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14jan2015
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The Sunday Telegraph: "Adam Lambert – O Homem Que Poderia Ser Rainha [Queen]"
Confiram abaixo um novo e interessante artigo publicado nas páginas do The Sunday Telegraph, do Reino Unido, sobre Adam Lambert e sua parceria com o Queen ao longo dos anos:
O Homem Que Poderia Ser Rainha [Queen] O jovem aspirante Adam Lambert sobre estar no lugar de Freddie Mercury na turnê com o Queen
“Eu não sou Freddie” insiste o jovem e barbado americano, deitado com uma jaqueta preta e dourada, leggings e botas que sobem até os joelhos. “Eu não estou tentando ser Freddie, ou competir com ele. Mas eu sinto alguma afinidade e estou usando essa oportunidade para tentar fazer sua música voltar à vida novamente.”
No primeiro dia de 2015, o termo mais procurado no Google no Reino Unido foi “Adam Lambert”.
Parecia que a nação ficou com uma curiosidade coletiva sobre a identidade do cantor que deu as boas vindas ao ano novo com o Queen. Enquanto fogos de artifício explodiam, 12 milhões de espectadores dançavam ao som de “Bohemiam Rhapsody” e “We Are The Champions”, na BBC One.
Essa semana, o grupo embarca em uma turnê de shows no Reino Unido, tocando para 160.000 fãs antes de ir para o continente. É impressionante para uma banda, cujo vocalista icônico, Freddie Mercury, faleceu há 24 anos. Então quem é esse jovem cantor balançando o microfone na frente do baterista de 65 anos, Roger Taylor e do guitarrista de cabelo frisado de 67 anos, Brian May?
“Adam é um fenômeno”, diz May sobre o vocalista que viu pela primeira vez no programa de TV, American Idol. “Nós não estávamos procurando outro cantor, mas Adam é como um presente de Deus. Ele tem uma habilidade técnica maior que 99,9% dos cantores no mundo. Você vê isso e não consegue deixar de pensar ‘o que aconteceria se abríssemos aquela caixa novamente?’”
“Meu apelido para ele é Elvis”, diz Taylor. “Sua presença e carisma me fazem lembrar de Presley de tantas maneiras, o look, a presença de palco, a atitude sexual. Ele é cintilante no palco, uma voz em um milhão, e o mesmo acontecia com Freddie. Há similaridades quase assustadoras, especialmente no aspecto social, como um homem abertamente gay, cheio de humor e ousadia. Há momentos nos bastidores que parece que nada mudou.”
“Claro que tive dúvidas, foi intimidante”, Lambert proclama, relembrando uma de suas primeiras performances com uma das bandas mais lendárias do rock. “Freddie é como um mito, como você se iguala a isso?”
Lambert tinha apenas nove anos quando Freddie morreu. Ele descobriu a banda através da coleção de seus pais. “Todo mundo conhece o Queen perifericamente, você os ouve em eventos de esporte e estádios, e meu pai me ajudou a fazer a conexão entre a música e as pessoas que a fazem.” Então ele já era fã quando teve a chance de cantar “We Are The Champions” com May e Taylor durante a final do American Idol, em 2009.
“Eu estava me beliscando. Esses caras faziam parte da época de ouro, você vê suas fotos em livros e revistas, e de repente você os vê no camarim ao seu lado.”
Eles se deram bem o suficiente para o Queen o convidar para um set de 15 minutos no “MTV Europe Music Awards”, em 2011. “Eu cometi o erro de ir online depois e ler alguns comentários, e eram fãs fanáticos do Queen sendo impiedosos. Eu achei que tinha que melhorar.” Quando foi proposto que eles fizessem alguns shows juntos em 2012, ele diz: “Eu sabia que seria uma batalha toda noite, um grande desafio pessoal e profissional.” Eles fizeram seis shows na Europa. “Eu estava voando, foi assim que me senti.”
Mas quando eles se reuniram para fazer uma turnê pela América ano passado, algo se ajustou. “Eu percebi que não precisava ficar intimidado porque estamos nessa juntos. Eu fiz minha lição de cada dia. Eu li cada biografia, assisti cada documentário, ouvi cada álbum. É como se eu tivesse entrado na música, faz parte do meu sangue agora, e eu não preciso pensar nisso, eu só tenho que ser. Você deixa o instinto tomar conta e é assim que as coisas ficam realmente interessantes.”
Lambert tem controle e alcance vocal fantásticos. “Ele é um cantor ousado”, de acordo com May. “Ele alcança notas que ele não tem o direito de alcançar.” Apesar de não ser muito conhecido no Reino Unido, o American Idol o tornou famoso nos EUA, onde ele teve dois álbuns de sucesso, mesmo não tendo aproveitado a carreira blockbuster que sua voz demanda. “Eu não acho que a música pop é sobre o quão alto você consegue cantar”, diz Lambert. “Eu aprendi muito nos últimos cinco anos. Não é sobre a técnica, é sobre: você é legal? Você é ‘gostável’? Você é interessante? Há algo em você que atrai as pessoas? Ah sim, você consegue cantar também? Legal.”
Charmoso, conversador, bem humorado, Lambert veste sua sexualidade naturalmente. “Olha, eu saí do armário quando tinha 18 anos, e eu não voltaria para lá”, ele me assegura.
Ele foi criado em San Diego, em uma família criativa, liberal e com muita música à sua volta. Quando tinha nove anos, Lambert se envolveu com o teatro. Quando ficou evidente que cantar era sua força, ele fez aulas de canto e estudou ópera. A partir dos 19, ele estava vivendo de teatro musical, atuando em produções de “Hair”, “Brigadoon” e “Wicked”. “Eu meio que me apaixonei pela ideia de fazer o mesmo show oito vezes por semana com as mesmas performances, de novo e de novo. Criativamente eu sou melhor com espontaneidade, impulso e novidades, mas esses grandes shows da Broadway se tornaram corporativos e fechados.”
Em Los Angeles, durante seus 20 e poucos anos, Lambert era vocalista de bandas de rock indie. “Bowie e Queen eram as minhas inspirações, a forma como performavam, a androgenia, a persona teatral. Quando eu estava surgindo, haviam muitas garotas popstars, mas quando eu fiz isso, meu delineador parecia deixar as pessoas desconfortáveis. Vai entender.”
Lambert fez a audição para o American Idol quase como uma última tentativa. “Eu tinha 27 anos, eu sabia que tinha passado da época, e eu sou abertamente gay. Eu achei que o máximo que poderia acontecer seria ganhar um pouco de notoriedade e aumentar um pouco mais minha carreira no teatro.”
Lambert terminou como finalista (perdendo para Kris Allen). “Essa exposição como pessoa era o que eu precisava para alguém olhar para mim e dizer ‘Ok, essa é uma pessoa com quem podemos trabalhar.’”
O que não pode ser muito determinado é qual parte de sua homossexualidade foi importante para sua carreira.
Antes da final do American Idol, fotos dele beijando um homem viraram notícia. Mais tarde, no mesmo ano, quando Lambert beijou seu baixista em uma performance numa premiação da TV, a ABC recebeu tantas reclamações que cancelou sua aparição no “Good Morning America”.
Lambert é o primeiro artista abertamente gay a ter um álbum no topo da Billboard nos EUA (“Trespassing”, em 2012), mesmo com a presença no pop de outras figuras, como Liberace, Johnny Mathis, Elton John, Boy George, George Michael e até Mercury.
“Freddie se mostrava gay com o Queen” diz Lambert. “Antes, era quase como se as pessoas não quisessem ouvir isso, e certamente não queriam falar sobre isso. Agora, a mídia dos EUA está obcecada com os gays. Minha sexualidade precede tudo o que faço. Não é a melhor coisa para se navegar. Você quer se abrir e deixar sua comunidade orgulhosa, mas ao mesmo tempo, você não quer alienar todo mundo.”
Com Lambert não tendo se tornado o super astro que muitos previram, pode ser porque seu pop influenciado pelo glam não seja individual o suficiente para dominar o mundo.
Sua colaboração ao vivo com o Queen lhe deu uma plataforma global e será interessante ver como essa parceria influenciará seu trabalho solo. “O Queen não está onde a música pop está hoje, mas a emoção é universal e atemporal, e é por isso que sua música continua. Eles foram a quase todos os gêneros. É como um show de variedades, é grande desafio para um cantor.”
As bandas de rock não parecem desaparecer mais hoje em dia. Contanto que haja um membro vivo (e às vezes nem isso), eles acham maneiras de manter o show na estrada, com telas, vídeos e hologramas.
Entre 2004 e 2009, o Queen fez uma turnê e colaborou com o britânico do rock, Paul Rodgers. Essa última aventura com Lambert parece ser mais próxima do espírito dos dias de glória da banda.
May se diz feliz que Lambert consiga cantar cada música no tom original, acrescentando que “isso era difícil até para Freddie”.
“Eu tive um pouco de dificuldade com “Don’t Stop Me Now'”, admite Lambert. “E eles diziam ‘Você não precisa fazer igual à gravação. Freddie costumava baixar o tom e achar maneiras para torná-la mais fácil para ele.’
“Mas Freddie podia fazer o que quisesse porque a música era dele. Minha relação com ela é diferente. Eu tenho que fazer a nota alta ou dirão que não estou apto para isso.”
Não há planos para o Queen e Lambert gravarem juntos. No momento, é apenas uma experiência ao vivo. “Quando Freddie morreu, nós pensamos que acabou”, Taylor admite. “Mas novos desafios vêm e você pensa que ainda há vida naquilo.” O baixista original da banda, John Deacon deixou a banda (e o ramo musical) após o álbum póstumo “Made In Heaven”, em 1995. “É a prerrogativa de todos se aposentar”, diz Taylor. “Mas para mim é como desistir da vida. Eu resolvi isso anos atrás. Isso é quem eu sou.”
“Nós não somos uma banda de tributo”, diz May. “Nós construímos o Queen, nós o vivemos e respiramos, é uma parte de nós e nós somos uma parte dele. Ainda sentimos como se Freddie estivesse com a gente, porque sua música sempre está lá, sua personalidade está sempre no palco conosco.”
“Ele faz parte de nossas mentes, o que pode ser meio amargo”, diz Taylor. “Eu diria que demorou cinco anos para nos acostumarmos ao fato de que ele se foi. Mas o fato é, ele não está aqui, nós estamos celebrando e o homenageando, e não é nada sentimental. Eu acho que ele teria aprovado. E eu sei que ele teria gostado de Adam.”
“Freddie e Adam tem uma atitude parecida perante a vida”, diz May. “Um senso de humor. O Queen tem um lado sério, mas um pouco de humor é o que deixa todos sãos.”
“Cantar suas músicas todas as noites me faz me sentir próximo de Freddie”, diz Lambert. “Eu queria ter o tom mais pesado, como ele. Ele fumava muito, e ele tinha aquela voz forte. A forma como ele atacava a nota era rebelde, era sexy, poderosa.”
“Eu sou um fã, e essa é minha conexão com a audiência. Eu tenho sorte de estar aqui. Quero dizer, o Queen não era ótimo? Ouça, eles ainda são.”
. . . Carta do editor
Eu vi Brian May tocar uma vez em um campo atrás do pub “King’s Arm”, em All Cannings, um lugar não muito longe de onde vivo em Wiltshire. May foi ao palco para o show de caridade com a cantora Kerry Ellis, e tocou algumas baladas acústicas com ela, antes de tocar alguns hits do Queen com a banda de apoio local. A parceria com Ellis foi inesperada, mas inspirou. A notícia de que o Queen está em turnê com Adam Lambert é menos surpreendente, mas igualmente sábia. O astrofísico May reconhece uma estrela quando vê uma.
– Jon Stock, Editor
Autoria do Post: Graça Vilar
Tradução: Carolina Martins C.
Fonte: Adam Lambert TV
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