Entrevista by Entertainment Weekly – Março/2020

Adam Lambert fala sobre queerness e a libertação de seu novo álbum, “Velvet”

O cantor nos contou que é “uma carta de amor ao coração”

Adam Lambert não está mais aqui apenas para o seu entretenimento.

O artista de 38 anos, que teve uma bem sucedida transição de finalista do American Idol para astro do rock e frontman do Queen, lançou seu quarto álbum solo na sexta, dia 20 de Março; quase cinco anos depois que “The Original High” chegou aos nossos ouvidos.
Ele revelou as seis primeiras música em Setembro passado, no EP “Velvet: Side A”, se juntando a tendência musical de espaçar os lançamentos. O álbum completo vai ainda mais fundo no tema de amor e empoderamento, tudo mergulhado em uma vibe rock retrô dos anos 70.

“Eu me apoiei muito na minha ‘queerness’ com este.” Ele conta à EW sobre seu novo álbum. “Estou basicamente marchando no meu próprio ritmo, mas eu espero que tenha escrito as músicas de uma forma que as pessoas também possam se ver dentro delas, não importa quem sejam.”

Em preparação para o lançamento de “Velvet”, o cantor falou sobre suas influências dos passado, porque ele levou quase cinco anos para lançar música nova e porque veludo foi o tecido certo para emprestar o nome ao álbum.

Entertainment Weekly: Já faz quase cinco anos desde seu último álbum solo. Além do fato óbvio de que você tem estado ocupado com o Queen, por que a longa pausa?
Adam Lambert: Eu não estava com pressa de começar. Eu fiz o “The Original High” e essa foi a última vez que saí em turnê. Eu só precisei de um tempo para voltar à mentalidade de compositor. Eu notei que com a criatividade, às vezes você está pronto para colocar tudo para fora e em outras, você tem que descobrir o que fazer. Demorou um pouco para eu me sentir inspirado. E também, eu decidi que queria passar por esse processo todo de maneira diferente desta vez. Eu queria isolar minha criatividade e composições e protegê-las da indústria. Obviamente, estando no negócio da música, não se consegue fazer isso completamente, mas dá um pouco de trabalho separar a arte da parte comercial.

Como você conseguiu fazer isso?
Olhando para as coisas de outra perspectiva. É muito fácil ser sugado pelo jogo. A competição e a posição nas paradas. Quantas vezes foi tocado ou transmitido? O que fulano e fulano estão fazendo e o que está em alta no momento? Tudo isso. Eu bloqueei todas essas coisas e só me foquei no porquê eu quis fazer música para começar. Isso me levou de volta à música que eu ouvia em casa enquanto crescia e a coleção de discos dos meus pais; eu percebi que muitas dessas músicas clássicas me moldaram no artista e amante da música que eu sou hoje. Eu pensei comigo mesmo, “Eu quero fazer referência a esse mundo onde eu cresci”.

O som com certeza é diferente do que você já fez. É muito rock dos anos 70, mas também tem pop e R&B. Quais foram as suas influências? Eu posso ouvir Bowie. E Buckingham/McVie.
Sim. Com certeza. O Queen provavelmente entrou em mim por osmose. Uma das coisas mais notáveis deste álbum é que há muitos instrumentos analógicos reais. Hoje em dia é muito fácil fazer um som produzido com um computador, mas eu queria ter músicos de verdade em muitas destas coisas. Bowie com certeza é uma referência para mim; Prince também. Não é tão específico assim. Com certeza tem um pouco de influência de Motown. Tem funk. Um pouco de Sly Stone, talvez. Eu poderia fazer uma lista de artistas e bandas diferentes que me influenciaram, mas seria uma lista muito longa.

Existe alguma coisa que não tenha sido uma influência musical, mas um filme ou livro que você sentiu que foi uma referência para você neste álbum?
No que diz respeito a assunto, eu realmente tentei compor a partir de experiências pessoais da minha vida particular. “Velvet” é uma carta de amor ao coração. Ele explora amor e relacionamentos de maneiras diferentes. Há algumas músicas no álbum que são muito empoderadoras e que representam a busca pela autoestima e libertação. Então, há outras sobre amores perdidos e luto por esse amor e também sobre ansiar por uma conexão, por intimidade. E há algumas músicas divertidas sobre sexo e namorar que são um pouco mais leves. Tudo se resume a relacionamentos.

Você acha que aprendeu coisas sobre amor e relacionamentos desde seu último álbum, que moldaram a forma como você compõe?
Nós estamos sempre crescendo. Eu acho que minha vida acontece em capítulos. É fácil para mim olhar para os quatro anos que levei para montar este álbum e ver o que eu passei e experimentei e também perceber o que aprendi sobre mim mesmo. A coisa do empoderamento é forte. O que eu estava dizendo sobre o processo e isolar minha criatividade e fazer um monte de mudanças nos negócios para conseguir fazer o que eu queria fazer, muito disso vem de um lugar de autoestima e pensar “sabe do que mais? Eu preciso retomar o meu poder” ou “eu preciso descobrir o verdadeiro amor, aqui. Onde fica meu coração nisso tudo?”

No que diz respeito a essa ideia de empoderamento e de abraçar sua arte, o Queen lhe deu algum conselho ou influenciou você de algum jeito?
Brian e Roger são tão sábios e eu aprendi muito com eles. E muito disso foi de apenas estar por perto, absorvendo tudo. Uma das coisas que eu aprendi sobre composição é que eles tocam no espírito humano. É por isso que suas músicas são tão atemporais. Essa foi uma das minhas metas para este álbum, criar música que não vão expirar na próxima estação ou daqui um ano. Parecia algo que resistiria ao teste do tempo.

Eu quero falar sobre o título. O que no veludo chamou sua atenção? Houve um momento em que este projeto se chamou poliéster ou camurça, ou algo assim?
[Risos] É engraçado, a música “Velvet” só foi escrita depois que eu já tinha decidido o nome do projeto. O título do álbum veio primeiro. Eu não tinha terminado todas as músicas ainda, mas eu tinha umas 8 músicas que sabia que seriam usadas. Eu estava tentando pensar em uma palavra que descrevesse todas elas. Há uma sonoridade, uma vibração consistente nelas. Se eu fosse comparar com meu trabalho anterior, este projeto é mais suave e eu exploro partes diferentes da minha voz que são mais suaves e soulful. Eu pensei “É suave, é aveludado.” E foi tipo “Ooh, veludo. Bom, isso faz sentido.” Eu sempre visualizo o mundo que “Velvet” habita como sendo muito específico em relação a moda. É influenciado pelos anos 70 e 80. É retrô, mas também é atual. Em alguns momentos é exagerado e decadente e luxuoso. Também me lembra as cortinas de um palco – cortinas de veludo. Há algo de muito íntimo no veludo. Você vê roupas íntimas e lingerie feitas com isso. Pareceu se encaixar.

Houve alguma música que foi difícil para você colocar no papel, emocionalmente falando?
“Closer To You” – É a grande balada do álbum. É engraçado, porque eu estava trabalhando nela há muito tempo. Eu me sentei com os compositores – eu só tinha uma demo do refrão – E então, meses depois nós estávamos na mesma sala novamente e conseguimos compor um verso. É tipo vinho, tem que amadurecer e você precisa se distanciar um pouco. Então, você volta com outra disposição. “Closer To You” é um bom exemplo de uma música que passou por todas essas fases diferentes para ficar como ficou. Foi a última música a ficar pronta para o “Side A”. Nós finalmente deciframos o código e escrevemos um verso de que gostamos. Eu regravei algumas partes e nós adicionamos o instrumental; no final tudo se juntou muito rapidamente. Mas precisou ficar marinando por um longo tempo.

Muitos artistas têm dividido seus álbuns em várias datas de lançamento. A primeira parte de “Velvet” saiu no outono passado, mas agora o álbum todo será lançado este mês. O que você gostou neste tipo de abordagem?
É fácil lançar um single, depois outro e então o álbum e aí, acabou. Eu pensei “não quero que a experiência seja tão rápida.” Eu tinha uma porção de faixas com que eu estava muito empolgado, mas sabia que o álbum ainda não estava pronto. Mas eu pensei “Eu quero lançar estas. Me sinto pronto para isso.” Com a forma que a música é lançada e consumida hoje em dia, você pode fazer o que quiser. Não há mais regras. Eu descobri que estender este processo de lançamento realmente me ajuda a criar e construir esse mundo onde eu quero que essa música exista. Isso dá tempo aos meus fãs para entender, processar e mergulhar na música. Apreciar de verdade.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: @EW e Entertainment Weekly

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