The San Diego Union Tribune: Adam Lambert fala sobre música, fama e orgulho

Adam Lambert fala sobre música, fama e orgulho

O cantor de San Diego e ex “American Idol” discute sobre seu novo álbum, turnê com o Queen e ficar mais e velho e sábio aos 33 anos.

Adeus Glam-rock, delineador, vocais pirotécnicos, glitter e teatralidade exagerada. Olá, maturidade musical e eufemismo.

Isso pode não ter sido o mantra criativo de Adam Lambert, pelo menos não com essas exatas palavras, quando ele estava criando seu novo álbum “The Original High”. Mas o lançamento de onze músicas que saíram na última terça-feira, é facilmente o mais seguro, sofisticado e cuidadosamente calibrado trabalho da potência vocal nascida em Indiana e que viveu em San Diego. Ou, como ele mesmo declarou em sua nova canção: “I’m a grown-ass man” [Eu sou um homem crescido].

Lambert, 33 anos, reforça sua reinvenção artística impecavelmente trabalhada, menos é mais, novas canções e uma capa de álbum simples – seu rosto em preto e branco, com barba por fazer no lugar da maquiagem e nenhum glitter para ser visto.

“Eu acho que cansei de estar sempre exagerado, teatral, essas coisas ridículas, e as temáticas pop nos meus últimos dois álbuns”, ele disse por telefone de Londres, onde ele estava fazendo uma viagem para divulgar seu “The Original High”. É o seu terceiro álbum solo de canções novas depois de sua ascensão ao ficar em segundo lugar na edição de 2009 do reality “American Idol”.

“Eu queria me dirigir de volta para a realidade, para o realismo, autenticidade e coisas que são conceitos universais e qualquer um pode se relacionar com elas”, ele continuou. “Eu apenas queria me conectar com o ouvinte de uma maneira real.”

Mas seus dois álbuns anteriores refletiram a realidade musical de Lambert na época?

“Eles eram uma escolha consciente para entrar nessa realidade teatral”, ele responde.

Lambert não abandonou seu instinto afinado para o pop ou sua propensão para batidas de dança animadas. Ele não adotou uma enxuta versão acústica, não em “The Original High”, que foi produzida executivamente por Max Martin, que recentemente recebeu créditos por hits maiores que a vida, de Taylor Swift, Katy Perry e Maroon 5.

“Menos é mais”

Mas Lambert, que não tem planos para uma turnê nesse ano, está cantando com mais atenção às nuances e as sombras dinâmicas. Ele também está deixando mais espaço em seu canto, ao invés de apenas botar tudo pra fora. O resultado impressionante sugere que ele tem crescido ao perceber que as notas que ele deixa de fora são tão importantes quanto as que ele canta.

“Essa é uma boa observação”, Lambert disse. “Eu não sinto que eu tenha me segurado conscientemente, mas eu sinto como eu não estou tentando me mostrar. Eu estou tentando simplesmente transferir a emoção, de uma forma muito menos sobrecarregada. E eu já tive sucesso com isso no passado, não é como eu nunca tivesse feito uma música sutil.”

“Mas, como um álbum completo, ‘The Original High’ é mais maduro. É meio que sobre amadurecer um pouco e perceber o quão poderoso pode ser quando menos é mais, e isso – exatamente como você disse – algumas vezes simplicidade tem mais poder.”

Perguntado sobre o que ele esperava em seus colaboradores, Lambert respondeu, “Alguém que traria ideias para a mesa, muitas ideias, e alguém aberto a ideias que não eram dele, e talento não machucaria.”

Seu antigo álbum de 2012, “Trespassing” teve a colaboração de Pharrell Williams, famoso por “Happy” e “Blurred Lines”. Claramente, a abordagem de William para produção e gravação difere consideravelmente do que a feita em “The Original High”, co-produzido por Martin e Shellback. Lambert falou muito bem de todos os três.

“Trabalhar com Pharrell foi incrível”, ele disse. “Quer dizer, ele é um gênio. Ele é tão inteligente e eu sou um grande fã de seu trabalho, e tem sido assim por um bom tempo. Pharrell definitivamente tem seu estilo. É seu mundo e sua vibe, e foi emocionante fazer parte dele.”

“Com ‘The Original High’ em contraste, Max e Shellback levaram um bom tempo comigo para entender como meu som seria e para costurá-lo pra mim. É apenas dois jeitos diferente de trabalhar. Eu realmente gostei de fazer os dois álbuns. Com ‘The Original High’, eu sabia o básico, o estilo que eu queria começar. Mas isso realmente entra em foco quando você está no estúdio, criando a música. Depois de você ter várias canções, você vê a linha entre elas e pode preencher as lacunas. Quando você chega no final você pode dizer. ‘oh, eu acho que essa música precisa de ter mais desse estilo, ou humor, ou cor’”.

Ele também se beneficiou de sua parceria com Brian May e Roger Taylor da pioneira banda de rock britânica, Queen. Ele cantou a épica canção de 1977, “We Are The Champions” no “American Idol” com os dois incríveis membros do Queen. (Lambert fez sua audição para o show cantando outro clássico do Queen, a quase ópera de 1976, “Bohemian Rhapsody”).

May e Taylor posteriormente convidaram Lambert – um grande admirador do vocalista do Queen, Freddie Mercury, que morreu em 1991 – para se apresentar com eles em 2012 e todos anos depois isso. Eles se juntaram para uma turnê na Europa, América do Norte, Ásia e América do Sul sendo chamados de Queen + Adam Lambert. May é colaborador de “Lucy”, uma canção de destaque nesse novo álbum de Lambert.

O cantor riu quando perguntado o que ele aprendeu, não apenas por se apresentar com o Queen, mas também por conversar com Taylor e May no ônibus da banda durante a turnê.

“Não se preocupe com as pequenas coisas”

“Obviamente, eu peguei muito deles no palco”, ele respondeu “As músicas deles são inacreditáveis, e não é fácil cantar essas músicas. Eu aprendi uma tonelada sobre técnica. E, pessoalmente, a coisa mais fabulosa – porque eles são Queen e a realeza do rock – eles têm um jato, não um ônibus! Então isso foi emocionante.”

“Eu acho que eu peguei o senso deles de olhar o quadro maior. Eles estão nesse negócio há tanto tempo e viveram vidas plenas, então eu aprendi a não me preocupar com as pequenas coisas como eu fiz no passado. Eles veem o quadro maior e tem orgulho do seu trabalho. Outra coisa que eu peguei deles é que não é apenas seu trabalho e carreira, você também tem que prestar atenção a sua vida e ao seu coração.”

Lambert não tinha nem 10 anos quando ele deu seu coração para a música.

Ele fez sua estreia nos palcos no Teatro Lyceum em San Diego em 1991 com o Teatro Educacional Metropolitan apresentando “Yo’re a Good Man, Charlie Brown”. Em 2000, logo depois ele se graduar na Mt. Carmel High School, ele ganhou uma boa review de um crítico do Teatro San Diego Union-Tribune, Pam Kragem, pela sua performance no Moonligh Amphitheatre sendo Doody no musical “Grease”. “Você fez sua pesquisa, senhor!”, Lambert disse “Sim, San Diego!”

Sua epifania musical, no entanto, não veio de “Grease” ou “Charlie Brown”.

“Eu acho que eu estava com uns 12 ou 13 anos, e eu estava trabalhando no Metropolitan por um tempo e amando”, ele lembra. “Nós estávamos fazendo ‘Fiddler on Roof’ Eu acho que era no Poway Center for the Performing Arts, e eu era um soldado russo (Fyedka) que tinha um grande vocal (‘To Life’). Eu sentei na mesa e segurei aquela nota o mais tempo que eu consegui – aquela grande, poderosa nota de tenor.”

“Eu conseguia fazer por mais tempo e no tom mais certo do que qualquer outra criança, e eu consegui o apoio de todos. Todo mundo aplaudiu e eu me senti bem que eu consegui fazer as pessoas aproveitarem aquele momento. É a memória mais clara para mim, quando eu penso nisso. Foi um momento de aprendizagem que me fez pensar que eu tinha algo de especial.”

Lambert foi inspirado por algum talento musical de San Diego que alcançou o estrelato, de Tom Waits e Well até Blink-182 e P.O.D?

“Quando eu estava no ensino médio, eu descobri que Blink-182 era de San Diego”, ele respondeu. “Isso foi emocionante e definitivamente criou um burburinho pela escola. – que eles eram do nosso bairro. Mas eu não tinha aspirações de entrar no mundo da música naquela época.”

Lambert mudou para Los Angeles quando ele tinha 18 anos e participou de uma temporada como substituto em “Wicked” mas que não deu muito certo e o tirou do mundo do teatro musical (“Aquilo não estava sendo pra mim o que eu pensei que seria”). Ele formou uma banda e cantou em todos os lugares que pode.

Ele riu quando perguntado sobre seu pior dia de trabalho em Los Angeles e se inspirou ele a escrever uma música sobre.

“Eu trabalhei em vários empregos de varejo, ingratos empregos de varejo, no começo dos meus 20 anos”.

Ele riu novamente. “Eu nunca escrevi uma música sobre isso, não foi um dos tempos favoritos da minha vida. Calça de brim dobradas não são um destaque!”

Então, graças ao “American Idol” em 2009 veio o estrelato, seu primeiro álbum solo e turnê, Queen e muito mais. O caminho para o estrelato tem sido gratificante e desafiador, como Lambert prontamente reconhece agora.

“Oh, cara, tem tantas coisas que eu não sabia antes de chegar nele”, ele disse.

“Como fãs da música, é realmente fácil pensar que algo vai para uma direção, então você descobre que é em uma outra direção. Você descobre o quanto de negócios faz parte o negócio da música. Há muita política e finanças envolvidas. É mais complicado do que qualquer um percebe e eu ainda estou aprendendo meu caminho através disso. Felizmente, eu aprendi muito e é importante você ter o
time certo com você, e eu sinto que tenho isso agora.”

Seis anos depois do “Idol” o lançar ao centro das atenções, Lambert é mais velho, sábio e mais confortável com ele e com quem ele realmente é. Ele ressalta seu crescimento em “There I Said It”, uma balada de seu novo álbum que mostra ele orgulhosamente se referindo a ele mesmo na letra da música como um “um homem crescido”.

“Eu acho que essa frase faz as pessoas rirem”, ele reconhece. “Mas eu dizendo que sou ‘um homem crescido’ é uma maneira de dizer que eu cresci. Eu definitivamente sou um pouco bobo, mas essa canção é uma espécie de hino desafiante sobre não se desculpar por ser quem você é. É sobre se erguer e não se esconder nas sombras, e ficar animado sobre ser exatamente como você é. Eu estou muito feliz com essa canção. É o momento do álbum que me permite fazer uma declaração, e é uma balada bem preenchida.”

Ele estava se escondendo nas sombras antes de alcançar a fama – e antes de toda essa grande publicidade quando ele se assumiu em 2009 durante uma entrevista para a Rolling Stone?

“No início eu tinha minhas próprias lutas sobre quem eu era e minha identidade na indústria da música”, Lambert disse. “E antes disso, com audições para peças, houve uma certa quantidade de conformidade sobre como as coisas tinham que acontecer. Eu estava pensando, ‘oh, eu tenho que ser dessa maneira ou as pessoas não gostarão de mim e eu não conseguirei o trabalho.’ Agora, eu sinto que estou em um lugar – e com essas canções – que eu não vou me comprometer.”

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Gisele Duarte
Fontes: @UnionTrib e The San Diego Union Tribune

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