Radio.com: Adam Lambert em “The Original High”, cover dos anos 80, Queen e Broadway

Já havíamos publicado aqui trechos em vídeos da entrevista abaixo, realizada no final de Junho (25), com a Radio.com de Chicago (EUA). Agora, confira a entrevista completa a seguir:

Entrevista: Adam Lambert em “The Original High”, cover dos anos 80, Queen e Broadway

“Eu estou em um lugar agora onde estou me reconstruindo”

Adam Lambert está de volta com seu novo álbum depois de três anos, “The Original High”. E muita coisa mudou desde seu “Trespassing” em 2012. Ele trocou de gestão, gravadora e sim, e ocupou o lugar do seu ídolo Freddie Mercury quando ele fez uma turnê pelo mundo como vocalista do Queen. Nós falamos com ele sobre sua nova música, claro, e também do mal falado álbum de covers dos anos 80 que levou a sua separação com sua ex-gravadora RCA. Ele também falou sobre o porquê dele não ter feito nada na Broadway ainda, apesar de sua experiência no teatro musical. E nós também explicamos o “rockismo” para ele.

Radio.com: Então o álbum começa com “Ghost Town” que inicia apenas com você cantando e um violão.
Adam Lambert: Eu sempre me senti confortável cantando grande, alto, lamentações, é meio que a minha assinatura. Mas com esse álbum, eu meio que queria ser pouco mais íntimo. Coisas que são um pouco mais temperamentais e explorar a parte inferior da minha voz. “Ghost Town” começa bem “mínima”, apenas minha voz e um violão. É muito vulnerável. Essa é uma das razões que eu amei tê-la como o primeiro single: para me re-introduzir, depois de alguns anos.

O começo da música apela para o “rockismo”.
Que?

Você já ouviu o termo “rockismo”?
Não, eu nunca escutei isso… Rockismo?

É a ideia de que uma música tocada com instrumentos reais são mais autênticas que aquelas que usam amostras, computadores, etc.
A ideia do rockismo, é geracional. Eu olho para a história do rock, e há todas essas músicas incríveis, e tem todas essas bandas incríveis, e não é algo que é tão popular quanto era há talvez 20, 30 anos. É interessante como as coisas mudaram e os sons foram de certa forma evoluindo. Isso sempre será parte do meu amor pela música, e de onde eu vim. Minha ideia de uma identidade artística era de ser um “rockstar”. Essa ideia foi algo pela qual me apaixonei quando eu quis ser uma artista pela primeira vez. Cantar com o Queen, e toda a experiência do “American Idol” foi bem orientado pelo rock. Isso é definitivamente uma parte de mim, e foi uma parte de como eu me introduzi para o mundo. Mas há mais coisas que eu escuto, e há mais a explorar como um cantor.

E obviamente, você quer sua música produzida e apresentada de uma forma que pode entrar para as rádios em 2015.
Eu quero ser parte de uma tendência, eu quero ser capaz de me conectar com todo mundo. Mas algo legal de se pensar sobre esse álbum é que eu não comprometi os vocais para fazer isso. A voz ainda vem de um lugar real, apenas a estrutura em torno dos vocais que mudou um pouco.

Você provavelmente poderia tocar o álbum ao vivo, com sua banda de apoio.
Sim, o que foi tão animador em fazer uma turnê com o Queen é que eles são bem velha guarda, nós não usávamos música de apoio, nós não utilizávamos cliques nas faixas. Era tudo ao vivo. O guitarrista Brian May nem mesmo usava monitores no ouvido. Era bem tradicional nesse sentido, e eu realmente apreciei isso. Foi uma coisa viva, respirando, a batida flutuava… Foi bom pra mim voltar para essa coisa orgânica. Mas eu também acho que deveria haver apreciação de abordagens diferentes para a música. Não é sobre o que você pode ou não fazer com a tecnologia, é sobre o modo como isso é criado. Com o rock and roll em sua forma mais pura, é confuso, é bombástico, é corajoso; muitas coisas no meu álbum têm uma vibração arrepiante, temperamental.

Quando eu estava escutando a faixa-título, ocorreu para mim que você teve que tirar a maioria das palhaçadas de “rockstar” do seu sistema antes de se tornar de verdade um rockstar.
Ajudou eu ter entrado nisso um pouco tarde. Eu fiz minha audição para o Idol com 27 anos, eu fiz muitas coisas bem loucas antes disso.

Mas você tinha essa vibração de rockstar no início. Mesmo antes de você terminar sua temporada no “American Idol” havia rumores que o Queen estava interessado em fazer uma turnê com você nos vocais. Foi provavelmente uma boa jogada esperar até você ter alguns álbuns seus primeiro.
Eu definitivamente precisava me provar como um artista solo. Se eu não tivesse feito isso, eu não sei se eu teria crédito suficiente pra até mesmo estar no palco com o Queen. Sair diretamente de um reality show para uma turnê com eles seria um exagero. Eu acho que eu tinha que me estabelecer primeiro, antes mesmo de eu ser digno de estar no palco com eles.

Algum tempo atrás eu ouvi que você estava considerando fazer um álbum de cover dos anos 80…
Eu não estava considerando isso! Minha antiga gravadora que estava considerando isso. Forçando isso, na verdade.

Você gravou alguma coisa para esse projeto?
Não. Eu pensei sobre isso por um tempo, por uma semana ou duas. Eu escutei alguma das músicas. Eles queriam que eu me focasse na nova onda do começo dos anos 80. Era uma ideia interessante. Mas eu voltei para falar com eles, e disse que muito das músicas não estava ressoando comigo. Não era onde meu coração estava. Se eu tivesse que fazer um álbum de covers, eu me sentiria mais confortável fazendo algo dos anos 90 ou 70, mas eles não quiseram nem isso. E, de qualquer forma, eu queria fazer um álbum original. Eu fiz cover no “Idol”, cantar com o Queen é como fazer covers – com a banda original, claro. Para mim como artista, era importante fazer uma declaração com a minha própria música. Essa é parte da identidade que eu queria criar, e isso não era uma opção [na minha antiga gravadora].

Uma coisa é Rod Stewart fazer isso, quando ele tem uma carreira de quatro décadas.
Certo… Em um certo ponto em sua carreira, é um projeto legal, mas o tempo não era o certo.

Eu sei que você tem mais datas com o Queen mais tarde esse ano. Quando você se sentiu realmente confortável pela primeira vez assumindo esse papel com eles?
A primeira vez que fizemos isso, nós fizemos um grande show na Europa Oriental e então três shows em Londres, eles correram bem, mas eu não acho que eu estava totalmente confortável com a ideia. Eu ainda estava intimidado por esse conceito. Na segunda vez juntos, alguma coisa mudou, e eu aceitei a responsabilidade naquele ponto, era como se eu tivesse uma atitude de “eu posso fazer isso” que eu não tinha antes. Mas eu escuto as pessoas dizerem “Você é o novo vocalista do Queen” e eu digo, “Bem, essencialmente, sim”. Eu não vejo como uma posição permanente. Isso foi construído como “Queen + Adam Lambert”, então eu sinto isso como uma colaboração. Foi algo que nós fizemos, e as pessoas amaram, e esgotamos todos os shows, e foi incrível.

Depois de fazer uma turnê com Paul Rodgers, eles gravaram um álbum com ele. Vocês já discutiram sobre gravar alguma coisa?
Eu tenho que dizer, eu não vejo o futuro. Algo poderia descer pelo cano. Eu tenho muito respeito por eles. E se for a coisa certa no momento certo, nunca se sabe. Mas na minha mente, nunca teve essa ideia, é mais sobre um evento ao vivo.

Você fez teatro musical antes do “Idol”. Eu fiquei pensando se você já recebeu alguma oferta para atuar…
Glee foi a primeira coisa que surgiu. Eu fiz uma audição pra Glee antes de eu ir para o “Idol” e eu não consegui. Eu estava muito nervoso no primeiro dia de gravações, porque eu não fiz audição, Eles apenas ofereceram para mim um papel. E eu pensava, bem… se eu estragar isso? Mas foi uma boa experiência. Eu senti que aprendi muito.

Mas você recebeu propostas para fazer Broadway?
Eu definitivamente recebi algumas ofertas do mundo da Broadway, que era o que eu fazia antes do “Idol”. Eu fiz um turnê nacional da Broadway com Wicked, eu estava essencialmente trabalhando para a Broadway. É engraçado, eu nunca me mudei para Nova Iorque, eu acho que estava com medo disso. Eu estava lidando com muito medo no começo dos meus 20 anos. Mas antes de eu fazer minha audição para o “Idol”, houve uma encruzilhada em que pensei, “Talvez eu vou me mudar para Nova Iorque”, isso me pareceu como um lógico próximo passo. Mas eu estava frustrado: eu estava trabalhando para essa empresa por quatro anos, e eu era um suplente, eles nem me contrataram para um papel real. Provavelmente porque eu não era o certo para o papel. Mas eu queria subir, eu queria estar envolvido. E eu pensei “Bem… talvez se eu ficar na tv por um minuto, isso irá melhorar meu perfil e eu vou ter mais oportunidades”. Esse era um dos motivos para eu fazer a audição para o “Idol”. Eu não achava que chegaria longe na competição, mas eu pensava comigo mesmo que eu poderia me mudar para Nova Iorque com um pouco mais de notoriedade e isso me ajudaria.

Então, se você pudesse escolher, o que você ia querer fazer na Broadway?
Se eu fosse fazer um musical, eu ia querer fazer algo novo. Eu gostaria de originar algo. Eu não ia querer entrar em algo que o último cara fez. Eu estava ficando frustrado com o teatro para começar. Quando você entra nesses shows que se tornaram uma “marca” – e eu tenho muito respeito por esses shows – mas parece que você fica meio preso em como isso foi originalmente feito no palco, e isso não parece uma boa oportunidade criativa. Eu queria ter alguma escolha em como meu personagem se move, se veste e soa. E com esses shows que foram correndo por um longo tempo, se tornou como um parque temático. “Aqui é onde você fica, você dirá a frase desse jeito, esse é o modo em que cantará essa nota, e você não pode fazer isso de nenhuma outra forma”. Eu odeio que me digam o que fazer. Então isso precisaria ser uma colaboração.

Eu sinto que a Broadway é um lugar mais criativo do que era alguns anos atrás; parece que por um tempo foi feito todos os remakes e shows ao redor do catálogo de artista, e agora há muito mais histórias originais como “Hand of God” e “Something Rotten”, “Wolf Hall” e “Fun Home”.
Eu ouvi que a Broadway é um bom espaço agora, esses shows são bons e as pessoas estão esperando para vê-los, é fantástico. Então, se for o projeto certo que eu sinta interesse, eu poderia entrar nisso. Pra mim, pessoalmente, teria de se sentir diferente. Como alguém que não tem feito teatro desde que era uma criança. Eu acho que o teatro contemporâneo tem um som bem específico e uma mesma abordagem, e muitas pessoas soando do mesmo jeito ao cantar o material, fazer as cenas, isso se torna homogêneo. E é difícil pra mim sentar e assistir aquilo, porque não parece orgânico ou que tenha qualquer vibração. Parece “treinado”. E eu não posso culpar o ator, todo mundo precisa conseguir um trabalho. Mas é com esse estilo que as pessoas dizem “Isso está funcionando. Eu tenho que fazer como ele”.

Não há muitas datas de turnê em seu website, você pretende fazer uma turnê para esse álbum?
Eu gostaria de uma turnê, mas não há planos ainda. Nós temos que ver como as coisas acontecem. Quando você é um artista e tem um histórico de turnês, e eles podem projetar como os números serão, é diferente. Eu estou em um lugar agora onde estou me reconstruindo. Eu vou estar promovendo o álbum até o fim do ano, mas quanto a uma turnê, é uma decisão que tem que ser considerada.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Gisele Duarte
Fonte: Radio.com

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