Revista TIME: Review de “The Original High”
Review: “The Original High” de Adam Lambert é um verdadeiro álbum Pop Depois de dois LPs que não conseguiram atingir seus objetivos diante do potencial apresentado, Lambert finalmente acha colaboradores que o ajudaram a desabrochar seus talentos
O vice-campeão do American idol, que tornou-se um tipo de roqueiro glam suave, teve alguns problemas, como todos os finalistas do programa tiveram, em se decidir por sua música. Seu último álbum de estúdio, “Tresspassing”, é vagamente lembrado através dos seus singles principais: a indigesta balada “Better Than I Know Myself” e um pedaço energético do carisma de Bruno Mars, “Never Close Our Eyes”. Não representaram muito nas paradas e tampouco conseguiram representar bem o álbum como um todo. Para se ter uma noção melhor dessa irregularidade, cita-se como exemplo a música produzida ´por Pharrell, “Kickin’ In” ou a faixa com a colaboração de Sam Sparro e Nile Rodgers, “Shady”, descolada, sexy e quase dos anos 70.
Nada disso soa particularmente incomum, pois Pharrell afinal, produziu uma quantidade enorme de músicas pop em 2013, bem como Nile Rodgers, colegas da era disco, que têm diploma de sessões musicais, top 40 – mas observe as datas, “Tresspassing” foi lançado em 2012, um ano antes das canções onipresentes do verão, “Blurred Lines” e “Get Lucky”, e bem antes de todos os outros lançamentos, como Maroon 5 para Ed Sheeran, que também caracteriza esse tipo de produção disco-funk. Os artistas pop que estão emergindo atualmente, normalmente são difíceis de serem classificados segundo seu estilo de música, pois eles estão muito verdes para pertencerem a determinado grupo. Esses artistas muitas vezes gravam álbuns que parecem estranhamente prescientes, desde a coquete Ariana Grande, no álbum “Yours Truly” com seu estilo pop retrô por um lado, e a ícone pop gritante de outro. Adam Lambert, ao que parece, pode ter ido simplesmente à frente do seu tempo.
Lambert desde então, trocou de gravadora sob a alegação de “diferenças criativas”, um eufemismo criado para explicar o seu relacionamento com sua antiga gravadora, que o empurrou à época, para uma gravação de covers dos anos 80, ideia muito aquém das ambições de Lambert. Enquanto isso, Lambert tem a voz – e uma base de fãs religiosamente devota – desde a era pós Idol, suas idas e vindas à Broadway, mudanças de franquia e suas ambições nas paradas de sucessos, que quanto maiores, melhor. Então não surpreende que as duas primeiras faixas de “The Original High“ mostrem Lambert em LA, à moda de anti-herói, numa troca de sexos com personagem e narrativa à la Lana Del Rey, talvez onde “Deus e James Dean” assombrem “o último verão em Hollywood” – e deixem que ele se renda às drogas, sexo, EDM (eletronic dance music, música dançante eletrônica), e os sons do momento. Também não surpreende quem está por trás disso: O inafundável rolo compressor pop, Max Martin e seu protegido Shellback e o novato em música eletrônica, Ali Payami. Pensem o que quiserem de Martin, mas sua primeira rodada com Lambert em “Whataya Want From Me”, foi o segundo single do álbum, co-escrita por Pink – e enviado pelos céus pela alta inicial. Ele permitiu Adam Lambert gravar as músicas pop mais atuais, ao invés de somente baladas poderosas.
O tempo é agora. O som de Lambert combina com o pop-funk atual que é representado pelos artistas Jason Derulo, Maroon 5, Nick Jonas, e a mais nova produção de Max Martin, The Weekend, para não mencionar os destaques, como Sam Smith, Patrick Stump e Bruno Mars. “Ghost Town” não está longe de “Another Lonely Night” de Avicii, ou “Latch” do Disclosure. Frequentemente, ele supera todos esses. Na música tendente para o estilo house, “The Light”, Lambert supera um Sam Smith sem apelar para o vocal histriônico, “Evil In The Night e “Lucy” são exagerados, por um lado positivo, como qualquer single do Fall Out Boy, sem ter que recorrer a qualquer amostra do The Munsters.
As faixas do álbum “Tresspassing” já prediziam tudo isso, é claro, e se você me permitir um pouco de prognóstico pop, “The Original High” prediz algo que vem por aí. Para o melhor ou pior, os artistas masculinos têm a tendência atual de um repertório mais profundo do que as femininas, e a letra de Lambert tende a ser instrospectiva, mas o que é interessante é que esse mau humor soa bem sonoramente. Muito se tem escrito sobre o estado de hibernação do Rythm & Blues, que saiu um pouco dessa forma quando popularizado pelos acordes suaves de Noah Shebib e embora as rádios do R&B tenham mudado esse som, de alguma forma, Payami evoca esse lado em “Underground”, com um vocal desarmador de Lambert, o que lembra o som de Shebib e Alicia Keys em “Un-Thinkable”. Indo mais à frente, nas profundezas, a música “Heavy Fire” sugestiona que alguém tem ouvido Massive Atack – especificamente “Dissolved Girl” e o toque gentil de “Teardrop”. De fato é quase uma vergonha quando o refrão se inflama. Quando Tove Lo, (talvez a espécime feminina mais próxima a Lambert musicalmente falando) se junta a Lambert na melodiosa “Rumours”, adiciona 808 palmas, sintetizadores solitários, ecos vocais extremamente sinuosos e uma cadência draconiana. O resultado é bem mais assombroso do que qualquer música que contenha a letra “get out of the hatorade”, deveria ser.
Para não dizer que o álbum é perfeito, “Things I Didn’t Say” é talvez o sexto melhor “mid tempo” eletrônico (quando uma música não é nem dançante e nem lenta demais, ou seja, meio termo), o que sugere que o álbum tenha muitas outras. “There I Said It”, é teoricamente o tipo de música que Adam quer se manter distante, e a letra não contém tudo o que o título sugestiona. É facilmente considerado o álbum mais coerente que Adam já lançou. Enquanto “For Your Entertainment” foi o álbum de ex-aluno do American Idol, e “Trespassing” foi o trabalho de um artista cujo material foi intermitentemente interessante, “The Original High” é um álbum de pop muito bom, com ambições que nos levam além.
Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Mônica Smitte
Fonte: TIME
Nenhum Comentário