Rolling Stone France: “Como Brian May e Adam Lambert conseguiram manter vivo o legado do Queen”

Como Brian May e Adam Lambert conseguiram manter vivo o legado do Queen

“Sempre tive muita honra e compreensão sobre o legado da banda”, disse Adam Lambert no verão passado em turnê.

Quando Adam Lambert ainda era um jovem ator de teatro, mas com um propósito sério pelo rock, havia uma lenda, um ícone extravagante que refletia seus sonhos: o grande vocalista do Queen, Freddie Mercury.

“O que eu sempre gostei no Queen era que eu entendia o que Freddie e a banda queriam compartilhar, e eu pude me identificar com isso”, disse Lambert. “Eu comecei a me apaixonar pelo rock, eu me vestia como um garoto de clubes, saía à noite, usava coisas estranhas, descobria minha homossexualidade – todas essas coisas, juntas, me influenciavam. Quando eu olho para a história do rock, Queen é provavelmente a banda que mais repercute sobre mim. É quem eu sou, é a minha vida”.

Tudo se tornou rapidamente realidade. Após sua participação no American Idol, o cantor conheceu e tocou com os famosos membros do Queen, ainda presentes: o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor (o baixista John Deacon se aposentou em 1997). Desde 2012, Lambert regularmente faz turnês com o grupo.

“Veja o que Freddie fez: Ele teve coragem de estar no palco, dizer exatamente o que pensava, vestir o que quisesse”, disse Lambert a Rolling Stone no ano passado. “Temos muita fé em Adam”, acrescentou Brian May.

“Sempre tive muita honra e compreensão sobre o legado da banda”, continua Lambert. “No começo eu fiquei bem intimidado. Eu tentei não mostrar isso. Eu pensava ‘Posso lidar com tudo isso? Eu sou digno? O público me aceitará? O grupo vai me aceitar? Eu vou ser um incômodo?'”

Um show atemporal

As escolhas de músicas durante as turnês naturalmente se baseiam nos muitos sucessos do Queen, mas também deixam espaço para as canções mais raras, para os fãs mais leais. “Os verdadeiros fãs conhecem todas as nossas músicas”, diz May. “O público em geral conhece os singles, obviamente. Mas nós também podemos tocar músicas que a maioria das pessoas não espera”, acrescentou o guitarrista.

Em 2017, Queen + Adam Lambert propuseram uma performance de palco digital de ponta, que modernizou o show habitual do grupo, abrindo novas possibilidades para o futuro. “As pessoas ficarão chocadas. Não é nada tradicional”, disse May. “Mas poderemos usar esse novo palco para reviver momentos do passado, que não foram de todo esquecidos, o que é fascinante”.

Antes de Lambert, durante cinco anos, May e Taylor continuaram a atuar como Queen, com o cantor Paul Rodgers. Juntos, eles gravaram um álbum de estúdio, “The Cosmos Rocks”, lançado em 2008. Na época, Rodgers era o favorito de Taylor, “Mas ele não era perfeito, porque ele era, em primeiro lugar, um cantor de blues – um dos melhores do mundo atualmente”. Quando esta colaboração terminou, o futuro do Queen foi (novamente) questionado. “Eu me lembro de ter viajado muito, ido a shows e visto arenas lotadas. Eu pensava: ‘Costumávamos fazer isso'”, lembra May.

Em 2009, May ouviu falar de um jovem cantor de San Diego, graças ao American Idol, que fez sua audição interpretando a épica “Bohemian Rhapsody”. May lembra: “De repente, inesperadamente, surge esse cara, que apareceu no American Idol – e todo mundo me dizia: ‘Você tem que ouvir! Ele é brilhante. Ele tem que ser teu novo vocalista”.

Em 2012, Queen + Adam Lambert fizeram uma estreia ao vivo histórica, na frente de milhares de pessoas em Kiev, Ucrânia (junto de outra estrela, um tal de Elton John). “Adam foi atirado no meio do oceano, literalmente”, diz Taylor. “Foi um batismo sagrado, uma prova de fogo”.

O solo frio do estúdio

Ao longo dos anos, uma grande questão permaneceu na boca de todos. Basta dizer que não se espera que Queen e Adam Lambert sigam o caminho do estúdio de gravação. Taylor insistiu que este tópico quase nunca foi considerado. A recepção morna do álbum com Rodgers é uma das razões.

“As pessoas só querem ouvir um novo álbum do Queen com a voz do Freddie”, concluiu Brian May. Um paradoxo que o grupo mantém no palco, com um elemento adicional, perfeitamente apreciado pelos fãs.

Assim seja. Mas agora o Queen vive, imortal, no cenário mundial. No próximo mês de Setembro, o grupo estará no Park Theatre em Las Vegas por não menos que dez shows, todos lotados de espectadores que vieram para viver o sonho.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fonte: Rolling Stone France

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