Review by Seattle Times do Show Queen + Adam Lambert em Tacoma (WA, EUA) – 12/07

Review: Queen + Adam Lambert conquistam Tacoma Dome com enorme confiança na Rhapsody Tour

Era uma colaboração que não precisava acontecer. O legado do Queen como heróis aventureiros do rock clássico já estava consolidado há muito tempo quando os membros remanescentes conheceram Adam Lambert – antes um cantor desconhecido de opereta que costumava se apresentar em cruzeiros – no “American Idol” há uma década.

Mas quando o glamuroso Lambert, usando um colete de couro enfeitado com correntes prateadas, pisou com suas botas de salto alto no palco no meio de uma versão fervente de “I Want It All”, os fãs que lotavam o Tacoma Dome na sexta à noite ficaram contentes que essa colaboração feita no céu dos reality shows de TV continua forte.

Para Queen + Adam Lambert – artistas genuínos de turnê desde 2014 – foi a segunda noite de sua nova Rhapsody Tour. A agenda de 23 datas segue um interesse ressurgido no catálogo da banda graças ao grandioso “Bohemian Rhapsody”, que se tornou uma das maiores biografias musicais de todos os tempos, vencendo quatro Oscars neste ano. A trilha sonora do filme, focado no falecido vocalista do Queen, Freddie Mercury, trouxe a música da banda de volta ao topo das paradas mais de 25 anos após a morte de Mercury.

Comparar Lambert a Mercury é tão sem sentido quanto inevitável, uma realidade da qual Lambert nunca se esconde. Depois de arrasar em uma versão exageradamente fantástica de “Killer Queen” – na qual Lambert se sentou de pernas cruzadas em um piano, abanando um leque gigante e fingindo lamber seu microfone como um picolé (claro, nós diremos picolé) – o ex vice-campeão do “Idol” se dirigiu às inevitáveis comparações de cabeça erguida.

“Eu sei o que alguns de vocês devem estar pensando. Eu não sou o Freddie”, ele disse. “Sim, eu [palavrão] sei. Não teria como eu ser o Freddie porque há somente um Freddie Mercury”.

Esses são grandes sapatos para calçar, e imitar demais o Mercury poderia parecer um artista de Vegas que jamais deveria ter deixado a Strip. Ao invés disso, Lambert anda na corda bamba com confiança e habilidade vocal exigida para interpretar as músicas de sua própria maneira, mas com reverência suficiente para evitar tomar liberdades mal-aconselhadas. O rock suave de “Under Pressure” foi legal e ágil, enquanto Lambert trouxe mais de um brilho de cantor pop em “Another One Bites The Dust”, em contraste com a versão original mais disco e sombria.

Lambert e o guitarrista Brian May revezaram o holofote, May invadindo com solos de guitarra fascinantes incluindo uma cósmica “Last Horizon” de seu álbum solo de 1992 “Back To The Light”. Para a lamúria interestelar emotiva que poderia servir de trilha sonora para uma sessão de fumo super intensa em uma van nos anos 70, May pairou em cima de uma plataforma elevada entre orbes planetários neon pendendo do teto, um asteroide explodiu na gigante tela de vídeo abaixo dele, mandando bem na promessa da banda de uma produção reforçada desta vez.

Trinta anos mais jovem do que os membros restantes May e o baterista Roger Taylor, Lambert injetou uma energia jovial no show, comandando o palco e as músicas com graça, atrevimento e teatralidade. Para “Bicycle Race” e uma cantoria conjunta animada da plateia em “Fat Bottomed Girls”, Lambert surgiu em uma motocicleta usando uma jaqueta de couro com diamantes encravados, parecendo um filho de Rob Halford com Elizabeth Taylor ou um fã dos Oakland Raiders em uma parada de Orgulho.

O espírito de Mercury foi sentido ao decorrer da noite, com o poderoso artista de bigodes aparecendo na tela grande durante a versão no violão emocionante de May em “Love Of My Life” e liderando seu clássico “ay-oh” com respostas da plateia, antes do bis dose dupla de “We Will Rock You” e “We Are The Champions” – hinos de todos os hinos. Lambert dividiu seu genuíno vibrato e voz impressionante com os vocais canalizados de Mercury durante o início do pré-encore “Bohemian Rhapsody”, depois transformando a obra de arte de Mercury em um dos solos mais eletrizantes de May.

É difícil imaginar um jeito melhor de uma banda continuar sem ter nada a provar, décadas após perder um dos vocalistas mais singulares da história do rock. Mas a experiência Queen + Adam Lambert se encaixa como um par das habituais luvas douradas do cantor. Não pare eles agora.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fonte: Seattle Times

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