The Daily Examiner: “Queen balança você com um tributo a Freddie Mercury” – (Brisbane – 01/09)

Queen balança você com um tributo a Freddie Mercury

O escovão desgrenhado passou de preto para cinza, a audiência envelheceu um pouco também e os isqueiros erguidos no ar foram substituídos por telas de iPhones.

Muita coisa mudou, mas uma coisa não esmoreceu – Queen ainda arrasa.

De mulheres revivendo seus anos de adolescência a roqueiros durões de outrora e mesmo algumas crianças, a plateia lotada do Brisbane Entertainment Centre sabia que estavam fazendo parte de algo especial na noite de segunda-feira.

Uma oportunidade única na vida de testemunhar um show de rock de verdade com as lendas que são os membros do Queen… bem, a maior parte dele.

Adam Lambert, um finalista do American Idol que teve dois singles no top 10 da Austrália, se ateve ao script ao liderar a banda.

Ele, é claro, é um de uma longa lista de vocalistas que se uniram ao baterista Roger Taylor e ao guitarrista Brian May desde 1991, quando o grande Freddie Mercury faleceu.

A maravilha de bigode foi o melhor vocalista de todos os tempos, um talento puro que deixou para trás sapatos plataforma brilhantes extraordinariamente grandes a serem preenchidos.

A audiência estava um pouco relutante no começo, em aceitar o “novo cara”. Aquilo seria apenas uma sessão de karaokê com uma banda de apoio?

Definitivamente não.

Como o nosso INXS, a icônica banda de rock inglesa passou anos infrutíferos procurando desesperadamente por um vocalista com metade do carisma de um ícone falecido de forma trágica.

O baixista John Deacon não tomaria parte em uma “substituição de Freddie”, se aposentando da indústria da música nos anos 90 e evitando os holofotes desde então.

Mas a abordagem de May e Taylor é a de orgulhosa posse do trabalho feito com e ao lado de Mercury.

Um artista fenomenal de seu próprio jeito, Lambert se ergueu para o desafio de fazer um inesquecível show do Queen.

A cortina que ocultava o palco começou a se mover conforme os membros da banda cutucavam o tecido para provocar a plateia.

A cobertura saiu e a casa explodiu com uma calorosa saudação para a banda que algumas pessoas esperaram 30 anos para ver em solo australiano novamente.

A multidão estava louca pelo Queen desde a primeira canção, “Now I’m Here”, e foi aqui que nós vimos o primeiro de muitos solos de guitarra de Brian May.

Aplausos incertos se transformaram em punhos socando o ar, vivas e gritos conforme Lambert provava seu valor já nas duas primeiras canções.

Mas foram as familiares “Another One Bites The Dust” e “Fat Bottomed Girls” que colocaram a plateia em sincronia com sua extravagante personalidade de palco.

A performance cheia de energia de Lambert e seu incompreensível alcance vocal dominaram, mas é durante “Fat Bottomed Girls” que Brian May pega de volta a coroa de rei do palco.

Não tenho escrúpulos em dizer que May é o melhor guitarrista de todos os tempos.

É a partir daqui que a plateia é mimada com 10 minutos de solos de guitarra de um homem cujas mãos correram para cima e para baixo nas cordas por décadas.

Ele fecha seus olhos e toca os acordes, seus dedos se movendo rapidamente pelo braço da guitarra. Menção especial aos designers do set que incluíram closeups em tempo real das cordas no telão.

Lambert volta em uma jaqueta com franjas douradas e sapatos plataformas brilhantes, para andar pela passarela em “Seven Seas Of Rhye”, antes de se sentar em um sofá dourado.

Aqui é onde vemos o verdadeiro Lambert em ação.

Ele bebe de uma garrafa de champanhe enquanto se abana, espreguiçando-se na ponta do palco. Seu rosto expressivo trazendo animação para a música.

Quando as luzes diminuem, Lambert acaricia seu peitoral suado, conversando com a plateia.

Ele expressa sua gratidão por estar no palco se apresentando com a banda icônica e agradece ao grande Freddie Mercury por ser sua inspiração.

A audiência agora está tranquila, esse não é um show de imitação, mas um tributo ao Queen e seus dias de glória dos anos 70 e 80.

O que eu amei sobre esse show foi que não houve monopolização do palco.

Não era sobre Lambert, não era sobre Taylor ou só May, era sobre todos eles. Era sobre a música do Queen.

E era sobre Freddie.

A atmosfera fica mais suave na metade do show e May se senta sozinho no final da passarela. Ele diz que é encantador estar na Austrália porque ele se sente parte de nossas vidas por um momento.

Com um meio sorriso, ele pega seu violão e toca “Waltzing Matilda” [ver nota], a plateia cantando junto docemente.

Então ele pergunta “devemos cantar uma para Freddie?” Ele desacelera um pouco mais com “Love Of My Life, que termina com uma linda filmagem do próprio Mercury, cantando na tela grande.

[…]

A seguir é hora de Taylor brilhar. Ele senta no final da passarela com sua bateria, seu filho Rufus no palco, e os dois tem um duelo musical de baterias.

Foi isso o que eu amei nesse show.

[…]

O teclado, baixo, bateria, guitarra, vocais, todos tiveram seu momento para brilhar sob o holofote.

O baterista não é somente alguém no fundo do palco. Para complementar as habilidades extraordinárias, a iluminação, a fumaça e os lasers se somaram à grandeza do espetáculo.

Taylor também impressionou com suas habilidades vocais ao comandar “Kind Of Magic”. É um momento especial entre Taylor e May, juntos no palco novamente.

Enquanto tocar guitarra é importante, eu adorava olhar para o rosto de May, enquanto ele manipulava os acordes com a manivela.

Às vezes com uma pequena tensão, mas sempre voltando ao sorriso, May estava em seu elemento. Ele dá um pequeno aceno para a plateia e murmura a palavra “obrigado”.

O holofote está de volta em Lambert com sua versão de “Who Wants To Live Forever”, parado embaixo das luzes de um globo de espelhos.

É definitivamente o ponto alto do show. Nunca havia testemunhado ou sentido uma voz tão poderosa, impressionante.

Um bater de palmas começa com as batidas de “Radio Ga Ga” e Lambert brilha durante “Crazy Little Thing Called Love”, encarnando Elvis.

A tela grande vai de negra para uma série de cabeças, e isso só pode significar uma coisa – “Bohemian Rhapsody”. Todos esperavam por isso.

Em um último adeus a Freddie, seu rosto aparece na tela para as últimas palavras: “any way the wind blows”.

O que nós todos sabemos é que não é realmente o fim. Só pode terminar de um jeito, realmente.

A plateia começa a familiar batida de pés e de mão de “We Will Rock You” antes de May voltar ao palco seguido de um extravagante Lambert em um poderoso terno de leopardo e uma coroa de diamantes na cabeça.

“We Are The Champions” vem a seguir, é um abraço cálido antes da banda acenar em despedida ao som de ‘God Save the Queen”.

Queen, vocês são os campeões.

NOTA: “Waltzing Matilda” é a canção folclórica mais popular da Austrália. Muitos australianos consideram-na mesmo como um segundo hino nacional, ou uma alternativa ao oficial “Advance Australia Fair” (hino nacional da Austrália). Sua letra foi escrita em 1895 pelo poeta Banjo Paterson. (wikipédia)

Fontes: Adam Lambert TV e The Daily Examiner

Tradução: Stefani Banhete

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