Entrevista by Revista StreetWise (Austrália) – Junho/2020

Quando eu pergunto a Adam Lambert se ele se lembra de sua audição no American Idol, o que deu início a carreira dele em 2009, ele ri. “Eu me lembro do meu cabelo! Mas não assisto ao vídeo faz tempo”, ele confessa, ajustando seus enormes óculos escuros cheios de pedrarias. (Elton John deve estar a ponto de desmaiar em algum lugar.) “Eu estava muito nervoso. Tinha muita coisa em jogo. Eu estava fazendo o musical Wicked na época, em LA e eu tive que me demitir. Se eu não passasse, o que eu ia fazer? É uma lição sobre correr riscos.”

Já é seguro dizer que o risco valeu a pena. O vencedor daquela temporada foi Kris Allen, com Lambert sendo nomeado vice-campeão.

Ao contrário de Allen, no entanto, Lambert rapidamente se viu em uma trajetória que o catapultou para cima e para frente. Houve vários álbuns solo – ele se tornou o primeiro artista abertamente gay a ter um álbum número 1 – e turnês mundiais, bem como aparições em programas de TV como Glee e Pretty Little Liars. Mas o momento mais importante aconteceu em 2012, quando ele foi convidado para ser o substituto de Freddie Mercury como frontman do Queen.

“Nós ficamos muito confortáveis uns com os outros. A única coisa que me deixa nervoso é quando há algo novo, como apresentar uma das minhas músicas pela primeira vez. Mas essas músicas, agora que já trabalhamos juntos há oito anos, elas já fazem parte de mim. Eu não preciso pensar a respeito. E isso acaba com o nervosismo.” A não ser por aquela vez em que eles se apresentaram na cerimônia do Oscar, o que ele descreve como “doido”.

Agora, Lambert está promovendo seu novo e quarto álbum, Velvet. Como ele mesmo disse, ele trabalhou neste álbum por tempo demais e está “muito envolvido” com ele.

Já faz quatro anos desde o lançamento do seu último álbum, The Original High. Os compromissos com o Queen o mantiveram ocupado. E em dado momento, Lambert apertou o botão de pausa em sua carreira solo.

“Eu tive que fazer uma porção de mudanças de negócios e isso desacelerou o processo. Eu mudei de gravadora e de agência, duas vezes… Muito disso foi por me sentir desiludido com a indústria.” De acordo com Lambert, não estava mais divertido.

“Se não há alegria, alguma coisa está errada. Sim, algumas músicas e materiais são tristes, mas eles vêm de uma paixão. Se você não está conectado com a sua paixão – seja qual for a emoção envolvida no momento – então, você não está fazendo bem o seu trabalho. E eu estava um pouco esgotado. Eu estava viajando e trabalhando muito e senti que tinha sido sugado pelo aspecto comercial das coisas: números, streamings, competição com outros artistas, agradar todas as pessoas diferentes que comandam a gravadora… Eu me perdi da minha integridade. Tive que fazer mudanças.”

Velvet é um retorno ao Adam Lambert de antes do estrelato com o Queen. Ele está de volta ao banco do motorista e a música é um reflexo mais verdadeiro de seu mundo, amigos e relacionamentos. “A sensação é… é de que sou eu”, ele anuncia, com os olhos arregalados.

Surpreendentemente, o álbum tomou forma depois que Lambert parou de ouvir as músicas no Top 40. Ao invés disso, Velvet tem suas raízes nas músicas que ele ouvia quando novo – nas coisas que seus pais tocavam em casa quando ele era criança e vivia em San Diego.
“Sly and the Family Stone, David Bowie, Queen, Led Zeppelin, Prince, Al Green e Chaka Khan…” ele recita rapidamente. “E eu comecei a ouvir coisas mais alternativas, tipo Tame Impala e Leisure, da Nova Zelândia, por quem eu estou obcecado. Há uma banda dos Estados Unidos chamada Sports, que é muito legal.”

Logo se tornou óbvio o quão determinado ele estava em fazer sua própria música, fora do Queen.

“No fundo, eu preciso dar vazão à minha criatividade. Eu preciso poder criar minha própria arte. A experiência com o Queen é inacreditável – é o sonho de todo cantor. Eu adoro. Mas isso satisfaz algo ligeiramente diferente do que compor minha própria música. O Queen me dá segurança, porque o material está mais do que aprovado e as pessoas amam. Mas Velvet é desconhecido. É tipo, deixa eu tentar isso e me colocar a prova.”

É importante lembrar o quanto as coisas eram diferentes quando Lambert fez aquela audição para o American Idol. Naquela época, artistas abertamente gays era raros. Desde então, ele foi parte da onda que tem mudado as coisas para melhor para a comunidade LGBTQ+.

“Isso é uma das melhores coisas nos últimos 10 anos. A indústria mudou tanto em relação a isso. Há dez anos, eles estavam preocupados. Há um público para isso? Vai vender? Vamos recuperar nosso investimento? Eles estavam aterrorizados; ninguém sabia como isso ia funcionar. E então eu fiz uma performance no American Music Awards que foi um pouco atrevida e deixou todo mundo assustado. Hoje está tão diferente.”

Para usar este momento, Lambert lançou sua instituição de caridade Feel Something Foundation no final de 2019, para ajudar a comunidade queer com foco nos desabrigados, saúde mental e prevenção ao suicídio.

“A taxa de suicídio entre jovens LGBTQI+ é tão alta por causa desse ‘monstro da vergonha’, é uma força maligna. É quando seus pais têm vergonha de você, ou talvez seja o contexto religioso em que você cresceu. No instante em que você começa a normalizar isso e a se abrir e deixar isso respirar, ao invés de guardar segredo, isso deixa de ser um problema tão grande.”

Enquanto uma certa pandemia colocou todos os planos de turnês para escanteio, Lambert está feliz em ter Velvet para mostrar seu muito aguardado retorno.

“Eu fui completamente contra o que era esperado e as pessoas estão me dizendo que foi a melhor coisa que eu fiz”, ele sorri, ajustando os imensos óculos novamente. “Eu me sinto vingado, como se tivesse provado a mim mesmo e a todo mundo que se perguntava se eu era capaz de fazer isso. Me sinto muito bem com isso.”

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: @4Gelly (1) e @4Gelly (2)

Compartilhar
Share

One Comment

  1. Ele é um ser humano maravilhoso. Merece todo sucesso do mundo. Admirável! Sou orgulhosa de ser fã! ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️

    1

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *