[ENTREVISTA] Herald Scotland: ‘A plateia tem uma conexão com o Queen’, diz o substituto de Mercury, Adam Lambert

TRNSMT: ‘A plateia tem uma conexão com o Queen’, diz o substituto de Mercury, Adam Lambert

por Graeme Thomson

Você acha que sabe o que é tensão? Pense outra vez. Adam Lambert olha para suas sinapses desgastadas e eleva as apostas. Em 2014, o ex-American Idol foi convidado a desviar temporariamente de sua carreira solo de sucesso para tentar ser o vocalista do Queen. Quatro anos depois, ele dominou o posto. No início, entretanto, cantar essas músicas lendárias na frente de Brian May e Roger Taylor o reduziu a uma poça de ansiedade.

“Eu estava aterrorizado”, diz Lambert, falando de sua casa em Los Angeles. “Eu não conseguia acreditar que estava acontecendo. Ainda é surreal, mas bem no começo eu estava tipo ‘Eles estão realmente confiando em mim para fazer isso?’. Nos ensaios eu estava procurando muito pela validação do Brian e do Roger, para ter certeza de que eles estavam aprovando as minhas escolhas e minha abordagem. E eles sempre estavam. Eles sempre foram muito amáveis e apoiadores.”

Poucas estrelas do rock selaram suas personalidades em uma banda tão definitivamente quanto Freddie Mercury. Ainda assim, desde que o cantor morreu em novembro de 1992, May e Taylor (o baixista John Deacon se aposentou há alguns anos) continuaram com a chama do Queen – e o nome – vivos em uma variedade de maneiras empreendedoras. Entre 2004 e 2009, o confiante ex-vocalista da Free, Paul Rodgers, liderou a banda, mas Lambert provou se encaixar infinitamente melhor. Enquanto permanece ele mesmo, o cantor de 36 anos possui a quantidade requerida de extravagância, estilo, sagacidade, carisma e poder vocal para fazer justiça ao legado de Mercury.

Saiba que isso levou um tempo. Lambert admite que ele cresceu dentro da função, enquanto inicialmente houveram murmúrios controversos entre os fãs fiéis do Queen: Quem é esse novato de reality show se atrevendo a calçar os sapatos de uma lenda? Lambert sabe de tudo isso, porque ele foi insensato o suficiente para pesquisar na internet para descobrir.

“Logo no começo, a primeira coisa que eu fiz, é claro, foi pesquisar online e olhar os comentários”, ele ri. “Mesmo que algo seja considerado cem por cento sucesso, você olha para os comentários na internet e você vai se provar errado! Com certeza houveram algumas perguntas interrogativas – ‘O que?! Quem? O que está havendo!’ – mas eu entendi. Eu era novato, e levou um minuto para as pessoas colocarem a ideia em suas cabeças. Mas honestamente, qualquer tipo de crítica que eu notei no começo, eu acho que me cobrou a fazer melhor. Eu me impulsionei. Agora estamos em um ponto no qual eu não vejo mais nenhuma daquelas críticas realmente. Nós ganhamos todas as pessoas.”

A chave para o sucesso do projeto tem sido assegurar que ultrapasse um mero tributo ou imitação. “Obviamente o Freddie era um ícone, e asseguramos que seu espírito permaneça no show”, diz Lambert. “Inclinar-se neste legado é lindo, e uma honra, mas ao mesmo tempo, é sobre ter certeza de que soe atual. Muito disso é apenas permitir que a música esteja no meu corpo – depois de um tempo se torna um instinto, bem como é para Brian e Roger. Levou um tempinho para eu alcançar isso, mas depois de alguns anos na estrada, você se conecta com um elemento que vive e respira. Nós nos tornamos um verdadeiro time, e sou muito grato por minhas ideias serem ouvidas. Não tinha que ser desse jeito. Se eles dissessem, ‘Não! Você tem que fazer desse jeito’, eu teria dito, ‘Sim, senhores! Qualquer coisa que vocês digam’. Mas eles têm sido realmente muito amáveis”.

Lambert descreve se apresentar com o Queen como “escalar uma grande montanha. É intimidador. Com certeza eu tenho que fazer uma pequena prática mental comigo mesmo. A platéia tende a ser o que realmente me impulsiona a subir a montanha. Eles sabem todas as palavras de todas as músicas, é um sonho me apresentar para pessoas tão conectadas ao material”. Da última vez que o Queen se apresentou em Glasgow, em De|embro, Lambert lembra, “a plateia estava pegando fogo, realmente gritavam e eram calorosos e interativos. A conexão que essas plateias têm com as músicas do Queen é inegável, e me oferecem muito. Demandam a minha confiança e minha ambição”.

Quais são suas músicas favoritas de apresentar? “Muda a cada dia, dependendo do humor que estou. ‘Somebody To Love’ é atemporal, e eu me identifico com essas letras. Sinto que estou sempre procurando por romance! ‘Another One Bites The Dust’ é muito terapêutica, por extravasar qualquer tipo de agressão que eu possa estar sentindo. ‘Who Wants To Live Forever’ é um mergulho emocional crescente. Soa super purificante toda noite. Então tem músicas que são bobas e divertidas. Eu gosto de fazer palhaçadas no palco com Brian e Roger. Tem muitas brincadeiras ali. Há tantos gêneros e humores, o show meio que te leva a todos os lugares”.

Lambert ganhou notoriedade como o vencedor do American Idol em 2009, uma conquista que ele reconhece como sendo tanto favorável quanto desfavorável. “Há um leve estigma com a coisa de cantor de reality show da TV, especialmente dentro da indústria”, ele diz. “Há um pouco de sobrancelhas levantadas, para as quais eu sempre digo, ‘Olha, é um negócio difícil de entrar, e eu fiz o que eu precisava fazer para colocar o meu pé na porta’. E eu coloquei. Aqui estou eu nove anos depois fazendo isso, então por que você se importa? Foi uma ótima plataforma de lançamento. Eu esperaria que quando as pessoas ouvissem o que eu faço, tudo isso não importaria realmente”.

Desde o início, Lambert se distanciou do instrumento genérico de reality show. Aos 27 anos, ele estava completamente formado: gay e assumido, orgulhoso de sua identidade e não disposto a mudar isso para ganhar aceitação das massas. Desde então, ele se tornou um sincero ativista em uma série de questões LGBT.

“Eu tento abordar essas coisas liderando pelo exemplo: sem pedir desculpas, sendo honesto e corajoso em minha identidade. Nove anos atrás, quando eu comecei, não muitos de meus contemporâneos estavam se identificando desta maneira. Eu tinha alguns ótimos ícones como o Freddie, Elton John, Boy George e George Michael, mas era uma época diferente. Alguns deles não estavam assumidos no auge de suas carreiras – então fazer isso em 2009 foi uma situação totalmente diferente. Ser LGBT+ e estar na indústria da música convencional tem sido uma jornada interessante. Com certeza há um equilíbrio entre ser um artista com integridade pessoal, e o lado comercial da indústria. Nunca é bem definido. Não há um manual, não é preto no branco, o que é complicado. Eu tive que ler um pouco entre as linhas”.

Apesar disso, ele está otimista que a indústria está se tornando melhor em aceitar e retratar uma variedade mais ampla de identidades sexuais. “Tem havido tanto progresso na luta para contar histórias e conectar as pessoas a todos os diferentes tipos de identidades”, ele diz. “Eu acho que a indústria percebe agora que tem uma responsabilidade moral de se conectar com as pessoas, e há um público lá fora para todos. O Top 40 tende a homogeneizar as coisas, mas eu consigo ver isso se diversificando. O público está dizendo à indústria o que eles querem, o que é animador, e educando profundamente as pessoas. É uma época boa”.

O último álbum de Lambert, “The Original High”, foi lançado em 2015. Entre as pausas na agenda de shows do Queen, ele tem trabalhado no sucessor. “Eu poderia ter lançado um álbum rapidamente, mas eu realmente quero fazer isso de um jeito particular. Tempo e perspectiva são meus amigos nisso”. Se apresentar com o Queen tem, ele diz, inevitavelmente afetado a nova música que ele está fazendo. “Há alguns cruzamentos criativos, é claro. Não acho que eu iria tão longe como dizer que meu novo álbum soa como um álbum do Queen, é só que tem ampliado minhas sensibilidades. Algumas das influências dessas músicas e daquela época tem influenciado a minha própria música”.

Ele espera que o álbum seja finalizado até o final deste ano. No entanto, a única coisa que nós nunca iremos ouvir, ele insiste, é um novo álbum do Queen. “Vocês, pessoas da mídia, amam essa pergunta!” ele diz. “Em termos de material, Queen é o que aconteceu com o Freddie. Essa foi a criação dessas músicas, e eu não sei se faz sentido gravar algo novo, meio que não é o que nós somos. Somos uma colaboração que se apresenta ao vivo, e não uma colaboração que compõe”. Uma colaboração que, malditos nervos, se tornou super habilidosa em invocar o tipo de espetáculo extravagante, emocionante e levemente absurdo que o legado do Queen demanda.

Queen + Adam Lambert se apresentam no TRNSMT em Glasgow sexta Sexta-Feira.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fonte: Herald Scotland

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