O American Idol Pode Ser Salvo?

Segue artigo escrito por Monica Herrera da Billboard, onde ela aborda o “declínio” evidente do American Idol na temporada deste ano, embora ele pareça continuar sendo o programa número 1 em audiência, e como o programa está se preparando a saída de Simon Cowell. E como não podia ficar de lado, Adam Lambert é muito bem citado em sua análise… Confiram:

O nível do American Idol encontra-se em seu período mais baixo desde 2004, e Simon Cowell está saindo. Enquanto o fim da nona temporada está terminando, num futuro mais próximo será possível que os shows de talento da TV estejam com os seus dias contados e o programa não conseguirá mais transformar seus vencedores em estrelas em potencial?

– “All right, so listen man” – (forma que Randy Jackson tem ao falar quando avalia os jurados). – “Eu não sei o que está acontecendo direito, para mim está bom mas eu realmente não sei se você vai decolar cantando assim, porque acho que as coisas estão ficando um pouco mais complicadas agora. Eu não sei dizer.”

Randy Jackson fez esse comentário no dia 11 de maio, no programa do American Idol depois que Michael Lynche, o cantor estilo “hulk” de 26 anos, conhecido como “Big Mike”, cantou sem muita consistência mas de maneira charmosa, a música “Will You Be There” de Michael Jackson, (os votos dos telespectadores fizeram com que ele fizesse suas malas, no programa seguinte). No entanto esse comentário poderia ter sido aplicado a qualquer um dos participantes dessa temporada do American Idol, que transcorreu num mesmo ritmo durante esse ano.

Desde sua estréia na Fox, em 12 de janeiro, a nona temporada do “American Idol” vem enfrentando quase como uma praga ao se confrontar com conversas sobre o declínio da série. O grupo de participantes foi amplamente considerado como o mais fraco na história do famoso programa, e os seus 10 finalistas irão realizar juntos neste verão a American Idol Live Tour, que inclui uma mistura bizarra de cantores Pop / R&B com crises de identidade e dedilhados de guitarra do tipo “street busker”, como Simon Cowell gosta de chamá-los. Os dois candidatos restantes – Lee DeWyze e Crystal Bowersox – estão na reta final, e um sairá como o vencedor no final da temporada, em 26 de maio.

A química fraturada que atualmente existe entre os juízes dominou o tipo mais “cool” de avaliação dos jurados. Paula Abdul – era essa força centrípeta de show de sentimentalismo e drama sempre nitidamente à mostra, e foi substituída ostensivamente por Ellen DeGeneres. Além disso, dois dias antes da estréia da temporada, Cowell anunciou que estaria deixando o “Idol” após a conclusão da temporada de nove anos, e muitos espectadores observaram que ele esteve desinteressado este ano, parecendo mesmo entediado. (Cowell pretende fazer milhões no próximo outono, quando o “The X Factor”, que em contrapartida ao “Idol”, é um programa em que ele é o produtor executivo, e que atingirá toda a costa dos EUA na emissora Fox).

“Todo mundo está tentando, mas não é só uma questão de conexão”, diz Maura Johnston, que escreve sobre o “Idols” para o site Fancast.com. “E Simon Cowell é tão ligado à essa franquia. Ele é o ‘American Idol’, mais do que o seu anfitrião, Ryan Seacrest, mais do que ninguém. O fato dele estar saindo, eu acho, tem afetado a concepção do show.”

À medida que a cortina se fecha no nono ano de shows que culminou nessa semana, o “American Idol” se encontra em uma conjuntura crítica, em meio a um declínio geral na audiência da rede, um elenco em desordem e uma queda preocupante nas suas próprias classificações. Apesar de ainda ser o top-rated show na TV (apuração feita em de 09 de maio), a audiência de “Idols” caiu para uma média de 24,5 milhões de euros por noite, segundo a Nielsen, com 11,8 milhões dos espectadores com idades entre 18 e 49. Isso é uma quebra de aproximadamente 20% da média mais alta do show de 30,6 milhões de espectadores (16,3 milhões de idosos e outros entre 18-49) em 2006 – ano em que Taylor Hicks ganhou ou, como a maioria previa, não foi Chris Daughtry.

As avaliações começaram a decair em 2006 – em comparação com a audiência “prime-time” da Fox e a partir de 2006 a 2009 caiu apenas 8,25%. Segundo Nielsen, o mais preocupante é a falta de uma classificação da temporada já na reta final deste ano. O episódio atraiu, em 05 de maio, apenas 17,5 milhões de espectadores, a classificação mais baixa para uma noite de terça-feira desde o desempenho do Verão de 2002. O desempenho dos top 17 finalistas foi ligeiramente melhor, com 18,3 milhões de telespectadores, mas diminuiu um décimo de um ponto para a classificação 6,6 entre os adultos entre 18-49 anos.

Tudo isso também se traduz na menor participação da população – fator de importância vital para um show que depende do interesse do público para escolher a próxima estrela pop da América. Quando eram transmitidos os resultados do dia 19 de maio, Seacrest anunciou que os três principais concorrentes receberam um total de 47 milhões de votos, contra os 88 milhões na mesma época, na última temporada. Sites que cobrem o “American Idol” – que contam votos pela internet pela AmericanIdol.com, o Rickey.org e MJsBigBlog.com – viram diminuir os acessos e as quedas mensais, totalizaram 45% desde 2007, segundo o site comScore.

Todos esses índices de queda podem ter um efeito adverso na Gravadora 19 Entertainment e a Sony, que juntas são as gravadoras oficiais dos ídolos mais promissores, uma vez que são as responsáveis pela gravação dos seus primeiros discos e consequentemente, o lançamento dos álbuns.

Se a 19 E. e a Sony mantiverem o cronograma de lançamento dos vencedores do “American Idol”, os fãs podem esperar para ouvir o single de estréia do campeão e, talvez, o vice-campeão, em outubro, seguido por um lançamento do álbum no final do quarto trimestre.

Desde que Kelly Clarkson foi coroada sua primeira campeã, em 2002, o “American Idol” tem sido um importante impulsionador de vendas de álbuns e Singles para a Sony. De acordo com a Nielsen SoundScan, os concorrentes venderam uma espantosa quantidade equivalente a 1.265.000.00 de discos, combinados os singles às faixas baixadas pela rede, mas não há vencedor ou finalista desde 2005, que tenha chegado perto de Carrie Underwood, e os seus números galopantes. (No seu país, as vendas da artista chegaram ao total de 11,6 milhões). Embora em quarto lugar, Chris Daughtry e sua banda, desde o ano de 2006 já venderam 5,7 milhões de álbuns, e os vencedores subseqüentes Jordin Sparks e David Cook, venderam 1,3 milhões cada. O vice-campeão Adam Lambert e David Archuleta chegaram a vender 747.000 e 970.000, respectivamente, e no ano passado o vencedor Kris Allen já vendeu 310 mil. Ambos os finalistas, Bowersox e DeWyze, são parecidos com Allen e se assemelham até em se tratando de “histórias de sucesso do Idol”, porque não parecem ter ambição ou fazer questão de interpretar personagens do tipo exagerado, requisitos exigidos da maioria das estrelas que cativam as multidões e que precisam ter o porte necessário para se apresentar em um Estádio.

“Cada época é diferente”, diz o executivo da RCA Music Group VP/GM, Tom Corson. “Sim, algumas temporadas são um pouco mais fortes do que outras. Uma temporada tem Taylor Hicks, a seguinte você tem Carrie Underwood. Frequentemente nós não podemos predizer nada antes de 6 a 9 meses de estrada dos artistas, a respeito de como eles se firmarão no mercado.”

“O talento não é muito pior do que antes”, diz Richard Rushfield, o ex-jornalista do Los Angeles Times” e agora exímio escritor de tudo que se refere a Idols, para Blogs. “Mas o que você não tem agora é aquela sensação de escapismo que se eleva até o completo domínio do palco, como Adam Lambert fez no ano passado, a forma como David Archuleta e David Cook fizeram um ano antes, e a forma como Carrie Underwood e Chris Daughtry fizeram anteriormente. Essas pessoas não foram os vencedores, mas deixaram uma história maravilhosa e suas marcas registradas nas respectivas temporadas.”

AINDA O N. 1

Na torcida, o “Idol” é o número 1 no ranking e ainda comanda a maior audiência do que qualquer outro programa, assunto debatido pelos altos executivos da Fox no mês de maio durante a apresentação do dia 16, em Nova York. “Nós estamos cientes que a audiência caiu cerca de 9% este ano, mas em comparação com outros programas, isso ainda é considerado muito bom”, disse o presidente de entretenimento da Fox, Peter Rice. A rede também anunciou que iria cortar até 30 minutos dos episódios nas fases de eliminação durante a temporada 10. “O público quer que cortemos o tempo gasto ao mostrarmos os resultados e querem que coloquemos no lugar mais performances, é isso que nós vamos dar-lhes no próximo ano”, disse Rice.

O “Idol” também continua a proporcionar um poderoso impulso das vendas para os artistas que aparecem no show.

Sean “Diddy” Combs apresentou “Hello Good Morning”, o seu atual single feito com Dirty Money, e em 31 de março os resultados repercurtiram um dia depois do lançamento digital da faixa. Subsequentemente vendeu 81 mil downloads, segundo informou a Nielsen SoundScan, que informou que a música estreiou na posição. 34 na Billboard Hot 100. O álbum de Shania Twain “Greatest Hits” retornou à Billboard 200, com 7.000 cópias, de acordo com a SoundScan (um aumento de 251%), depois que ela foi a mentora da semana. Quando Harry Connick Jr. atuou como mentor durante a semana de Frank Sinatra, as vendas de seu álbum “”Your Songs” alavancou suas vendas para 531% e entrou novamente para a lista da Billboard 200 na posição 58 enquanto que as compilações de Sinatra “Nothing but the Best” e “Classic Sinatra” voltaram na lista nas posições. 129 e 194, respectivamente (subiram em média 81% e 43%).

O vice–campeão da oitava temporada, Lambert, foi o mentor dos competidores durante a semana Elvis Presley, e como resultado, ele ganhou seu primeiro top 10 hit no Hot 100. A sua performance em 14 de abril do single “Whataya Want From Me” dobrou o número de downloads feitos e as vendas na semana seguinte chegaram a 108.000, segundo a SoundScan, o suficiente para que ele ganhasse o prêmio da semana em termos digitais, e movesse da posição de 29ª para 8ª na lista de músicas digitais mais hots do momento.

A repercussão para Lambert também foi fantástica no sentido de que foi a primeira vez de um Idol retornar ao show como mentor. A escolha de Lambert sugeriu que um vice-campeão pode ser tratado com mais deferência e respeito do que o vencedor do programa.

Existe uma real percepção de que ganhar não é o mais importante, disse Johnston do Fancast’s. A real mensagem de se ter Adam Lambert como o primeiro concorrente a voltar como mentor foi curioso, é como se dissessem: “Bem o objetivo é ganhar ou somente fazer boas aparições na TV?”

TALENTOS

Se o objetivo foi alterado, ele não deve vir como um grande choque. Afinal, uma pessoa comum poderia ser perdoada por não se lembrar de que Hicks, Sparks e até mesmo Allen foram vencedores do “American Idol”. O que parece ter permeado a atitude dos participantes desta temporada, uma vez que Bowersox disse aos repórteres há duas semanas atrás, que ela e seus concorrentes eram todos “vencedores”, e Lynche disse que sua missão era apenas chegar a um dos três finalistas. A teoria de ser vencedor do “Idols” não é tudo – o que coloca em foco a vitória de Hicks em 2006, fato que foi ainda mais aguçado pela perda de Lambert para Allen no ano passado – o que confirma toda a teoria.

“Pensávamos que iríamos matar o Idol, mas ele está matando a si mesmo”, diz Dave Della Terza, criador do programa “Vote for the Worst”. Della Terza diz que está pensando em acabar com o site, pois como abrange o “American Idol” se tornou “uma tarefa árdua” e, ironicamente, ele diz que os concorrentes são muito ruins. “Você precisa ter grandes concorrentes no programa para que nós possamos trabalhar, de modo que as pessoas ficam irritadas quando os seus favoritos são votados em primeiro lugar,” diz ele. “Vote for the Worst” viu a sua queda do tráfego de 248 mil visitantes únicos em abril de 2009 para 135 mil mês passado, segundo a comScore.

Rickey Yaneza do Rickey.org, no entanto, diz que os “Tim Urbans, André Garcias e Lacey Browns” deste ano são praticamente iguais aos Ace Youngs, Megan Joys e Kevin Covaises de temporadas passadas. E “todos os anos existem os haters”, ele diz, “mas eu vi pessoas dizerem que amam os cantores do show. Eles gostam da idéia de que muitas pessoas tocam guitarra daquela maneira”.

Na verdade, a presença de muitas guitarras no palco – o que foi introduzido na sétima temporada, quando o “Idol” começou a permitir que os concorrentes tocassem instrumentos – também mudou as prioridades do programa, pois os concorrentes são estimulados a tornarem-se “artistas” e não “ídolos” como seu principal objetivo. É uma pequena, mas significante diferença que as palavras expressam, uma vez que as fan bases são mais amplas e não mais as tão tradicionais fan bases de estrelas do pop que o programa uma vez defendeu.

“É interessante que o advento de deixar [os participantes] utilizarem instrumentos produziu uma multidão que é mais tranquila, mas existe muito menos apelo de massa, que é exatamente o objetivo de se ter inventado o ‘Idol” diz Daily Beast Rushfield. “Sem instrumentos, você não teria David Cook, Kris Allen, Jason Castro, Brooke White, Crystal Bowersox e Lee DeWyze.”

“As pessoas responsáveis pelas três primeiras colocações – Crystal, Lee e Casey [James] – são aquelas que elegeram um mesmo gênero que é o folk/rock, e isso não pode ter sido feito por engano”, disse Anoop Desai, que terminou em sexto na última temporada e, recentemente auto-lançou seu primeiro álbum,”All Is Fair”. Mas será que a música que as pessoas votaram através do show é o estilo de música pop tocada nas rádios? Parece não haver qualquer desconexão, mas como todos sabemos, isso pode não acontecer.

O ‘S’ FACTOR (S de “Simon)

O programa “American Idol”, é claro, vai começar tudo de novo no próximo ano, com um novo lote de concorrentes e a oportunidade de encontrar uma outra futura estrela. Mas terá que fazê-lo sem Cowell, que é a única peça real capaz de mudar o jogo em uma franquia com tantas peças móveis. “Temos de encontrar um jurado para substituir Simon, que é o responsável por garantir tanto a credibilidade quanto o valor de um tipo de entretenimento musical incrível”, disse Rice para a equipe do front da Fox. “Não há nenhuma grande expectativa para o verão.”

Ele (Simon) também terá de lidar com o programa “The X Factor” e compatibilizar com a Sony, pois a empresa assinou um contrato de seis anos com Cowell em janeiro, para liberar a música dos vencedores do “X Factor” nos Estados Unidos juntamente com a sua própria marca, a Cowell, Syco Music, e assim formar uma duradoura relação.

“Simon está trazendo o show musical mais poderoso do mundo para a Fox” diz o executivo Charlie Walk “e eu apostaria em Simon todos os dias. Ele sabe exatamente o que ele está fazendo.”

A substituição de Cowell é um desafio tremendo para a 19 e a Fox, especialmente quando todos parecem ter uma opinião sobre quem deve ficar com o seu lugar. Os fãs famosos do “American Idol” como Howard Stern, Perez Hilton e o produtor Steve Lillywhite estão notoriamente cotados para o show, enquanto outros, como Elton John, parecem ter recusado a oferta. Não importa a escolha, a 10ª temporada do “American Idol” vai sofrer um escrutínio maior do que qualquer show recente na história.

“Quando você tem um modelo maduro, por definição, você provavelmente vai perder um pouco a cada ano”, diz Corson, da RCA . “Mas essa ainda é a principal audiência da TV, como mostram os números. Então, o show está indo bem, se você me perguntar.”

Fonte: Billboard

Tradução: Mônica Smitte

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4 Comments

  1. Acho muito legal uma revista do nível da Bilboard Americana ter o Adam em tão alta conta! Muito bacana mesmo…acho que o AI está sofrendo por perder personalidades fortes, sinceras e que não tem medo de falar a verdade: assim era o Adam cantando e assim é o Simon comentando. Vai ser duro alguém à altura, porque o mundo padece hoje em dia é disso mesmo, gente que tem coragem para ser transparente.

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  2. (…) transparente é claro, preservando a classe e o profissionalismo. Por isso gosto do Simon, apesar do gênio dele, e do Adam, então, nem é preciso falar.

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  3. Verdade Mônica, vc falou tudo. Sem Adam já ficou sem graça, agora sem Simon, realmente perde um pouco o sentido. Também sempre curti mais as opiniões do Simon do que de qualquer outro jurado, ele é duro no que fala, mas é correto e dá ótimas dicas!
    Tanto Adam quanto Simon são personalidades autênticas e isso é muito raro hoje em dia.
    Quando o X-Factor estreiar na Fox vai dar o tiro de misericórdia no Idol, podem ter certeza disso!

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  4. É isso aí Gloria! De qualquer modo o que eu queria do Idol ele já me deu, NOS deu! hahah

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