VH1: “O Queen liderado por Adam Lambert consegue manter o legado da banda vivo?” – (Nova York – 17/07)

O Queen liderado por Adam Lambert consegue manter o legado da banda vivo?

Não dever ser fácil ser Adam Lambert esses dias. Ele está vivendo a fantasia rock n’ roll de todos ao ser o vocalista dos ícones do Queen em uma turnê nacional. Por cima, sua vida parece ser boa, mas eu comecei a pensar novamente enquanto ia ao Madison Square Garden na noite de quinta-feira. Eu esperei ver uma mistura de jovens Glamberts, que acompanharam a carreira de Adam desde seus dias de American Idol, junto com fãs do rock clássico, animados para ver as músicas vintage ao vivo mais uma vez. Mas as camisetas do Queen estavam em grande número, e o amor por Lambert apareceu enquanto eu me sentava.

Ele estava prestes a tocar para uma arena lotada de 20.000 pessoas, que pareciam estar pensando a mesma coisa: “Será que o cara consegue aguentar?”, sobre pressão é claro.

O terror de tocar para uma grande arena é (ligeiramente) diminuído ao saber que todos no local te ama – ou gostam o suficiente para gastar algum dinheiro para ir ao centro da cidade. Mas Lambert entra com suas plataformas gigantes no lugar do falecido Freddie Mercury: amante da vida, cantor das músicas, e um dos maiores artistas da história da música. Mercury redefiniu o papel do vocalista em uma banda de rock, e as músicas que ele escreveu e cantou estão entre as mais amadas do gênero. Duas décadas mais tarde, os fãs ainda lamentam sua morte trágica por complicações da AIDS em 1991. Nada contra Lambert, mas isso poderia ser perigoso.

Era uma movimento corajoso, mas ele não mostrou estar nervoso quando entrou no palco com atitude e um figurino de couro emprestado da era “Faith” de George Michael. Mas a voz? Era puro Freddie. Os versos de abertura de “Now I’m Here” pareceram ter outro significado, como uma resposta ao ceticismo. Ele não só acertou as notas operáticas, que nós devemos lembrar que não são fáceis, mas também misturou ferocidade e elegância glam que fazem justiça à música. Você quase conseguia ouvir o alívio da plateia durante o grito final de Lambert. Isso ocorrerá bem.

Mas isso está longe de um karaokê de um milhão de dólares estrelando Adam Lambert. Brian May tomou seu lugar na frente do palco, tocando na sua guitarra “Red Special”, que foi sua arma especial durante a carreira da banda. Sua cabeleira magnífica ficou branca com o passar do tempo, mas continua intacta, transformando sua aparência em um feiticeiro do rock. Ele completa 67 anos hoje, e seus dedos continuam ágeis como nunca. O baterista Roger Taylor (que fará 65 anos semana que vem), parece que saiu de um clube em uma camisa elegante branca, mas sua estrutura robusta ataca a bateria com uma fúria deliciosamente indelicada.

Esse set marca a primeira vez que os membros restantes do Queen retornam à Nova York desde seus dois shows em Julho de 1982. Como uma referência do tempo, Adam tinha 6 meses naquela época. Neil Farcloguh substitui o baixista original John Deacon, depois de sua aposentadoria em 1997, e a banda é apoiada pelo tecladista Spike Edney, e o filho de Taylor, Rufus Tiger na bateria de apoio. Um arranjo similar fez uma turnê em 2004 com o vocalista da Free/Bad Company, Paul Rodgers no microfone, mas essa é a primeira vez deles com Lambert.

A equipe entrou em “Stone Cold Crazy” antes de prosseguir para a divertida “Another One Bites The Dust”, com Lambert andando pelo palco como se fosse sua passarela particular. “Fat Bottomed Girls” ressuscitou com a mistura dos vocais de May e Taylor, cruciais para as harmonias marcantes da banda. A elaborada espreguiçadeira Luís XIV foi um pouco artificial, mas foi difícil não sorrir enquanto Lambert se reclinava sedutoramente e se refrescava com um leque, criando um show Gilbert & Sullivan.

“Quando eu me sinto sozinho, eu bebo e me encho de strass como qualquer outro gay sensível” ele brinca após tomar champanhe direto da garrafa e cuspir na primeira fileira. “Talvez eu só esteja esperando… alguém para amar”. Ele se dirige ao público de forma humilde, quase tímida e auto-consciente de que Freddie teria certamente desaprovado. Apesar disso, ele só encarece-o para a multidão. Ele é sempre respeitoso com as lendas com quem compartilha o palco, e em um ponto, ele, literalmente, curvou-se diante de Brian May durante seu solo. Ele está sempre reverente da música, e sempre grato por estar no centro das atenções.

Ele é sem dúvidas, doce e charmoso, sem mencionar que é muito talentoso, mas eu sinto que falta alguma coisa. Eu quero um vocalista poderoso e que comanda, agradavelmente arrogante. Mas é claro que haveriam comentários como “Como ele ousa?! Quem ele pensa que é?!” Se Lambert tentasse fazer isso. É uma situação complicada, e ele fez certo ao ter cuidado e ser humilde e sincero.

Goste ou não, a noite estava cheia do espectro de Freddie Mercury. Isso ficou claro no meio do show, quando Lambert deixou o palco, deixando May no palco do centro para apresentar “Love Of My Life” em uma guitarra acústica, como costumava fazer com seu amigo. “Alguns de vocês irão se lembrar – e alguns não eram nem nascidos – mas havia um homem chamado Freddie Mercury”, ele disse simplesmente, com lágrimas nos olhos. “E ele era extraordinário”. Depois de trocar frases com a plateia, a imagem familiar de Freddie apareceu na tela para cantar as últimas linhas da música.

O louvor musical continuou com Roger Taylor tomando a liderança em “These Are The Days Of Our Lives”, uma música melancólica que ele escreveu para o último álbum antes da morte de Mercury. Uma montagem com os momentos da banda nos anos 70 teve um efeito afetuoso, deixando claro que isso era um show tributo, e que Lambert não estava competindo com os anos anteriores do Queen. Como Adam mesmo disse, “Só pode haver um Freddie Mercury”.

Homenagens foram feitas, Lambert retornou para “Under Pressure” com Roger Taylor, oferecendo uma aproximação impressionante dos vocais de David Bowie. A partir desse ponto, a banda começou a atingir pontos mais altos, com versões de “Tie Your Mother Down”, “Radio Gaga”, “Crazy Little Thing Called Love” e (a apropriada) “The Show Must Go On”. Mas é claro que o ponto mais alto foi a épica “Bohemian Rhapsody”, que incorporou vídeos de Freddie apresentando a música em 1986 no Wembley Stadium.

Depois veio “We Will Rock You” e “We Are The Champions”. No final, foi uma promessa cumprida. O Queen ainda é o campeão, e Lambert tem uma voz capaz de manter viva a música para uma geração de fãs. Obviamente, ele não é Freddie Mercury, e não tem problema. O momento em que você para de procurar por Freddie é quando a diversão começa.

Fontes: Adam Lambert/Twitter e VH1

Tradução: Carolina Martins C.

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