KJ MacDonald: “The show must go on [O espetáculo tem de continuar]: Queen + Adam Lambert arrasaram o The Joint, em Las Vegas”

O espetáculo tem de continuar: Queen + Adam Lambert arrasaram o The Joint, em Las Vegas

Ninguém pode substituir Freddie Mercury. Ninguém. A boa notícia é que ninguém está tentando substituí-lo. Dito isto, Brian May e Roger Taylor, do Queen, não podiam ter encontrado melhor cantor que Adam Lambert para partilhar o palco com eles, na sua turnê atual, pela América do Norte.

Queen + Adam Lambert chegaram a Las Vegas para duas noites esgotadas no The Joint – Hard Rock Hotel & Casino, no fim de semana do 4 de Julho. Com capacidade para 3.000 pessoas, The Joint é, facilmente, a arena mais pequena da turnê de 24 cidades. Apesar do palco simples (seguindo a norma do Queen), deixaram uma marca inesquecível no The Joint, com um set de duas horas de preciosidades pouco conhecidas, grandes sucessos e clássicos reinventados.

As luzes baixaram de intensidade aos acordes familiares de “Procession”, do álbum Queen II. O pano caiu e o Queen irrompeu pelo palco, abrindo o espetáculo com uma atuação estridente de “Now I’m Here”, com a força da assinatura de May ao som da sua guitarra “Red Special” e com a adrenalina da batida da bateria. Antes do público conseguir respirar, eles lançaram-se no rock pesado de “Stone Cold Crazy”, recordando aos fãs, que o Queen ainda consegue atacar por zonas mais metal.

Durante as duas horas que se seguiram, Queen, Lambert e a equipe de apoio (baixista Neil Fairclough, Spike Edney no teclado e o filho do Roger, Rufus, na bateria e percussão) entraram a matar num conjunto de clássicos do Queen, como se nunca falhassem uma batida. Quer seja com vozes energéticas do público em músicas como “Fat Bottomed Girls”, com o poder cru de “Tie Your Mother Down” ou os malabarismos vocais de Lambert em “Somebody To Love”, Queen e Lambert estavam a dar tudo, não tendo o público como não adorar. O público de Vegas bramiu de aprovação quando, no meio do concerto, May perguntou reticente, “O que é que acham do novo garoto?”

No que lhe toca, Lambert – o “novo garoto” – passeava-se, pavoneava-se e exibia-se pelo palco como se este fosse dele. Quem acompanhava a carreira de Freddie Mercury, sabe que ele não era um mosca-morta e Lambert tornou, certamente, este palco seu, pondo a sua própria marca no setlist intimidante do Queen. Não houve momento em que Adam mais se sentiu em casa do que em “Killer Queen”. Empoleirado numa espreguiçadeira roxa e emborcando Moet & Chandon, Lambert foi efeminado, teatral, exagerado e rejubilou adequadamente com a música, mostrando a sua extensão vocal e a presença de palco ao estilo de diva da Broadway. Para Lambert e para os fãs, “Killer Queen” foi apenas um dos muitos momentos altos da noite; um casamento óbvio entre os clássicos Queen e a interpretação de Lambert. Ao ver o trabalho de palco de May a partilhar e a fazer figura de palhaço com Lambert durante “Killer Queen”, era evidente que este estava mesmo a gostar da atuação.

Lambert também prestou homenagem a Freddie com um tom de voz mais calmo, com uma nova versão de “Love Kills” de Mercury. Contudo, o tributo mais sincero a Mercury foi durante a emocional e poderosa “Who Wants To Live Forever”. “Quem é que se atreve a amar para sempre, quando o amor deve morrer?”

Com um catálogo tão profundo como o do Queen, eles encontraram formas inteligentes de atacar as favoritas dos fãs nos lugares menos esperados. Levando a uma carga emocional em “Under Pressure” (Roger partilhando a voz com Lambert), o baixista Neil Fairclough prestou homenagem a John Deacon, arrasando num gracioso e cheio de alma solo de baixo, que incluiu excertos de “Body Language” e “Dragon Attack”.

O momento mais comovente da noite aconteceu durante o set acústico de duas músicas de Brian May, começando com a balada de sua autoria “Love Of My Life”. Como é costume nos concertos do Queen, May deixou o público cantar com ele. No verso final, para seu deleite, May e o público foram presenciados com um vídeo de Freddie a cantar, obtendo vivas e lágrimas vindas da plateia num momento emocional e catártico, para May e para a multidão.

A atmosfera iluminou-se rapidamente, enquanto May se juntava novamente à banda (sem Lambert) para uma versão excitante e country de “’39”, que foi seguida por Roger guiando a balada agridoce “These Are The Days Of Our Lives”, que foi acompanhada por uma vídeo-montagem dos velhos tempos do Queen. O momento mais espontâneo da noite aconteceu, provavelmente, durante esta canção, visto que o público aclamou bem alto logo na primeira imagem do baixista original, John Deacon, que se aposentou desta vida após a morte de Freddie.

A caminho da final, May ficou com o palco para si para um solo de guitarra ilusório e sombrio de 12 minutos, que andou por entre pedaços de “Last Horizon” (do seu álbum solo de 1991, “Back To The Light”) e traços de “Brighton Rock”. Há uma razão para Eddie Van Halen considerar May seu contemporâneo, e o solo desta nesta noite cimentou isso.

Queen + Adam Lambert terminaram a noite com toda a sutileza de um murro de Mike Tyson, trazendo o calor com “Tie Your Mother Down”, uma “Radio Gaga” inspiradora, com fist-pump (movimento de braços) e bater de palmas, “Crazy Little Thing Called Love”, a verdadeiramente hipnotizante “The Show Must Go On” e o clássico de todos os tempos “Bohemian Rhapsody”. Freddie voltou para atuar com a banda no grande telão, dizendo os versos finais antes do solo de guitarra de May e da seção do meio ao estilo de ópera. Queen terminou “Rhapsody” com garra, mas ainda não era o fim do espetáculo.

De volta para só mais um bis – e vocês sabem o que aí vem – eles arrebentaram com o teto do The Joint com o bater do coração de “We Will Rock You” e uma brilhantemente dourada “We Are The Champions”, deixando tudo o que tinham em palco.

À exceção dos jovens Lambert e Rufus Taylor, este grupo de cavalheiros na idade de se aposentar, da Grã-Bretanha, tocaram com o mesmo vigor, paixão e emoção que qualquer banda de rock, cujos membros estejam na casa dos 20, de hoje em dia. É visível que Lambert fortaleceu May e Taylor. Eles estavam, claramente, a desfrutar de todos os momentos do concerto.

Não há melhor maneira de honrar o legado de Freddie Mercury.

The show must go on [O espetáculo tem de continuar].

Fontes: Adam Lambert Fan Club e KJ MacDonald

Tradução: Kady Freilitz

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