Entrevista by Revista The Big Issue (Austrália) – Abril/2020

Mina de ouro Velvet

Você pode o conhecer do “American Idol” ou talvez como o substituto do Freddie Mercury com o Queen, mas com seu novo álbum solo “Velvet”, Adam Lambert espera que o veja como a pessoa que ele realmente é.

Quando eu perguntei para Adam Lambert se ele lembra da sua audição para o “American Idol”, aquela que começou tudo lá em 2009, ele riu.

“Eu me lembro do meu cabelo! Mas eu não vejo a gravação já tem um tempo”, ele confessa, ajustando o óculos grande enfeitado que ele está usando. (Elton John deve estar desmaiando em algum lugar). “Eu estava muito nervoso. Tinha muita coisa em jogo. Eu estava fazendo o musical ‘Wicked – The Musical’ em Los Angeles e eu tive que largar. Se eu não passasse, o que eu faria? Foi uma lição sobre se arriscar.”

E agora é seguro dizer que o risco valeu a pena. O vencedor daquela temporada foi Kris Allen, com Lambert coroado como o vice-campeão. Mas ao contrário de Allen, Lambert rapidamente se encontrou em uma trajetória que o impulsionou avante e para cima. Tivemos vários álbuns solos – ele se tornou o primeiro artista assumidamente gay a alcançar o primeiro lugar com um álbum – e turnês mundiais, assim como aparições na TV para shows como Glee e Pretty Little Liars. Mas o momento veio em 2012 quando pediram para que ele assumisse o lugar de Freddie Mercury como vocalista do Queen.

A audiência australiana sentiu um gostinho de Queen + Adam Lambert em Fevereiro, quando a banda recriou, no evento beneficente Fire Fight Australia em Sydney, sua performance celebrada do Live Aid de 1985.

“Foi louco. Foi algo realmente especial”, entusiasma Lambert. “A audiência, a energia da plateia – tinha tanta alegria ali. Quer dizer, no minuto que começamos os primeiros acordes de ‘Bohemian Rhapsody’ tinham mãos levantando. A audiência era tão alta. Me senti muito bem.”

Apesar do status mitológico da performance original no estádio de Wembley, ele revela que se sentiu muito bem recriando o set definidor da uma era.

“Nós estamos muito confortáveis um com o outro. A única vez que fico mais nervoso é fazendo algo novo, como apresentar uma das minhas músicas pela primeira vez. Mas essas músicas, agora que estamos trabalhando juntos por mais de oito anos, elas estão no meu corpo. Eu não tenho que pensar sobre isso. E isso faz todo nervosismo ir embora.” Exceto a vez que eles se apresentaram no Oscar, o que Adam descreveu como “louco”.

Agora, Lambert está promovendo o lançamento do seu novo álbum “Velvet”, seu quarto álbum. Em suas próprias palavras, ele trabalhou nisso por muito tempo e investiu muito no álbum.

Tem sido cinco longos anos desde que ele lançou seu álbum anterior “The Original High”. Seu trabalho com o Queen o manteve ocupado. E por um momento, Lambert apertou o botão de pause em sua carreira solo.

“Eu tive que fazer muitas mudanças comerciais e isso atrasou um pouco o processo. Eu troquei de gravadora, troquei de empresário duas vezes… E muito disso foi causado por me sentir desiludido com a indústria musical.” De acordo com Lambert, não estava divertido mais.

“Se não tem alegria, então tem algo errado. Sim, algumas músicas e alguns materiais são tristes, mas eles vêm de um lugar de paixão. Se você não estiver conectado a suas paixões – seja qualquer emoção que você está sentindo no momento – então você não está fazendo algo certo. E eu estava um pouco esgotado. Eu estava trabalhando e viajando muito e eu sentia que tinha sido sugado pelo lado comercial das coisas: números, streaming, competição com outros artistas, agradar as diferentes pessoas que mandam na gravadora… Eu perdi contato com a minha integridade. Eu tinha que fazer algumas mudanças.”

“Velvet” é o retorno ao Adam Lambert de antes do sucesso com o Queen. Ele está de volta ao banco do motorista, a música é uma reflexão do seu mundo, amigos e relacionamentos. “Isso parece, parece eu”, ele anuncia com os olhos brilhando.

Supreendentemente, o novo álbum ganhou forma quando Lambert parou de escutar as músicas do Top 40. Ao contrário, “Velvet” teve sua base nas músicas que Lambert cresceu ouvindo – as músicas que os pais dele tocavam pela casa quando ele era novo e morava em San Diego.

“Sly and the Family Stone, David Bowie, Queen, Led Zeppelin, Prince, Al Green and Chaka Khan…” ele cita rapidamente. “E eu comecei a escutar mais músicas alternativas como Tame Impala e Leisure da Nova Zelândia, que eu sou obcecado. Tem uma banda americana chamada Sports que é muito boa.”

Logo se tornou óbvio como ele estava determinado a fazer sua música, a parte do Queen.

“No fundo, eu preciso ter minha própria manifestação artística. Eu preciso ser capaz de criar minha própria arte. A experiência com o Queen é inacreditável – é o sonho de todo o performer. Eu amo. Mas me satisfaz de uma forma diferente do que compor minha própria música. O Queen parece muito seguro, é testado e comprovado e as pessoas os amam. Mas com ‘Velvet’ é incerto. É como, me deixa tentar isso e deixa eu me expor.”

É importante lembrar como as coisas eram diferentes na primeira vez que o Adam apareceu naquela audição do “American Idol”. Naquela época, cantores abertamente gays eram uma raridade. Ele tem sido uma parte fundamental dessa onda que tem mudado as coisas para melhor para a comunidade LGBTQ+.

“Essa é uma das coisas mais animadoras desses dez anos. A indústria da música mudou muito em relação a isso. Dez anos atrás, isso ainda era uma preocupação. Tem uma audiência para isso? Vai vender? Nós vamos recuperar nosso investimento? Eles estavam aterrorizados; Eles não sabiam como isso ia funcionar. Então eu fiz essa performance no American Music Awards que foi um pouco ousada e isso assustou todo mundo. É tão diferente de hoje.”

Para aproveitar esse momento, Lambert lançou a “Feel Something Foundation” no final de 2019 que tem como objetivo ajudar a comunidade Queer com ênfase nos desabrigados, prevenção de suicídio e saúde mental.

“A taxa de suicídio entre os jovens LGBTQ+ é tão alta por causa dessa ‘grande vergonha’ que existe, é uma força do mal. Seja seus pais que têm vergonha de você ou talvez algo religioso que você foi educado assim. No minuto em que você começa a normalizar isso e se deixar ser aberto quanto a isso, deixar isso respirar e não fazer disso um segredo, passa a não ser uma grande coisa.”

Enquanto uma certa pandemia colocou na espera qualquer turnê por enquanto. Lambert está feliz fazendo de “Velvet” seu retorno tão aguardado.

“Eu fui totalmente ao contrário do que estavam esperando e as pessoas estão falando que foi a melhor coisa que eu já fiz”, ele sorri ajustando seu óculos de sol enorme de novo. “Eu sinto um senso de reivindicação, como ter provado para mim mesmo e para aqueles que estavam pensando se eu sou capaz de fazer isso. Eu me sinto muito bem com isso.”

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Gisele Duarte
Fonte: @4Gelly

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