Spike Edney fala de Adam Lambert em entrevista a Rolling Stone

Spike Edney, o tecladista do Queen foi entrevistado pela Rolling Stone via telefone recentemente, e conversou sobre sua longa trajetória na banda, Live Aid, Adam Lambert, o que o futuro pode reservar para o grupo, entre outros assuntos. Confira o que Spike falou sobre Adam abaixo, e se quiser ler a entrevista completa clique aqui.

É quase impossível encontrar Spike Edney no vídeo da lendária apresentação do Queen no Live Aid, mas se você pausar aos 12 minutos e 22 segundos, quando “Hammer To Fall” está chegando ao fim, você consegue vê-lo ao fundo. Ele é o cara de cabelo escuro tocando guitarra próximo a um painel de teclados. O Queen o contratou um ano antes desse show para contribuir com os teclados, piano, backing vocals e guitarras, e ele tem estado lá desde então, ajudando com tudo, desde o show de tributo a Freddie Mercury em 1992 no Wembley Stadium, até o musical We Will Rock You no extremo oeste, sua turnê nos anos 2000 com Paul Rodgers, e seu trabalho em andamento com Adam Lambert.

Edney desempenhou um papel vital em todas essas tarefas nos últimos 35 anos, mas muitos fãs nem sabem o nome dele. Então, conforme o grupo encerra a parte norte-americana da sua Rhapsody Tour de grande sucesso, nós telefonamos para Edney para ouvir sobre sua longa trajetória na banda, como foi no palco do Live Aid, como ele viu Lambert pela primeira vez no American Idol, e o que o futuro pode reservar para o grupo.

Como está indo a turnê?
Eu diria que “fantástica” é a palavra. As duas turnês anteriores nos mostraram que estamos em uma curva ascendente, e “Bohemian Rhapsody” levou isso a outro nível. Acho que o público de ontem a noite [em New Orleans] foi um dos mais altos que eu já ouvi. Todo mundo parece estar gostando muito.

Já vi Marc Martel no YouTube e ele soa exatamente como o Freddie, mas vocês não querem um imitador.
Não. Isso é a última coisa que você quer porque aí você se torna uma banda de tributo. Você não quer que as pessoas digam: “Isso foi exatamente como o Freddie, mas ele não é o Freddie”. A questão é que Adam [Lambert] não soa como o Freddie, mas ele é um cantor fabuloso e as pessoas agora deixaram isso de lado e estão dizendo, “Ok, ele não é o Freddie, não soa como o Freddie, não se parece com o Freddie, mas ele é brilhante no que ele faz.”

Qual é a sua primeira lembrança de ouvi-lo cantar.
Minha esposa foi a primeira pessoa que o ouviu. Estávamos em Joshua Tree e eu me sentei do lado de fora da nossa pequena cabana, e ela disse: “É melhor você entrar e assistir isso.” Eu disse: “Assistir o quê?” E ela disse: “American Idol.” Eu disse: “Eu não preciso assistir isso. Não há nada para mim lá.” Mas ela disse: “Não, entre.”

Eu entrei e fui pegar mais martini e apenas peguei o último minuto dele cantando “Whole Lotta Love”. Quando ele chegou ao fim, pensei: “Vamos lá. Isto é o que interessa.” Ele cantou a nota final e apenas voou através dela. Foi sem esforço. Eu pensei: “Uau. É preciso ter uma habilidade em canto para ser capaz de cantar isso com esse tipo de confiança.” Então eu ‘googlei’ ele e a primeira coisa que eu o vi cantando foi “Bohemian Rhapsody” acapella em sua audição. Enviei um e-mail dizendo: “Eu encontrei alguém”.

Para quem enviou isso?
Roger. E eu não sabia como estava andando a competição, mas obviamente quando chegou a final o Queen foi convidado para se apresentar com os dois finalistas, que era Adam e o outro cara que ninguém se lembra [Kris Allen]. Então o acordo foi firmado ali. Eles estavam cientes dele porque Roger ficou de olho nele desde que lhe enviei o e-mail. Então eles se reuniram e Adam é obviamente um homem encantador e além disso ele pode cantar como poucas pessoas. O universo juntou os elementos.

Você chegou a se preocupar por ele ser jovem demais ou algo assim? Teve dúvidas?
Não. Era tudo sobre o canto para mim e pelo fato dele parecer na TV como Elvis. Eu pensei: “Nada pode dar errado nisso. Um Elvis gay que pode cantar músicas do Queen? Qual é o problema? Não há nenhum”.

Como foram os primeiros ensaios com Adam?
Sem problemas. A primeira coisa que fizemos juntos foi o MTV Europe Awards em Belfast. Mais uma vez, um medley era o mais indicado, a fim de juntar um monte de músicas. Seguiu-se depois uma outra apresentação no iHeartRadio Festival em Las Vegas. Essas duas performances realmente provaram que ele tinha as habilidades necessárias e a presença de palco.

Esses caras gostam de trabalhar muito rápido. Eles não gostam de gastar muito tempo brincando. Ou funciona ou é descartado. Felizmente, Adam apareceu bastante preparado. Quando dizíamos: “Vamos tentar isso”, ele estava pronto. Não precisamos gastar muito tempo explicando tudo detalhadamente, por assim dizer. Ele também se saia muito bem ao tomar o controle. Ele rapidamente percebeu que eu era um bom aliado, então ele ficava de olho em mim o tempo todo. Eu poderia dar-lhe algum sinal com a cabeça ou sobrancelha às vezes quando algo estava para acontecer. Tivemos um bom relacionamento musical no palco. Nós ainda temos, mas ele sabe tudo agora. Ele não precisa mais olhar para mim.

Como foi o show na Ucrânia? Esse foi o primeiro grande show que você fez com ele. Deve ter sido estressante.
Foi realmente estressante, porque mal houve um soundcheck. Elton John tinha se apresentado antes de nós porque ele queria sair de lá para ir em algum outro lugar. Nós fomos os próximos, o que foi uma grande responsabilidade. Era um grande, grande público. Não sei quão grande, mas se estendia do outro lado da praça e descia as estradas de ambos os lados, com as pessoas assistindo pelo telão, então foi um grande negócio e muito estressante, mas ele passou no teste. Todos nós passamos no teste.

A primeira turnê americana foi um pouco desconhecida. A banda não fazia turnês nos Estados Unidos efetivamente desde 1982. Eu imagino que os promotores estavam em dúvida.
Nó tínhamos fé, mas havia essa coisa na plateia. Alguns diziam, “Esse não é o Freddie. O que eles pensam que estão fazendo?” Muitos críticos ainda diziam, “Se Freddie não está no Queen, qual o sentido em vê-los?” Esta foi a recepção que tivemos de muitos fãs mais antigos. Mas uma vez que eles viram o que Adam trouxe para o palco e quanta vida nova ele colocou nesse material, ele os conquistou. E olha só onde estamos hoje.

Ele também traz seus próprios fãs para os shows que talvez nem saibam muito sobre o Queen.
A princípio a plateia estava dividida em antigos fãs do Queen, que ficavam de braços cruzados, dizendo: “O que se passa?”, e os fãs do Adam: “Em que banda antiga ele se juntou?” Havia alguns filhos de fãs do Queen que cresceram ouvindo os discos dos pais. Isso realmente mudou agora. Chegamos a um ponto em que 90 a 95% da plateia nunca viu Freddie Mercury se apresentar ao vivo com o Queen. Mas eles o viram no telão e conhecem as músicas porque as músicas estão na consciência musical de todos por causa dos comerciais de TV e eventos esportivos e o que quer que seja, então todo mundo conhece meia dúzia de músicas do Queen, mesmo que não percebam isso.

Eu olho e vejo adolescentes chorando de alegria quando “Fat Bottomed Girls” começa. E há pessoas mais velhas que dizem com orgulho: “Eu os vi em 1975” ou algo assim. Todos estão cantando juntos com o mesmo gosto. É o cruzamento de gêneros e gerações, o que é bem o que eles sempre fizeram. O Queen nunca foi moderno, então nunca estarão realmente fora de moda.

Roger e Brian parecem tão felizes durante os shows. Eles ficaram tantos anos sem ter como tocar essas músicas em público, e finalmente podem novamente. É uma validação real do trabalho da vida deles.
Isto é. O que realmente importa é a música. É por isso que eles estão lá, mas para eles deve ser bastante gratificante poder esgotar o Madison Square Garden e se apresentar em todo o mundo. Eles vivem falando sobre adicionar coisas novas conforme avançamos para o próximo ano. É incrível. Ambos estão na casa dos setenta. Não estou longe disso. Fisicamente também é um desafio fazer um show como esse. Estamos chegando ao final desta turnê. Acho que todo mundo está pronto para descansar por algumas semanas e tirar uma folga. Mas estamos ansiosos para voltar para Nova Iorque em Setembro [para o Global Citizen Fest].

Como Adam cresceu como cantor e performer nesses nove anos em que está na banda?
Ele é dono de si quando se trata de performance e ele conseguiu percorrer uma linha tênue entre o respeito a Freddie, a história da banda e apresentar sua própria opinião. Ele não está tentando ser outra pessoa. Ele está sendo Adam Lambert cantando músicas do Queen. Ele sempre teve as habilidades. Ele sempre teve a presença de palco, mas agora ele está se divertindo também.

Como será o futuro? Você consegue ver uma versão do Queen com Adam Lambert depois que Roger e Brian se aposentarem? Isso pode continuar?
Uau! Esse é um conceito interessante que eu nem havia pensado. Eu não sei. Uau. Você nunca deve dizer nunca a nada, não é? Se o mercado existe para alguém tocar essa música, alguém aparece e toca essa música. De que forma seria, não saberia dizer. E esses caras ainda não saíram. Eles olham a sua volta, e quando você vê os Stones ainda fazendo o que estão fazendo… Costumava ser “espero morrer antes de envelhecer”. Não é mais assim, é? Eu acho que eles poderiam ficar em casa sem fazer nada ou fazer uma turnê pelo mundo e se divertirem muito. Eu sei o que eu iria preferir fazer.

Autoria do Post: Josy Loos
Fontes: @RollingStone, Rolling Stone e Rolling Stone Brasil

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