Entrevista para a Revista DNA (Austrália) – NOV/2019

Confira a entrevista de Adam na edição 238 da Revista DNA da Austrália:

Amando o Glambert

Uma década depois de iniciar sua carreira através do American Idol, Adam Lambert tem desfrutado um sucesso invejável. Seu álbum de 2012, “Trespassing”, se tornou o primeiro álbum número 1 de um artista abertamente gay nos EUA, ele assumiu o manto real de Freddie Mercury como o vocalista do Queen em suas extensas turnês mundiais, levou Cher às lágrimas, e está começando sua própria fundação de caridade direcionada a comunidade queer.

Ele também está ansioso para conversar com a DNA sobre seu glorioso novo álbum, “Velvet”, que não é somente uma saudação a música glam rock e disco dos anos de 1970 que ele adora, é o “Glambert” assumindo o controle de sua arte, carreira e, mais importante, saúde mental.

Entrevista por Marc Andrews.

DNA: Parabéns por todas as coisas ótimas acontecendo em sua vida atualmente!
Adam: [Muito contente] Eu estou realmente animado. É uma ótima época para estar na indústria.

DNA: O seu novo álbum, “Velvet”, vem em duas partes, certo?
Adam: Sim, eu dividi o álbum em duas metades. O “Side B” deve ser lançado no início do próximo ano. Todas as músicas que eu estou lançando para este projeto estarão em um álbum completo depois que os EPs forem lançados, então elas estarão todas juntas.

DNA: Miley Cyrus acabou de fazer uma coisa parecida.
Adam: Foi engraçado porque eu já queria fazer isso desse jeito há algum tempo, e então quando eu vi que a Miley estava fazendo eu me senti validado [risos]. Eu sou um fã, com certeza, ela é ótima.

DNA: “Velvet” tem uma aura dos anos 70, glam, Elton John e Freddie Mercury, mas misturado com muitos Glamberts também!
Adam: Eu sou um fruto das minhas influências, é claro. Tendo passado todo esse tempo na estrada com o Queen isso obviamente se tornou parte do meu DNA adotivo. Minhas outras influências antigas são em parte por causa da música que eu ouvia pela casa ao crescer. Meus pais tinham muitos vinis ótimos – a maioria dos anos 70 e 80. Propositalmente eu revisitei essas músicas, e também reconheci que algumas das minhas bandas indie e artistas pop favoritos estão fazendo algumas referências diretas também. Eu fiquei muito inspirado por isso e queria abordar meu novo projeto desse jeito.

DNA: Suas novas letras se referem a ser “completamente novo” e “recuperar o meu superpoder”. Este é você reivindicando algo ou clamando por algo novo?
Adam: Não é uma linha do tempo cronológica já que as músicas foram escritas com pontos de vista diferentes nos últimos quatro anos, mas definitivamente há humores diferentes – alguns são sobre empoderamento, alguns são mais sobre relacionamentos – mas eu sinto que eu estava em uma encruzilhada quando iniciei esse projeto. Muito do que eu estava sentindo era que eu precisava de um recomeço, ou uma redefinição. Eu queria limpar a lousa e começar a abordar as coisas de um ponto diferente com uma energia diferente. Eu sinto que eu estou em um novo capítulo em minha vida.

DNA: Há uma certa potência de alfaiataria acontecendo nos seus últimos vídeos!
Adam: Muito obrigado! Na verdade, o terno verde no vídeo de “Superpower’ foi customizado por Edward Sexton, um alfaiate britânico que, junto com Tommy Nutter [que faleceu de AIDS em 1992], foram famosos por vestirem os Beatles, Elton John e David Bowie. Seu estilo clássico é recortar um terno masculino com ombros proeminentes e largo nas pernas.

DNA: Nós presumimos que o look que você pretendia era “o gay sexy e chique na after-party”.
Adam: Sim, [risadinhas] tem uma coisa chique no meio, com certeza. Sou pura alegria chique.

DNA: Você parece estar mais no controle desse projeto, isso é justo dizer?
Adam: Com certeza eu estive envolvido em todos os meus projetos, mas com este eu estive mais envolvido. Eu tive o menor número de compromissos, o que tem sido muito animador. É também um novo desafio porque muitas coisas, que eram resolvidas para mim, eu tive que resolver sozinho dessa vez. Cria um senso diferente de satisfação e orgulho em um projeto quando é você quem devem creditar, ou [risos] culpar.

DNA: Há uma década, quando a DNA falou com você pela primeira vez, você já era um pioneiro na comunidade gay. Na época parecia que você estava à frente do seu tempo?
Adam: É uma coisa interessante. Eu sinto que quando eu comecei há dez anos não haviam muitas pessoas na música mainstream que estavam se identificando dessa maneira. Haviam muitas pessoas que vieram antes de mim que tinham sido meus mentores e se identificavam como “outros”, e eu não posso tomar nenhum crédito, mas com certeza eu sinto que é uma estrada mais fácil agora do que era há dez anos. Certamente eu não recuei e não me desculpei. Houveram momentos em que me apresentaram a opção de editar a mim mesmo, mas na maioria das vezes eu escolhi não fazer isso.

DNA: Você chegou em uma das suas entrevistas com a DNA usando muito delineador, o que fez algumas pessoas da sua gravadora na época ficarem bem nervosas.
Adam: A imagem é muito importante no marketing da música. Quando há dinheiro envolvido todos têm uma opinião. É engraçado porque eu sempre senti que a maior parte do meu estilo, especialmente há dez anos, tinha menos a ver com a cultura gay e mais com a cultura Emo. Havia todo aquele delineador, esmalte e chapinha – não era tanto uma declaração sobre a minha sexualidade quanto era o tipo de gênero que eu curtia. Eu geralmente sou o cara estranho quando vou a bares gay em West Hollywood vestido assim. Jovens gays não se vestem assim [risos].

DNA: Deve ser quente usar aquele terno verde, especialmente se você está dançando muito!
Adam: Aquele vídeo de “Superpower” foi gravado em um dia quente. Estou tão feliz por eles terem escolhido o tecido que escolheram porque eu estava encharcado de suor – mas não dá para ver.

DNA: Você lançou alguns dos seus materiais novos durando o World Pride em Nova Iorque, certo?
Adam: Eu fiz uma performance no Good Morning America e então uma exibição na indústria.

DNA: E você fez a Cher chorar apresentando “Believe” como uma balada em uma cerimônia de premiação em homenagem a ela. Algum dia veremos isso sendo lançado?
Adam: Pode ser, na verdade. Poderia acontecer. O show dela na Broadway iria estrear no próximo dia, então ela teve que escapar pela porta de trás após o show para poder pegar seu voo, então eu não pude encontrá-la. Ela me mandou uma mensagem adorável, contudo, e eu fiquei realmente honrado em fazer parte daquela noite.

DNA: Você vai participar de um tributo ao Avicii em Dezembro para aumentar a conscientização sobre saúde mental. Nos conte mais.
Adam: Esta deve ser uma noite realmente especial. Avicii era um artista brilhante. EDM era o seu gênero, mas o que as pessoas podem não saber é que ele era um pianista brilhante e compositor. Todos que irão se apresentar nesta noite trabalharam com o Avicii de algum modo.

DNA: A questão sobre saúde mental parece ser algo próximo do seu coração.
Adam: Sim. Pessoas criativas, especialmente, são todas um pouco frágeis [risos]. Isso afeta alguns de nós mais do que a outros e alguns de nós tomam medidas excessivas mais do que outros. Nós da comunidade artística sofremos há tempos com diferentes tipos de anomalias de saúde mental. Agora o tabu está se elevando e isso é muito importante. Ser capaz de falar sobre essas coisas e não ter nenhuma vergonha é o primeiro passo para encontrar tratamento e recuperação.

DNA: Embora o mundo esteja muito interessado em sua vida pessoal [Adam atualmente está namorando o modelo espanhol Javi Costa Polo] você consegue manter as coisas calmas.
Adam: O público tem tido conhecimento das minhas relações de longa data e não há muito mais a dizer. Sim, essa pessoa é alguém com quem estou em um relacionamento. A chave é não entrar muito em detalhes [risos].

DNA: Com sua música “New Eyes” fica claro que você está em um espaço romântico feliz agora.
Adam: Sim, eu estou. É muito legal. Já fazia um tempo, então estou muito agradecido. Eu nunca senti que havia algo a esconder ou manter em segredo. Definitivamente há uma linha do que é público e o que é pessoal, mas estou feliz em me gabar que estou em um relacionamento feliz.

DNA: É provável que vejamos algumas fotos de casamento em algum momento próximo?
Adam: [Fica tímido, ri] Eu não faço ideia!

DNA: Fora “Velvet” e Queen, há outros projetos acontecendo?
Adam: Sim. Eu estou no processo de organizar uma fundação de caridade. Se chama The Feel Something Foundation e estou trabalhando na papelada e legalização agora. Vamos esperar ter nosso primeiro evento em breve. Eu não fiz a revelação completa ainda porque quero apresentá-la apropriadamente, mas será direcionada a comunidade queer e você a verá neste ano.

DNA: É legal poder “retribuir” também?
Adam: Eu trabalhei com várias causas de caridade nos últimos dez anos, fazendo arrecadação de fundos e eventos. Eu amo isso e é muito importante. Sempre que estou envolvido em algo assim eu vou embora me sentindo bem. Se distanciar de você mesmo é uma coisa realmente importante, especialmente quando você encontrou o sucesso. Retribuir e espalhar isso ao redor é vital. Meus fãs são muito apaixonados por muitas das coisas sobre as quais eu falo e os eventos que eu participo. Eles querem fazer parte disso e ajudar a criar mudanças para o melhor.

DNA: Você trabalhou com o MNEK, que é um artista abertamente gay, em “Velvet”. Tem outras pessoas com as quais você gostaria de trabalhar?
Adam: Que eu abertamente gostaria de trabalhar [risos]? Eu sou um grande fã do Mark Ronson. Ele é um gênio e está no topo da minha lista. Miley é outra.

DNA: Você foi parte de RuPaul’s Drag Race. Como foi isso?
Adam: Drag Race é um ótimo show e muito divertido. Falando sério, eu amo que ele elevou a arte drag e trouxe ela ao mainstream, e criou carreiras reais para as drag queens.

DNA: Nós temos tanto orgulho do quão longe você chegou, e do que você alcançou, e pelo que você lutou no decorrer da última década.
Adam: [Claramente emocionado] Obrigado. Eu sou alguém que não desiste fácil. Quando eu enfrentei complicações eu pensei “F*da-se, eu vou pressionar!” [risos]. Existe uma subcorrente em muito do que eu faço. Eu quero espalhar a mensagem de que mesmo que você seja diferente e um forasteiro você também pode suceder. A definição do sucesso muda – e eu tenho um senso pessoal do que é o sucesso agora – e espero que as pessoas vejam que todos nós podemos fazer o que queremos e realizar nossos sonhos.

DNA: Finalmente, alguma mensagem para os leitores da DNA para nossa edição de “20 Razões Para Ainda Amar os EUA”?
Adam: Eu não sei como está em cada comunidade LGBT pelo país, mas quando olho para trás na última década em Los Angeles, a comunidade gay ainda era um pouco isolada, de uma só faixa etária e outras coisas negativas. O que eu amo, nos últimos dez anos, é que nos tornamos muito melhores, muito mente aberta, e há muito mais inclusividade. As pessoas estão mais compreensivas e amigáveis umas com as outras. Eu tenho muito orgulho de onde estamos. Ainda há trabalho a ser feito, mas estamos lutando a boa luta e isso me faz feliz. Eu estou muito animado.

O reinado de um novo Queen!

Você pode ter piscado e perdido, mas Adam na verdade teve uma participação não creditada como o “Cara da Parada de Caminhão” em “Bohemian Rhapsody”, filme vencedor do Oscar sobre o Queen e seu vocalista original, Freddie Mercury.

“Eles estavam filmando o filme e tinha uma cena que eles acharam que seria legal para eu fazer uma participação”, ele contou a DNA.

Nunca houve nenhum plano para o próprio Adam assumir o papel de Freddie Mercury, que acabou rendendo a Rami Malek o Academy Award de Melhor Ator.

“Nós passamos por maus bocados para deixar claro nos shows [da turnê com o Queen] e na imprensa nos últimos oito anos que eu não sou um imitador do Freddie e eu sou eu”, ele aponta. “Então seria uma contradição [ser o Freddie no filme], não seria? Eu estou na banda e colaboro com o Queen para os shows ao vivo e é isso o que faço no Queen”, diz Adam.

“Embora tenhamos muitas cidades em nosso itinerário, não leva tanto tempo. Nós acabamos de fazer seis semanas na América do Norte e temos outras seis semanas em Janeiro/Fevereiro, e nós acabamos de anunciar no Reino Unido e Europa por outras seis semanas depois disso. Não é tanto tempo. Espero que organizemos uma turnê para ‘Velvet’ muito em breve”.

O guia gay de “Velvet” dos Glamberts!

Desde que Adam intitulou seu álbum “Velvet”, nós pensamos em fazer um quiz com ele sobre outros usos do termo “Velvet” relacionado a cultura gay…

O livro de Alan Downs de 2006 sobre psicologia gay, The Velvet Rage.
“Eu conheço esse livro. Era um livro essencial para um homem gay na época”.

O álbum de Janet Jackson de 1997, The Velvet Rope.
“Eu amava esse álbum e ‘Together Again’ [o tributo da Janet aos seus amigos gays que faleceram de AIDS] quando eu era mais jovem!”

O hit sobre amor trans de Lou Reed e Velvet Underground, “Walk On The Walk Side”, de 1972.
“Com certeza! E não vamos esquecer também do filme do Todd Haynes de 1998, ‘Velvet Goldmine’. Esse é um dos meus filmes favoritos. É uma carta de amor ao glam rock dos anor 70.”

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fontes: @ScorpioBert (1), @ScorpioBert (2) e DNA Magazine

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