Entrevista by ICON Magazine – Março/2020

Adam Lambert: “Eu apenas queria fazer músicas que eu gosto”

Já tem quatro anos desde o último álbum de Adam Lambert e acredite quando eu digo, seu retorno foi o mais espetacular

Quando eu sentei com Adam Lambert em um hotel em Sydney, ele estava como eu o imaginava; com seu cabelo perfeitamente esculpido, uma sombra verde esfumaçada e com a mesma finesa fabulosa que você vê quando ele está no palco. Naturalmente, eu comentei sobre sua roupa que era um blazer verde da Gucci, blusa de seda, short preto de couro, meias compridas e um tênis com estampa de onça e ele respondeu: “Eu estou com um look de cruzeiro na selva hoje, parte Steve Irwin. Safari glam!”

Desde a audição de Lambert no “American Idol” em 2009, o artista é conhecido não só pelo seus vocais matadores, mas sua presença poderosa especialmente na comunidade LGBTQ+. E enquanto ele admite sua criatividade e chama foram perdidas por “números e indústria competitiva”, o cantor de 38 anos retornou de um hiato de quatro anos com um novo álbum estrondoso chamado “Velvet”. Repleto de sensibilidades do rock dos anos 70 e eletrônico disco, os vocais poderosos de Lambert acompanha uma curadoria pop emocionante digna de serem dançadas. E como se isso não fosse o bastante, Lambert lançou a “Feel Something Foundation”, uma organização sem fins lucrativos em suporte aos direitos humanos da comunidade LGBTQ+.

Durante sua massiva turnê mundial com o Queen onde ele se apresenta como o vocalista da banda, a ICON se encontrou com a sensação do pop e filantropo para conversar sobre Freddie Mercury, “Velvet” e claro, seu estilo espetacular.

ICON: Seu álbum “Velvet” é lançado após 10 anos que você entrou nessa indústria. Qual foi a maior lição que aprendeu durante esse tempo?
Adam Lambert: Eu acho que eu aprendi muito, especialmente nos últimos tempos sobre satisfação pessoal, em vez de validação comercial. É tão fácil se envolver no jogo, nos números e nessa indústria competitiva. É muito fácil perder sua criatividade no meio do caminho. Mais do que nunca eu estou tentando me redirecionar ao modo em que eu vejo as coisas e reconhecer um senso de satisfação e realização pessoal. Com esse álbum por exemplo, criativamente, eu me sinto muito feliz com ele. É exatamente o que eu queria que ele fosse.

ICON: Como você acha que a perspectiva da comunidade LGBTQ+ progrediu desde 2009?
AL: É mainstream agora. Mesmo há 10 anos, no que diz respeito a indústria musical, isso não era feito, não era algo importante. Definitivamente tinha um bloqueio na estrada, o que era animador. Eu estava pronto pro desafio porque eu reconhecia que esse seria o caso. Eu sabia disso. Era isso que me impediu de fazer a audição do “American Idol” antes. Eu pensava, como que isso vai funcionar pra mim? Toda a semana que eu ficava eu ficava, eu pensava “Vocês estão falando sério? Eu não vi isso dando certo.” E quando eu cheguei à final e consegui um contrato com uma gravadora, eu pensei, é isso!

ICON: Você ainda acha que ainda tem batalhas a serem travadas por essa comunidade politicamente?
AL: Com certeza. Igualdade é ainda algo que ainda não alcançamos. Mas teve muito progresso na última década. E pelo que sei sobre a Austrália, pelo menos nas grandes cidades, é que aqui é bem progressista. Mas o casamento gay acabou de ser aprovado aqui, então é um grande processo. Tem muitas coisas importantes para se preocupar no mundo, e espero que a maioria comece a entender que a felicidade pessoal deve ser um direito, deve ser igualitária.

Vamos realmente nos preocupar com as coisas que são ameaças neste mundo – as mudanças climáticas, vamos nos preocupar com isso.

ICON: Qual foi o momento crucial para você para criar a “Feel Something Foundation”?
AL: Eu fiz muitas coisas com diferentes instituições de caridade durante esses anos… Eu acho que apenas decidi que queria levar isso a um nível maior. Eu queria entrar nisso um pouco mais a fundo e abordar questões específicas como falta de moradia, falta de moradia para a juventude queer, saúde mental, prevenção de suicídio… Nem todo mundo tem condição financeira para fugir para grandes cidades.

Eu quero colocar um pouco de energia em educação em arte. Muitos jovens queer são criativos e eu quero criar mais oportunidades de educação para eles, seja palestras, workshops ou outras coisas que pessoas em certas situações financeiras não podem bancar.

ICON: No passado você já discutiu sobre como foi crescer sendo “a criança estranha” na escola. Qual conselho você dá para pessoas jovens que são queer, criativas ou fogem do status quo e se sentem isoladas?
AL: Não vai ser sempre fácil, esse é o aviso, você tem que saber que vai ser assim, e não ser ingênuo. A ideia de que fica mais fácil é verdadeira, a escola geralmente é a época mais difícil. Mantenha-se verdadeiro ao que você é, siga seus instintos, siga exatamente o que você quer, isso vai fazer você chegar lá.

ICON: Como trabalhar com o Queen contribuiu para sua música solo?
AL: Me deu confiança, confiança na carreira e um sentimento de pertencimento. Financeiramente tem sido muito útil [risos]. E criativamente, foi um lembrete de o que faz uma grande canção e como realmente alcançar a audiência e criar música que se mantém para sempre – as canções deles são atemporais e todas elas lidam o espírito humano.

Com “Velvet” em particular, eu comecei nesse período de tempo, os anos 70 e 80 como inspiração. Eu comecei a referenciar ou ser inspirado pelas bandas que também são inspiradas pelo passado.

ICON: Como foi a pressão de ocupar o lugar de Freddie Mercury? Que conexão você tinha com os artistas antes de entrar para o Queen?
AL: Eu definitivamente senti muita pressão logo quando eu comecei com o Queen. Eu pensava, o que os fãs vão pensar? O que a banda vai pensar? Eu consigo fazer isso?

Eu tinha muitas inseguranças e dúvidas, mas eu sabia que era uma oportunidade que eu não podia deixar passar. Eu era definitivamente um fã do Queen. Quando eu estava crescendo, eu escutava as coisas que meus pais ouviam e então muita música de musicais. Quando eu estava no ensino médio, eu estava ouvindo o que era popular na época, muito pop. Quando eu me mudei para LA, foi quando eu me apaixonei pelo rock’n’roll dos anos 70. Eu comecei a assistir coisas online, ver Freddie em todas aquelas roupas, sendo completamente “feminino” e hilário. Muitas das músicas deles são teatrais então definitivamente teve uma ponte ali.

ICON: Você sempre manteve um estilo tão distinto com sua música. Onde você busca por inspiração?
AL: Eu sou uma pessoa muito visual então o jeito como alguma coisa parece me faz pensar em como aquilo poderia soar. Ultimamente, eu tenho visto muita coisa da moda, as pessoas estão buscando toda essa coisa louca, psicodélica, inspirado no funk e retrô e essa foi uma das grandes indicações para mim que ir nessa direção poderia fazer as pessoas se conectarem com a minha música.

ICON: Como você seleciona esses looks?
AL: Eu descobri que me arrumar me prepara mentalmente, criativamente, me coloca nessa zona. Quando eu visto uma roupa, faço a minha maquiagem, arrumo meu cabelo e escuto a minha música, é tudo parte do processo. É um jeito de manter meu lado criança. Quando você é uma criança, brincar de se fantasiar é algo legal, e isso é algo que eu ainda faço.

ICON: Tem quatro anos desde o seu último lançamento. Porque tirar esse tempo foi necessário para você?
AL: Um pouco desse tempo foi fora do meu controle, coisas do negócio. Criativamente, eu realmente precisava voltar um pouco para o que eu queria fazer na música. É muito fácil você ficar esgotado pela indústria e pelos números. Eu levei um tempo para parar e pensar “Ok, me deixa entender o porquê e o quanto eu amo isso e deixar isso influenciar o tipo de música que eu faço.” Eu só queria fazer música que eu gosto, terminantemente, esse era o primeiro critério, eu gosto disso?

ICON: Como você descrevia seu álbum em três palavras?
AL: Luxúria, comovente, atemporal.

ICON: O que você espera que as pessoas tirem do seu novo álbum?
AL: Eu quero que as pessoas entendam que é uma coleção. É um clima. É um mundo. Eu quero que seja consistente, eu quero que seja coeso. Eu não quero que você escute e se pergunte porque essa música está no álbum. Tudo se encaixa, e eu passei muito tempo tendo certeza que isso aconteceria. Eu espero que as pessoas percebam o tempo e a energia que eu coloquei nisso. Eu realmente amo o álbum e mal posso esperar para que as pessoas vejam isso ao vivo. Eu definitivamente vou fazer uma turnê com o álbum.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Gisele Duarte
Fonte: ICON Magazine

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