Entrevista by Paper Magazine – Abril/2020

A Extravagância encontra a Alta Costura em “Velvet”, de Adam Lambert

Você mal precisa assistir 30 segundos do videoclipe ‘Velvet” de Adam Lambert para entender do que se trata. Fazendo o papel de alfaiate em um traje tanto Austin Powers quanto Liberace, Lambert trabalha na costura do modelo e rapidamente lança um olhar sugestivo para a câmera. É fofo, excêntrico, extravagante e Lambert não aceitaria que fosse de outra maneira.

A faixa-título do quarto álbum de estúdio do cantor, “Velvet”, reproduz sons retrô com um refrão cheio de metais e riffs de guitarra ao estilo de Nile Rodgers (que mais tarde aparece no álbum em “Roses”). Ainda assim, Lambert consegue nunca se deixar levar pela nostalgia de “Velvet”. Dirigido por Charlotte Rutherford, o visual de “Velvet” é tudo o que a Met Gala de Anna Wintour 2019 queria ser: exagerado com uma vantagem sartorial. Cowboys com pouca roupa, ratos de academia rasgando as calças, funerais melodramáticos e um casamento branco para rivalizar com o Billy Idol, tudo pensado para parecer que vieram de um catálogo da Sears dos anos 80.

PAPER conversou com Adam Lambert para falar sobre a produção de “Velvet”, a paixão do cantor por estilo e o que ele tem feito em quarentena.

De onde surgiu a ideia para o vídeo “Velvet”?
Eu era realmente um grande fã de Charlotte [Rutherford] apenas do Instagram, e vinha dizendo para minha equipe há algum tempo: “Deveríamos gravar um vídeo com ela, gosto muito do estilo dela”. Então eu entrei em contato e quando liguei para falar sobre ideias depois que ela ouviu a música, eu disse: “Você acha que seria uma ideia legal ser literal? Como a música está comparando o amante perfeito com um pedaço de tecido”, o que é tão extravagante e bobo. Eu disse: “Talvez eu devesse apenas desenhar roupas para homens bonitos, fazendo tudo realmente meta e atrevido”. Nós dois rimos e perguntei: “Isso é loucura?” e ela disse: “Não, acho que seria muito fofo!” Ela teve a ideia de colocar referências de Rocky Horror em cima e outros pequenos elementos, mas eu fiquei realmente empolgado por ela gostar da minha ideia boba.

É realmente divertido. Isso vem naturalmente para você?
Eu acho que isso é muito da minha personalidade e é engraçado porque eu ainda não fiz muito disso nos meus vídeos. Nós fizemos um pouco no videoclipe “Superpower”. Isso é um objetivo natural para mim. Eu sou um pouco palhaço na frente de uma plateia. Eu acho que [“Velvet”] é realmente dinâmico, leve e divertido. Eu disse a [Charlotte]: “Vamos exagerar! Vamos nos divertir!” A outra coisa que eu disse a ela foi: “Eu só quero fazer um vídeo realmente gay. Ser o mais queer que pudermos com o elenco, com alguns dos sets e com algumas pequenas partes”. E ela topou. Estou muito feliz com o resultado.

O elenco do vídeo também é incrível.
Conversei com Charlotte sobre isso e disse: “Quero ver todo mundo sendo representado. Quero que isso seja super queer e super alternativo”, o que reflete minha vida social na vida real. Eu amo que temos idades, gêneros e representações raciais diferentes. Parece um belo microcosmo da utopia que esperamos conseguir um dia.

O álbum e o vídeo são bem retrô. Por que você se inclinou nessa direção?
O álbum inteiro é uma homenagem ao passado. Com “Velvet”, o álbum, fiquei empolgado em criar um corpo de trabalho coeso e com uma linha direta – sonora e liricamente e combinando isso com o visual, desde que lançamos o primeiro single, “New Eyes”, e depois vieram vários outros singles. Essa tem sido a vibe visual desde que começamos. Eu queria dar um visual para toda essa era. É algo que sempre me atraiu quando outros artistas fizeram isso. Com “Velvet”, nós realmente seguimos esse caminho. A música “Velvet” é a faixa-título, então eu queria resumir tudo e fazer um bom lançamento comemorativo para o álbum todo.

Qual foi a sua parte favorita do processo de filmagem?
Meu set favorito foi o casamento, porque foi patético pegar o buquê e ser um idiota. Eu amei aquele conjunto branco.

“Eu amo que temos idades, gêneros e representações raciais diferentes. Parece um belo microcosmo da utopia que esperamos conseguir um dia.”

É muito Tiger King.
Muito. Eu gostaria de ter visto Tiger King antes do vídeo, porque acho que teria me inclinado ainda mais. Eu precisaria de um mullet loiro.

Você é Team Carole ou Team Joe?
Só assisti dois episódios. Acabei de começar. Vi todo mundo falando sobre isso e pensei: “Bem, não estou ocupado, então vou dar uma olhada”. Nos dois primeiros episódios, pensei ter visto um pouco de hipocrisia nas críticas de Carole a Joe. Ambos estão basicamente fazendo a mesma coisa com os felinos no parque.

Continue, definitivamente vale a pena.
A outra coisa que eu amei no vídeo foi trabalhar com Kieran [Fenney], que me ajudou a montar a maioria dos looks. Eu trouxe a maioria das coisas do meu próprio guarda-roupa, mas ver como ele estilizou todo mundo no vídeo foi uma surpresa. Eu saía do meu camarim e as pessoas saíam da área de figurino e eu ficava tipo “Oh meu Deus, isso é tão legal!” Fiquei realmente impressionado com o estilo que ele montou para o vídeo. Tivemos uma grande ligação em grupo antes de começarmos e eu disse: “Este vídeo deve parecer uma filmagem; deve parecer um editorial; deve ser muito moderno. Essa deve ser a principal característica”.

Como é o seu relacionamento com a moda?
Eu tenho um problema com compras. Adoro roupas, acessórios e sapatos. Eu me tornei um comprador online perigoso agora. É muito fácil, você não precisa sair de casa. Você pode fazer isso sempre que quiser, sempre que o capricho lhe atingir. Você precisa tomar cuidado ao pegar o seu iPad depois da segunda taça de champanhe. Eu me considero uma espécie de estudante de moda. Eu gosto de ver todas as apresentações da passarela a cada estação, percorrer as imagens e digeri-las, ver o que está acontecendo e quais são os movimentos. Certos designers obviamente ressoam comigo mais do que outros. Adoro olhar, analisar e ver o que funcionaria para mim. Fiquei realmente impressionado com uma porção de designers que estão fazendo uma fusão inspirada nos anos 70. Obviamente, a Gucci tem sido incrível; Alessandro [Michele] é brilhante e Marc Jacobs. Até o desfile recente da AMIRI, fiquei impressionado. Eu quero usar uma calça larga, um sapato de plataforma e uma jaqueta com ombros fortes, e isso faz o meu dia.

Se eu abrisse as portas do seu armário, o que veria lá dentro?
Muita coisa. Na verdade, continuo dizendo: “Tenho que limpar meu armário e abrir espaço para tudo”. Eu me sinto como um acumulador de moda agora. Não quero me desfazer de nada.

Qual é a tendência que você deseja que desapareça ou acabe por morrer?
Não gosto muito do bucket hat. Existem certas tendências dos anos 90… Eu tenho idade suficiente para lembrar quando elas estavam na moda pela primeira vez ou quando elas já na verdade não eram tão boas na primeira vez. Acho muito engraçado ver as coisas voltarem e aquele chapéu do final dos anos 90, tipo, “Sério?”

Eles estão tentando trazer o jeans bootcut de volta e eu fico tipo “Não”.
Ah, eu gosto disso.

Verdade?
Sim, porque eu gosto do jeito que eles fazem sua perna parecer mais longa. Eu gosto da ilusão que eles te dão. Estou de jeans bootcut. Pessoalmente, estou cansado de jeans skinny. Eu acho que essa já deu.

“Eu quero usar uma calça larga, um sapato de plataforma e uma jaqueta com ombros fortes, e isso faz o meu dia”.

Para mim, eu gosto do jeito que acentua as panturrilhas.
Eu acho que é isso, depende da sua perna. É por isso que as tendências são interessantes, mas às vezes você apenas precisa seguir o que funciona melhor para você. Eu sempre – desde criança – amei calças largas e esquisitas, e isso sempre foi o meu estilo. Eles entram e saem de moda. Gosto de como as pernas e o corpo ficam nelas. Eu tenho tornozelos muito magros e eles não são proporcionais ao resto da minha perna, então eu gosto de coisas que ajudam a equilibrar meu corpo.

Como você está lidando com a quarentena no momento?
Estou muito agradecido por ter colegas em casa comigo neste momento, porque geralmente moro sozinho. Quando estava em turnê há alguns meses, alguns amigos se mudaram para Los Angeles de Nova Iorque e precisavam de um lugar para ficar e eu disse: “Sim, fiquem na minha casa”. Então tudo isso aconteceu, e foi tipo, “Bem, vocês vão ficar?” É brilhante porque agora tenho companhia. Sou muito grato.

À luz do coronavírus, você teve que cancelar e adiar muitas datas. Como isso afetou a maneira como você lançou o álbum?
Tem sido interessante porque, obviamente, tivemos que mudar de marcha muito rápido, porque o plano era fazer apresentações na TV e viajar, e tivemos que improvisar e descobrir o que funcionava em casa. Tem sido interessante e um pouco reconfortante que todos estejam fazendo isso. Eu não estou sozinho nisso. Estamos todos unidos na sobrevivência dessa coisa, o que é legal porque isso cria um entendimento. Olhando para o futuro, o que estou tentando fazer é equilibrar a conexão com as pessoas e ainda promover, dar entrevistas e me conectar com meus fãs nas mídias sociais, mas também dividir esse tempo com alguma energia de hibernação. Acabei comprando online um monte de equipamentos de gravação para que eu pudesse ter um pequeno estúdio em casa. Estou começando a interagir com alguns produtores diferentes para ver o que podemos fazer virtualmente. Não precisamos estar na mesma sala ao mesmo tempo para trabalharmos juntos, então estou começando a ver o que posso fazer para ser autossuficiente na criação para o futuro. Também muitos projetos de redecorarão na minha casa!

Tipo?
Eu pintei um baú no outro dia. Eu comprei um monte de cestas suspensas de macramê da Amazon e me diverti muito na outra noite pendurando todas elas. Decidi que queria que meu espaço tivesse mais coisas hipster, naturais e hippies. Eu fiz macramê!

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: Paper Magazine, @papermagazine e Adam Lambert/Twitter

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