La Times: “A entrevista mais reveladora” – 3ª Parte

Confira a terceira parte da entrevista que Adam concedeu a Fred Bronson da LA Times em 2009. Nesta parte Adam fala sobre sua temporada se apresentando no elenco de “Wicked” e sua decisão de fazer audição no “American Idol”:

PARTE 3 – ENCONTRANDO O SEU RITMO

Então você deixou “Wicked” para se tornar um rockstar?
Eu voltei para Los Angeles e fiz algumas sessões promocionais e comecei a ensaiar. Nós tínhamos várias canções. Eu não sei se alguma delas era ótima, mas foi um começo. Na época, nós acreditávamos nelas. Nós fizemos alguns shows aqui e ali. A banda se chamava The Citizen Vein. Nós nos apresentamos no Knitting Factory uma noite, no Cat Club na Sunset, e em um clube em Hermosa Beach. Nós fizemos três shows e acabou, e nós gravamos algumas coisas, tipo gravações grosseiras, e eu não sei, aquilo não se encaixou direito. Nós continuamos compondo e fazendo as coisas, mas então eu iniciei meu primeiro relacionamento e me apaixonei, e eu estava saindo muito. Eu me vestia todo, apenas vivendo a minha vida e me divertindo. Se apaixonar foi significativo. Mudou tudo, porque até ali, eu tinha 25 anos e não havia me apaixonado. Eu sentia que havia uma parte de mim que estava tipo, “Eu não entendo alguma coisa sobre a vida, tipo uma coisa grande”. Eu ouvia aquelas músicas na rádio ou CDs, ou assistia aqueles musicais sobre pessoas estarem apaixonadas umas com as outras, e como é sentir isso, e como é quando você tem seu coração partido, e a alegria do que é o amor, e eu já havia feito sexo mas nunca havia me apaixonado, e apenas não entendia aquilo. Foi muito interessante porque durante e após esse relacionamento, tudo muda. Foi tipo, “Oh, era sobre isso que eles estavam falando”. Eu achava que aquilo era tão brega antes, e agora estou chorando porque eu me identifico totalmente com o que é isso. Então esse foi um grande momento decisivo para meu crescimento pessoal.

Eu fui ao Burning Man, que foi outro grande abridor de olhos. As pessoas vivendo nessa sociedade utópica e o quão linda essa ideia é – e após o Burning Man, eu procurei por locais sociais aqui em L.A. que eram parte desse cenário secreto, não o típico cenário de bares, mas um com um movimento mais novo-hippie. Sabe, esses clubes secretos no centro da cidade. Aquela foi uma comunidade muito divertida de se tornar parte. Então eu participei de uma produção de “Debbie Does Dallas” em Lake Tahoe. Era uma peça curta de topless no Harveys Casino. Eu fiquei desesperado. Eu não conseguia encontrar emprego. Eles iriam me pagar. Eles iriam me colocar para cima. Era com a Anita Mann, a mulher que fez o cruzeiro. Eu fui lá e estava perdendo a pessoa que eu era, e eu estava miserável, porque eu estava em um relacionamento a uma longa distância, e quando me indicaram o show pareceu que iria ser uma situação diferente, e acabou não sendo a situação mais profissional do mundo. Mal havia uma plateia. Eles queriam ver peitos. Eles não queriam me ouvir cantar, então eles falavam. Não foi um show bom.

Eu ouvi que estavam recontratando para a companhia de Los Angeles de “Wicked”, e fazia aproximadamente um ano desde que eu havia saído da companhia da turnê. Eles iam formar uma nova companhia e eu pensei, “Eu não sei porque eu saí. Isso foi tão estúpido. Eu preciso conseguir esse emprego”. E aí eu implorei. Eles disseram, “Por que você saiu? Nós não sabemos se você vai simplesmente sair outra vez. É uma responsabilidade para nós”. Eu disse a eles, “Não, não,não. Eu fui estúpido. Eu estava solitário na turnê. Eu não estava satisfeito e tive oportunidades de fora. Eu realmente quero estar em uma companhia fixa, e aí eu posso trabalhar em todas as minhas coisas de fora e ainda trabalhar no show”, e eles disseram tudo bem. Então eu voltei e abri a companhia de L.A. de “Wicked”.

Como Fyiero outra vez?
O substituto, sim. Exatamente a mesma coisa.

Para o mesmo ator?
Esse era um cara diferente. Ele saía com mais frequência, então eu pude entrar mais, durante os quase dois anos durante os quais ficamos abertos aqui.

Então você ficou para toda a temporada de Los Angeles?
Eu fiquei. Eu morava logo ao fim da rua do teatro, e eu realmente gostava de ser parte disso. Era um emprego ótimo, e foi legal ter dinheiro outra vez na cidade e viver a minha vida. Teve um produtor com o qual eu comecei a trabalhar. Ele estava formando sua própria empresa de publicidade para filmes, TV e campanhas publicitárias, então eles me contrataram para ser um compositor. Então eu ia até lá alguns dias na semana durante o dia e deixava algumas coisas e escrevia, e realmente comecei a construir uma coleção legal de músicas, e eu sentia que estavam em um nível muito melhor. Eu aprendi mais sobre compor, sobre pop que fica na cabeça das pessoas, como tudo funciona. Através de tentativas e erros, fizemos algumas coisas boas. Eu estava fazendo sessões de trabalho aqui e ali, então eu realmente estava começando a pensar, “Eu realmente acho que eu deveria tentar isso agora”. Eu me sentia mais confiante e comecei a me sentir frustrado com “Wicked”. Eu sentia que eles não estavam me promovendo e não era satisfatório. Eu comecei a me apresentar em clubes, apenas para promover o meu nome. Eu ia lançar músicas. Eu realmente foquei na ideia de me tornar um artista solo. Eu acho que alguns anos antes, a ideia disso realmente me assustava porque eu me preocupava com, “O que as pessoas vão pensar de mim?” e “Eu nunca vou ter uma vida privada se eu fizer isso”.

Eu não achava que estava pronto para isso. Eu não achava que poderia dar conta disso, e então eu realmente comecei a acreditar nessa ideia. Eu tinha feito 26 anos e sentia, “Eu estou ficando velho e ainda nem estive em Nova Iorque”. Eu sabia que havia trabalho para mim no teatro e eu poderia me mudar para Nova Iorque e provavelmente trabalhar lá, mas eu sou minucioso e eu nunca realmente me achei o melhor ator do mundo. Eu queria ser eu mesmo, então eu fiquei cada vez menos encantado com a ideia do teatro musical. Não haviam muitos shows que eram interessantes para mim musicalmente ou conceitualmente. Eu queria fazer minhas próprias coisas. Então eu comecei a experimentar, fazendo números em clubes e a coisa pop/dance.

Eu cantava e tinha dois dançarinos, e nós usávamos roupas realmente selvagens, e então comecei a fazer algumas coisas com o Upright Cabaret. Era como a tradição de Nova Iorque de todos os atores e pessoas na cidade se juntarem e cantarem, como no Joe’s Pub [em Nova Iorque]. Eu conheci muitas pessoas ótimas através disso e recebia muita atenção.

Para onde você achava que tudo isso estava levando?
Eu coloquei minha fé no produtor com o qual estava trabalhando, Monte Pittman, de que quando toda a música estivesse finalizada, ele faria todo o trabalho para lançá-la, e ele trabalhou muito. Mas ele tinha acabado de chegar da Nova Zelândia. Ele estava realmente estabilizado lá, mas ele era novo aqui, como um jogador de fora. Então eu não sabia o quão rapidamente aquilo iria acontecer, e eu me perguntava, “Quais são minhas outras opções?” E no último ano quando o “Idol” estava passando, nós todos assistíamos no “Wicked” e todos discutiam suas opiniões sobre quem foi melhor e por que, e então alguém disse, “Adam, você devia fazer audição para isso”, e eu pensei, “Sim, talvez eu deva”.

Isso aconteceu durante a 7ª Temporada?
Sim, mas eu assisti a muitas temporadas. Não todas, mas muitas delas.

Quando você assistiu o programa pela primeira vez?
Eu assisti a primeira temporada. Eu me lembro quando a Kelly [Clarkson] participou e ela era ótima. Eu fiquei muito animado, mas eu não achei que eles iriam gostar de mim. Eu achava que estava de fora demais.

Você é um pouco de fora!
Eu sou um pouco de fora, mas eu sou um tipo de estrategista nisso, eu sabia o que eu poderia fazer e o que eu provavelmente não poderia, então eu tentei parecer um pouco estúpido nas primeiras audições. Sabe, parecer um pouco mais normal, me vestir de modo mais amenizado.

Onde você fez audição?
Em São Francisco. Eu dirigi até lá com dois dos meus melhores amigos. Na manhã seguinte, eu havia tido uma hora de sono porque eu estava muito ansioso, e assim que eu fiz a audição, eu alcancei essa epifania onde pensei, “Você está prestes a fazer 27 anos. O que você tem que mostrar a si mesmo? Você já fez alguns shows. Você está trabalhando. Você sabe que pode pagar suas contas, mas você quer fazer algo grande? Você quer fazer algo grandioso e se lançar? Sim, eu quero”, e eu sabia que o “Idol” seria, se eu conseguisse, uma grande plataforma. Eu havia visto pessoas que estiveram no “Idol” e foram eliminadas fazendo papéis principais na Broadway, e eu sabia que é assim que Nova Iorque é agora. Se você está na TV e você é uma celebridade, pode conseguir um papel principal em um show da Broadway. Eu pensei que era isso que eu deveria fazer, porque eles não pareciam querer me promover no “Wicked”. Na pior hipótese, isso iria elevar a minha carreira no teatro, e na melhor hipótese eu poderia ir realmente bem – e eu não sabia como isso iria ser.

Você sabia que as chances estavam contra você, mas isso estava tudo bem, certo?
Sim. Eu entrei na primeira audição com os jurados, e Simon e Kara disseram, “Você é teatral”. Eu senti que iria terminar assim. Eles iriam dizer, “Oh, ele é muito Broadway”, embora não sinta que eu realmente sou quando canto. Eu sou teatral, mas eu não acho que isso seja exatamente teatro musical.

O que você cantou na sua primeira audição?
Eu cantei “Crazy” dos Gnarls Barkley e então “Bohemian Rhapsody”, e eles disseram, “Não cante ‘Crazy’ na próxima audição porque eles não conseguem os direitos para ela, e todos tentam cantar”. Eu cantei [“Rock With You” do] Michael Jackson e eles queriam ouvir outra então eu cantei “Bohemian Rhapsody” e essa foi a que eles acabaram passando na TV.

Você era um fã do Queen?
Eu sou um grande fã do Queen. Freddie é o cara. Ele é a voz. Apenas a musicalidade necessária para cantar esse tipo de música é realmente alta. É muito melódica e de grande alcance e dramática, e eu aprecio isso tudo.

Você poderia ter imaginado, fazendo audição com “Bohemian Rhapsody”, que alguns meses depois você estaria no palco cantando como vocalista do Queen?
Estranho. É uma coisa estranha de círculo completo, inteiramente. É emocionante, mas quase perde o impacto de um jeito engraçado, tipo, “Oh, é claro que estou no palco com o Queen”. Que diabos está acontecendo? “É claro, KISS”. Não posso acreditar nisso. Isso pode soar muito pretensioso se interpretado de forma errada, mas eu quase sinto como se eu tivesse me preparado para isso a minha vida toda. Eu sinto que isso é o que eu deveria estar fazendo, e eu tenho uma visão fatalista da vida de que as coisas acontecem por uma razão. Eu sinto que tudo que levou a esse ponto me preparou para isso. É toda a coisa “Quem Quer Ser Um Milionário”, que é como se toda sua vida meio que levasse a esse momento, e o único jeito dele passar por esse momento é por causa de todas as suas experiências. Eu fui ver “Quem Quer Ser Um Milionário” quando tudo isso estava acontecendo, e eu chorei porque fiquei tão comovido pelo conceito desse filme. E eu não teria feito o que eu fiz no programa se não fosse pelo que eu passei, e minhas experiências na vida, e a idade que tenho. Eu não teria sido tão confiante. Eu teria duvidado de mim mesmo. Eu teria ficado muito ocupado agradando as pessoas ao invés de apenas fazer o que eu faço. Era para ser agora.

Reveja as partes anteriores: 1ª Parte | 2ª Parte

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fontes: @ScorpioBert e Shapes of Things

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