Entrevista by Revista STACK – Março/2020

Adam Lambert fala sobre seu brilhante novo álbum “Velvet”

O segundo álbum de Adam Lambert foi o primeiro álbum de um artista assumidamente gay a chegar ao topo do Billboard 200 nos Estados Unidos. Agora, com uma carreira de uma década como cantor, ele senta com a STACK para conversar sobre sua colaboração com Nile Rodgers e “trabalhar com mais pessoas queer” e a criação do funky, soul de “Velvet”.

Quando Queen e Adam Lambert tocaram em Sydney no Stadium ANZ durante sua turnê recente, o horário de início do show foi adiado devido a uma chuva forte. “Nós não tivemos chuva durante o show, o que foi bom – foi uma benção”. Lambert admite enquanto senta em um sofá na sala de estar da sua suíte luxuosa do Hotel Crown Towers (e sim, e a vista da janela que ia do chão ao teto era maravilhosa). “Nós ainda tínhamos a estrutura que construímos para o palco B. Era como um coreto muito feio. Infelizmente, era um pouco sofrido de olhar, mas Brian não queria molhar sua guitarra, porque essa guitarra é muito preciosa”.

No dia seguinte, Queen + Adam Lambert subiram no mesmo palco para o Fire Fight Australia (um concerto beneficente para arrecadar fundos para o combate a queimadas florestais) – reprisando o set do Queen no Live Aid de 1985 – e Lambert admite que o setlist “era algo que eles queriam manter uma surpresa”. “Nós expandimos para uma inteira nova fanbase com o filme ‘Bohemian Rhapsody’”, Lambert esclarece. “Agora nós estamos vendo muito mais pessoas jovens nos shows, família – é muito animador, mas eu sinto que tenho que conquistar novas pessoas agora, o que é um bom desafio, sabe? É engraçado ver como as pessoas são tão protetoras com o Freddie depois do filme e eu amo isso, na verdade, ele merece isso, sua memória. Eu amo que ele tem esse status de ícone e ele é um herói, sabe? Eu acho que é algo muito bonito de se ver. Eu gosto que as pessoas defendem ele, porque eu entendo. Tipo, eu entendo que é um solo sagrado. Eu estou fazendo meu melhor.”

“Freddie era incrível”, Lambert afirma. “Eu assisti Freddie e ao invés de copiar ele, eu sou mais, o que ele estava tentando transmitir? Você entende o que eu estou dizendo? Tipo, é mais sobre a ideia aqui? É isso que eu tento focar.”

Durante um seu dia de folga em Melbourne, Lambert está aqui para promover seu novo álbum, “Velvet”. Sua energia era bem vinda e imediatamente sentimos que poderíamos falar sobre qualquer coisa. Lambert usa uma camisa de manga comprida com um bordado escrito “Smokin” em cima do bolso direito, calça da Gucci, tênis com estampa de leopardo e um óculos de sol de grife com uma cor levemente matizada e deslumbrante (quero).

Ele disse que abordou a criação de seu quarto álbum com uma intenção clara. “Eu comecei a perceber ao longo dos anos – agora tendo alguma experiencia – que música pop pode se tornar ultrapassada tão rápido, e também se você ficar tão ocupado buscando alguma tendência, posições nos chart e streams – e deixando todo o lado de negócios da indústria musical – é muito fácil de perder sua integridade”, ele compartilha, “e eu conscientemente estava conscientemente pesando, ok, eu preciso mudar as minhas prioridades um pouco, e realmente fazer esse álbum para mim principalmente. E só fazer algo que eu amo, algo que eu queira ouvir. E foi isso que me motivou”.

O primeiro single lançado de “Velvet” foi “Roses”, com a participação do inconfundível funk de Nile Rodgers. “Nós já trabalhamos juntos”, Lambert revela. “Eu, ele e Sam Sparro escrevemos uma música juntos chamada ‘Shady’, em ‘Trespassing’, e ele é tão agradável para se trabalhar. Depois disso, eu fiz algumas coisas com ele: eu cantei com ele e a Chic algumas vezes em diversos eventos, e nós escrevemos uma música com o Avicii chamada ‘Lay Me Down’ que esteve no grande álbum de Avicii [‘True’]. Nós temos um relacionamento de colaborações agora. Então eu escrevi essa música com Fred Ball e alguns outros caras, e era tão boa, mas eu estava ‘precisa de um groove’, então eu liguei para o Nile e ele disse sim! Ele a transformou. Ele fez ser dance. Ele fez as pessoas quererem dançar com ela.”

Ele trabalhou com muitos novos compositores em ‘Velvet’ e Lambert afirmou, “Eu também acabei trabalhando com muitas pessoas Queer, bem mais do que já tinha feito antes: compositores gays, lésbicas, gênero não-binário – tudo dentro desse espectro. Teve muito mais da minha comunidade envolvida nesse álbum, o que foi muito bom. Também mais mulheres que antes, o que é incrível. Eu sinto que o ponto de vista e a energia desse álbum é mais próximo de cada, entende o que quero dizer? Isso é bom. Parece mais uma reflexão de quem eu sou e meu mundo.”

Seu primeiro álbum, “For Your Entertainment” foi lançado em 2009 e Lambert reflete “tem sido uma década muito interessante, ser uma pessoa queer na indústria da música, porque há 10 anos nos EUA isso era tipo ‘Whoa!’ Eu acho que as pessoas tinham medo disso. As pessoas não sabiam como isso se conectaria. Eu não acho que as pessoas pensavam que tinha uma audiência real para isso a um nível popular, e agora sabemos que a maioria das pessoas não se importam. Eles não se importam.”

“Trespassing” – o segundo álbum de Lambert (2012) – estreou como número um nos EUA, fazendo dele o primeiro artista abertamente gay q alcançar o topo da Billboard 200. Isso é insano, certo? “Eu sei”, Lambert concorda. “Quando eles me falaram isso eu fiquei, ‘hum? Ninguém fez isso antes?’ É loucura. Isso mudou muito. É tão diferente agora, e isso é animador. É empolgante ter feito parte dessa onda. E agora vendo todos esses artistas queer que conseguem provar que o sucesso popular é definitivamente viável e os executivos não estão mais assustados – é bom!”

Nossa discussão se volta para o falecido “George Michael” que sofreu uma pressão implacável para esconder sua identidade sexual. “Pobre homem”, Lambert simpatiza. “Quando tudo aconteceu com ele nos anos 90, com ele se assumindo, que era basicamente uma armadilha como sabemos – foi horrível. Mas também era um tempo em que ser abertamente gay era como um beijo da morte, sabe? Terrível.” Depois de rever a audição de Adam Lambert para o “American Idol” como parte da minha pesquisa, eu fiquei impressionado em quão calmo ele estava. “Eu era um bebê”, ele sorri abertamente. “Eu era um bebê de 27 anos, mas um bebê. Por dentro eu estava tremendo, porque tinha muita coisa em jogo. Sabe, quando você vai para os jurados na TV, você já passou por tipo umas quatro rodadas com produtores e essas coisas, tudo é prolongado, algumas semanas. E na verdade eu pedi demissão do meu trabalho em ‘Wicked – O Musical’ – eu estava trabalhando. Eu tive que pedir demissão para conseguir chegar naquela fase, porque você não pode ter contratos profissionais ativos. Então eu estava, ‘Ok, se isso não funcionar, eu vou ter perdido meu emprego.’”

“Eu pensava, ‘Eu não posso deixar aquela sala sem prender a atenção deles e ter certeza que eles me passariam para a próxima fase’, então eu cantei uma música de Michael Jackson primeiro, que não foi transmitida e os jurados olhavam para mim tipo ‘huh?’. E eu podia dizer que eles não estavam convencidos, então eu disse, ‘vocês querem ouvir outra coisa? Eu posso cantar outra música’ e eles ficaram ‘tipo o que?’ e eu falei, ‘O que acham de ‘Bohemian Rhapsody’?’ e eles ficaram tipo ‘oh!’ e no minuto que eu comecei a cantá-la foi como se algo se encaixasse, como se as luzes tivessem se apagado, graças a Deus.” Então se os jurados tivessem notado a força da sua performance com uma música de Michael Jackson, Lambert não teria arrasado em “Bohemian Rhapsody” a ponto de encher a caixa de mensagem de Brian May com pessoas dizendo para ele conferir aquele cantor jovem que eles acreditavam ser um sucessor natural de Freddie Mercury. “Eu sei, é estranho”, Lambert reflete. “É como o destino intervindo.”

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Gisele Duarte
Fonte: STACK

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