[ENTREVISTA] Billboard: Adam Lambert pode fazer turnê com o Queen, mas Prince foi sua verdadeira inspiração para “Velvet: Side A”

Em mais uma entrevista à Billboard, Adam detalha como ele aperfeiçoou seu próprio som atemporal na primeira parte do seu novo álbum, “Velvet: Side A”; o que os fãs podem esperar do “Lado B”; e por que o Queen não foi o único artista lendário a influenciar sua música mais recente.

Adam Lambert pode fazer turnê com o Queen, mas Prince foi sua verdadeira inspiração para
“Velvet: Side A”

Adam Lambert tem cantado músicas atemporais pelos últimos oito anos, substituindo Freddie Mercury com as lendas do rock Queen. Mas com seu último lançamento, “Velvet: Side A”, Lambert sente que criou algo que também poderia resistir ao teste do tempo.

O cantor de 37 anos canaliza um som mais clássico em “Velvet: Side A” – que chegou sexta-feira (27 de Setembro) e é o primeiro de um lançamento em duas partes (o “Lado B” chegará no próximo ano) – inspirando-se em artistas dos anos 70 e 80. O EP de seis músicas é o mais confiante que Lambert já soou, e não é por acaso: é a primeira vez que ele pôde incorporar verdadeiramente o material que o influenciou desde o primeiro momento.

“Eu cresci em uma casa onde meus pais tocavam muito vinil nos anos 70 e início dos anos 80”, lembra Lambert. “Esses estilos de música são inerentes à minha experiência de entender o que era música. Não parecia que era algo no qual eu estava tentando entrar – era como se eu estivesse voltando para algo que eu já conhecia.”

Cinco das seis faixas de “Velvet: Side A” são hinos fortes e empoderadores, como o crescente primeiro single “Superpower”. No meio, há uma balada sincera intitulada “Closer To You”, que Lambert chama de “o batimento cardíaco do EP”, em parte por causa de sua exibição vocal. Não importa o ritmo, as músicas de “Velvet: Side A” são uma declaração de que Lambert não perdeu sua própria arte em meio ao tempo que passou com o Queen.

Lambert detalhou como ele aperfeiçoou seu próprio som atemporal em “Velvet: Side A”; o que os fãs podem esperar do “Lado B”; e por que o Queen não foi o único artista lendário a influenciar sua música mais recente.

Você disse que chegou a um ponto em que se importa menos com o que os críticos pensam e está criando músicas que são verdadeiras para você. Como você chegou lá?
Eu só precisava me concentrar mais no que eu queria, e desligar as pressões da indústria. Quando eu comecei a trabalhar nisso quatro anos atrás, eu havia feito uma busca profunda. Eu tinha acabado de sair de uma turnê e estava meio exausto, meio quebrado. Eu tive que olhar para dentro e descobrir: “Por que estou fazendo isso? Qual é o verdadeiro motivo? Por que eu amo isso? Eu amo isso?” Eu tive que me fazer algumas perguntas difíceis. A conclusão que cheguei foi que eu amo música, eu amo performar. O negócio da música pode se tornar um pouco tóxico, então eu tive que descobrir maneiras nas quais eu poderia meio que isolar minha criatividade.

Este é o seu primeiro álbum que não está em uma grande gravadora. Suponho que se tornar independente o ajudou a sentir essa liberdade criativa?
Eu sinto um pouco mais de liberdade com este projeto. Eu assumi a direção criativa mais do que eu já fiz antes. Há muito menos compromissos que estou tendo que fazer. Eu trabalhei com algumas pessoas incríveis no sistema das grandes gravadoras e aprendi muito. Eu apenas acho que era realmente importante afirmar minha independência dessa vez e provar a mim mesmo, mais do que qualquer outra pessoa, que isso é algo que eu poderia fazer por conta própria. Ser o A&R e produtor executivo desse álbum, tomar grandes decisões, fez uma grande diferença para mim. Além disso, há muitas políticas das grandes gravadoras que eu pude evitar – o que foi muito bom de evitar. [Risos.]

Quais foram seus objetivos para o álbum musicalmente?
A intenção era que parecesse mais atemporal; que não fosse algo que soaria desatualizado em três anos. Muito disso veio de referências a músicas do passado: pop dos anos 70 de cantores-compositores no piano, funk e soul, Motown – muitas coisas que as pessoas ainda amam. Esse tipo de música meio que cai em uma nova faixa. É mais clássico, há muitos instrumentos nele.

Algum artista clássico que foi particularmente influente?
Prince, Prince, Prince, Prince. [Risos.] Ele é um dos meus favoritos de todos os tempos. Em um momento em que estou tipo: “Como devo abordar essa parte vocalmente?” Eu sempre penso: “O que o Prince faria?”

Eu presumiria que trabalhar com o Queen nos últimos anos também tocou na sua música. Você falou sobre como Brian May e Roger Taylor são muito colaborativos com você quando se trata de montar o show do Queen – como isso afetou você?
Isso me fez sentir ativo; me deu um senso de propósito e confiança em minhas ideias. E me permitiu ir embora sentindo uma sensação de realização. As músicas do Queen, elas resistiram ao teste do tempo. Quando eu chego lá, as pessoas sabem cada palavra. Há uma razão pela qual essas músicas ainda funcionam e as pessoas as amam tanto. Elas meio que penetraram, mesmo de maneira inconsciente, meio que por osmose. [Eu tenho] cantado ótima música em todo o mundo nos últimos oito anos – isso me tornou um criador melhor.

Brian e Roger ouviram “Velvet”?
Eu toquei demos diferentes para eles e recebi suas contribuições sobre as músicas que eles pensavam serem mais fortes. Definitivamente obteve a validação deles.

Junto com os sons clássicos, também sinto uma influência do Tame Impala com aquelas linhas de baixo pesadas em músicas como “Loverboy” e “Overglow”.
Tame Impala é precisamente um ponto de referência. Muitas dessas bandas indie contemporâneas também estão fazendo referência ao passado. Eu sou obcecado por artistas atuais que fazem referências concretas. Você olha para alguém como Mark Ronson, que é um gênio. Ele usa referências claras e distintas – diferentes períodos, gêneros, artistas – e descobre uma maneira de trazê-las para o espaço atual. Eu fui muito inspirado por artistas como ele.

Há também uma banda chamada Sports que eu realmente amo, [outra chamada] Jungle – artistas que não estão necessariamente no Top 40 das rádios. Estando no jogo pop nos últimos 10 anos [eu mesmo], é fácil ficar preso nessa caixa de rádio, rádio, rádio. Eu tomei uma decisão consciente de dizer: “Eu não quero que essa seja a razão pela qual estou fazendo a música que estou fazendo”. Essa foi uma das maiores diferenças deste álbum em relação ao último: eu não senti essa pressão comercial.

Por que você quis dividir “Velvet” em dois lançamentos?
A maneira como um projeto é lançado agora, é como, você lança um single, talvez um segundo, e então o seu álbum é lançado – então tudo acaba. Então é uma maneira de estender toda a experiência para os fãs. É como quando você vai a um restaurante: eles não colocam apenas um prato na frente de você com tudo. Eles esticam a refeição para torná-la mais interessante e satisfatória, então acho que é assim que eu estou enxergando isso. Tivemos alguns aperitivos antes do lançamento do EP, talvez tenhamos uma sobremesa mais tarde.

Falando dos “aperitivos” – “New Eyes”, assim como as outras músicas que você lançou no início deste ano, “Feel Something” e “Comin’ In Hot” estarão no “Lado B”?
Eles farão parte do álbum como um todo. Estou lançando o “Lado A” [agora], o “Lado B” será lançado no início do próximo ano e, logo em seguida, tudo estará em um álbum.

Quais pistas você pode dar sobre o “Lado B”?
Há uma faixa-título chamada “Velvet” e outra chamada “Love Don’t.” Eu pulo de um lado para outro com os assuntos deste projeto. Definitivamente tem hinos de empoderamento como “Superpower”, “Ready To Run” e “Stranger You Are”, e depois falo sobre relacionamentos. Estou em um relacionamento muito feliz agora [com o modelo espanhol Javi Costa Polo], e é por isso que eu queria lançar “New Eyes” primeiro – porque resume o sentimento que eu estava recebendo do meu namorado na época. Mas há outras músicas nesse projeto que eu estava escrevendo muito antes de conhecê-lo, onde eu não estava feliz no amor. Eu estava sentindo uma sensação de anseio, um pouco solitário e imaginando, “Onde está aquele que estou procurando? Onde está o amor?”

O que inspirou o nome “Velvet” para o projeto em geral?
Isso significa muitas coisas diferentes. O veludo é um tecido bastante popular. [Risos.] Isso me fez pensar em vintage, moda, anos 70. É do que uma cortina é feita em um palco. Meu filme favorito é “Velvet Goldmine”. Há também um livro chamado “The Velvet Rage” [Superando a Dor de Crescer Gay no Mundo dos Homens Heterossexuais], que é um livro realmente importante sobre a experiência gay, tipo por que somos do jeito que somos – eu li isso quando era jovem, e me informou muito sobre como os homens gays são. Este álbum é para todos, é claro, mas como um homem gay, os elementos pessoais disso, essa é a minha experiência.

[“Veludo” é] também um sentimento, é macio, suave. E com essas coisas, tentei ficar um pouco mais suave. Estou usando meu falsete mais do que já usei antes, e explorando alguns novos estilos vocais, novas abordagens, diferentes texturas e elas parecem aveludadas. Apenas parece o título certo.

“For Your Entertainment” faz 10 anos em Novembro. Como você sente que cresceu como um artista daquele álbum para este álbum?
Na verdade, eu acho que “Velvet” é o mais parecido com “For Your Entertainment” de todas as minhas gravações. A diferença é que “For Your Entertainment” era um pouco mais variado, havia muitos outros gêneros nele. A coisa sobre “For Your Entertainment” – e tenho tanto orgulho desse álbum – é que eu não escrevi muito nesse álbum. Foi logo após o American Idol, eu estava no turbilhão de tudo isso, saindo da turnê, e a gravadora com a qual eu havia assinado estava ansiosa para lançar algo realmente rápido para capitalizar. Houveram grandes escritores nesse álbum: Lady Gaga, e Matt Bellamy do Muse, Rivers Cuomo do Weezer, Justin Hawkins do The Darkness, Max Martin e P!nk.

Se eu fosse olhar para trás e perceber o que aprendi, é que me tornei compositor. Eu co-escrevi algumas músicas em [“For Your Entertainment”], mas elas não eram grandes. Sou muito grato pelo que aprendi sobre composição durante a última década, trabalhando com grandes compositores e produtores.

Eu também acho que a grande diferença é que eu conheço mais a minha voz agora, e sei quem sou como pessoa e como artista. E conheço meus fãs melhor agora, então sei sobre o que quero escrever, e sei com o que eles vão se conectar. O sucesso comercial é incrível – todo mundo adora, inclusive eu -, mas ter uma sensação de realização pessoal [com um projeto], é um tipo diferente de satisfação. Sinto um grande sentimento de orgulho nisso.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fonte: Billboard

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