Revista Época entrevista Adam Lambert

Queen + Adam Lambert abre Rock in Rio com nostalgia e novidades

Em entrevista exclusiva, o novo vocalista da banda conta como enfrenta o desafio de assumir o lugar que já foi de Freddie Mercury

Por Marisa Adán GIl

Ele aceitou um dos piores empregos do showbusiness, substituir o maior showman de todos os tempos. Ao subir ao palco na noite desta sexta-feira (18) para cantar ao lado do Queen, na abertura do Rock in Rio, Adam Lambert, 33 anos, topará mais uma vez a missão quase impossível de assumir o lugar que já foi de Freddie Mercury – desta vez, diante de uma plateia de 85.000 pessoas.

“Nos primeiros shows que fizemos juntos, fiquei bem assustado. Eu sabia que estava pisando em um terreno sagrado”, diz Lambert, que cantou ao lado do Queen pela primeira vez no reality show American Idol, em 2009. “Havia uma armadilha ali. Eu não poderia imitar o que o Freddie fazia, porque isso seria terrível, mas também não teria como me afastar muito do original, já que seria sacrilégio. Para encontrar esse equilíbrio, tentei descobrir qual era a intenção original das canções, o que elas deveriam provocar no público. Foquei nisso e todo o resto ficou bem mais fácil.”

Quem esteve no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, na última quarta-feira, pôde sentir o efeito explosivo dessa colaboração improvável. Em seu primeiro show no país (eles também tocam segunda, dia 21, em Porto Alegre), Queen + Adam Lambert levou a plateia ao êxtase com clássicos do grupo e performance impecável do guitarrista Brian May e do baterista Roger Taylor, os dois remanescentes da formação original. Lambert mostrou-se seguro em clássicos como “Bohemian Rhapsody”, “Somebody To Love” e “The Show Must Go On”

Em entrevistas, o cantor costuma dizer que, em geral, leva de três a quatro músicas para os fãs mais céticos do Queen descruzarem os braços e curtirem o show. “Mas, em São Paulo, senti que o público estava comigo desde a primeira música. Foi eletrizante.”

A apresentação desta sexta no Rock in Rio deve seguir o mesmo roteiro da capital paulista. Sem estragar as surpresas, pode-se dizer que o espetáculo inclui efeitos especiais bombásticos, bem ao gosto da banda, e diversas homenagens a Freddie Mercury. Em dois momentos – na balada “Love Of My Life” e no bis –, a banda faz referências às duas históricas apresentações de 1985, quando o grupo abriu o primeiro Rock in Rio, com Freddie Mercury nos vocais. “Eu sei o quanto esse show é importante para a banda”, diz Lambert. “Eu estou pronto. Não vejo a hora de subir naquele palco.”

Os fãs do Queen poderão se surpreender com a inclusão no repertório de uma canção solo de Adam Lambert: “Ghost Town”, que está no álbum mais recente do cantor, “The Original High”, lançado em junho deste ano. Brian May já havia emprestado seus solos de guitarra para “Lucy”, outra faixa do CD. Mas é a primeira vez que o Queen interpreta uma música de Lambert no palco. “A ideia foi do Brian”, diz Adam. “Ele queria transformar a música, originalmente mais dançante, e dar a ela um ar mais roqueiro. Eu adorei a ideia de promover o encontro entre esses dois mundos.”

“Ghost Town”, que vem sendo executada regulamente nas rádios brasileiras, marca uma mudança de estilo para o astro pop. “Meu primeiro álbum era mais teatral, a minha interpretação do estilo glam. No segundo, segui uma linha mais conceitual. The Original High tem um som mais moderno, dançante, com forte influência da house dos anos 90.” Na produção, estão Max Martin e Shellback, responsáveis por sucessos radiofônicos como “Moves Like Jagger”, do Maroon 5. Nas letras, o cantor aborda uma busca elusiva pela felicidade. “Muita gente passa a vida correndo atrás de uma sensação de prazer que tiveram um dia, mas não sabem como ou onde encontrar. O álbum é sobre isso.”

Enquanto excursiona com o Queen pela América do Sul, Adam planeja o futuro de sua carreira solo – em janeiro, ele inicia turnê na Austrália. “Trabalhar com músicos experientes como Brian e Roger me deixou muito mais confiante. Eles me lembraram qual era a essência do meu trabalho. Não se trata de vender discos, e sim de deixar as pessoas felizes.” O Queen deixou marcas profundas na carreira – e na pele – do cantor. Quem prestar atenção no telão durante o show verá a letra “Q” tatuada no braço direito de Lambert. “Eu queria ter algo que sempre me fizesse lembrar da banda”, diz. O que mais admira nos veteranos Brian May, 68 anos, e Roger Taylor, 66 anos? “A alegria que eles ainda têm em subir ao palco, mesmo depois de todos esses anos. É simplesmente contagiante.”

Autoria do Post: Josy Loos
Fonte: Revista Época

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