Tradução da Entrevista na Revista NOTION – Abril/2015


Crédito: Notion / Darren Black

Conforme postamos aqui anteriormente, Adam Lambert é capa da 69ª edição da Revista NOTION (Londres). Já publicamos aqui também algumas fotos em HQ deste phothoshoot. Agora, confira a tradução completa desta entrevista exclusiva, bem como os scans do artigo abaixo:

Adam Lambert: O retorno de “The Original High”

Texto: Michael Cragg
Direção de Arte: Alexis Knox
Fotografia: Darren Black
Estilista: Kiera Liberati & Alexis Knox
Penteado: Jay Doan @ Butchers Salon using Evo
Maquiadora: Stephanie Stokkivik usando Bobbi Brown / cosméticos
Assistente de Moda: Leon Rowan

Adam Lambert se encontra em uma posição curiosa. Não geograficamente – a menos que você ache um estúdio perto do “Skatepark” em Mile End, Londres, curioso, que pode ser – mas em termos de onde ele se encaixa na galáxia complicada do pop exibicionista. O vice-campeão do American Idol que se tornou vocalista do Queen, está à beira de uma mudança que poderia fazer ele cumprir seu destino – se tornar um dos maiores popstars do mundo – ou voltar a ser o vocalista para os gigantes e amados ‘pai do rock’.

Mais tarde esse ano, Lambert vai lançar “The Original High”, seu terceiro álbum, e o primeiro a ter como diretores executivos os dois maiores produtores do mundo: Shellback (Marron 5, Usher) e Max Martin (responsável por todas canções pop incríveis dos últimos 20 anos).
Liderado pelo single “Ghost Town” que foi influenciado pela latejante batida house do Reino Unido, o álbum que leva a voz gigantesca de Lambert para um tom mais melancólico, mas ainda pop que deve dominar as rádios pelos próximos doze meses. É uma brilhante e ousada declaração de intenções: “Eu quero ser um grande popstar global?” Lambert pergunta, provavelmente retoricamente. “Sim!”

Mas voltando a Mile End; os rumores são que o Adam de 2015 é drasticamente diferente do Adam Lambert que esteve no “American Idol” em 2009, quando lançou seu primeiro álbum “For Your Entertainment” nesse mesmo ano. Diferente, também, do Adam Lambert, que esteve em turnê com o Queen enquanto lançava seu segundo álbum “Trespassing” (que teve uma ótima crítica, mas desapontáveis vendas, 192.000 que é muito baixo comparado ao seu primeiro que vendeu 800.000 cópias apenas nos Estados Unidos). Os rumores dizem que ele amadureceu e se suavizou um pouco, isto é, menos iluminado pelo bronzeamento artificial, com couro sintético e estampas de leopardo e está pronto para ser levado a sério. Por isso foi quase um alívio quando ele entrou pelo estúdio usando uma calça de couro amassada, luvas de couro cravejadas com enfeites dourados e um topete que o faz parecer três centímetros mais alto; como diz em um velho ditado meio modificado “você pode colocar um homem em um terno preto e alisar seu cabelo, mas você não conseguirá tirar dele o seu amor por estampas de leopardo”.

“Na capa do meu primeiro álbum parece que eu fiz a p** de um lift facial!”, Lambert disse sentado em um pequeno sofá, segurando um café, pensando naqueles tempos em que ele se apresentou em 2009 no “American Music Awards” – durante a apresentação ele agarrou um dos membros da banda e causou uma euforia entre os tabloides, o que parece um pouco estranho agora. “No começo, teve alguns momentos que eu estava animado com a ideia de ser chocante, mas quando eu faço meio que uma retrospectiva, penso: huh… interessante” – ele diz com uma sobrancelha perfeitamente feita levantada. “O outro jeito de se entrar nessa indústria – sem ser por uma competição na televisão – acontece muito mais devagar – você pode ir pela ‘tentativa de erro’ na frente de poucas pessoas e ir chegando ao mesmo ponto. Todo mundo está buscando sua estreia e esperando certas coisas e isso é uma pressão enorme”, ele explica. “Teve alguns caminhos em que eu triunfei e outros em que eu tropecei um pouco. Infelizmente, as pessoas estavam assistindo enquanto eu estava aprendendo. Apesar de eu estar inseguro, eu estava compensando isso com uma atitude arrogante. Eu era ‘não, eu quero fazer tudo isso porque eu posso, porque eu acabei de sair do American Idol e todos estão falando sobre mim’, eu peguei um pouco pesado.”

Apesar de terminar em segundo lugar no American Idol, perdendo para o extraordinariamente suave Kris Allen, ele sempre foi a estrela óbvia. Rejuvenescendo as apresentações de “glam rock” dos anos 70, com uma grande voz. Ele lançou seu álbum de estreia seis meses após a final do programa ser transmitida. Além de estar lidando com os holofotes da fama, ele também assumiu sua homossexualidade para a América. “Eu me assumi cinco anos atrás em um cenário em que não havia nenhuma pessoa para eu me espelhar ou pedir conselhos”, ele disse. “Eu estava voando às cegas. Naquela época, eu lia coisas que estavam sendo escritas sobre mim e aquilo me afetava das duas maneiras, positiva e negativamente. Foi realmente intenso ser lançado em todo aquele mundo tão rapidamente”. Fazendo uma retrospectiva, ele disse, seu antigo look (“lezzie Liza” foi como ele descreveu isso uma vez) era uma forma de esconder sua crise de identidade. “Por um lado, talvez eu pensei que era isso que eu tinha que fazer para ser um artista, mas também havia uma parte de mim que estava apavorada, e eu queria me esconder através disso um pouco. Toda a maquiagem, as roupas loucas e todos os exageros foram um mecanismo de defesa de certa forma”. Eu perguntei se ele fez a decisão consciente de tentar suavizar sua aparência e o som de sua voz que está mais sutil no novo álbum: “Eu acho que é onde eu estou. Eu acho que uma das coisas que eu tenho aprendido é que ‘menos é mais’ se aplica em muitas coisas. Menos é um pouco mais fácil. Alguém disse pra mim ‘oh, você não está mais usando aquelas coisas loucas, você está tentando se mudar?’ E eu estava como ‘Não, eu só fiquei cansado. P**! Isso dava muito trabalho!’”

Como a maioria das estrelas pop americana, Lambert é agradável, engraçado, afetuoso e tem a quantidade certa de autoconsciência, e sua guarda sobe um pouco quando se fala sobre seu segundo álbum, “Trespassing”. Apesar de ter estado no Top 20 no Reino Unido e número um nos Estados Unidos, foi um fracasso comercial, com apenas um dos três singles entrando no Top 100 americano. Mais experimental que seu antecessor, o segundo álbum teve a participação de Pharrell Williams e Nile Rodgers – duas pessoas que há apenas doze meses atrás se dedicaram a trabalhar com Daft Punk. Então quando fiz a menção anteriormente sobre “Trespassing” ele me rebateu com essa frase “Eu adoraria ter tido um single como hit, mas ele estreou como número um nas paradas da Billboard, então isso foi bom”, alguma pressão ocorreu para descobrir o que acontece quando um popstar respeitável, ou seja, alguém que usou seus meios para unir tantas pessoas quanto possível, para de se conectar. “Eu comecei a questionar meu próprio julgamento, e isso me fez questionar minha relevância como um artista pop”, ele disse tão solenemente quanto uma pessoa que usa luvas de couros pode dizer. “Eu amo minha fã base, e eles têm sido tão leais e apaixonados, mas eu estava imaginando se eu conseguiria ou não atingir ainda mais pessoas em diferentes áreas, diferentes tipos de pessoas. Isso era o que eu queria com ‘Trespassing’ e eu não me conectei tanto quanto eu pensei que seria”. Agora com 33 anos, Lambert teve tempo apropriado para uma auto-reflexão. “A indústria musical é tão louca, competitiva e focada, e depois de ‘Trespassing’ eu meio que tive que parar e perguntar ‘Porque eu estou fazendo isso? O que eu quero? Quem sou eu? O que eu estou falando?’ e apenas re-examinar tudo. Eu finalmente me tornei mais maduro quanto a todas as coisas da fama, ela não me assusta mais.”

Uma das coisas que ele decidiu que queria fazer em seguida era viajar pelo mundo como o vocalista substituto do Queen. Isso foi, simultaneamente, uma oferta que ele não podia recusar e uma maneira de ele recuperar sua confiança. Pode ter parecido um pouco retrocesso, retornar a cantar músicas de outras pessoas para alguém que se lançou cantando músicas de outras pessoas. Quando eu perguntei se isso passou pela sua cabeça alguma vez, Lambert passa a mão na barba, suspira e parece que ele está prestes a dizer algo que ele pode se arrepender, mas então ele parece se acalmar: “No fim do dia, eu acho que eu cheguei a um ponto em que eu percebi que a música pop não é tão profunda”. Ele encolhe os ombros parecendo um pouco esvaziado. “O ponto é entreter as pessoas, é cantar, e é isso que eu amo fazer. Nesse grande cenário, eu quero lançar canções originais que irá se conectar com as massas? Sim, mas, em última análise, esse não é o motivo pelo qual eu faço isso. Eu faço isso para entreter as pessoas. Eu gosto de estar em um palco e sentir a adrenalina de entreter um público. Isso é o que eu sou. É isso e não ‘oh Deus, eu estou fazendo covers de novo. Isso não é uma preocupação pra mim!”

Como Adam mesmo diz, ele sente quase como se “The Original High” fosse seu álbum de estreia – uma maneira de começar do zero em países em que as vendas nunca combinaram com seu status, e esperançosamente, uma maneira de se reconectar com a audiência americana. Ele está preparado para a luta também; depois que sua antiga gravadora, RCA, sugeriu que o álbum sucessor de “Trespassing” fosse um álbum de covers ele se demitiu (“tchau garota, tchau” é como ele, brincando, resume a sua demissão por email) e imediatamente começou a procurar novos colaboradores. No dia seguinte, ele recebeu um email da Warner Brothers dizendo que eles ouviram que ele estava sem gravadora e estavam interessados em trabalhar com ele. Então, como se já não estivesse bom o suficiente, a partir de um encontro com Max Martin e Shellback que começou com um “você faria algumas músicas do meu novo álbum”, tipo de conversa para chegar a essa “nós gostaríamos de ser os produtores executivos da coisa toda”, conclusão (algo que ele também fez com o álbum “1989” da Taylor Swift”). A resposta de Lambert? “Eu estava literalmente fazendo cambalhotas em minha mente”.

O álbum resultante – que tem um dueto com a cantora sueca Tove Lo na emocional “Rumours” – promove um caso de amor entre o pop e essa área cinza entre a tristeza e a alegria. O surpreendentemente experimental primeiro single “Ghost Town”, começa com os vocais simples, um arranjo de guitarra acústica, e, liricamente, passa a ideia de solidão na cidade americana dos sonhos. “Ela menciona Hollywood, porque é onde eu vivo – sou eu – então é sobre a ideia de estrelato e a vida de fantasias e como tudo vai ter um final feliz”, ele explica, “mas essa não é a vida real, e então essa canção é sobre eu mostrando que as fantasias não são sempre o que acontece de verdade. Eu não estava escrevendo apenas sobre mim, mas também sobre as pessoas próximas a mim. Em Hollywood especialmente, tem muitas pessoas que acabam dando voltas em si mesmo, que se mudam para a grande cidade para se tornarem estrelas e isso não acontece. Leva um bom tempo para enfrentar isso. Há um monte de negação”. Ele se apressa para dizer que enquanto isso é super deprimente, o foco em um som mais eletrônico, significa que mesmo os momentos mais tristes podem se tornar eufóricos. (a guitarra acústica é rapidamente perseguida por um assovio e uma ruptura para uma batida dançante, por exemplo).

Outras músicas como a linda e extravagante “Evil In The Night” (“Razor blade lips and daggers up in your eyes” é uma parte da letra) e a pulsante batida de pista de dança a acompanha. “Another Lonely Night” sugere um coração quebrado recentemente. “Eu tive apenas um par de relacionamentos realmente monogâmicos e duradouros. Por outro lado, eu já tive encontros e minha parte de romances rápidos, escapadas de fim de semana”m ele ri. “Mas é solitário. Isso é outra coisa que eu foco em minhas músicas. Alguns amigos e eu estávamos tendo essa conversa profunda sobre o que nós estamos realmente procurando. Você chega ao fim dos seus vinte anos e todo mundo fica ‘O que eu estou fazendo? Eu não sei o que eu estou fazendo mais. Eu sei quem eu sou, mas eu não sei o que eu quero.’ Eu descobri o ‘eu’ mas ainda não estou satisfeito; Eu ainda não sou feliz, então ‘Another Lonely Night’ é como ‘bem, eu estou dormindo sozinho de novo, e isso é meio triste’. Eu estou pensando na pessoa que eu pensei que ia me dar tudo, mas não funcionou. Mas novamente, é uma boa batida de dança, então eu meio que sinto que a música diz ‘eu estou sozinho, mas tudo bem.’”.

Adam Lambert em 2015 não está tão distante do Adam Lambert de 2009. Ele está apenas mais velho, esperto, focado (e um pouco menos laranja).
A diferença, dessa vez, é que ele finalmente tem as músicas para apoiar sua persona solo. “O álbum é dançante, mas agridoce, e as letras são mais obscuras (do que eram antes)”, ele disse, brincando com seu topete que desafia a gravidade. “Quero me conectar com as pessoas que já sentiram essas coisas”. É a hora (ele reconhece) para finalmente dar adeus àquele show de talentos da TV. “Eu já fiz coisas chiclete, já fiz coisas exageradas e extravagantes e agora eu quero encorajar as pessoas a enfrentarem seus problemas. Eu quero mostrar a eles partes de mim que não são todas polidas ou ainda parte do ‘concurso da tv’, eu quero que seja real, entende?”

Você pode comprar a revista aqui. Para entrega internacional, são cobradas mais 14,74 libras (cerca de R$ 67,32).

Autoria do Post: Josy Loos
Agradecimentos: ScorpioBert
Tradução: Gisele Duarte
Fonte: adamlambert_pic

Compartilhar
Share

Nenhum Comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *