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29ago2019
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Adam fala a Billboard sobre: “Por que o mundo está mudando”: A Primeira Conferência do Orgulho da Billboard
Conforme publicamos aqui anteriormente, Adam Lambert é uma das 5 celebridades LGBTQ presentes na capa da edição de Agosto da Revista Billboard. Confira a tradução da parte de Adam nesta entrevista publicada aqui e que também consta na revista impressa:
Em uma manhã recente de Julho, um amplo complexo de estúdios no lado oeste de Los Angeles parece o local do baile de formatura queer que muitos adolescentes em todo o país provavelmente sonham. Os convidados, vestidos com trajes marcantes e tecidos luxuosos, parecem nervosos e animados para se misturar com seus colegas, tirar fotos e talvez mostrar alguns passos de dança, se a música deles tocar. (E quando “What Have You Done For Me Lately” da Janet Jackson explode nos alto-falantes, rapidamente fica claro que é a música de todos.)
Estes não são apenas festeiros: são cinco dos mais sensacionais e bem sucedidos músicos LGBTQ na indústria, reunidos em um raro momento para a primeira Conferência do Orgulho da Billboard. Há Big Freedia, de 41 anos, que ajudou a trazer o estilo de música bounce de Nova Orleans – e sua rica história queer – para o mainstream com álbuns, projetos de TV e colaborações com Beyoncé e Drake; Tegan Quin, 38 anos, da dupla pop-rock Tegan and Sara, que em 2016 estabeleceu sua própria fundação para melhorar as vidas de mulheres e meninas LGBTQ, e que este ano comemora duas décadas na indústria; o cantor rapper ILoveMakonnen, 30 anos, que se tornou um dos homens gays mais proeminentes do hip-hop depois de se assumir em 2017; a cantora revelação do pop Hayley Kiyoko, 28 anos, conhecida por seus fãs como “Jesus Lésbica”; e Adam Lambert, 37 anos, cujo trabalho como artista solo, com o Queen e no American Idol há uma década ajudou a preparar o caminho para muitos artistas queer hoje.
Juntos, suas diversas jornadas profissionais, bem como seus caminhos pessoais para a auto-aceitação, ilustram quantas possibilidades existem para os artistas LGBTQ na indústria da música agora (assim como os desafios que persistem para eles). Enquanto eles discutem tudo, desde suas histórias ao se assumirem até o quão significativa são as alianças formadas, fica claro que todos são inspirados uns pelos outros também. “Vocês são lendas para mim”, Makonnen diz ao grupo antecipadamente. “Eu me sinto muito feliz por fazer parte desta associação.”
Agora, confira apenas as respostas de Adam durante esta entrevista:
Todos vocês aparecem na comunidade LGBTQ de várias maneiras, mas acho que vocês também não querem que sua identidade ofusque seu trabalho. Como você aborda a visibilidade sem deixar que a indústria o coloque em uma caixa?
Adam: Quando comecei minha jornada profissional, na mídia mainstream não havia muita gente [queer], então era sobre isso que a mídia queria falar. Eu adorava falar sobre isso, mas ao mesmo tempo pensava: “Será que isso pode não me preceder?”
“Old Town Road”, de Lil Nas X, é agora o single número 1 pelo maior período de tempo da história da Billboard Hot 100. Quando ele se assumiu no Twitter em Junho, a resposta foi positiva, mas também, ao que parece, igualmente fria. O que vocês concluíram ao assistir o sucesso dele e a reação a ele?
Adam: O mundo está mudando, especialmente nos Estados Unidos. Estamos avançando, e isso é evidência direta. Mas também ajuda que ele tenha uma música número 1. Eu sinto que isso lhe deu a confiança de pensar tipo: “Eu posso fazer o que diabos eu quiser!” […] [Precisamos contar às pessoas] sobre a história também. Muitas pessoas que encontro se assumindo nesta geração não estão necessariamente conscientes de tudo o que aconteceu antes delas. Tipo, vamos falar sobre os elementos fundamentais do movimento pelos direitos civis gays.
Quando você é um artista queer, presume-se que você também será um ativista queer. Como você decidiu se deve ou não assumir esse papel?
Adam: Eu estava realmente sobrecarregado no começo. O American Idol foi tão rápido. De repente, eu estava nas capas de revistas. Eu estava lidando com o ajuste pessoal que tinha que fazer e, acima disso, havia toda essa energia por trás de ser o cara gay fazendo isso. Eu sabia que estava confortável em dizer: “Sim, sou gay”. Mas educar as massas? Eu não entrei nesse ramo para ser educador. Eu só queria usar glitter e cantar. […] Conduzir [as pessoas] sendo um exemplo é uma forma de ativismo.
A linguagem em torno da comunidade queer mudou muito ao longo dos anos. Muitos artistas mais jovens que aparecem hoje em dia adotam a fluidez – não sentem a necessidade de rotular sua sexualidade ou gênero. Isso se relaciona com algum de vocês?
Adam: É uma coisa de círculo completo, porque nos anos 70, isso estava por todo o lado. Nos anos 80, houve um momento em que a androginia [estava na moda] e era legal estar no meio disso. Veja Boy George no início dos anos 80. Nos anos 70, olhe para David Bowie, olhe para Freddie Mercury. […] [Então] no final dos anos 80 e início dos 90, as pessoas estavam assustadas. Tivemos a crise da Aids, tínhamos muitas forças conservadoras em nosso país que assustaram todo mundo. E então, nos anos 90, começou a explodir novamente. Apenas faz isso. Então, eu estou empolgado com o lugar onde estamos. Está criando muita liberdade para as pessoas. […] Quando eu comecei, eu estava usando muita maquiagem, e muitos fãs da classe média americana associaram minha aparência visual à minha sexualidade. Conheço muitos caras gays aqui em Los Angeles que ficariam com medo de usar maquiagem. Eu estava me vestindo mais como meus heróis, pessoas como Mick Jagger e Bowie. Explicar isso a Susie Homemaker em Ohio foi interessante, porque eles não entendiam que a maquiagem não significava ser gay. E agora estamos em um lugar onde as pessoas não chegam a essas conclusões tão rapidamente. Expressão é expressão, e moda é moda.
Makonnen, em entrevistas anteriores você disse que ao se assumir publicamente, você adotou essa ambiguidade: “Não quero dizer que sou gay, sou hétero, sou bissexual… quem se importa.” Isso foi fácil para você?
Adam: Concordo [que nada disso realmente importa]. O fato de que sua sexualidade não indica necessariamente toda a sua identidade – é um passo importante que estamos tomando como sociedade.
Adam, quando você se assumiu foi tudo muito orquestrado em uma matéria de capa da Rolling Stone.
Adam: Foi tão estranho porque eu já era assumido, mas isso não fazia parte da conversa porque no American Idol, pelo menos naquela época, eles não estavam deixando você interagir com a imprensa. Tudo o que me perguntaram foi: “Por que você escolheu essa música esta semana? Quem é o seu cantor favorito?” Agora eu olho para trás, e talvez teria sido legal se posicionar e proclamar, mas isso simplesmente não apareceu. Depois que o show terminou, de repente houve toda essa conversa. Foi quando [minha equipe e eu] decidimos: “Por que não fazemos isso com um jornalista responsável que não vai conduzir isso da maneira errada, que vai fazer as perguntas certas?”
Muitos artistas não-queer estão descobrindo como ser bons aliados no momento. Hayley, você esteve no vídeo de “You Need To Calm Down” da Taylor Swift, que contou com muitos artistas queer e direcionou os espectadores a uma petição para que o Senado dos EUA aprovasse a Lei da Igualdade.
Adam: Com a Taylor, o que foi impressionante é que ela divulgou essa petição. Ela está movendo as pessoas para agir. Mas há críticas quando um artista está apenas fazendo isso para ganho pessoal [ou] comercial. […] Às vezes, quando essa [conversa] sobre aliados surge, você vê um pop star hétero ou um ator dizendo: “Eu gosto de gays”. E eu penso tipo: “Eu não dou a mínima se você gosta de gays! Por que preciso da sua aprovação?” Esse é o meu lado mais difícil. […] [Há] um pequeno [grupo]. Eu acho que esse grupo surge por estar na indústria por tanto tempo quanto nós. […] (Risos.) Não estou dizendo que somos tão velhos, mas sim que isso mudou muito. Dez anos atrás, era uma vibe totalmente diferente.
Houve alguma concessão que fez uma diferença real para você?
Adam: Eu vi a mesma coisa [muitas pessoas se afastando e virando as costas]. Quando eu vi isso, que foi antes de lançar qualquer música solo, eu [vi comentários como]: “Você perdeu um fã!”, e eu pensei “Eu não queria o seu tipo de fã, de qualquer jeito”.
No estilo de uma final de RuPaul’s Drag Race, quero perguntar a todos: se você pudesse voltar no tempo, que conselho você daria ao seu eu queer jovem?
Adam: “Relaxe, tudo vai ficar bem. Você é lindo, você não é feio, você não vai ficar sozinho”. Havia tanta vergonha e ódio por mim mesmo. Eu apenas tentaria me acalmar.
Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fonte: Billboard
Mais uma bela entrevista do Adam. Parabéns à Billboard pela escolha dessas celebridades LGBTQ.
Obrigada a vocês do ALB por nos colocarem bem pertinho deles e do Adam, é claro.