Adam Lambert na Passarela – A Paixão em sua Moda

Adam Lambert na passarela – A paixão em sua moda

Há muita coisa a ser dita sobre o modo como Adam Lambert se veste, mas esta não será uma história sobre suas botas, seus cintos ou jaquetas e qualquer um dos outros itens de que ele tanto gosta. Será sobre as histórias que ele conta através de suas letras, através de suas músicas, interagindo com seus fãs por meio de enigmas e quebra-cabeças, nos deixando curiosos e famintos por respostas. Ele gosta de se expressar por mensagens e símbolos. As realmente importantes e pessoais são tatuadas em sua pele e são apenas dele. As que são direcionadas ao público, às vezes são compartilhadas através de suas roupas, e é assim que suas roupas se tornam interessantes e um meio eficiente de contar histórias.

Eu as chamo de histórias e não declarações, por causa da magnitude pura de seus significados, alguns deles se expandindo para além de seu fandom para várias organizações, políticos, magnatas e tomadores de decisões. As mensagens de Adam os atingem? Provavelmente não, pelo menos não a todos, graças a inclinação de Adam ao místico e secreto; ele deixa as pessoas desvendarem essas mensagens de acordo com sua própria capacidade de imaginação, intuição e compreensão. Nada diz mais sobre a alta consideração que ele tem com seu público do que esses esforços que ele faz, porque ele supõe que nós vamos saber. E ele está certo – nós sabemos, e temos a mais alta consideração por ele em troca.

Nestes momentos para contar histórias, Adam cria a si mesmo. Sua criatividade fora da música já se manifestou em várias formas, de desenhos aleatórios, mas surpreendentemente cheios de significados, à arte profissional e de alta qualidade para “Trespassing”, da qual ele estava encarregado. Ele é um homem de ideias, focado não apenas em cantar, mas mais importante, ele é um homem de paixão. Os picos mais altos de sua curva artística foram os carregados de uma óbvia e forte necessidade dizer alguma coisa e de dizer isso através da arte. No encontro desses desejos e essa manifestação, os momentos mais brilhantes de sua carreira foram criados, enormes explosões de puro Adam vieram na nossa direção como o irrefreável fluxo de lava derretida. Aqui estão três exemplos disso, mas estes são os mais proeminentes e significativos.


Maneira: Ombreiras de gaiolas
Onde: American Idol
Quando: 2009

História: Uma vez que a parte das votações no American Idol tinha acabado, o Adam brincalhão agarrou a oportunidade de fazer uma coisa que até então tinha sido seu passatempo favorito e provavelmente ainda é – se fantasiar. As ombreiras de gaiola vieram de uma loja de fantasias em Los Angeles, administrada por uma boa amiga de Adam, Momma, uma famosa Drag Queen. Ele mesmo explicou isso em uma entrevista, educada e casualmente, como se isso fosse a coisa mais comum de se ouvir de um concorrente do American Idol – o que com certeza não é. Adam se destacou de tantas maneiras. Apesar de ter criado um frenesi sem precedentes no Idol, como o rolo compressor extravagante que ele é, até então Adam havia dado à audiência uma versão ligeiramente pacificada dele mesmo.

Por causa do julgamento que Adam sofreu, e não apenas por parte da bancada à sua frente, ele teve de se manter quieto na maior parte do tempo. As ombreiras de gaiola se tornaram suas palavras. Elas foram a representação mais importante e mais condizente do momento em que ele subiu na plataforma atrás da mesa dos jurados, com brilho nos seus olhos, triunfo em sua postura e deixando as adoráveis notas de “Beth” aquietar a plateia em um silêncio embasbacado – foi um momento purificador. Ele estava dizendo: “Este sou eu, fazendo o que eu faço, aqui, em frente a milhões de pessoas.” Como se todo o preconceito, a intolerância e o ódio caíssem sobre ele e se quebrassem nas ombreiras como as ondas fracas que eram, desaparecendo para revelar seu brilho, talento e beleza.

Parado lá, ele não devia estar acreditando que chegara tão longe, o que não proveio de sua falta de confiança em seu talento – Adam é imensamente confiante nesse quesito – mas de ele ser quem ele é, e o que isso significava para algumas pessoas. Isso, combinado com o surpreendente orgulho escorrendo dele por esta mesma razão – ser ele mesmo – resultou em uma constatação palpável e concreta de que o que nós tínhamos a nossa frente era mais raro que o cometa Halley. Esta analogia astronômica se encaixa perfeitamente aqui, já que os termos lisonjeiros jogados aos pés dele como rosas de caule longo vinham da mesma vertente: Alien brilhante do planeta Fierce. Um mago em uma nave a caminho da lua.

As ombreiras de gaiola não foram apenas Adam sendo brincalhão. Elas simbolizaram Adam abrindo suas asas, mostrando suas reluzentes penas de pavão, na frente de todos. Ele continuou fazendo exatamente isso, prometendo em várias entrevistas, a sempre ser exatamente que ele é e tem mantido sua promessa desde então.


Como: A letra escarlate
Onde: Glam Nation Tour
Quando: 2010

História: Depois que Adam foi crucificado, metaforicamente, e colocado na lista negra, literalmente, por beijar um membro de sua banda durante sua performance no AMA, ele lidou com a hipocrisia da nossa sociedade moderna com admirável eloquência e força moral; além disso ele encontrou uma maneira mais expressiva e significativa de mostrar a todo mundo como ele realmente se sentiu sobre a controvérsia, deixando seu figurino dizer o que suas palavras não podiam. Um beijo, o ato definitivo de amor e interação humana, foi borrado, censurado, deletado, aniquilado – não era aceitável, como se fosse um pecado. Desenhando o simbolismo e a imagem de a “Letra Escarlate” de Nathaniel Hawthorne, onde o “A” representando o Adultério, usado pelos pecadores como um sinal de vergonha, Adam rotulou a si mesmo como tal, declarando, primeiramente, sua completa falta de vergonha de ser quem ele é e também, que a acusação era falsa, para dizer o mínimo.

Ele usou a letra em sua cartola, e a ironia de ele pregar sobre amor, aceitação e tolerância sob esse símbolo foi agonizantemente decepcionante para uns e uma vitória moral para outros. Não foi uma questão de quantas pessoas eram a favor e quantas eram contra a censura. A questão foi que em qualquer parte da realidade, em qualquer esfera de possibilidades, sua interação humana foi vista como menos que humana, como inadequada ou inaceitável por qualquer pessoa. O pedaço negro de censura, colado pelas pessoas da mídia sobre suas bocas unidas não foi medido em centímetros quadrados, mas sim em volumes e mais volumes de intolerância e discriminação. Em resposta, Adam lutou muito por um espaço, seu palco, onde ele poderia professar suas ideias de amor e sua filosofia, sem ser censurado e discriminado e ele fez exatamente isso, uma apresentação após a outra. “Se a música é o combustível do amor, então deixe tocar.”

Ninguém imaginava, naquela época, que ele estava apenas se preparando, apenas começando. O que se passava em sua cabeça, sob aquele enorme, brilhante e vermelho “A” foi o miraculoso nascimento do embrião de “Trespassing”. Nós não sabíamos que devíamos nos preparar para as verdadeiras confissões de um “adultéro” vindo em nossas direções e nos desejando as boas vindas ao seu mundo de verdades.


Como: Coração aberto
Onde: We Are Glamily Tour
Quando: 2013

História: Nos tempos que se seguiram, Adam flutuou para longe de sua imagem brilhante de glam god e “mago em uma nave a caminho da lua”. “Trespassing”, uma autobiográfica, confessional, inflexível e honesta história sobre ele mesmo, seus amigos, amantes e comunidade, veio depois de um longo período de espera e o foco de todos, naquele frenesi inicial, foi no som, estilo e produção do álbum. De alguma forma, o papel que as composições de Adam tiveram nele foi deixado para que cada ouvinte decifrasse por si mesmo e tomasse o que quisesse delas. A sinceridade de Adam foi sensata? Ele poderia arcar com essa honestidade? Haveria pessoas para quem, novamente, sua vida, amor, dor e luta seria inaceitável ou pelo menos inaceitável se fossem revelados? Sim, com certeza, e Adam sabia disso. Ele sabia e apesar de desejar uma carreira sob o holofote do altamente manufaturado, estritamente comercial e pintado de verde mundo da música pop, ele se arriscou. Ele trouxe para a mesa algo raramente visto no menu: coragem e integridade, pessoal e artística. De seu grito rebelde à sua canção de ninar e tudo o que está no meio, estava tudo à mostra, desmascarado, revelado, em campo aberto, para qualquer um ver ou escolher não ver, para amar ou odiar, abraçar ou rejeitar, se identificar ou fugir.

Então, quando ele entrou no palco da We Are Glamily Tour, com uma simples camiseta com um coração nu estampado, foi como um lembrete sobre o que toda a era “Trespassing” dizia respeito. Nós sabemos como o coração de Adam soa. Em último caso, para nos dizer que é de seu coração que suas músicas vêm. Você não pode por um preço nisso.

Um segundo ou dois depois, Adam colocaria um terno brilhante ou calças de couro justas, celebrando intensamente a diversão e os tempos felizes e o momento de revelação teria passado. Você entendeu? Alguns sim, com certeza. Usando tanto simbolismo, imagens e mensagens subliminares, Adam de uma alguma forma inconscientemente seletivo em relação à sua audiência. A verdade é que aqueles que continuam surdos às suas palavras vão continuar cegos aos simbolismos de sua imagem, então, nenhuma grande perda aqui. Inusitadamente susceptível à energia de seus fãs, foi como se Adam tomasse um tempo para gentilmente estalar os dedos para eles, apenas para acordá-los um pouco e lembrá-los de que “Trespassing” não era sobre números, estratégias, escolha de singles, rádio ou negócios. A intimidade do material desse álbum, os registros pessoais, a vasta introspecção dele, requereu uma abordagem não materialista, para dizer o mínimo, ou como Adam colocou tão abertamente em sua camiseta – uma abordagem sincera.

***

Estas três histórias não são apenas três grandes capítulos da vida e carreira de Adam Lambert; são também arautos do que está por vir em revelações crescentes. Das arquitetonicamente firmes e beligerantemente afiadas gaiolas, lutando para abrir seu caminho na bolha que certa o cenário da música pop; passando pela metafórica, teatral e glamorosa letra “A”, representando, não apenas alfabeticamente, o começo de suas conquistas; até a silenciosa, aberta e crua oferta de seu coração, nos chamando a atenção, nos lembrando de nunca esquecer o que realmente estamos ouvindo e por último cimentando seu status como um autor completo através do som e significado de “Trespassing”, as declarações de moda de Adam são muito mais do que isso.

Elas o colocaram dentro dessa bolha do mundo da música – Adam rompeu essa barreira. Mas ele é muito diferente e único para não estar, ele mesmo, em uma bolha, seu escudo é quase impenetrável para muitos também. Com “Trespassing”, Adam ergueu esse escudo. Parece haver um caminho livre à sua frente agora, um espaço livre para a fusão. Prendendo nossas respirações, nós esperamos por suas novas músicas, novas histórias com um aviso importante – não deixe de ler todas as anteriores, já que as próximas não farão sentido sem elas.

Declarando a si mesmo como cantor e compositor, Adam Lambert não mente – ele apenas não sabe, que além disso, ele é um fenomenal contador de histórias também.

Fontes: Glambert Brasil e aleksandrakv

Tradução: Stefani Banhete

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