Billboard: Adam Lambert sobre criar laços com Sam Smith, seu novo som e seu “lado negro”

Adam Lambert sobre criar laços com Sam Smith, seu novo som e seu “lado negro”

Adam Lambert parece estar pronto para chutar alguns traseiros. Passeando por uma cobertura na marcante Chateau Marmont, em Hollywood, o cantor de 1,85m se destaca do grupo de assistentes enquanto usa botas plataformas de clubes noturnos que o deixa uns bons quinze centímetros mais perto do teto. Para completar o visual, Lambert está vestindo calças super coladas e uma regata preta colada, deixando seus braços a mostra. Braços esses que agora são musculosos e pesadamente tatuados, com a maior parte da tinta adicionada nos últimos dois anos. É um look radiante e cru para o que costumava reviver o Glam Rock e mais adequada para o cara que fala sobre sua inabilidade de conter seu “lado negro”.

“É difícil para mim ficar feliz com as coisas”, diz ele. “Mesmo quando as coisas estão indo bem, eu tendo a olhar para o lado negativo e ser extremamente crítico comigo mesmo. Eu acho que estou procurando por algum tipo de resposta.”

Após seis anos sob os holofotes, Lambert, 33, ainda está tentando encontrar a si mesmo e a sua zona de conforto no mundo da música. Seu terceiro álbum de estúdio, “The Original High” (lançamento dia 16 de Junho), traz um novo som meio que inspirado na música Dance europeia com a ajuda dos mestres do pop Max Martin e Shellback (Taylor Swift, Maroon 5), letras mais sombrias – solidão é um temo recorrente – e uma nova gravadora, Warner Bros., após se separar da RCA por conta de diferenças criativas em 2013.

“Muitos de nós passamos pela vida tentando recriar uma sensação que já aconteceu antes e isso faz com que fiquemos correndo em círculos, perdendo tempo”, Lambert diz suavemente. “Não é disso que se trata a vida”.

Criado em San Diego, onde sua mãe trabalhava como uma designer de interiores e seu pai trabalhava como um profissional de Software, Lambert começou como uma anomalia do American idol. Um roqueiro sexualmente ambíguo com um dom para gritos de ópera e inúmeros visuais cheios de couro no meio de cantores pops. Ele terminou em segundo lugar e revelou ser gay logo depois na capa da Rolling Stone. Nenhum dos dois prejudicou sua carreira: Seu lançamento em 2010, “For Your Entertainment”, lançou dois hits no top 10, “If I Had You” e “Whataya Want From Me”. Seu álbum seguinte, “Trespassing” (2012), era ainda mais glam e exagerado. No mesmo ano, ele começou uma nova fase em sua carreira como o vocalista do Queen em uma turnê. Uma estranha reviravolta para um jovem popstar, com certeza, mas uma que pareceu muito com “destino”, diz Lambert: ele cantou “Bohemian Rhapsody” na sua audição para o American Idol.

Esses eram bons tempos. Mas então, diz Lambert, ele enfrentou um crescente desentendimento com a RCA que, após lançar dois CDs do cantor, viu apenas um caminho para o terceiro álbum: um álbum de cover de músicas dos anos 80.

Havia apenas um problema: “Eu não sou um cara dos anos 80”, ele disse. “Eu não conheço a música dos anos 80. Eu tenho muito respeito pela opinião da gravadora, então eu sentei com a ideia e comecei a pesquisar coisas dessa época, mas eu não consegui me conectar com aquilo. Parecia forçado”.

Anunciar a separação com a sua gravadora em Julho de 2013 (apenas três meses após o término com seu namorado de três anos, a estrela de Reality Show finlandesa Sauli Koskinen – foi “assustador”, relembra Lambert. “Quero dizer, o que iria acontecer? Como é a expressão..? Eu estava em uma canoa sem remos”. Tão assustador quanto era a visão de se tornar outro Idol esquecido. “Eu pensei sobre isso também”, ele confessa. “E me senti sem chão, desencantado”.

Ele não teve que se sentir assim por muito tempo. Warner Bros. entrou em contato com ele no dia seguinte e ele assinou com a gravadora. “O caminho dele tem tido seus trancos e altos e baixos”, admite o CEO da Warner, Cameron Strang. “Mas ele tem tudo para ter uma grande carreira. Ele está mais confortável com ele mesmo e com sua visão.”

Ano passado, Lambert se reuniu com [Max] Martin, o sueco ganhador do Grammy por trás dos hits do seu primeiro álbum, que concordou em produzir esse novo projeto com seu parceiro frequente, Shellback. “Adam veio até nós com algo novo que nos inspirou a nos envolvermos pra valer”, diz Martin. “Eu estou bastante empolgado”.

O resultado frequentemente soa mais com EDM (Eletronic Dance Music) do que com pop ou rock. Não é um “álbum dance” por assim dizer, Lambert faz questão de esclarecer, mas é inspirado pelos clubes noturnos, das duas cidades que ele adotou como lar, Los Angeles e Estocolmo, onde a maior parte do álbum novo foi gravado com Martin. “Eu queria algo mais íntimo e realista – um pouco menos do teatro, da afetação, da apresentação”, diz Lambert. O primeiro single, “Ghost Town”, soa como uma música house dos anos 90, mas o refrão (“My heart is a ghost town”) é tudo, menos alegre. “O álbum é bastante honesto”, diz ele. “É sobre o ponto em que eu estou na vida nesse exato momento”.

Onde é isso exatamente? Lambert é aberto sobre ser “louco por rapazes”, mas no fim das contas, sente-se sozinho. “Eu não sei o que eu quero de relacionamentos, o que é provavelmente a razão pela qual eu estou despejando minha energia extra no meu trabalho. Eu estou namorando meu álbum nesse momento. Está indo bem. Temos um relacionamento aberto”.

Música e fama algumas vezes preenchem o vazio temporariamente. “Eu vou fazer um show na TV ou bater algumas fotos, e há tanta coisa acontecendo que isso é realmente divertido. Então eu chego em casa e eu fico meio que ‘Oh, eu estou sozinho’. Parte de mim é independente e outra parte é carente. Eu tenho os dois extremos e eles estão lutando o tempo todo.”

Sempre o “livro aberto” (palavras dele), Lambert tem muito orgulho de ser o primeiro artista masculino abertamente gay a chegar ao topo da Billboard 20. É um assunto que tem surgido bastante recentemente, com outro cantor gay que é a sensação vocal do momento e seguiu seus passos: Sam Smith.

“Nós conversamos sobre como é ser gay e estar na mídia”, diz Lambert. “Mas muito mudou. As pessoas não estão mais tão agarradas a isso. Eu gostaria de acreditar que a mídia não faz mais tanto sensacionalismo em cima disso quanto antes, mas às vezes provam que eu estou errado”.

Um espetáculo da mídia que ele tem acompanhado recentemente, como o resto do mundo, é o caso da Caitlyn Jenner. “O poder que a Caitlyn tem é que ela pode lentamente mostrar em ensinar todo mundo como a transição é do começo até o fim, e desafiar a percepção das pessoas”, diz Lambert. “É importante ter o efeito cascata no meio mais popular para que as pessoas possam começar a observar isso e ficarem mais confortáveis com a ideia. Qualquer movimento nessa direção é positivo.”

Lambert sempre foi a favor de movimentos progressistas. Ele pode nunca encontrar seu lugar – mas ele não está certo se ele quer. “A vida é sobre experimentar novas coisas”, diz ele. “Se trata de entrar em novos relacionamentos e aventuras e viajar. É o que me motiva a continuar seguindo em frente. Algo tipo, o que vem a seguir?”

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Mariana Lira Diniz
Fonte: Billboard

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