[REVIEW] RafaBasa: QUEEN com ADAM LAMBERT em Madri (Madri, 09/06)

QUEEN com ADAM LAMBERT em Madri

por J. José Jiménez

Um clássico nunca falha. É sempre uma garantia de qualidade e sucesso, perdura ao longo do tempo e é mantido pelo tempo que for possível.

Nem sempre é fácil saber quando se aposentar e há muitas vozes que acusaram Brian May e Roger Taylor de manter uma lenda vencida, inexistente sem a presença do querido, insubstituível e saudoso Freddie Mercury. No entanto, como visto no último sábado à noite, bem justificada permanece a frase “o show deve continuar”.

Sem dúvida, o jovem Adam Lambert estava na mira de todos aqueles que abarrotavam as arquibancadas e pista do WiZink Center de Madri, outrora Palácio dos Esportes da CAM. E não é de admirar, já que colocar as botas do vocalista em uma banda como o QUEEN não é pouca coisa. No entanto, acho que a chave para tudo está no fato de que Lambert em nenhum momento finge imitar Freddie Mercury, mas traz as músicas para o seu terreno e as leva adiante com sua própria personalidade. Aos trinta e seis anos, o americano está em uma forma fantástica, cantando incrivelmente bem, chegando a cada uma das exigentes notas das músicas de raízes profundas na cultura popular em todo o mundo, mas também levá-las para o seu terreno, adornando tudo à sua maneira, com seus próprios movimentos, enchendo o palco de carisma, sorrisos e toneladas de delírios. Em suma, visto o que aconteceu no último sábado, se o QUEEN deve continuar, não tenho dúvidas de que Adam é a pessoa certa para estar a frente disso.

O impressionante palco, baseado na icônica capa do sexto álbum do QUEEN, “News Of The World”, foi usado continuamente, explorando cada uma de suas curvas e efeitos.

Para a ocasião, eles tiveram o apoio de um tecladista, baixista e segundo baterista que também ajudaram no trabalho de percussão adicional, todos eles realizando incríveis vocais de apoio.

Roger Taylor estava seguro como sempre atrás de sua bateria em cujo tambor estava xerografada uma imagem dele com sua barba branca. Embora o grande mestre de cerimônias fosse Brian May, que não parava de se mexer, nos aplaudindo, cantando com sua linda e versátil voz – que permanece intacta – e tocou violão com aquele estilo e som particular, usando moedas no lugar de pontas para executar as notas de cada hino.

Assim que as luzes se apagaram, o setor de telas semicirculares que cobriam o palco, começaram a vibrar e as placas de metal mostradas nas imagens estavam balançando antes do aparecimento de Frank, que foi como batizaram o icônico robô que aparece na capa de “News Of The World”.

Primeiro uma mão quebrou a estrutura, depois a outra para fazer como se ele a pegasse e levantasse sobre sua enorme cabeça e nos mostrasse o palco com toda a banda sobre ele nos dando as costas enquanto Adam gritava: “Madri, você está pronta?” E começava tudo de novo com a roqueira “Tear It Up” que soou perfeita desde os seus estágios iniciais.

Lambert com casaco de couro vermelho, sem mangas e botas de plataformas estava seguro, radiante, cantando como um anjo, enquanto May, com sua vestimenta colorida, conduzia as rédeas da performance, não deixando um único detalhe para a improvisação. Com “Seven Seas Of Rhye” fui cativado pela harmonização das vozes nos coros, além de verificar que a estrutura que o boneco Frank tinha levantado com as mãos e que permanecia no teto do WiZink Center, eram telas que mostravam tudo o que aconteceu no grande palco. Com “Tie Your Mother Down” eles terminaram assinando um excelente concerto, provocando a primeira grande ovação da noite.

Adam interpretou com prazer “Play the Game”, tornando-a seu, mas ao mesmo tempo respeitando o original, bem como uma incrível “Fat Bottomed Girls” em que Brian May se aventurou a atravessar a passarela pela primeira vez, provocando o delírio de seus fãs, alongando-os em solo enquanto o vocalista deixou a cena para sua primeira troca de roupa. “Killer Queen” soou quando a cabeça de Frank apareceu no palco, com Lambert em cima dela, agora vestindo uma calça xadrez rosa e jaqueta verde azulada.

Primeira parada para falar com o público, indicando ao vocalista o quanto estava grato por duas lendas como Taylor e May o terem convidado para se juntar ao QUEEN nessa turnê. Em seguida, um dos momentos mais brilhantes, foi a interpretação de “Don’t Stop Me Now”. Em “Bicycle Race”, Adam pareceu em um triciclo carregado de flores, enquanto atirava rosas para o público. Depois disso, Taylor tocou seu clássico “I’m In Love With My Car”, com sua voz pessoal, ainda mais rasgada com a passagem do tempo.

O momento descolado por excelência chegou com a animação em “Another One Bites The Dust” que todos nós cantamos e dançamos com o vocalista que estava se divertindo muito, aproveitando cada momento. “Lucy”, de Adam Lambert, foi muito boa, com imagens de janelas e mulheres dançando atrás de cortinas e luzes vermelhas, e levantando o pavilhão com uma ótima interpretação de “I Want It All”.

Chegava o momento íntimo por excelência, com May sentado num banquinho ao fundo do palco com seu violão e falando conosco num espanhol quase perfeito, interpretando o “Concierto de Aranjuez” e uma comovente “Love Of My Life” ao qual à ele se juntaria a imagem e voz de Freddie Mercury diretamente de Wembley em 1986. A imagem de Freddie aparece ao lado de May nas telas, como se estivessem juntos novamente e foi emocionante.

May nos mostra um bastão de selfie e nos diz que é um instrumento que você usa quando quer imortalizar um momento para sempre com pessoas que você ama. Começa a brincar com ele e vemos que a câmara que transporta é a da imagem dos telões, que faz o público delirar. Uma bateria aparece na passarela assim que eles se juntam a Taylor e Lambert para “Somebody To Love”. Eles continuam a festa com “Crazy Little Thing Called Love” em que o cantor se diverte muito, cantando e dançando como Elvis e, depois de um curto solo em que ambos os bateristas lutaram em um duelo; fazem uma incrível “Under Preasure” em que Adam cantou as partes de Mercury e Taylor as de Bowie.

“I Want To Break Free” é como colocar um quarto de cabeça para baixo cantando com uma só voz, e foi uma alegria. E o que dizer de “Who Wants To Live Forever”! Linda, adornada por lasers que iam de um lado para outro cruzando o local do palco para as arquibancadas.

Chegaria a hora do solo de guitarra de Brian May, apoiado em uma plataforma hidráulica, embora as enormes mãos de Frank aparecessem nas telas, como se ele estivesse apoiando-se. Em seguida, toda a banda aparece para tocar “The Show Must Go On” que colocou o termômetro da plateia em seu ápice, junto com “Radio Ga Ga”. Ele colocou todos para executar a famosa coreografia com seus braços, ao que Frank se juntaria das telas para nos fazer cantar e gritar.

“Bohemian Rhapsody” foi espetacular, ótima, com Lambert cantando a balada na plataforma hidráulica e podendo sair do fosso para a passarela, aparecendo na fumaça para interpretar seu solo.

Parada breve para obter ar e força, enquanto Freddie apareceu mais uma vez nas telas e nos fez cantar em seu lendário concerto em Wembley de 1986. Logo o resto da banda apareceu com Lambert vestindo uma roupa na cor prata e com uma coroa na cabeça para cantar o hino por excelência, “We Will Rock You”. Um espetáculo! Embora não menos do que “We Are The Champions”, com todo o público feliz e cantando enquanto se disparavam enormes quantidades de confetes.

Participamos de uma noite mágica e emocionante, cheia de hinos atemporais e com a lembrança inesquecível do grande Freddie Mercury, sem esquecer o tímido baixista, mas também responsável pelo som clássico do QUEEN, assim como a composição de alguns de seus mais temas emblemáticos, John Deacon.

Junto com Adam Lambert, a lenda continua para toda uma nova geração que quer ser capaz de viver essas músicas ao vivo e para todos aqueles que, após 40 anos, desejam revivê-las. O público presente distribuído entre todas as idades assim testemunhou. “The Show Must Go On!” [O show deve continuar].

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Denise Scaglione
Fonte: RafaBasa

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