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06mar2017
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[ENTREVISTA] Folha de S.Paulo entrevista Nile Rodgers
O produtor e guitarrista Nile Rodgers, amigo e colaborador de Adam Lambert, concedeu uma entrevista ao Jornal Folha de S.Paulo (Brasil) a qual foi divulgada neste fim de semana (05/03). Nile será uma das atrações do palco Sunset do Rock in Rio deste ano, onde tocará com sua banda Chic no dia 17 de Setembro. Confira a entrevista na íntegra abaixo, na qual ele cita o Adam.
Produtor de Bowie e Gaga vê racismo em prêmiações musicais e diz temer Trump O americano Nile Rodgers foi um dos nomes mais importantes da música disco nos anos 1970 e 1980, mas ficou mais conhecido por seu trabalho fora do palco, produzindo álbuns de lendas do pop e do rock como David Bowie e Madonna. Mais recentemente, tocou com Lady Gaga e ganhou um Grammy pelo hit “Get Lucky”, que compôs com a dupla francesa Daft Punk.
Rodgers interrompe a gravação de seu novo disco para falar por telefone com o repórter Bruno Fávero sobre sua carreira, Donald Trump e o racismo na indústria musical. Neste ano, ele será uma das atrações do palco Sunset do Rock in Rio, onde toca com sua banda Chic no dia 17 de setembro.
A entrevista à coluna foi concedida poucos dias depois de a cantora britânica Adele levar o Grammy de melhor disco do ano por “25”, superando o aclamado “Lemonade”, de Beyoncé, e suscitando debates sobre um suposto viés racista das premiações.
“A indústria musical é tão racista quanto os Estados Unidos são, é um reflexo do país”, afirma Rodgers. “Eu sou um multimilionário e, quando dirijo na rua e vejo um policial, fico preocupado. É parte do nosso sistema, viemos aqui como escravos, não em navios românticos.”
Ele próprio já esteve no centro de uma discussão sobre racismo na música. Isso porque nunca havia sido nomeado para o Hall da Fama do Rock’n Roll, apesar de ter produzido discos icônicos e feito muito sucesso com a Chic, que tem hits como “Good Times” e “Le Freak”. Em dezembro, Rodgers entrou na lista, mas sua banda teve o nome recusado –pela 11ª vez.
Sem disfarçar a decepção pelas rejeições, ele acredita que o resultado foi, sim, influenciado por preconceito contra a música disco e, em parte, pela questão racial. “Acho que nessas organizações [como o Grammy e o Hall da Fama] as pessoas se baseiam na própria visão de mundo. E, na maioria das vezes, as pessoas que votam veem o mundo de uma perspectiva branca.”
Rodgers também critica o governo Trump, do qual diz “ter medo”, e afirma “nunca ter visto o país do jeito que está”. Fundador do projeto We Are Family, que organiza palestras nos EUA com “jovens líderes” de todo o mundo, ele conta que cinco de seus convidados não conseguiram vistos para ir ao país por conta das restrições à imigração impostas pelo novo presidente.
Apesar da oposição a Trump, Rodgers e outros artistas enviaram uma carta ao novo presidente logo após as eleições, dando parabéns a ele pelo resultado e pedindo uma reforma nas leis americanas de direitos autorais. Ele reage com aparente irritação quando o episódio é mencionado, mas justifica: “Se você vai ter uma luta, precisa começar sabendo contra quem vai lutar”.
Dos tantos nomes com quem já trabalhou, diz que tocar com Bowie “foi um dos momentos mais divertidos” da sua vida e “olhando para trás, também o mais histórico”. Entre outros trabalhos, Rodgers produziu o disco “Let’s Dance” (1983), até hoje um dos mais vendidos do britânico.
No ano seguinte, fez “Like a Virgin” com Madonna, primeiro trabalho da artista a atingir o topo das paradas. Conta que após duas semanas trabalhando com a cantora, percebeu que um dia ela seria “a maior estrela do mundo”.
“Ela era determinada, trabalhava muito. Só as pessoas que trabalham como ela atingem esse nível. Pessoas como Madonna e Lady Gaga, que fazem tudo para ser ‘performers’. Basta ver o Super Bowl deste ano, por exemplo [em que Lady Gaga se apresentou]: é uma apresentação de dez minutos, mas que envolve um nível de preparação inimaginável.”
Apesar de falar com animação sobre parcerias passadas, a conversa sempre volta para os trabalhos recentes. O atual é com o cantor pop Adam Lambert. “Vários projetos começam assim do nada. Estou tocando em casa ou no estúdio e um amigo me liga querendo fazer algo. Foi assim com Bowie, com o Daft Punk e agora com Lambert. Minha vida é bem ok”, diz.
Fã de música brasileira, Nile conta que “cresceu ouvindo Tom Jobim”, bossa nova e samba. Também tocou com “vários artistas” daqui, entre eles Caetano Veloso. A experiência de que mais gostou, porém, foi um show com o Jota Quest no ano passado no Brazilian Day de Nova York. “Foi meu trabalho mais recente [com brasileiros] e nos divertimos muito”, diz. “Havia tipo um milhão de pessoas na plateia. Foi inacreditável”.
Autoria do Post: Josy Loos
Fonte: Folha de S.Paulo
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