigo me mandou isso e disse “você vai ficar louco por isso, quando assistir” e eu fiquei.

Adam: Isso é bom para a inspiração!
George: Eu saí na semana passada para comprar uns cabides. Eu mexi meu traseiro e fui comprar uma caixa de cabides. Eu entrei no metrô e voltei com eles. E eu fiquei pensando enquanto estava parado lá na chuva, esperando o ônibus… eu poderia ter mandado alguém fazer isso para mim, mas não, é muito bom estar no mundo lá fora. Eu acho que se você está numa torre de marfim, você chega a um ponto onde não tem nada mais sobre o que escrever.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: Music News, @glamourandgrime, @ScorpioBert (1) e @ScorpioBert (2)

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